»PROVÉRBIOS [1]
1 Provérbios de Salomão,
filho de Davi, rei de Israel:
2 Para se conhecer a
sabedoria e a instrução; para se entenderem as palavras de inteligência;
3 para se instruir em sábio
procedimento, em retidão, justiça e eqüidade;
4 para se dar aos simples
prudência, e aos jovens conhecimento e bom siso.
5 Ouça também, o sábio e
cresça em ciência, e o entendido adquira habilidade,
6 para entender provérbios e
parábolas, as palavras dos sábios, e seus enigmas.
7 O temor do Senhor é o
princípio do conhecimento; mas os insensatos desprezam a sabedoria e a
instrução.
8 Filho meu, ouve a instrução
de teu pai, e não deixes o ensino de tua mãe.
9 Porque eles serão uma
grinalda de graça para a tua cabeça, e colares para o teu pescoço.
10 Filho meu, se os pecadores
te quiserem seduzir, não consintas.
11 Se disserem: Vem conosco;
embosquemo-nos para derramar sangue; espreitemos sem razão o inocente;
12 traguemo-los vivos, como o
Seol, e inteiros como os que descem à cova;
13 acharemos toda sorte de
bens preciosos; encheremos as nossas casas de despojos;
14 lançarás a tua sorte entre
nós; teremos todos uma só bolsa;
15 filho meu, não andes no
caminho com eles; guarda da sua vereda o teu pé,
16 porque os seus pés correm
para o mal, e eles se apressam a derramar sangue.
17 Pois debalde se estende a
rede à vista de qualquer ave.
18 Mas estes se põem em
emboscadas contra o seu próprio sangue, e as suas próprias vidas espreitam.
19 Tais são as veredas de
todo aquele que se entrega à cobiça; ela tira a vida dos que a possuem.
20 A suprema sabedoria
altissonantemente clama nas ruas; nas praças levanta a sua voz.
21 Do alto dos muros clama;
às entradas das portas e na cidade profere as suas palavras:
22 Até quando, ó estúpidos,
amareis a estupidez? e até quando se deleitarão no escárnio os escarnecedores,
e odiarão os insensatos o conhecimento?
23 Convertei-vos pela minha
repreensão; eis que derramarei sobre vós o meu; espírito e vos farei saber as
minhas palavras.
24 Mas, porque clamei, e vós
recusastes; porque estendi a minha mão, e não houve quem desse atenção;
25 antes desprezastes todo o
meu conselho, e não fizestes caso da minha repreensão;
26 também eu me rirei no dia
da vossa calamidade; zombarei, quando sobrevier o vosso terror,
27 quando o terror vos
sobrevier como tempestade, e a vossa calamidade passar como redemoinho, e
quando vos sobrevierem aperto e angústia.
28 Então a mim clamarão, mas
eu não responderei; diligentemente me buscarão, mas não me acharão.
29 Porquanto aborreceram o
conhecimento, e não preferiram o temor do Senhor;
30 não quiseram o meu
conselho e desprezaram toda a minha repreensão;
31 portanto comerão do fruto
do seu caminho e se fartarão dos seus próprios conselhos.
32 Porque o desvio dos
néscios os matará, e a prosperidade dos loucos os destruirá.
33 Mas o que me der ouvidos
habitará em segurança, e estará tranqüilo, sem receio do mal.
»PROVÉRBIOS [2]
1 Filho meu, se aceitares as
minhas palavras, e entesourares contigo os meus mandamentos,
2 para fazeres atento à
sabedoria o teu ouvido, e para inclinares o teu coração ao entendimento;
3 sim, se clamares por
discernimento, e por entendimento alçares a tua voz;
4 se o buscares como a prata
e o procurares como a tesouros escondidos;
5 então entenderás o temor do
Senhor, e acharás o conhecimento de Deus.
6 Porque o Senhor dá a
sabedoria; da sua boca procedem o conhecimento e o entendimento;
7 ele reserva a verdadeira
sabedoria para os retos; e escudo para os que caminham em integridade,
8 guardando-lhes as veredas
da justiça, e preservando o caminho dos seus santos.
9 Então entenderás a retidão,
a justiça, a eqüidade, e todas as boas veredas.
10 Pois a sabedoria entrará
no teu coração, e o conhecimento será aprazível à tua alma;
11 o bom siso te protegerá, e
o discernimento e guardará;
12 para te livrar do mau
caminho, e do homem que diz coisas perversas;
13 dos que deixam as veredas
da retidão, para andarem pelos caminhos das trevas;
14 que se alegram de fazer o
mal, e se deleitam nas perversidades dos maus;
15 dos que são tortuosos nas
suas veredas; e iníquos nas suas carreiras;
16 e para te livrar da mulher
estranha, da estrangeira que lisonjeia com suas palavras;
17 a qual abandona o
companheiro da sua mocidade e se esquece do concerto do seu Deus;
18 pois a sua casa se inclina
para a morte, e as suas veredas para as sombras.
19 Nenhum dos que se
dirigirem a ela, tornara a sair, nem retomará as veredas da vida.
20 Assim andarás pelo caminho
dos bons, e guardarás as veredas dos justos.
21 Porque os retos habitarão
a terra, e os íntegros permanecerão nela.
22 Mas os ímpios serão
exterminados da terra, e dela os aleivosos serão desarraigados.
»PROVÉRBIOS [3]
1 Filho meu, não te esqueças
da minha instrução, e o teu coração guarde os meus mandamentos;
2 porque eles te darão
longura de dias, e anos de vida e paz.
3 Não se afastem de ti a
benignidade e a fidelidade; ata-as ao teu pescoço, escreve-as na tábua do teu
coração;
4 assim acharás favor e bom
entendimento à vista de Deus e dos homens.
5 Confia no Senhor de todo o
teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento.
6 Reconhece-o em todos os
teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.
7 Não sejas sábio a teus
próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.
8 Isso será saúde para a tua
carne; e refrigério para os teus ossos.
9 Honra ao Senhor com os teus
bens, e com as primícias de toda a tua renda;
10 assim se encherão de
fartura os teus celeiros, e trasbordarão de mosto os teus lagares.
11 Filho meu, não rejeites a disciplina
do Senhor, nem te enojes da sua repreensão;
12 porque o Senhor repreende
aquele a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem.
13 Feliz é o homem que acha
sabedoria, e o homem que adquire entendimento;
14 pois melhor é o lucro que
ela dá do que o lucro da prata, e a sua renda do que o ouro.
15 Mais preciosa é do que as
jóias, e nada do que possas desejar é comparável a ela.
16 Longura de dias há na sua
mão direita; na sua esquerda riquezas e honra.
17 Os seus caminhos são
caminhos de delícias, e todas as suas veredas são paz.
18 É árvore da vida para os
que dela lançam mão, e bem-aventurado é todo aquele que a retém.
19 O Senhor pela sabedoria
fundou a terra; pelo entendimento estabeleceu o céu.
20 Pelo seu conhecimento se
fendem os abismos, e as nuvens destilam o orvalho.
21 Filho meu, não se apartem
estas coisas dos teus olhos: guarda a verdadeira sabedoria e o bom siso;
22 assim serão elas vida para
a tua alma, e adorno para o teu pescoço.
23 Então andarás seguro pelo
teu caminho, e não tropeçará o teu pé.
24 Quando te deitares, não
temerás; sim, tu te deitarás e o teu sono será suave.
25 Não temas o pavor
repentino, nem a assolação dos ímpios quando vier.
26 Porque o Senhor será a tua
confiança, e guardará os teus pés de serem presos.
27 Não negues o bem a quem de
direito, estando no teu poder fazê-lo.
28 Não digas ao teu próximo:
Vai, e volta, amanhã to darei; tendo-o tu contigo.
29 Não maquines o mal contra
o teu próximo, que habita contigo confiadamente.
30 Não contendas com um
homem, sem motivo, não te havendo ele feito o mal.
31 Não tenhas inveja do homem
violento, nem escolhas nenhum de seus caminhos.
32 Porque o perverso é
abominação para o Senhor, mas com os retos está o seu segredo.
33 A maldição do Senhor
habita na casa do ímpio, mas ele abençoa a habitação dos justos.
34 Ele escarnece dos
escarnecedores, mas dá graça aos humildes.
35 Os sábios herdarão honra,
mas a exaltação dos loucos se converte em ignomínia.
»PROVÉRBIOS [4]
1 Ouvi, filhos, a instrução
do pai, e estai atentos para conhecerdes o entendimento.
2 Pois eu vos dou boa
doutrina; não abandoneis o meu ensino.
3 Quando eu era filho aos pés
de meu, pai, tenro e único em estima diante de minha mãe,
4 ele me ensinava, e me
dizia: Retenha o teu coração as minhas palavras; guarda os meus mandamentos, e
vive.
5 Adquire a sabedoria,
adquire o entendimento; não te esqueças nem te desvies das palavras da minha
boca.
6 Não a abandones, e ela te
guardará; ama-a, e ela te preservará.
7 A sabedoria é a coisa
principal; adquire, pois, a sabedoria; sim, com tudo o que possuis adquire o
entendimento.
8 Estima-a, e ela te
exaltará; se a abraçares, ela te honrará.
9 Ela dará à tua cabeça uma
grinalda de graça; e uma coroa de glória te entregará.
10 Ouve, filho meu, e aceita
as minhas palavras, para que se multipliquem os anos da tua vida.
11 Eu te ensinei o caminho da
sabedoria; guiei-te pelas veredas da retidão.
12 Quando andares, não se
embaraçarão os teus passos; e se correres, não tropeçarás.
13 Apega-te à instrução e não
a largues; guarda-a, porque ela é a tua vida.
14 Não entres na vereda dos
ímpios, nem andes pelo caminho dos maus.
15 Evita-o, não passes por
ele; desvia-te dele e passa de largo.
16 Pois não dormem, se não
fizerem o mal, e foge deles o sono se não fizerem tropeçar alguém.
17 Porque comem o pão da
impiedade, e bebem o vinho da violência.
18 Mas a vereda dos justos é
como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.
19 O caminho dos ímpios é
como a escuridão: não sabem eles em que tropeçam.
20 Filho meu, atenta para as
minhas palavras; inclina o teu ouvido às minhas instruções.
21 Não se apartem elas de
diante dos teus olhos; guarda-as dentro do teu coração.
22 Porque são vida para os
que as encontram, e saúde para todo o seu corpo.
23 Guarda com toda a
diligência o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.
24 Desvia de ti a malignidade
da boca, e alonga de ti a perversidade dos lábios.
25 Dirijam-se os teus olhos
para a frente, e olhem as tuas pálpebras diretamente diante de ti.
26 Pondera a vereda de teus
pés, e serão seguros todos os teus caminhos.
27 Não declines nem para a
direita nem para a esquerda; retira o teu pé do mal.
»PROVÉRBIOS [5]
1 Filho meu, atende à minha
sabedoria; inclinam teu ouvido à minha prudência;
2 para que observes a
discrição, e os teus lábios guardem o conhecimento.
3 Porque os lábios da mulher
licenciosa destilam mel, e a sua boca e mais macia do que o azeite;
4 mas o seu fim é amargoso
como o absinto, agudo como a espada de dois gumes.
5 Os seus pés descem à morte;
os seus passos seguem no caminho do Seol.
6 Ela não pondera a vereda da
vida; incertos são os seus caminhos, e ela o ignora.
7 Agora, pois, filhos, dai-me
ouvidos, e não vos desvieis das palavras da minha boca.
8 Afasta para longe dela o
teu caminho, e não te aproximes da porta da sua casa;
9 para que não dês a outros a
tua honra, nem os teus anos a cruéis;
10 para que não se fartem os
estranhos dos teus bens, e não entrem os teus trabalhos na casa do estrangeiro,
11 e gemas no teu fim, quando
se consumirem a tua carne e o teu corpo,
12 e digas: Como detestei a
disciplina! e desprezou o meu coração a repreensão!
13 e não escutei a voz dos
que me ensinavam, nem aos que me instruíam inclinei o meu ouvido!
14 Quase cheguei à ruína
completa, no meio da congregação e da assembléia.
15 Bebe a água da tua própria
cisterna, e das correntes do teu poço.
16 Derramar-se-iam as tuas
fontes para fora, e pelas ruas os ribeiros de águas?
17 Sejam para ti só, e não
para os estranhos juntamente contigo.
18 Seja bendito o teu
manancial; e regozija-te na mulher da tua mocidade.
19 Como corça amorosa, e
graciosa cabra montesa saciem-te os seus seios em todo o tempo; e pelo seu amor
sê encantado perpetuamente.
20 E por que, filho meu,
andarias atraído pela mulher licenciosa, e abraçarias o seio da adúltera?
21 Porque os caminhos do
homem estão diante dos olhos do Senhor, o qual observa todas as suas veredas.
22 Quanto ao ímpio, as suas
próprias iniqüidades o prenderão, e pelas cordas do seu pecado será detido.
23 Ele morre pela falta de
disciplina; e pelo excesso da sua loucura anda errado.
»PROVÉRBIOS [6]
1 Filho meu, se ficaste por
fiador do teu próximo, se te empenhaste por um estranho,
2 estás enredado pelos teus
lábios; estás preso pelas palavras da tua boca.
3 Faze pois isto agora, filho
meu, e livra-te, pois já caíste nas mãos do teu próximo; vai, humilha-te, e
importuna o teu próximo;
4 não dês sono aos teus
olhos, nem adormecimento às tuas pálpebras;
5 livra-te como a gazela da
mão do caçador, e como a ave da mão do passarinheiro.
6 Vai ter com a formiga, ó
preguiçoso, considera os seus caminhos, e sê sábio;
7 a qual, não tendo chefe,
nem superintendente, nem governador,
8 no verão faz a provisão do
seu mantimento, e ajunta o seu alimento no tempo da ceifa.
9 o preguiçoso, até quando
ficarás deitador? quando te levantarás do teu sono?
10 um pouco para dormir, um
pouco para toscanejar, um pouco para cruzar as mãos em repouso;
11 assim te sobrevirá a tua
pobreza como um ladrão, e a tua necessidade como um homem armado.
12 O homem vil, o homem
iníquo, anda com a perversidade na boca,
13 pisca os olhos, faz sinais
com os pés, e acena com os dedos;
14 perversidade há no seu
coração; todo o tempo maquina o mal; anda semeando contendas.
15 Pelo que a sua destruição
virá repentinamente; subitamente será quebrantado, sem que haja cura.
16 Há seis coisas que o
Senhor detesta; sim, há sete que ele abomina:
17 olhos altivos, língua
mentirosa, e mãos que derramam sangue inocente;
18 coração que maquina
projetos iníquos, pés que se apressam a correr para o mal;
19 testemunha falsa que
profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos.
20 Filho meu, guarda o
mandamento de, teu pai, e não abandones a instrução de tua mãe;
21 ata-os perpetuamente ao
teu coração, e pendura-os ao teu pescoço.
22 Quando caminhares, isso te
guiará; quando te deitares, te guardará; quando acordares, falará contigo.
23 Porque o mandamento é uma
lâmpada, e a instrução uma luz; e as repreensões da disciplina são o caminho da
vida,
24 para te guardarem da mulher
má, e das lisonjas da língua da adúltera.
25 Não cobices no teu coração
a sua formosura, nem te deixes prender pelos seus olhares.
26 Porque o preço da
prostituta é apenas um bocado de pão, mas a adúltera anda à caça da própria
vida do homem.
27 Pode alguém tomar fogo no
seu seio, sem que os seus vestidos se queimem?
28 Ou andará sobre as brasas
sem que se queimem os seus pés?
29 Assim será o que entrar à
mulher do seu próximo; não ficará inocente quem a tocar.
30 Não é desprezado o ladrão,
mesmo quando furta para saciar a fome?
31 E, se for apanhado, pagará
sete vezes tanto, dando até todos os bens de sua casa.
32 O que adultera com uma
mulher é falto de entendimento; destrói-se a si mesmo, quem assim procede.
33 Receberá feridas e
ignomínia, e o seu opróbrio nunca se apagará;
34 porque o ciúme enfurece ao
marido, que de maneira nenhuma poupará no dia da vingança.
35 Não aceitará resgate
algum, nem se aplacará, ainda que multipliques os presentes.
»PROVÉRBIOS [7]
1 Filho meu, guarda as minhas
palavras, e entesoura contigo os meus mandamentos.
2 Observa os meus mandamentos
e vive; guarda a minha lei, como a menina dos teus olhos.
3 Ata-os aos teus dedos,
escreve-os na tábua do teu coração.
4 Dize à sabedoria: Tu és
minha irmã; e chama ao entendimento teu amigo íntimo,
5 para te guardarem da mulher
alheia, da adúltera, que lisonjeia com as suas palavras.
6 Porque da janela da minha
casa, por minhas grades olhando eu,
7 vi entre os simples,
divisei entre os jovens, um mancebo falto de juízo,
8 que passava pela rua junto
à esquina da mulher adúltera e que seguia o caminho da sua casa,
9 no crepúsculo, à tarde do
dia, à noite fechada e na escuridão;
10 e eis que uma mulher lhe
saiu ao encontro, ornada à moda das prostitutas, e astuta de coração.
11 Ela é turbulenta e
obstinada; não param em casa os seus pés;
12 ora está ela pelas ruas,
ora pelas praças, espreitando por todos os cantos.
13 Pegou dele, pois, e o
beijou; e com semblante impudico lhe disse:
14 Sacrifícios pacíficos
tenho comigo; hoje paguei os meus votos.
15 Por isso saí ao teu
encontro a buscar-te diligentemente, e te achei.
16 Já cobri a minha cama de
cobertas, de colchas de linho do Egito.
17 Já perfumei o meu leito
com mirra, aloés e cinamomo.
18 Vem, saciemo-nos de amores
até pela manhã; alegremo-nos com amores.
19 Porque meu marido não está
em casa; foi fazer uma jornada ao longe;
20 um saquitel de dinheiro
levou na mão; só lá para o dia da lua cheia voltará para casa.
21 Ela o faz ceder com a
multidão das suas palavras sedutoras, com as lisonjas dos seus lábios o
arrasta.
22 Ele a segue logo, como boi
que vai ao matadouro, e como o louco ao castigo das prisões;
23 até que uma flecha lhe
atravesse o fígado, como a ave que se apressa para o laço, sem saber que está
armado contra a sua vida.
24 Agora, pois, filhos,
ouvi-me, e estai atentos às palavras da minha boca.
25 Não se desvie para os seus
caminhos o teu coração, e não andes perdido nas suas veredas.
26 Porque ela a muitos tem
feito cair feridos; e são muitíssimos os que por ela foram mortos.
27 Caminho de Seol é a sua
casa, o qual desce às câmaras da morte.
»PROVÉRBIOS [8]
1 Não clama porventura a
sabedoria, e não faz o entendimento soar a sua voz?
2 No cume das alturas, junto
ao caminho, nas encruzilhadas das veredas ela se coloca.
3 Junto às portas, à entrada
da cidade, e à entrada das portas está clamando:
4 A vós, ó homens, clamo; e a
minha voz se dirige aos filhos dos homens.
5 Aprendei, ó simples, a
prudência; entendei, ó loucos, a sabedoria.
6 Ouvi vós, porque profiro
coisas excelentes; os meus lábios se abrem para a eqüidade.
7 Porque a minha boca profere
a verdade, os meus lábios abominam a impiedade.
8 Justas são todas as
palavras da minha boca; não há nelas nenhuma coisa tortuosa nem perversa.
9 Todas elas são retas para o
que bem as entende, e justas para os que acham o conhecimento.
10 Aceitai antes a minha
correção, e não a prata; e o conhecimento, antes do que o ouro escolhido.
11 Porque melhor é a
sabedoria do que as jóias; e de tudo o que se deseja nada se pode comparar com
ela.
12 Eu, a sabedoria, habito
com a prudência, e possuo o conhecimento e a discrição.
13 O temor do Senhor é odiar
o mal; a soberba, e a arrogância, e o mau caminho, e a boca perversa, eu os
odeio.
14 Meu é o conselho, e a
verdadeira sabedoria; eu sou o entendimento; minha é a fortaleza.
15 Por mim reinam os reis, e
os príncipes decretam o que justo.
16 Por mim governam os
príncipes e os nobres, sim, todos os juízes da terra.
17 Eu amo aos que me amam, e
os que diligentemente me buscam me acharão.
18 Riquezas e honra estão
comigo; sim, riquezas duráveis e justiça.
19 Melhor é o meu fruto do
que o ouro, sim, do que o ouro refinado; e a minha renda melhor do que a prata
escolhida.
20 Ando pelo caminho da
retidão, no meio das veredas da justiça,
21 dotando de bens
permanentes os que me amam, e enchendo os seus tesouros.
22 O Senhor me criou como a
primeira das suas obras, o princípio dos seus feitos mais antigos.
23 Desde a eternidade fui
constituída, desde o princípio, antes de existir a terra.
24 Antes de haver abismos,
fui gerada, e antes ainda de haver fontes cheias d'água.
25 Antes que os montes fossem
firmados, antes dos outeiros eu nasci,
26 quando ele ainda não tinha
feito a terra com seus campos, nem sequer o princípio do pó do mundo.
27 Quando ele preparava os
céus, aí estava eu; quando traçava um círculo sobre a face do abismo,
28 quando estabelecia o
firmamento em cima, quando se firmavam as fontes do abismo,
29 quando ele fixava ao mar o
seu termo, para que as águas não traspassassem o seu mando, quando traçava os
fundamentos da terra,
30 então eu estava ao seu
lado como arquiteto; e era cada dia as suas delícias, alegrando-me perante ele
em todo o tempo;
31 folgando no seu mundo
habitável, e achando as minhas delícias com os filhos dos homens.
32 Agora, pois, filhos,
ouvi-me; porque felizes são os que guardam os meus caminhos.
33 Ouvi a correção, e sede
sábios; e não a rejeiteis.
34 Feliz é o homem que me dá
ouvidos, velando cada dia às minhas entradas, esperando junto às ombreiras da
minha porta.
35 Porque o que me achar
achará a vida, e alcançará o favor do Senhor.
36 Mas o que pecar contra mim
fará mal à sua própria alma; todos os que me odeiam amam a morte.
»PROVÉRBIOS [9]
1 A sabedoria já edificou a
sua casa, já lavrou as suas sete colunas;
2 já imolou as suas vítimas,
misturou o seu vinho, e preparou a sua mesa.
3 Já enviou as suas criadas a
clamar sobre as alturas da cidade, dizendo:
4 Quem é simples, volte-se
para cá. Aos faltos de entendimento diz:
5 Vinde, comei do meu pão, e
bebei do vinho que tenho misturado.
6 Deixai a insensatez, e
vivei; e andai pelo caminho do entendimento.
7 O que repreende ao
escarnecedor, traz afronta sobre si; e o que censura ao ímpio, recebe a sua
mancha.
8 Não repreendas ao
escarnecedor, para que não te odeie; repreende ao sábio, e amar-te-á.
9 Instrui ao sábio, e ele se
fará mais, sábio; ensina ao justo, e ele crescerá em entendimento.
10 O temor do Senhor é o
princípio sabedoria; e o conhecimento do Santo é o entendimento.
11 Porque por mim se
multiplicam os teus dias, e anos de vida se te acrescentarão.
12 Se fores sábio, para ti
mesmo o serás; e, se fores escarnecedor, tu só o suportarás.
13 A mulher tola é
alvoroçadora; é insensata, e não conhece o pudor.
14 Senta-se à porta da sua
casa ou numa cadeira, nas alturas da cidade,
15 chamando aos que passam e
seguem direitos o seu caminho:
16 Quem é simples, volte-se
para cá! E aos faltos de entendimento diz:
17 As águas roubadas são
doces, e o pão comido às ocultas é agradável.
18 Mas ele não sabe que ali
estão os mortos; que os seus convidados estão nas profundezas do Seol.
»PROVÉRBIOS [10]
1 Provérbios de Salomão. Um
filho sábio alegra a seu pai; mas um filho insensato é a tristeza de sua mãe.
2 Os tesouros da impiedade de
nada aproveitam; mas a justiça livra da morte.
3 O Senhor não deixa o justo
passar fome; mas o desejo dos ímpios ele rechaça.
4 O que trabalha com mão
remissa empobrece; mas a mão do diligente enriquece.
5 O que ajunta no verão é
filho prudente; mas o que dorme na sega é filho que envergonha.
6 Bênçãos caem sobre a cabeça
do justo; porém a boca dos ímpios esconde a violência.
7 A memória do justo é
abençoada; mas o nome dos ímpios apodrecerá.
8 O sábio de coração aceita
os mandamentos; mas o insensato palra dor cairá.
9 Quem anda em integridade anda
seguro; mas o que perverte os seus caminhos será conhecido.
10 O que acena com os olhos
dá dores; e o insensato palrador cairá.
11 A boca do justo é
manancial de vida, porém a boca dos ímpios esconde a violência.
12 O ódio excita contendas;
mas o amor cobre todas as transgressões.
13 Nos lábios do entendido se
acha a sabedoria; mas a vara é para as costas do que é falto de entendimento.
14 Os sábios entesouram o
conhecimento; porém a boca do insensato é uma destruição iminente.
15 Os bens do rico são a sua
cidade forte; a ruína dos pobres é a sua pobreza.
16 O trabalho do justo conduz
à vida; a renda do ímpio, para o pecado.
17 O que atende à instrução
está na vereda da vida; mas o que rejeita a repreensão anda errado.
18 O que encobre o ódio tem
lábios falsos; e o que espalha a calúnia é um insensato.
19 Na multidão de palavras
não falta transgressão; mas o que refreia os seus lábios é prudente.
20 A língua do justo é prata
escolhida; o coração dos ímpios é de pouco valor.
21 Os lábios do justo
apascentam a muitos; mas os insensatos, por falta de entendimento, morrem.
22 A bênção do Senhor é que
enriquece; e ele não a faz seguir de dor alguma.
23 E um divertimento para o
insensato o praticar a iniqüidade; mas a conduta sábia é o prazer do homem
entendido.
24 O que o ímpio teme, isso
virá sobre ele; mas aos justos se lhes concederá o seu desejo.
25 Como passa a tempestade,
assim desaparece o ímpio; mas o justo tem fundamentos eternos.
26 Como vinagre para os
dentes, como fumaça para os olhos, assim é o preguiçoso para aqueles que o
mandam.
27 O temor do Senhor aumenta
os dias; mas os anos os ímpios serão abreviados.
28 A esperança dos justos é
alegria; mas a expectação dos ímpios perecerá.
29 O caminho do Senhor é
fortaleza para os retos; mas é destruição para os que praticam a iniqüidade.
30 O justo nunca será
abalado; mas os ímpios não habitarão a terra.
31 A boca do justo produz
sabedoria; porém a língua perversa será desarraigada.
32 Os lábios do justo sabem o
que agrada; porém a boca dos ímpios fala perversidades.
»PROVÉRBIOS [11]
1 A balança enganosa é
abominação para o Senhor; mas o peso justo é o seu prazer.
2 Quando vem a soberba, então
vem a desonra; mas com os humildes está a sabedoria.
3 A integridade dos retos os
guia; porém a perversidade dos desleais os destrói.
4 De nada aproveitam as
riquezas no dia da ira; porém a justiça livra da morte.
5 A justiça dos perfeitos
endireita o seu caminho; mas o ímpio cai pela sua impiedade.
6 A justiça dos retos os
livra; mas os traiçoeiros são apanhados nas, suas próprias cobiças.
7 Morrendo o ímpio, perece a
sua esperança; e a expectativa da iniqüidade.
8 O justo é libertado da
angústia; e o ímpio fica em seu lugar.
9 O hipócrita com a boca
arruina o seu próximo; mas os justos são libertados pelo conhecimento.
10 Quando os justos
prosperam, exulta a cidade; e quando perecem os ímpios, há júbilo.
11 Pela bênção dos retos se
exalta a cidade; mas pela boca dos ímpios é derrubada.
12 Quem despreza o seu
próximo é falto de senso; mas o homem de entendimento se cala.
13 O que anda mexericando
revela segredos; mas o fiel de espírito encobre o negócio.
14 Quando não há sábia
direção, o povo cai; mas na multidão de conselheiros há segurança.
15 Decerto sofrerá prejuízo
aquele que fica por fiador do estranho; mas o que aborrece a fiança estará
seguro.
16 A mulher aprazível obtém
honra, e os homens violentos obtêm riquezas.
17 O homem bondoso faz bem à
sua, própria alma; mas o cruel faz mal a si mesmo.
18 O ímpio recebe um salário
ilusório; mas o que semeia justiça recebe galardão seguro.
19 Quem é fiel na retidão
encaminha, para a vida, e aquele que segue o mal encontra a morte.
20 Abominação para o Senhor
são os perversos de coração; mas os que são perfeitos em seu caminho são o seu
deleite.
21 Decerto o homem mau não ficará
sem castigo; porém a descendência dos justos será livre.
22 Como jóia de ouro em
focinho de porca, assim é a mulher formosa que se aparta da discrição.
23 O desejo dos justos é
somente o bem; porém a expectativa dos ímpios é a ira.
24 Um dá liberalmente, e se
torna mais rico; outro retém mais do que é justo, e se empobrece.
25 A alma generosa
prosperará, e o que regar também será regado.
26 Ao que retém o trigo o
povo o amaldiçoa; mas bênção haverá sobre a cabeça do que o vende.
27 O que busca diligentemente
o bem, busca favor; mas ao que procura o mal, este lhe sobrevirá.
28 Aquele que confia nas suas
riquezas, cairá; mas os justos reverdecerão como a folhagem.
29 O que perturba a sua casa
herdará o vento; e o insensato será servo do entendido de coração.
30 O fruto do justo é árvore
de vida; e o que ganha almas sábio é.
31 Eis que o justo é
castigado na terra; quanto mais o ímpio e o pecador!
»PROVÉRBIOS [12]
1 O que ama a correção ama o
conhecimento; mas o que aborrece a repreensão é insensato.
2 O homem de bem alcançará o
favor do Senhor; mas ao homem de perversos desígnios ele condenará.
3 O homem não se estabelece
pela impiedade; a raiz dos justos, porém, nunca será, removida.
4 A mulher virtuosa é a coroa
do seu marido; porém a que procede vergonhosamente é como apodrecimento nos
seus ossos.
5 Os pensamentos do justo são
retos; mas os conselhos do ímpio são falsos.
6 As palavras dos ímpios são
emboscadas para derramarem sangue; a boca dos retos, porém, os livrará.
7 Transtornados serão os
ímpios, e não serão mais; porém a casa dos justos permanecerá.
8 Segundo o seu entendimento
é louvado o homem; mas o perverso decoração é desprezado.
9 Melhor é o que é estimado
em pouco e tem servo, do que quem se honra a si mesmo e tem falta de pão.
10 O justo olha pela vida dos
seus animais; porém as entranhas dos ímpios são cruéis.
11 O que lavra a sua terra se
fartará de pão; mas o que segue os ociosos é falto de entendimento.
12 Deseja o ímpio o despojo
dos maus; porém a raiz dos justos produz o seu próprio fruto.
13 Pela transgressão dos
lábios se enlaça o mau; mas o justo escapa da angústia.
14 Do fruto das suas palavras
o homem se farta de bem; e das obras das suas mãos se lhe retribui.
15 O caminho do insensato é
reto aos seus olhos; mas o que dá ouvidos ao conselho é sábio.
16 A ira do insensato logo se
revela; mas o prudente encobre a afronta.
17 Quem fala a verdade
manifesta a justiça; porém a testemunha falsa produz a fraude.
18 Há palrador cujas palavras
ferem como espada; porém a língua dos sábios traz saúde.
19 O lábio veraz permanece
para sempre; mas a língua mentirosa dura só um momento.
20 Engano há no coração dos
que maquinam o mal; mas há gozo para os que aconselham a paz.
21 Nenhuma desgraça sobrevém
ao justo; mas os ímpios ficam cheios de males.
22 Os lábios mentirosos são
abomináveis ao Senhor; mas os que praticam a verdade são o seu deleite.
23 O homem prudente encobre o
conhecimento; mas o coração dos tolos proclama a estultícia.
24 A mão dos diligentes
dominará; mas o indolente será tributário servil.
25 A ansiedade no coração do
homem o abate; mas uma boa palavra o alegra.
26 O justo é um guia para o
seu próximo; mas o caminho dos ímpios os faz errar.
27 O preguiçoso não apanha a
sua caça; mas o bem precioso do homem é para o diligente.
28 Na vereda da justiça está
a vida; e no seu caminho não há morte.
»PROVÉRBIOS [13]
1 O filho sábio ouve a
instrução do pai; mas o escarnecedor não escuta a repreensão.
2 Do fruto da boca o homem
come o bem; mas o apetite dos prevaricadores alimenta-se da violência.
3 O que guarda a sua boca
preserva a sua vida; mas o que muito abre os seus lábios traz sobre si a ruína.
4 O preguiçoso deseja, e
coisa nenhuma alcança; mas o desejo do diligente será satisfeito.
5 O justo odeia a palavra
mentirosa, mas o ímpio se faz odioso e se cobre de vergonha.
6 A justiça guarda ao que é
reto no seu caminho; mas a perversidade transtorna o pecador.
7 Há quem se faça rico, não
tendo coisa alguma; e quem se faça pobre, tendo grande riqueza.
8 O resgate da vida do homem
são as suas riquezas; mas o pobre não tem meio de se resgatar.
9 A luz dos justos alegra;
porem a lâmpada dos ímpios se apagará.
10 Da soberba só provém a
contenda; mas com os que se aconselham se acha a sabedoria.
11 A riqueza adquirida às
pressas diminuíra; mas quem a ajunta pouco a pouco terá aumento.
12 A esperança adiada
entristece o coração; mas o desejo cumprido é árvore devida.
13 O que despreza a palavra
traz sobre si a destruição; mas o que teme o mandamento será galardoado.
14 O ensino do sábio é uma fonte
devida para desviar dos laços da morte.
15 O bom senso alcança favor;
mas o caminho dos prevaricadores é áspero:
16 Em tudo o homem prudente
procede com conhecimento; mas o tolo espraia a sua insensatez.
17 O mensageiro perverso faz
cair no mal; mas o embaixador fiel traz saúde.
18 Pobreza e afronta virão ao
que rejeita a correção; mas o que guarda a repreensão será honrado.
19 O desejo que se cumpre
deleita a alma; mas apartar-se do ma e abominação para os tolos.
20 Quem anda com os sábios
será sábio; mas o companheiro dos tolos sofre aflição.
21 O mal persegue os
pecadores; mas os justos são galardoados com o bem.
22 O homem de bem deixa uma
herança aos filhos de seus filhos; a riqueza do pecador, porém, é reservada
para o justo.
23 Abundância de mantimento
há, na lavoura do pobre; mas se perde por falta de juízo.
24 Aquele que poupa a vara
aborrece a seu filho; mas quem o ama, a seu tempo o castiga.
25 O justo come e fica
satisfeito; mas o apetite dos ímpios nunca se satisfaz.
»PROVÉRBIOS [14]
1 Toda mulher sábia edifica a
sua casa; a insensata, porém, derruba-a com as suas mãos.
2 Quem anda na sua retidão
teme ao Senhor; mas aquele que é perverso nos seus caminhos despreza-o.
3 Na boca do tolo está a vara
da soberba, mas os lábios do sábio preservá-lo-ão.
4 Onde não há bois, a
manjedoura está vazia; mas pela força do boi há abundância de colheitas.
5 A testemunha verdadeira não
mentirá; a testemunha falsa, porém, se desboca em mentiras.
6 O escarnecedor busca
sabedoria, e não a encontra; mas para o prudente o conhecimento é fácil.
7 Vai-te da presença do homem
insensato, pois nele não acharás palavras de ciência.
8 A sabedoria do prudente é
entender o seu caminho; porém a estultícia dos tolos é enganar.
9 A culpa zomba dos
insensatos; mas os retos têm o favor de Deus.
10 O coração conhece a sua
própria amargura; e o estranho não participa da sua alegria.
11 A casa dos ímpios se
desfará; porém a tenda dos retos florescerá.
12 Há um caminho que ao homem
parece direito, mas o fim dele conduz à morte.
13 Até no riso terá dor o
coração; e o fim da alegria é tristeza.
14 Dos seus próprios caminhos
se fartará o infiel de coração, como também o homem bom se contentará dos seus.
15 O simples dá crédito a
tudo; mas o prudente atenta para os seus passos.
16 O sábio teme e desvia-se
do mal, mas o tolo é arrogante e dá-se por seguro.
17 Quem facilmente se ira
fará doidices; mas o homem discreto é paciente;
18 Os simples herdam a
estultícia; mas os prudentes se coroam de conhecimento.
19 Os maus inclinam-se
perante os bons; e os ímpios diante das portas dos justos.
20 O pobre é odiado até pelo
seu vizinho; mas os amigos dos ricos são muitos.
21 O que despreza ao seu
vizinho peca; mas feliz é aquele que se compadece dos pobres.
22 Porventura não erram os
que maquinam o mal? mas há beneficência e fidelidade para os que planejam o
bem.
23 Em todo trabalho há
proveito; meras palavras, porém, só encaminham para a penúria.
24 A coroa dos sábios é a sua
riqueza; porém a estultícia dos tolos não passa de estultícia.
25 A testemunha verdadeira
livra as almas; mas o que fala mentiras é traidor.
26 No temor do Senhor há
firme confiança; e os seus filhos terão um lugar de refúgio.
27 O temor do Senhor é uma
fonte de vida, para o homem se desviar dos laços da morte.
28 Na multidão do povo está a
glória do rei; mas na falta de povo está a ruína do príncipe.
29 Quem é tardio em irar-se é
grande em entendimento; mas o que é de ânimo precipitado exalta a loucura.
30 O coração tranqüilo é a
vida da carne; a inveja, porém, é a podridão dos ossos.
31 O que oprime ao pobre
insulta ao seu Criador; mas honra-o aquele que se compadece do necessitado.
32 O ímpio é derrubado pela
sua malícia; mas o justo até na sua morte acha refúgio.
33 No coração do prudente
repousa a sabedoria; mas no coração dos tolos não é conhecida.
34 A justiça exalta as
nações; mas o pecado é o opróbrio dos povos.
35 O favor do rei é concedido
ao servo que procede sabiamente; mas sobre o que procede indignamente cairá o
seu furor.
»PROVÉRBIOS [15]
1 A resposta branda desvia o
furor, mas a palavra dura suscita a ira.
2 A língua dos sábios destila
o conhecimento; porém a boca dos tolos derrama a estultícia.
3 Os olhos do Senhor estão em
todo lugar, vigiando os maus e os bons.
4 Uma língua suave é árvore
de vida; mas a língua perversa quebranta o espírito.
5 O insensato despreza a
correção e seu pai; mas o que atende à admoestação prudentemente se haverá.
6 Na casa do justo há um
grande tesouro; mas nos lucros do ímpio há perturbação.
7 Os lábios dos sábios
difundem conhecimento; mas não o faz o coração dos tolos.
8 O sacrifício dos ímpios é
abominável ao Senhor; mas a oração dos retos lhe é agradável.
9 O caminho do ímpio é
abominável ao Senhor; mas ele ama ao que segue a justiça.
10 Há disciplina severa para
o que abandona a vereda; e o que aborrece a repreensão morrerá.
11 O Seol e o Abadom estão
abertos perante o Senhor; quanto mais o coração dos filhos dos homens!
12 O escarnecedor não gosta
daquele que o repreende; não irá ter com os sábios.
13 O coração alegre
aformoseia o rosto; mas pela dor do coração o espírito se abate.
14 O coração do inteligente
busca o conhecimento; mas a boca dos tolos se apascenta de estultícia.
15 Todos os dias do aflito
são maus; mas o coração contente tem um banquete contínuo.
16 Melhor é o pouco com o
temor do Senhor, do que um grande tesouro, e com ele a inquietação.
17 Melhor é um prato de
hortaliça, onde há amor, do que o boi gordo, e com ele o ódio.
18 O homem iracundo suscita
contendas; mas o longânimo apazigua a luta.
19 O caminho do preguiçoso é
como a sebe de espinhos; porém a vereda dos justos é uma estrada real.
20 O filho sábio alegra a seu
pai; mas o homem insensato despreza a sua mãe.
21 A estultícia é alegria
para o insensato; mas o homem de entendimento anda retamente.
22 Onde não há conselho,
frustram-se os projetos; mas com a multidão de conselheiros se estabelecem.
23 O homem alegra-se em dar
uma resposta adequada; e a palavra a seu tempo quão boa é!
24 Para o sábio o caminho da
vida é para cima, a fim de que ele se desvie do Seol que é em baixo.
25 O Senhor desarraiga a casa
dos soberbos, mas estabelece a herança da viúva.
26 Os desígnios dos maus são
abominação para o Senhor; mas as palavras dos limpos lhe são aprazíveis.
27 O que se dá à cobiça
perturba a sua própria casa; mas o que aborrece a peita viverá.
28 O coração do justo medita
no que há de responder; mas a boca dos ímpios derrama coisas más.
29 Longe está o Senhor dos
ímpios, mas ouve a oração dos justos.
30 A luz dos olhos alegra o
coração, e boas-novas engordam os ossos.
31 O ouvido que escuta a
advertência da vida terá a sua morada entre os sábios.
32 Quem rejeita a correção
menospreza a sua alma; mas aquele que escuta a advertência adquire
entendimento.
33 O temor do Senhor é a
instrução da sabedoria; e adiante da honra vai a humildade.
»PROVÉRBIOS [16]
1 Ao homem pertencem os
planos do coração; mas a resposta da língua é do Senhor.
2 Todos os caminhos do homem
são limpos aos seus olhos; mas o Senhor pesa os espíritos.
3 Entrega ao Senhor as tuas
obras, e teus desígnios serão estabelecidos.
4 O Senhor fez tudo para um
fim; sim, até o ímpio para o dia do mal.
5 Todo homem arrogante é
abominação ao Senhor; certamente não ficará impune.
6 Pela misericórdia e pela
verdade expia-se a iniqüidade; e pelo temor do Senhor os homens se desviam do
mal.
7 Quando os caminhos do homem
agradam ao Senhor, faz que até os seus inimigos tenham paz com ele.
8 Melhor é o pouco com
justiça, do que grandes rendas com injustiça.
9 O coração do homem propõe o
seu caminho; mas o Senhor lhe dirige os passos.
10 Nos lábios do rei acham-se
oráculos; em juízo a sua boca não prevarica.
11 O peso e a balança justos
são do Senhor; obra sua são todos os pesos da bolsa.
12 Abominação é para os reis
o praticarem a impiedade; porque com justiça se estabelece o trono.
13 Lábios justos são o prazer
dos reis; e eles amam aquele que fala coisas retas.
14 O furor do rei é
mensageiro da morte; mas o homem sábio o aplacará.
15 Na luz do semblante do rei
está a vida; e o seu favor é como a nuvem de chuva serôdia.
16 Quanto melhor é adquirir a
sabedoria do que o ouro! e quanto mais excelente é escolher o entendimento do
que a prata!
17 A estrada dos retos
desvia-se do mal; o que guarda o seu caminho preserva a sua vida.
18 A soberba precede a
destruição, e a altivez do espírito precede a queda.
19 Melhor é ser humilde de
espírito com os mansos, do que repartir o despojo com os soberbos.
20 O que atenta prudentemente
para a palavra prosperará; e feliz é aquele que confia no Senhor.
21 O sábio de coração será chamado
prudente; e a doçura dos lábios aumenta o saber.
22 O entendimento, para
aquele que o possui, é uma fonte de vida, porém a estultícia é o castigo dos
insensatos.
23 O coração do sábio instrui
a sua boca, e aumenta o saber nos seus lábios.
24 Palavras suaves são como
favos de mel, doçura para a alma e saúde para o corpo.
25 Há um caminho que ao homem
parece direito, mas o fim dele conduz à morte.
26 O apetite do trabalhador
trabalha por ele, porque a sua fome o incita a isso.
27 O homem vil suscita o mal;
e nos seus lábios há como que um fogo ardente.
28 O homem perverso espalha
contendas; e o difamador separa amigos íntimos.
29 O homem violento alicia o
seu vizinho, e guia-o por um caminho que não é bom.
30 Quando fecha os olhos
fá-lo para maquinar perversidades; quando morde os lábios, efetua o mal.
31 Coroa de honra são as cãs,
a qual se obtém no caminho da justiça.
32 Melhor é o longânimo do
que o valente; e o que domina o seu espírito do que o que toma uma cidade.
33 A sorte se lança no
regaço; mas do Senhor procede toda a disposição dela.
»PROVÉRBIOS [17]
1 Melhor é um bocado seco, e
com ele a tranqüilidade, do que a casa cheia de festins, com rixas.
2 O servo prudente dominará
sobre o filho que procede indignamente; e entre os irmãos receberá da herança.
3 O crisol é para a prata, e
o forno para o ouro; mas o Senhor é que prova os corações.
4 O malfazejo atenta para o
lábio iníquo; o mentiroso inclina os ouvidos para a língua maligna.
5 O que escarnece do pobre
insulta ao seu Criador; o que se alegra da calamidade não ficará impune.
6 Coroa dos velhos são os
filhos dos filhos; e a glória dos filhos são seus pais.
7 Não convém ao tolo a fala
excelente; quanto menos ao príncipe o lábio mentiroso!
8 Pedra preciosa é a peita
aos olhos de quem a oferece; para onde quer que ele se volte, serve-lhe de
proveito.
9 O que perdoa a transgressão
busca a amizade; mas o que renova a questão, afastam amigos íntimos.
10 Mais profundamente entra a
repreensão no prudente, do que cem açoites no insensato.
11 O rebelde não busca senão
o mal; portanto um mensageiro cruel será enviado contra ele.
12 Encontre-se o homem com a
ursa roubada dos filhotes, mas não com o insensato na sua estultícia.
13 Quanto àquele que torna
mal por bem, não se apartará o mal da sua casa.
14 O princípio da contenda é
como o soltar de águas represadas; deixa por isso a porfia, antes que haja
rixas.
15 O que justifica o ímpio, e
o que condena o justo, são abomináveis ao Senhor, tanto um como o outro.
16 De que serve o preço na
mão do tolo para comprar a sabedoria, visto que ele não tem entendimento?
17 O amigo ama em todo o
tempo; e para a angústia nasce o irmão.
18 O homem falto de
entendimento compromete-se, tornando-se fiador na presença do seu vizinho.
19 O que ama a contenda ama a
transgressão; o que faz alta a sua porta busca a ruína.
20 O perverso de coração
nunca achará o bem; e o que tem a língua dobre virá a cair no mal.
21 O que gera um tolo, para
sua tristeza o faz; e o pai do insensato não se alegrará.
22 O coração alegre serve de
bom remédio; mas o espírito abatido seca os ossos.
23 O ímpio recebe do regaço a
peita, para perverter as veredas da justiça.
24 O alvo do inteligente é a
sabedoria; mas os olhos do insensato estão nas extremidades da terra.
25 O filho insensato é
tristeza para seu, pai, e amargura para quem o deu à luz.
26 Não é bom punir ao justo,
nem ferir aos nobres por causa da sua retidão.
27 Refreia as suas palavras
aquele que possui o conhecimento; e o homem de entendimento é de espírito
sereno.
28 Até o tolo, estando calado,
é tido por sábio; e o que cerra os seus lábios, por entendido.
»PROVÉRBIOS [18]
1 Aquele que vive isolado
busca seu próprio desejo; insurge-se contra a verdadeira sabedoria.
2 O tolo não toma prazer no
entendimento, mas tão somente em revelar a sua opinião.
3 Quando vem o ímpio, vem
também o desprezo; e com a desonra vem o opróbrio.
4 Águas profundas são as
palavras da boca do homem; e a fonte da sabedoria é um ribeiro que corre.
5 Não é bom ter respeito à
pessoa do ímpio, nem privar o justo do seu direito.
6 Os lábios do tolo entram em
contendas, e a sua boca clama por açoites.
7 A boca do tolo é a sua
própria destruição, e os seus lábios um laço para a sua alma.
8 As palavras do difamador
são como bocados doces, que penetram até o íntimo das entranhas.
9 Aquele que é remisso na sua
obra é irmão do que é destruidor.
10 Torre forte é o nome do
Senhor; para ela corre o justo, e está seguro.
11 Os bens do rico são a sua
cidade forte, e como um muro alto na sua imaginação.
12 Antes da ruína eleva-se o
coração do homem; e adiante da honra vai a humildade.
13 Responder antes de ouvir,
é estultícia e vergonha.
14 O espírito do homem o
sustentará na sua enfermidade; mas ao espírito abatido quem o levantará?
15 O coração do entendido
adquire conhecimento; e o ouvido dos sábios busca conhecimento;
16 O presente do homem
alarga-lhe o caminho, e leva-o à presença dos grandes.
17 O que primeiro começa o
seu pleito parece justo; até que vem o outro e o examina.
18 A sorte faz cessar os
pleitos, e decide entre os poderosos.
19 um irmão ajudado pelo
irmão é como uma cidade fortificada; é forte como os ferrolhos dum castelo.
20 O homem se fartará do
fruto da sua boca; dos renovos dos seus lábios se fartará.
21 A morte e a vida estão no
poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto.
22 Quem encontra uma esposa
acha uma coisa boa; e alcança o favor do Senhor.
23 O pobre fala com rogos;
mas o rico responde com durezas.
24 O homem que tem muitos
amigos, tem-nos para a sua ruína; mas há um amigo que é mais chegado do que um
irmão.
»PROVÉRBIOS [19]
1 Melhor é o pobre que anda
na sua integridade, do que aquele que é perverso de lábios e tolo.
2 Não é bom agir sem
refletir; e o que se apressa com seus pés erra o caminho.
3 A estultícia do homem
perverte o seu caminho, e o seu coração se irrita contra o Senhor.
4 As riquezas granjeiam
muitos amigos; mas do pobre o seu próprio amigo se separa.
5 A testemunha falsa não
ficará impune; e o que profere mentiras não escapará.
6 Muitos procurarão o favor
do liberal; e cada um é amigo daquele que dá presentes.
7 Todos os irmãos do pobre o
aborrecem; quanto mais se afastam dele os seus amigos! persegue-os com
súplicas, mas eles já se foram.
8 O que adquire a sabedoria é
amigo de si mesmo; o que guarda o entendimento prosperará.
9 A testemunha falsa não
ficará impune, e o que profere mentiras perecerá.
10 Ao tolo não convém o luxo;
quanto menos ao servo dominar os príncipes!
11 A discrição do homem fá-lo
tardio em irar-se; e sua glória está em esquecer ofensas.
12 A ira do rei é como o
bramido o leão; mas o seu favor é como o orvalho sobre a erva.
13 O filho insensato é a
calamidade do pai; e as rixas da mulher são uma goteira contínua.
14 Casa e riquezas são
herdadas dos pais; mas a mulher prudente vem do Senhor.
15 A preguiça faz cair em
profundo sono; e o ocioso padecerá fome.
16 Quem guarda o mandamento
guarda a sua alma; mas aquele que não faz caso dos seus caminhos morrerá.
17 O que se compadece do
pobre empresta ao Senhor, que lhe retribuirá o seu benefício.
18 Corrige a teu filho
enquanto há esperança; mas não te incites a destruí-lo.
19 Homem de grande ira tem de
sofrer o castigo; porque se o livrares, terás de o fazer de novo.
20 Ouve o conselho, e recebe
a correção, para que sejas sábio nos teus últimos dias.
21 Muitos são os planos no
coração do homem; mas o desígnio do Senhor, esse prevalecerá.
22 O que faz um homem
desejável é a sua benignidade; e o pobre é melhor do que o mentiroso.
23 O temor do Senhor
encaminha para a vida; aquele que o tem ficará satisfeito, e mal nenhum o
visitará.
24 O preguiçoso esconde a sua
mão no prato, e nem ao menos quer levá-la de novo à boca.
25 Fere ao escarnecedor, e o
simples aprenderá a prudência; repreende ao que tem entendimento, e ele
crescerá na ciência.
26 O que aflige a seu pai, e
faz fugir a sua mãe, é filho que envergonha e desonra.
27 Cessa, filho meu, de ouvir
a instrução, e logo te desviarás das palavras do conhecimento.
28 A testemunha vil escarnece
da justiça; e a boca dos ímpios engole a iniqüidade.
29 A condenação está preparada
para os escarnecedores, e os açoites para as costas dos tolos.
»PROVÉRBIOS [20]
1 O vinho é escarnecedor, e a
bebida forte alvoroçadora; e todo aquele que neles errar não e sábio.
2 Como o bramido do leão é o
terror do rei; quem o provoca a ira peca contra a sua própria vida.
3 Honroso é para o homem o
desviar-se de questões; mas todo insensato se entremete nelas.
4 O preguiçoso não lavra no
outono; pelo que mendigará na sega, e nada receberá.
5 Como águas profundas é o
propósito no coração do homem; mas o homem inteligente o descobrirá.
6 Muitos há que proclamam a
sua própria bondade; mas o homem fiel, quem o achará?
7 O justo anda na sua
integridade; bem-aventurados serão os seus filhos depois dele.
8 Assentando-se o rei no
trono do juízo, com os seus olhos joeira a todo malfeitor.
9 Quem pode dizer: Purifiquei
o meu coração, limpo estou de meu pecado?
10 O peso fraudulento e a
medida falsa são abominação ao Senhor, tanto uma como outra coisa.
11 Até a criança se dá a
conhecer pelas suas ações, se a sua conduta é pura e reta.
12 O ouvido que ouve, e o
olho que vê, o Senhor os fez a ambos.
13 Não ames o sono, para que
não empobreças; abre os teus olhos, e te fartarás de pão.
14 Nada vale, nada vale, diz
o comprador; mas, depois de retirar-se, então se gaba.
15 Há ouro e abundância de
pedras preciosas; mas os lábios do conhecimento são jóia de grande valor.
16 Tira a roupa àquele que
fica por fiador do estranho; e toma penhor daquele que se obriga por
estrangeiros.
17 Suave é ao homem o pão da
mentira; mas depois a sua boca se enche de pedrinhas.
18 Os projetos se confirmam
pelos conselhos; assim, pois, com prudência faze a guerra.
19 O que anda mexericando
revela segredos; pelo que não te metas com quem muito abre os seus lábios.
20 O que amaldiçoa a seu pai
ou a sua mãe, apagar-se-lhe-á a sua lâmpada nas, mais densas trevas.
21 A herança que no princípio
é adquirida às pressas, não será abençoada no seu fim.
22 Não digas: vingar-me-ei do
mal; espera pelo Senhor e ele te livrará.
23 Pesos fraudulentos são abomináveis
ao Senhor; e balanças enganosas não são boas.
24 Os passos do homem são
dirigidos pelo Senhor; como, pois, poderá o homem entender o seu caminho?
25 Laço é para o homem dizer
precipitadamente: É santo; e, feitos os votos, então refletir.
26 O rei sábio joeira os
ímpios e faz girar sobre eles a roda.
27 O espírito do homem é a
lâmpada do Senhor, a qual esquadrinha todo o mais íntimo do coração.
28 A benignidade e a verdade
guardam o rei; e com a benignidade sustém ele o seu trono.
29 A glória dos jovens é a
sua força; e a beleza dos velhos são as cãs.
30 Os açoites que ferem
purificam do mal; e as feridas penetram até o mais íntimo do corpo.
»PROVÉRBIOS [21]
1 Como corrente de águas é o
coração do rei na mão do Senhor; ele o inclina para onde quer.
2 Todo caminho do homem é
reto aos seus olhos; mas o Senhor pesa os corações.
3 Fazer justiça e julgar com
retidão é mais aceitável ao Senhor do que oferecer-lhe sacrifício.
4 Olhar altivo e coração
orgulhoso, tal lâmpada dos ímpios é pecado.
5 Os planos do diligente
conduzem à abundância; mas todo precipitado apressa-se para a penúria.
6 Ajuntar tesouros com língua
falsa é uma vaidade fugitiva; aqueles que os buscam, buscam a morte.
7 A violência dos ímpios
arrebatá-los-á, porquanto recusam praticar a justiça.
8 O caminho do homem perverso
é tortuoso; mas o proceder do puro é reto.
9 Melhor é morar num canto do
eirado, do que com a mulher rixosa numa casa ampla.
10 A alma do ímpio deseja o
mal; o seu próximo não agrada aos seus olhos.
11 Quando o escarnecedor é
castigado, o simples torna-se sábio; e, quando o sábio é instruído, recebe o
conhecimento.
12 O justo observa a casa do
ímpio; precipitam-se os ímpios na ruína.
13 Quem tapa o seu ouvido ao
clamor do pobre, também clamará e não será ouvido.
14 O presente que se dá em
segredo aplaca a ira; e a dádiva às escondidas, a forte indignação.
15 A execução da justiça é
motivo de alegria para o justo; mas é espanto para os que praticam a
iniqüidade.
16 O homem que anda desviado
do caminho do entendimento repousará na congregação dos mortos.
17 Quem ama os prazeres
empobrecerá; quem ama o vinho e o azeite nunca enriquecera.
18 Resgate para o justo é o
ímpio; e em lugar do reto ficará o prevaricador.
19 Melhor é morar numa terra
deserta do que com a mulher rixosa e iracunda.
20 Há tesouro precioso e
azeite na casa do sábio; mas o homem insensato os devora.
21 Aquele que segue a justiça
e a bondade achará a vida, a justiça e a honra.
22 O sábio escala a cidade
dos valentes, e derriba a fortaleza em que ela confia.
23 O que guarda a sua boca e
a sua língua, guarda das angústias a sua alma.
24 Quanto ao soberbo e
presumido, zombador é seu nome; ele procede com insolente orgulho.
25 O desejo do preguiçoso o
mata; porque as suas mãos recusam-se a trabalhar.
26 Todo o dia o ímpio cobiça;
mas o justo dá, e não retém.
27 O sacrifício dos ímpios é
abominação; quanto mais oferecendo-o com intenção maligna!
28 A testemunha mentirosa
perecerá; mas o homem que ouve falará sem ser contestado.
29 O homem ímpio endurece o
seu rosto; mas o reto considera os seus caminhos.
30 Não há sabedoria, nem
entendimento, nem conselho contra o Senhor.
31 O cavalo prepara-se para o
dia da batalha; mas do Senhor vem a vitória.
»PROVÉRBIOS [22]
1 Mais digno de ser escolhido
é o bom nome do que as muitas riquezas; e o favor é melhor do que a prata e o
ouro.
2 O rico e o pobre se
encontram; quem os faz a ambos é o Senhor.
3 O prudente vê o perigo e
esconde-se; mas os simples passam adiante e sofrem a pena.
4 O galardão da humildade e
do temor do Senhor é riquezas, e honra e vida.
5 Espinhos e laços há no
caminho do perverso; o que guarda a sua alma retira-se para longe deles.
6 Instrui o menino no caminho
em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele.
7 O rico domina sobre os
pobres; e o que toma emprestado é servo do que empresta.
8 O que semear a perversidade
segará males; e a vara da sua indignação falhará.
9 Quem vê com olhos bondosos
será abençoado; porque dá do seu pão ao pobre.
10 Lança fora ao
escarnecedor, e a contenda se irá; cessarão a rixa e a injúria.
11 O que ama a pureza do
coração, e que tem graça nos seus lábios, terá por seu amigo o rei.
12 Os olhos do Senhor
preservam o que tem conhecimento; mas ele transtorna as palavras do
prevaricador.
13 Diz o preguiçoso: um leão
está lá fora; serei morto no meio das ruas.
14 Cova profunda é a boca da
adúltera; aquele contra quem o Senhor está irado cairá nela.
15 A estultícia está ligada
ao coração do menino; mas a vara da correção a afugentará dele.
16 O que para aumentar o seu
lucro oprime o pobre, e dá ao rico, certamente chegará à: penúria.
17 Inclina o teu ouvido e
ouve as palavras dos sábios, e aplica o teu coração ao meu conhecimento.
18 Porque será coisa suave,
se os guardares no teu peito, se estiverem todos eles prontos nos teus lábios.
19 Para que a tua confiança
esteja no senhor, a ti tos fiz saber hoje, sim, a ti mesmo.
20 Porventura não te escrevi
excelentes coisas acerca dos conselhos e do conhecimento,
21 para te fazer saber a
certeza das palavras de verdade, para que possas responder com palavras de
verdade aos que te enviarem?
22 Não roubes ao pobre,
porque é pobre; nem oprimas ao aflito na porta;
23 porque o Senhor defenderá
a sua causa em juízo, e aos que os roubam lhes tirará a vida.
24 Não faças amizade com o
iracundo; nem andes com o homem colérico;
25 para que não aprendas as
suas veredas, e tomes um laço para a tua alma.
26 Não estejas entre os que
se comprometem, que ficam por fiadores de dívidas.
27 Se não tens com que pagar,
por que tirariam a tua cama de debaixo de ti?
28 Não removas os limites
antigos que teus pais fixaram.
29 Vês um homem hábil na sua
obrar? esse perante reis assistirá; e não assistirá perante homens obscuros.
»PROVÉRBIOS [23]
1 Quando te assentares a
comer com um governador, atenta bem para aquele que está diante de ti;
2 e põe uma faca à tua
garganta, se fores homem de grande apetite.
3 Não cobices os seus
manjares gostosos, porque é comida enganadora.
4 Não te fatigues para seres
rico; dá de mão à tua própria sabedoria:
5 Fitando tu os olhos nas
riquezas, elas se vão; pois fazem para si asas, como a águia, voam para o céu.
6 Não comas o pão do
avarento, nem cobices os seus manjares gostosos.
7 Porque, como ele pensa
consigo mesmo, assim é; ele te diz: Come e bebe; mas o seu coração não está
contigo.
8 Vomitarás o bocado que
comeste, e perderás as tuas suaves palavras.
9 Não fales aos ouvidos do
tolo; porque desprezará a sabedoria das tuas palavras.
10 Não removas os limites
antigos; nem entres nos campos dos órfãos,
11 porque o seu redentor é
forte; ele lhes pleiteará a causa contra ti.
12 Aplica o teu coração à
instrução, e os teus ouvidos às palavras do conhecimento.
13 Não retires da criança a
disciplina; porque, fustigando-a tu com a vara, nem por isso morrerá.
14 Tu a fustigarás com a vara
e livrarás a sua alma do Seol.
15 Filho meu, se o teu
coração for sábio, alegrar-se-á o meu coração, sim, ó, meu próprio;
16 e exultará o meu coração,
quando os teus lábios falarem coisas retas.
17 Não tenhas inveja dos
pecadores; antes conserva-te no temor do Senhor todo o dia.
18 Porque deveras terás uma
recompensa; não será malograda a tua esperança.
19 Ouve tu, filho meu, e sê
sábio; e dirige no caminho o teu coração.
20 Não estejas entre os
beberrões de vinho, nem entre os comilões de carne.
21 Porque o beberrão e o
comilão caem em pobreza; e a sonolência cobrirá de trapos o homem.
22 Ouve a teu pai, que te
gerou; e não desprezes a tua mãe, quando ela envelhecer.
23 Compra a verdade, e não a
vendas; sim, a sabedoria, a disciplina, e o entendimento.
24 Grandemente se regozijará
o pai do justo; e quem gerar um filho sábio, nele se alegrará.
25 Alegrem-se teu pai e tua
mãe, e regozije-se aquela que te deu à luz.
26 Filho meu, dá-me o teu
coração; e deleitem-se os teus olhos nos meus caminhos.
27 Porque cova profunda é a
prostituta; e poço estreito é a aventureira.
28 Também ela, como o
salteador, se põe a espreitar; e multiplica entre os homens os prevaricadores.
29 Para quem são os ais? para
quem os pesares? para quem as pelejas, para quem as queixas? para quem as
feridas sem causa? e para quem os olhos vermelhos?
30 Para os que se demoram
perto do vinho, para os que andam buscando bebida misturada.
31 Não olhes para o vinho
quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente.
32 No seu fim morderá como a
cobra, e como o basilisco picará.
33 Os teus olhos verão coisas
estranhas, e tu falarás perversidades.
34 o serás como o que se
deita no meio do mar, e como o que dorme no topo do mastro.
35 E dirás: Espancaram-me, e
não me doeu; bateram-me, e não o senti; quando virei a despertar? ainda
tornarei a buscá-lo outra vez.
»PROVÉRBIOS [24]
1 Não tenhas inveja dos
homens malignos; nem desejes estar com eles;
2 porque o seu coração medita
a violência; e os seus lábios falam maliciosamente.
3 Com a sabedoria se edifica
a casa, e com o entendimento ela se estabelece;
4 e pelo conhecimento se
encherão as câmaras de todas as riquezas preciosas e deleitáveis.
5 O sábio é mais poderoso do
que o forte; e o inteligente do que o que possui a força.
6 Porque com conselhos
prudentes tu podes fazer a guerra; e há vitória na multidão dos conselheiros.
7 A sabedoria é alta demais
para o insensato; ele não abre a sua boca na porta.
8 Aquele que cuida em fazer o
mal, mestre de maus intentos o chamarão.
9 O desígnio do insensato é
pecado; e abominável aos homens é o escarnecedor.
10 Se enfraqueces no dia da
angústia, a tua força é pequena.
11 Livra os que estão sendo
levados à morte, detém os que vão tropeçando para a matança.
12 Se disseres: Eis que não o
sabemos; porventura aquele que pesa os corações não o percebe? e aquele que
guarda a tua vida não o sabe? e não retribuirá a cada um conforme a sua obra?
13 Come mel, filho meu,
porque é bom, e do favo de mel, que é doce ao teu paladar.
14 Sabe que é assim a
sabedoria para a tua alma: se a achares, haverá para ti recompensa, e não será
malograda a tua esperança.
15 Não te ponhas de
emboscada, ó ímpio, contra a habitação do justo; nem assoles a sua pousada.
16 Porque sete vezes cai o justo,
e se levanta; mas os ímpios são derribados pela calamidade.
17 Quando cair o teu inimigo,
não te alegres, e quando tropeçar, não se regozije o teu coração;
18 para que o Senhor não o
veja, e isso seja mau aos seus olhos, e desvie dele, a sua ira.
19 Não te aflijas por causa
dos malfeitores; nem tenhas inveja dos ímpios;
20 porque o maligno não tem
futuro; e a lâmpada dos ímpios se apagará.
21 Filho meu, teme ao Senhor,
e ao rei; e não te entremetas com os que gostam de mudanças.
22 Porque de repente se
levantará a sua calamidade; e a ruína deles, quem a conhecerá?
23 Também estes são
provérbios dos sábios: Fazer acepção de pessoas no juízo não é bom.
24 Aquele que disser ao
ímpio: Justo és; os povos o amaldiçoarão, as nações o detestarão;
25 mas para os que julgam
retamente haverá delícias, e sobre eles virá copiosa bênção.
26 O que responde com
palavras retas beija os lábios.
27 Prepara os teus trabalhos
de fora, apronta bem o teu campo; e depois edifica a tua casa.
28 Não sejas testemunha sem
causa contra o teu próximo; e não enganes com os teus lábios.
29 Não digas: Como ele me fez
a mim, assim lhe farei a ele; pagarei a cada um segundo a sua obra.
30 Passei junto ao campo do
preguiçoso, e junto à vinha do homem falto de entendimento;
31 e eis que tudo estava
cheio de cardos, e a sua superfície coberta de urtigas, e o seu muro de pedra
estava derrubado.
32 O que tendo eu visto, o
considerei; e, vendo-o, recebi instrução.
33 Um pouco para dormir, um
pouco para toscanejar, um pouco para cruzar os braços em repouso;
34 assim sobrevirá a tua
pobreza como um salteador, e a tua necessidade como um homem armado.
»PROVÉRBIOS [25]
1 Também estes são provérbios
de Salomão, os quais transcreveram os homens de Ezequias, rei de Judá.
2 A glória de Deus é encobrir
as coisas; mas a glória dos reis é esquadrinhá-las.
3 Como o céu na sua altura, e
como a terra na sua profundidade, assim o coração dos reis é inescrutável.
4 Tira da prata a escória, e
sairá um vaso para o fundidor.
5 Tira o ímpio da presença do
rei, e o seu trono se firmará na justiça.
6 Não reclames para ti honra
na presença do rei, nem te ponhas no lugar dos grandes;
7 porque melhor é que te
digam: Sobe, para aqui; do que seres humilhado perante o príncipe.
8 O que os teus olhos viram,
não te apresses a revelar, para depois, ao fim, não saberes o que hás de fazer,
podendo-te confundir o teu próximo.
9 Pleiteia a tua causa com o
teu próximo mesmo; e não reveles o segredo de outrem;
10 para que não te desonre
aquele que o ouvir, não se apartando de ti a infâmia.
11 Como maçãs de ouro em
salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.
12 Como pendentes de ouro e
gargantilhas de ouro puro, assim é o sábio repreensor para o ouvido obediente.
13 Como o frescor de neve no
tempo da sega, assim é o mensageiro fiel para com os que o enviam, porque
refrigera o espírito dos seus senhores.
14 como nuvens e ventos que
não trazem chuva, assim é o homem que se gaba de dádivas que não fez.
15 Pela longanimidade se
persuade o príncipe, e a língua branda quebranta os ossos.
16 Se achaste mel, come
somente o que te basta, para que porventura não te fartes dele, e o venhas a
vomitar.
17 Põe raramente o teu pé na
casa do teu próximo, para que não se enfade de ti, e te aborreça.
18 Malho, e espada, e flecha
aguda é o homem que levanta falso testemunho contra o seu próximo.
19 Como dente quebrado, e pé
deslocado, é a confiança no homem desleal, no dia da angústia.
20 O que entoa canções ao
coração aflito é como aquele que despe uma peça de roupa num dia de frio, e
como vinagre sobre a chaga.
21 Se o teu inimigo tiver
fome, dá-lhe pão para comer, e se tiver sede, dá-lhe água para beber;
22 porque assim lhe
amontoarás brasas sobre a cabeça, e o Senhor te recompensará.
23 O vento norte traz chuva,
e a língua caluniadora, o rosto irado.
24 Melhor é morar num canto
do eirado, do que com a mulher rixosa numa casa ampla.
25 Como água fresca para o
homem sedento, tais são as boas-novas de terra remota.
26 Como fonte turva, e
manancial poluído, assim é o justo que cede lugar diante do ímpio.
27 comer muito mel não é bom;
não multipliques, pois, as palavras de lisonja.
28 Como a cidade derribada,
que não tem muros, assim é o homem que não pode conter o seu espírito.
»PROVÉRBIOS [26]
1 Como a neve no verão, e
como a chuva no tempo da ceifa, assim não convém ao tolo a honra.
2 Como o pássaro no seu
vaguear, como a andorinha no seu voar, assim a maldição sem causa não encontra
pouso.
3 O açoite é para o cavalo, o
freio para o jumento, e a vara para as costas dos tolos.
4 Não respondas ao tolo segundo
a sua estultícia, para que também não te faças semelhante a ele.
5 Responde ao tolo segundo a
sua estultícia, para que ele não seja sábio aos seus próprios olhos.
6 Os pés decepa, e o dano
bebe, quem manda mensagens pela mão dum tolo.
7 As pernas do coxo pendem
frouxas; assim é o provérbio na boca dos tolos.
8 Como o que ata a pedra na
funda, assim é aquele que dá honra ao tolo.
9 Como o espinho que entra na
mão do ébrio, assim é o provérbio na mão dos tolos.
10 Como o flecheiro que fere
a todos, assim é aquele que assalaria ao transeunte tolo, ou ao ébrio.
11 Como o cão que torna ao
seu vômito, assim é o tolo que reitera a sua estultícia.
12 Vês um homem que é sábio a
seus próprios olhos? Maior esperança há para o tolo do que para ele.
13 Diz o preguiçoso: Um leão
está no caminho; um leão está nas ruas.
14 Como a porta se revolve
nos seus gonzos, assim o faz o preguiçoso na sua cama.
15 O preguiçoso esconde a sua
mão no prato, e nem ao menos quer levá-la de novo à boca.
16 Mais sábio é o preguiçoso
a seus olhos do que sete homens que sabem responder bem.
17 O que, passando, se mete
em questão alheia é como aquele que toma um cão pelas orelhas.
18 Como o louco que atira
tições, flechas, e morte,
19 assim é o homem que engana
o seu próximo, e diz: Fiz isso por brincadeira.
20 Faltando lenha, apaga-se o
fogo; e não havendo difamador, cessa a contenda.
21 Como o carvão para as
brasas, e a lenha para o fogo, assim é o homem contencioso para acender rixas.
22 As palavras do difamador
são como bocados deliciosos, que descem ao íntimo do ventre.
23 Como o vaso de barro
coberto de escória de prata, assim são os lábios ardentes e o coração maligno.
24 Aquele que odeia dissimula
com os seus lábios; mas no seu interior entesoura o engano.
25 Quando te suplicar com voz
suave, não o creias; porque sete abominações há no teu coração.
26 Ainda que o seu ódio se
encubra com dissimulação, na congregação será revelada a sua malícia.
27 O que faz uma cova cairá
nela; e a pedra voltará sobre aquele que a revolve.
28 A língua falsa odeia
aqueles a quem ela tenha ferido; e a boca lisonjeira opera a ruína.
»PROVÉRBIOS [27]
1 Não te glories do dia de
amanhã; porque não sabes o que produzirá o dia.
2 Seja outro o que te louve,
e não a tua boca; o estranho, e não os teus lábios.
3 Pesada é a pedra, e a areia
também; mas a ira do insensato é mais pesada do que elas ambas.
4 Cruel é o furor, e
impetuosa é a ira; mas quem pode resistir à inveja?
5 Melhor é a repreensão
aberta do que o amor encoberto.
6 Fiéis são as feridas dum
amigo; mas os beijos dum inimigo são enganosos.
7 O que está farto despreza o
favo de mel; mas para o faminto todo amargo é doce.
8 Qual a ave que vagueia
longe do seu ninho, tal é o homem que anda vagueando longe do seu lugar.
9 O óleo e o perfume alegram
o coração; assim é o doce conselho do homem para o seu amigo.
10 Não abandones o teu amigo,
nem o amigo de teu pai; nem entres na casa de teu irmão no dia de tua
adversidade. Mais vale um vizinho que está perto do que um irmão que está
longe.
11 Sê sábio, filho meu, e
alegra o meu coração, para que eu tenha o que responder àquele que me
vituperar.
12 O prudente vê o mal e se
esconde; mas os insensatos passam adiante e sofrem a pena.
13 Tira a roupa àquele que
fica por fiador do estranho, e toma penhor daquele que se obriga por uma
estrangeira.
14 O que bendiz ao seu amigo
em alta voz, levantando-se de madrugada, isso lhe será contado como maldição.
15 A goteira contínua num dia
chuvoso e a mulher rixosa são semelhantes;
16 retê-la é reter o vento,
ou segurar o óleo com a destra.
17 Afia-se o ferro com o
ferro; assim o homem afia o rosto do seu amigo.
18 O que cuida da figueira
comerá do fruto dela; e o que vela pelo seu senhor será honrado.
19 Como na água o rosto
corresponde ao rosto, assim o coração do homem ao homem.
20 O Seol e o Abadom nunca se
fartam, e os olhos do homem nunca se satisfazem.
21 O crisol é para a prata, e
o forno para o ouro, e o homem é provado pelos louvores que recebe.
22 Ainda que pisasses o
insensato no gral entre grãos pilados, contudo não se apartaria dele a sua
estultícia.
23 Procura conhecer o estado
das tuas ovelhas; cuida bem dos teus rebanhos;
24 porque as riquezas não
duram para sempre; e duraria a coroa de geração em geração?
25 Quando o feno é removido,
e aparece a erva verde, e recolhem-se as ervas dos montes,
26 os cordeiros te proverão
de vestes, e os bodes, do preço do campo.
27 E haverá bastante leite de
cabras para o teu sustento, para o sustento da tua casa e das tuas criadas.
»PROVÉRBIOS [28]
1 Fogem os ímpios, sem que
ninguém os persiga; mas os justos são ousados como o leão.
2 Por causa da transgressão
duma terra são muitos os seus príncipes; mas por virtude de homens prudentes e
entendidos, ela subsistirá por longo tempo.
3 O homem pobre que oprime os
pobres, é como chuva impetuosa, que não deixa trigo nenhum.
4 Os que abandonam a lei
louvam os ímpios; mas os que guardam a lei pelejam contra eles.
5 Os homens maus não entendem
a justiça; mas os que buscam ao Senhor a entendem plenamente.
6 Melhor é o pobre que anda
na sua integridade, do que o rico perverso nos seus caminhos.
7 O que guarda a lei é filho
sábio; mas o companheiro dos comilões envergonha a seu pai.
8 O que aumenta a sua riqueza
com juros e usura, ajunta-a para o que se compadece do pobre.
9 O que desvia os seus
ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração é abominável.
10 O que faz com que os retos
se desviem para um mau caminho, ele mesmo cairá na cova que abriu; mas os
inocentes herdarão o bem.
11 O homem rico é sábio aos
seus próprios olhos; mas o pobre que tem entendimento o esquadrinha.
12 Quando os justos triunfam
há grande, glória; mas quando os ímpios sobem, escondem-se os homens.
13 O que encobre as suas
transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará
misericórdia.
14 Feliz é o homem que teme
ao Senhor continuamente; mas o que endurece o seu coração virá a cair no mal.
15 Como leão bramidor, e urso
faminto, assim é o ímpio que domina sobre um povo pobre.
16 O príncipe falto de
entendimento é também opressor cruel; mas o que aborrece a avareza prolongará
os seus dias.
17 O homem culpado do sangue
de qualquer pessoa será fugitivo até a morte; ninguém o ajude.
18 O que anda retamente
salvar-se-á; mas o perverso em seus caminhos cairá de repente.
19 O que lavra a sua terra se
fartará de pão; mas o que segue os ociosos se encherá de pobreza.
20 O homem fiel gozará de
abundantes bênçãos; mas o que se apressa a enriquecer não ficará impune.
21 Fazer acepção de pessoas
não é bom; mas até por um bocado de pão prevaricará o homem.
22 Aquele que é cobiçoso
corre atrás das riquezas; e não sabe que há de vir sobre ele a penúria.
23 O que repreende a um homem
achará depois mais favor do que aquele que lisonjeia com a língua.
24 O que rouba a seu pai, ou
a sua mãe, e diz: Isso não é transgressão; esse é companheiro do destruidor.
25 O cobiçoso levanta
contendas; mas o que confia no senhor prosperará.
26 O que confia no seu
próprio coração é insensato; mas o que anda sabiamente será livre.
27 O que dá ao pobre não terá
falta; mas o que esconde os seus olhos terá muitas maldições.
28 Quando os ímpios sobem,
escondem-se os homens; mas quando eles perecem, multiplicam-se os justos.
»PROVÉRBIOS [29]
1 Aquele que, sendo muitas
vezes repreendido, endurece a cerviz, será quebrantado de repente sem que haja cura.
2 Quando os justos governam,
alegra-se o povo; mas quando o ímpio domina, o povo geme.
3 O que ama a sabedoria
alegra a seu pai; mas o companheiro de prostitutas desperdiça a sua riqueza.
4 O rei pela justiça
estabelece a terra; mas o que exige presentes a transtorna.
5 O homem que lisonjeia a seu
próximo arma-lhe uma rede aos passos.
6 Na transgressão do homem
mau há laço; mas o justo canta e se regozija.
7 O justo toma conhecimento
da causa dos pobres; mas o ímpio não tem entendimento para a conhecer.
8 Os escarnecedores abrasam a
cidade; mas os sábios desviam a ira.
9 O sábio que pleiteia com o
insensato, quer este se agaste quer se ria, não terá descanso.
10 Os homens sanguinários
odeiam o íntegro; mas os retos procuram o seu bem.
11 O tolo derrama toda a sua
ira; mas o sábio a reprime e aplaca.
12 O governador que dá
atenção às palavras mentirosas achará que todos os seus servos são ímpios.
13 O pobre e o opressor se
encontram; o Senhor alumia os olhos de ambos.
14 Se o rei julgar os pobres
com eqüidade, o seu trono será estabelecido para sempre.
15 A vara e a repreensão dão
sabedoria; mas a criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe.
16 Quando os ímpios se
multiplicam, multiplicam-se as transgressões; mas os justos verão a queda
deles.
17 Corrige a teu filho, e ele
te dará descanso; sim, deleitará o teu coração.
18 Onde não há profecia, o
povo se corrompe; mas o que guarda a lei esse é bem-aventurado.
19 O servo não se emendará
com palavras; porque, ainda que entenda, não atenderá.
20 Vês um homem precipitado
nas suas palavras? Maior esperança há para o tolo do que para ele.
21 Aquele que cria
delicadamente o seu servo desde a meninice, no fim tê-lo-á por herdeiro.
22 O homem iracundo levanta
contendas, e o furioso multiplica as transgressões.
23 A soberba do homem o
abaterá; mas o humilde de espírito obterá honra.
24 O que é sócio do ladrão
odeia a sua própria alma; sendo ajuramentado, nada denuncia.
25 O receio do homem lhe arma
laços; mas o que confia no Senhor está seguro.
26 Muitos buscam o favor do
príncipe; mas é do Senhor que o homem recebe a justiça.
27 O ímpio é abominação para
os justos; e o que é reto no seu caminho é abominação para o ímpio.
»PROVÉRBIOS [30]
1 Palavras de Agur, filho de
Jaqué de Massá. Diz o homem a Itiel, e a Ucal:
2 Na verdade que eu sou mais
estúpido do que ninguém; não tenho o entendimento do homem;
3 não aprendi a sabedoria,
nem tenho o conhecimento do Santo.
4 Quem subiu ao céu e desceu?
quem encerrou os ventos nos seus punhos? mas amarrou as águas no seu manto?
quem estabeleceu todas as extremidades da terra? qual é o seu nome, e qual é o
nome de seu filho? Certamente o sabes!
5 Toda palavra de Deus é
pura; ele é um escudo para os que nele confiam.
6 Nada acrescentes às suas
palavras, para que ele não te repreenda e tu sejas achado mentiroso.
7 Duas coisas te peço; não
mas negues, antes que morra:
8 Alonga de mim a falsidade e
a mentira; não me dês nem a pobreza nem a riqueza: dá-me só o pão que me é
necessário;
9 para que eu de farto não te
negue, e diga: Quem é o Senhor? ou, empobrecendo, não venha a furtar, e profane
o nome de Deus.
10 Não calunies o servo
diante de seu senhor, para que ele não te amaldiçoe e fiques tu culpado.
11 Há gente que amaldiçoa a
seu pai, e que não bendiz a sua mãe.
12 Há gente que é pura aos
seus olhos, e contudo nunca foi lavada da sua imundícia.
13 Há gente cujos olhos são
altivos, e cujas pálpebras são levantadas para cima.
14 Há gente cujos dentes são
como espadas; e cujos queixais são como facas, para devorarem da terra os
aflitos, e os necessitados dentre os homens.
15 A sanguessuga tem duas
filhas, a saber: Dá, Dá. Há três coisas que nunca se fartam; sim, quatro que
nunca dizem: Basta;
16 o Seol, a madre estéril, a
terra que não se farta d'água, e o fogo que nunca diz: Basta.
17 Os olhos que zombam do
pai, ou desprezam a obediência à mãe, serão arrancados pelos corvos do vale e
devorados pelos filhos da águia.
18 Há três coisas que são
maravilhosas demais para mim, sim, há quatro que não conheço:
19 o caminho da águia no ar,
o caminho da cobra na penha, o caminho do navio no meio do mar, e o caminho do
homem com uma virgem.
20 Tal é o caminho da mulher
adúltera: ela come, e limpa a sua boca, e diz: não pratiquei iniqüidade.
21 Por três coisas estremece
a terra, sim, há quatro que não pode suportar:
22 o escravo quando reina; o
tolo quando se farta de comer;
23 a mulher desdenhada quando
se casa; e a serva quando fica herdeira da sua senhora.
24 Quatro coisas há na terra
que são pequenas, entretanto são extremamente sábias;
25 as formigas são um povo
sem força, todavia no verão preparam a sua comida;
26 os querogrilos são um povo
débil, contudo fazem a sua casa nas rochas;
27 os gafanhotos não têm rei,
contudo marcham todos enfileirados;
28 a lagartixa apanha-se com
as mãos, contudo anda nos palácios dos reis.
29 Há três que andam com
elegância, sim, quatro que se movem airosamente:
30 o leão, que é o mais forte
entre os animais, e que não se desvia diante de ninguém;
31 o galo emproado, o bode, e
o rei à frente do seu povo.
32 Se procedeste loucamente
em te elevares, ou se maquinaste o mal, põe a mão sobre a boca.
33 Como o espremer do leite
produz queijo verde, e o espremer do nariz produz sangue, assim o espremer da
ira produz contenda.
»PROVÉRBIOS [31]
1 As palavras do rei Lemuel,
rei de Massá, que lhe ensinou sua mãe.
2 Que te direi, filho meu? e
que te direi, ó filho do meu ventre? e que te direi, ó filho dos meus votos?
3 Não dês às mulheres a tua
força, nem os teus caminhos às que destroem os reis.
4 Não é dos reis, ó Lemuel,
não é dos reis beber vinho, nem dos príncipes desejar bebida forte;
5 para que não bebam, e se
esqueçam da lei, e pervertam o direito de quem anda aflito.
6 Dai bebida forte ao que
está para perecer, e o vinho ao que está em amargura de espírito.
7 Bebam e se esqueçam da sua
pobreza, e da sua miséria não se lembrem mais.
8 Abre a tua boca a favor do
mudo, a favor do direito de todos os desamparados.
9 Abre a tua boca; julga
retamente, e faze justiça aos pobres e aos necessitados.
10 Álefe. Mulher virtuosa,
quem a pode achar? Pois o seu valor muito excede ao de jóias preciosas.
11 Bete. O coração do seu
marido confia nela, e não lhe haverá falta de lucro.
12 Guímel. Ela lhe faz bem, e
não mal, todos os dias da sua vida.
13 Dálete. Ela busca lã e
linho, e trabalha de boa vontade com as mãos.
14 Hê. É como os navios do
negociante; de longe traz o seu pão.
15 Vave. E quando ainda está
escuro, ela se levanta, e dá mantimento à sua casa, e a tarefa às suas servas.
16 Zaine. Considera um campo,
e compra-o; planta uma vinha com o fruto de suas mãos.
17 Hete. Cinge os seus lombos
de força, e fortalece os seus braços.
18 Tete. Prova e vê que é boa
a sua mercadoria; e a sua lâmpada não se apaga de noite.
19 Iode. Estende as mãos ao
fuso, e as suas mãos pegam na roca.
20 Cafe. Abre a mão para o
pobre; sim, ao necessitado estende as suas mãos.
21 Lâmede. Não tem medo da
neve pela sua família; pois todos os da sua casa estão vestidos de escarlate.
22 Meme. Faz para si
cobertas; de linho fino e de púrpura é o seu vestido.
23 Nune. Conhece-se o seu
marido nas portas, quando se assenta entre os anciãos da terra.
24 Sâmerue. Faz vestidos de
linho, e vende-os, e entrega cintas aos mercadores.
25 Aine. A força e a
dignidade são os seus vestidos; e ri-se do tempo vindouro.
26 Pê. Abre a sua boca com
sabedoria, e o ensino da benevolência está na sua língua.
27 Tsadê. Olha pelo governo
de sua casa, e não come o pão da preguiça.
28 Côfe. Levantam-se seus
filhos, e lhe chamam bem-aventurada, como também seu marido, que a louva,
dizendo:
29 Reche. Muitas mulheres têm
procedido virtuosamente, mas tu a todas sobrepujas.
30 Chine. Enganosa é a graça,
e vã é a formosura; mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada.
31 Tau. Dai-lhe do fruto das
suas mãos, e louvem-na nas portas as suas obras.