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INTRODUÇÃO
A
História da Igreja tem sido sempre, desde o seu nascimento até o presente, a
história da graça de Deus para com o homem.
Antes
de adentrarmos no estudo dos vinte séculos em que a igreja de Cristo tem estado
em atividade, veremos os grandes acontecimentos, os quais servem como
divisória, e cada um deles assinala o término e início de uma época.
Considerando
cada um destes acontecimentos, sete ao todo, veremos que eles indicam os
grandes períodos da História da Igreja.
I.
A pré-existência da Igreja; II.
A Igreja apostólica; III.
As Perseguições Imperiais; IV.
A Igreja Imperial; V.
A Igreja medieval; VI.
A Igreja Reformada; VII.
A Igreja atual
I.
A PRÉ-EXISTÊNCIA DA IGREJA
A)
A ORIGEM DA IGREJA
A
igreja de Cristo sempre existiu na mente e coração do Pai, desde antes da
fundação do universo.
Efésios
1 : 4 Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos
santos e irrepreensíveis diante dele em amor;
I
Pedro 1 : 20 O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da
fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós;
O
plano de Salvação estava traçado por Deus desde o eterno passado. O sacrifício
fora feito antes da fundação do universo, isto é, antes mesmo de ser efetuado
no calvário, o cordeiro já era conhecido pelo Pai.
Em
uma ordem lógica, podemos admitir que : Deus fundou a Igreja, Jesus Cristo
formou a Igreja e o Espírito Santo confirmou a Igreja. Assim, o projeto no
coração de Deus, a formação pelo ministério de Cristo e a confirmação, no dia
de Pentecostes, pelo poderoso derramamento do Espírito Santo.
B)
A FUNDAÇÃO DA IGREJA
Efésios
3 : 9 E demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os
séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo;
A
Igreja que antes era um mistério " oculta em Deus " fora revelada em
Cristo, tornando-se o " segredo de Deus " conhecido aos homens. A
expressão " oculto em deus " indica que a igreja esteve sempre na
mente de Deus, e vindo a ser conhecida pelo ministério terreno de Jesus Cristo
e o Espírito Santo.
A
Igreja de deus, começou a formar e revelar-se no tempo, quando João Batista
disse; Eis o Cordeiro de Deus. João 1:36.
C)
O NASCIMENTO DA IGREJA
A
Igreja de Cristo iniciou sua história com um movimento de âmbito mundial, no
dia de Pentecostes, cinqüenta dias após a ressurreição, e dez dias depois da
ascensão do Senhor Jesus Cristo.
Na
manhã do dia de Pentecostes.
-
120 seguidores de Jesus oravam reunidos
-
Línguas de fogo desceram sobre eles
-
Falaram em outras línguas
O
tríplice efeito do Pentecostes
-
Iluminou a mente dos discípulos
-
Compreenderam que o Reino não era político
-
Deveriam estar totalmente na dependência do espírito Santo
D)
A PLENITUDE DO TEMPO
Gálatas
4 : 4 Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de
mulher, nascido sob a lei.
A
Palestina onde o cristianismo deu seus primeiros passos ocupava uma posição
geográfica privilegiada pois ocupava uma área onde era a encruzilhada das
grandes rota comerciais que uniam o Egito à Mesopotâmia, e a Arábia com a Ásia
Menor. Por isso vemos na história descrita no Velho Testamento, esta área tão
cobiçada sendo invadida por vários impérios.
A
língua predominante na época era o grego. Uma língua universal, apesar do
império dominante ser o império Romano, que unia em um só governo boa parte do
mundo conhecido. Era um governo pacífico e próspero e suas cidades estavam em
progresso e viajar não era mais difícil pois muitas estradas foram construídas.
Apesar
de haver muitas religiões e filosofias ( A política dos romanos era, em geral,
tolerante em relação a religião e aos costumes dos povos conquistados. ) o
mundo estava vazio espiritualmente, Assim o mundo estava pronto para a recepção
de uma nova religião.
A
"plenitude do tempo" não quer dizer que o mundo estivesse
pronto a se tornar cristão, mas quer dizer que, nos desígnios de Deus, havia
chegado o momento de enviar o seu filho ao mundo.
II.
A IGREJA APOSTÓLICA
Desde
a Ascensão de Cristo, 30 AD até o final do século ( 100 AD )
A)
O CRESCIMENTO DA IGREJA
Atos
5 : 14 E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres,
crescia cada vez mais.
Atos
6 : 7 E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o
número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé.
A
arma usada pela igreja, através da qual a igreja crescia demasiadamente, era o
testemunho de seus membros. Enquanto aumentava o número de membros aumenta o
número de testemunhas, pois cada membro era um mensageiro de Cristo.
Os
motivos desse crescimento foi :
-
Perseveravam na doutrina dos apóstolos
-
Perseveravam na comunhão e partir do pão
-
Perseveravam na oração
-
Possuíam temor
-
Muitos sinais e maravilhas se faziam
-
Muita alegria e sinceridade
Atos
2 : 41 - 47
A
Igreja Pentecostal era uma igreja poderosa na fé e no testemunho, pura em seu
caráter, e abundante no amor. Entretanto, o seu defeito era a falta de zelo
missionário. Foi necessário o surgimento de severa perseguição, para que se
decidisse a ir a outras regiões.
B)
A EXPANSÃO DA IGREJA
Atos
8 : 4 Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra.
Na
perseguição iniciada com a morte de Estevão, a igreja em Jerusalém dispersou-se
por toda a terra. Alguns chegaram até Damasco e outros até a Antioquia.
Por
qual motivo sobreveio então as perseguições ?
Marcos
16 : 15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.
A
partir desta perseguição, os cristãos fugiam, porém pregavam o evangelho e
testemunhavam das maravilhas que Jesus operava.
C)
A ERA SOMBRIA
A
última geração do primeiro século, a que vai do ano 60 ao 100 AD, chamamos de
"Era Sombria", em razão de as trevas da perseguição estarem
sobre a igreja, e a falha de muitas informações sobre este período.
Perseguição
sob Nero
Nero
chegou ao poder em 54, todos os que se opunham à sua vontade, ou morriam ou
recebiam ordens de se suicidar.
Assim
estavam as coisas quando em 64 AD aconteceu o incêndio em Roma. Diz-se que foi
Nero, quem ateou fogo à cidade, Contudo essa acusação ainda é discutível.
Entretanto a opinião pública responsabilizou Nero por esse crime. Afim de
escapar dessa responsabilidade, Nero apontou os cristãos como culpados do
incêndio de Roma, e moveu contra eles tremenda perseguição. O fogo durou seis
dias e sete noites e depois voltou a se acender em diversos lugares por mais
três dias.
-
Milhares de cristãos foram torturados e mortos.
-
Muitos serviram de iluminação para a cidade, amarrados em postes e ateado fogo.
-
Muito foram vestidos com peles de animais e jogados para os cães.
-
Nesta época morreram :
-
Pedro - Crucificado em 67
-
Paulo - Decapitado em 68
-
Tiago - Apedrejado depois de ser jogado do alto do templo
Além
de matá-los fê-los servir de diversão para o público.
A
Perseguição sob Domiciano
No
ano 81 Domiciano sucedeu ao imperador Tito que invadira destruíra Jerusalém no
ano 70. Com a destruição de Jerusalém Domiciano ordenou que todos os judeus
deviam enviar à Roma as ofertas anuais, que eram enviadas a Jerusalém, estes,
por sua vez não obedeceram, o que desencadeou a segunda perseguição, não
somente aos judeus mas também aos cristãos.
Durante
esses dias milhares de cristão foram mortos, especialmente em Roma e em toda a
Itália. Nesta época o apóstolo João, que vivia em Éfeso, foi preso e exilado na
ilha de Patmos, foi quando recebeu a revelação do Apocalipse.
Este
período vai da morte do Apóstolo João, ano 100 AD até o Edito de Constantino,
ano 313 AD.
O
fato de maior destaque na História da Igreja neste período foi, sem dúvida, as
perseguições realizadas pelos Imperadores Romanos. Estas perseguições duraram
até o ano 313 AD, quando Constantino, o primeiro Imperador Romano, "
cristão ", fez cessar todos os propósitos de destruir a Igreja.
A
de ressaltar que durante este período houve épocas em que as perseguições foram
mais amenas.
No
início do segundo século, os cristãos já estavam radicados em todas as nações e
em quase todas as nações, e alguns crêem que se estendia até a Espanha e
Inglaterra. O número de membros da comunidade cristã subia a muitos milhões. A
famosa carta de Plínio ( Governador da Bitínia - hoje Turquia ) ao Imperador
Trajano, declara que os templos dos deuses estavam quase abandonados, enquanto
os cristãos em toda parte formavam uma multidão, e pertenciam a todas classes ,
desde a dos nobres, a até a dos escravos.
Os
Motivos das perseguições
-
O Paganismo em suas práticas aceitava as novas formas e objetos de adoração que
iam surgindo, enquanto o Cristianismo rejeitava qualquer forma ou objeto de
adoração.
-
A adoração aos ídolos estava entrelaçada com todos os aspectos da vida. As
imagens eram encontradas em todos os lares, e até em cerimônias cívicas, para
serem adoradas. Os cristãos, é claro, não participavam dessas formas de
adoração. Por essa razão o povo considera os cristãos como " Anti-social e
ateus que não tinham deuses.
-
A adoração ao Imperador era considerada como prova de lealdade. Havia estátuas
dos imperadores reinantes nos lugares mais visíveis para o povo adorar. Os
cristãos recusavam-se a prestar tal adoração.
-
As reuniões secretas dos cristãos despertaram suspeitas. De praticarem atos
imorais e criminosos, durante a celebração da Santa Ceia, eram vetada a entrada
dos estranhos.
-
O Cristianismo considerava todos os homens iguais. Não havia distinção entre
seus membros, nem em suas reuniões, por isso foram considerados como "
niveladores da sociedade ", portanto anarquistas, perturbadores da ordem
social.
Os
Perseguidores
Imperador
Trajano 98 a 117 AD
- Estabeleceu a Lei, que sendo cristão acusado de qualquer coisa e não negar
fé, será castigado, não tendo acusação estão livres. Mandava crucificar e
lançar às feras.
Imperador
Adriano 117 a 138
AD - Morreu em agonia, gritando, " Quão desgraçado é procurar a morte e
não encontrar ".
Imperador
Marco Aurélio 161 a
180 AD - Mandava decapitar e lançar às feras. Apesar de possuir boas qualidades
como homem e governante justo, contudo foi acérrimo perseguidor dos cristãos.
Opunha-se, pois, aos cristãos por considerá-los inovadores. Milhares foram
decapitados e devorados pelas feras na arena. Os Imperadores acima mencionados,
foram considerados como os " bons imperadores ", nenhum
cristão podia podia ser preso sem culpa definida e comprovada. Contudo, quando
se comprovava acusações e os cristãos se recusavam a retratar-se, os
governantes eram obrigados, a por em vigor a lei e ordenar a execução.
Imperador
Severo 193 a 211 AD
- Mandava decapitar e lançar às feras. Iníciou uma terrível perseguição que
durou até à sua morte em 211 AD. Possuía uma natureza mórbida e melancólica;
era muito rigoroso na execução da disciplina. Tão cruel fora o espírito do
imperador, que foi considerado por muitos como o anticristo.
Imperador
Décio 249 a 251 AD
- Décio observava com inveja o poder crescente dos cristãos, e determinou
reprimi-lo. Via as igrejas cheias enquanto os templos pagãos desertos. Por
conseqüencia, mandou que os cristãos tinham que se apresentar ao Imperador para
comunicar e religião. Quem renunciava recebia um certificado, que não renunciava
era considerado criminoso e conduzidos às prisões e sujeitos às mais horrorosas
torturas.
Imperador
Diocleciano 305 a
310 - A última, a mais sistemática e a mais terrível de todas as perseguições
deu-se neste governo. Em uma série de editos determinou-se que : - Todos os
exemplares da Bíblia fossem queimados. - Todos os templos construídos em todo o
império durante meio século, fossem destruídos. - Todos os pertencentes as
ordens clericais fossem presos. - Ninguém seria solto sem negar o Cristianismo.
- Pena de morte para quem não adorasse aos deuses. Prendiam os cristãos dentro
dos templos e depois ateva fogo. Consta que o imperador erigiu um monumento com
esta inscrição " Em honra ao extermínio da superstição cristã ".
Os
Principais Mártires
Inácio
Provável discípulo
de João, bispo em Antioquia, foi condenado no ano 107 AD por não adorar a
outros deuses. Foi morto como mártir, lançado para as feras no anfiteatro
romano, no ano 108 ou 110 enquanto o povo festejava. Ele estava disposto a ser
martirizado, pois durante a viagem para Roma escreveu cartas às igrejas
manifestando o desejo de não perder a honra de morrer por seu Senhor
Policarpo
Bispo em Esmirna,
na Ásia Menor, morreu no ano 155. Ao ser levado perante o governador, e instado
para abandonar a fé e negar o nome de Jesus, assim respondeu: " Oitenta e
seis anos o servi, e somente bens recebi durante todo o tempo, Como poderia eu
agora negar ao meu Salvador ? Policarpo foi queimado vivo.
Justino
Mártir Era um dos
homens mais competente de sue tempo, e um dos principais defensores da fé. Seus
livros, que ainda existem, oferecem valiosas informações acerca da vida da
igreja nos meados do segundo século. Seu martírio deu-se em Roma, no ano 166.
Os
Efeitos Produzidos pelas Perseguições
As
perseguições produziram uma igreja pura pois conservava afastados todos aqueles
que não eram sinceros em sua confissão de fé. Ninguém se unia à igreja para
obter lucros ou popularidade. Somente aqueles que estavam dispostos a ser fiéis
até a morte, se tornavam publicamente seguidores de Cristo.
A
Igreja multiplicava-se. Apesar das perseguições ou talvez por causa delas, a
igreja crescia com rapidez assombrosa. Ao findar-se o período de perseguição, a
igreja era suficientemente numerosa para constituir a instituição mais poderosa
do império.
Apesar
de considerarmos as perseguições o fato mais importante da História da Igreja,
no segundo e terceiro séculos, contudo, fatos interessantes aconteceram neste
período que devem ser observados. Vejamos :
O
Cânon Bíblico
Os
escritos do Novo Testamento foram terminados, entretanto a formação do Novo
Testamento com os livros que o compõem, como cânon, não foi imediata. Algumas
Igreja aceitavam somente alguns livros como inspirados e outra igrejas livros
diferentes.
Gradualmente
os livros do Novo Testamento, tal como usamos hoje, conquistaram a proeminência
de escritura inspirada.
O
Crescimento e a Expansão da Igreja
O
crescimento e a expansão da Igreja foi a causa da organização e da disciplina.
A perseguição aproximou as Igrejas e exerceu influência para que elas se
unissem e se organizassem. O aparecimento da heresias impôs, também, a
necessidade de se estabelecerem alguns artigos de fé, e, com eles, algumas
autoridades para executá-las.
Outra
característica que distingue esse período é sem dúvida, o desenvolvimento da
doutrina. Na era apostólica a fé era do coração, uma entrega pessoal a vontade
de Cristo. Entretanto no período que agora focalizamos, a fé gradativamente
passara a ser mental, era uma fé do intelecto, fé que acreditava em um sistema
rigoroso e inflexível de doutrinas. O credo Apostólico, a mais antiga e mais
simples declaração da crença cristã, foi escrito durante esse período.
Nesta
época surgiram três escolas teológicas. Uma em Alexandria, outra na Ásia Menor
e outra na África. Os maiores vultos da historia do Cristianismo passaram por
essas escolas: Orígenes, Tertulianao e Cipriano.
Seitas
e Heresias
Juntamente
com o desenvolvimento da doutrina teológica, desenvolviam-se também as seitas,
ou como lhes chamavam, as heresias na igreja cristã. Os cristãos não só lutaam
contra as perseguições , mas contra as heresias e doutrinas corrompidas.
Os
Gnósticos Do grego
"Gnósis = Sabedoria, Conhecimento" Acreditavam que Deus
Supremo é espírito absoluto e causa de todo bem, enquanto a matéria é
completamente má criada por um ser inferior que é Jeová. O propósito é então
escapar deste corpo que aprisiona o espírito. Afim de chegar a libertação, é
necessário que venha um mensageiro do reino espiritual. Cristo. Cristo portanto
não era matéria, possuía somente a natureza divina.
Os
Ebionitas Do
hebraico que significa "Pobre" eram judeus-cristãos que insistiam na
observância da lei e dos costumes judaicos. Rejeitavam as cartas escritas por
Paulo. Eram considerados como apostatas pelo Judeus não convertidos.
Os
Maniqueus De origem
persa, foram chamados por esse nome, em razão de seu fundador Ter o nome de
Mani. Acreditavam que o universo compõe-se do reino das trevas e da luz e ambos
lutam pelo domínio do homem. Rejeitavam a Jesus, porém criam em um "Cristo
celestial".
IV.
A IGREJA IMPERIAL
Desde
o Edito de Constantino, 313 AD até à queda de Roma em 476 AD.
No
ano 305, quando Diocleciano abdicou o trono imperial, a religião cristã era
terminantemente proibida, e aqueles que a professassem eram castigados com
torturas e morte. Logo após a abdicação de Diocleciano, quatro aspirantes à
coroa estavam em guerra.
Os
dois rivais mais poderosos eram Majêncio e Constantino. Constantino afirmou ter
visto no céu uma cruz luminosa com os seguintes dizeres: "Por este sinal
vencerás". Constantino ordenou que seus soldados empregassem para a
batalha o símbolo que se conhece como " Labarum ", e que consistia na
superposição de duas letras gregas, X e P.
Em
batalha travada sobre a ponte Mílvio, Constantino venceu o exercito de Majêncio
e este morreu afogado caindo nas águas do rio. Após este vitoria Constantino
fez aliança com Licínio e posteriormente com Maximino os outros dois
pretendentes a coroa.
Em
323 AD, Constantino alcançou o posto supremo de Imperador, e o Cristianismo foi
então favorecido. Os templos das Igrejas foram restaurados e novamente abertos
em toda parte. Em muitos lugares os templos pagãos foram dedicados ao culto
cristão. Em todo o império os templos pagãos eram mantidos pelo Estado, mas, com,
a conversão de Constantino, passaram a ser concedido às Igrejas e ao clero
cristão.
O
Domingo foi proclamado como dia de descanso e adoração. Como se vê, do
reconhecimento do Cristianismo como religião preferida surgiram alguns bons
resultados, tanto para o povo como para a igreja:
-
As perseguições acabaram
-
A crucificação foi abolida
-
Templos restaurados e muitos construídos
-
O infanticídio foi reprimido
-
As lutas de gladiadores foram proibidas
Apesar
de os triunfos do Cristianismo haverem proporcionado boas coisas ao povo,
contudo a sua aliança com o Estado, inevitavelmente devia trazer, como de fato
trouxe, maus resultados para a igreja.
-
As Igrejas eram mantidas pelo Estado e seus ministros privilegiados, não
pagavam impostos, os julgamentos eram especiais.
-
Iniciou-se as perseguições aos pagãos, ocorrendo assim muitas conversões
falsas.
-
Todos queriam ser membros da Igreja e quase todos eram aceitos. Homens
mundanos, ambiciosos e sem escrúpulos, todos desejavam postos na Igreja, para,
assim obterem influência social e política.
-
Os cultos de adoração aumentaram em esplendor, é certo, porém eram menos
espirituais e menos sinceros do que no passado.
-
Aos poucos as festas pagãs tiveram seus lugares na Igreja, porém com outros
nomes. A adoração a Venus e Diana foi substituída pela adoração a virgem Maria.
As imagens dos mártires começaram a aparecer nos templos, como objeto de
reverência.
No
ano 363 AD todos os governadores professaram o Cristianismo e antes de findar o
quarto século o Cristianismo, foi virtualmente estabelecido como religião do
Império.
A
Fundação de Constantinopla
O
Imperador Constantino compreendeu que a cidade de Roma estava intimamente
ligada à adoração pagã, cheia de templos e estátuas pagãs. Ele desejava uma
capital sob os auspícios da nova religião. Na nova capital, a igreja era
honrada e considerada, não havia templos pagãos.
Logo
depois da fundação da nova capital, deu-se a divisão do império. As fronteiras
eram tão grande que um imperador sozinho não podia defender seu vastíssimo
território.
As
Controvérsias
A
Primeira Controvérsia
Apareceu por causa da doutrina da Trindade. O Presbítero Ario de Alexandria
defendia a tese de que Jesus era superior aos homens porém inferior ao Pai, não
admitia a existência eterna de Cristo. Seu principal opositor foi Atanásio
também de Alexandria afirma a unidade de cristo com o Pai e sua divindade.
Constantino
não teve êxito em resolver a questão por isso convocou o concílio de Nicéia em
325 AD onde a doutrina de Ário foi condenada.
A
Controvérsia de Apolinário
Apolinário era Bispo em Laodicéia quando declarou que a natureza divina tomou
lugar da natureza humana de Cristo. Este Heresia foi condenada no Concílio de
Constantinopla em 381 AD.
A
Controvérsia de Nestor
Nestor era sacerdote em Antioquia quando se opôs a aplicação do termo "
Mãe de Deus ", a Maria, afirmou que as duas natureza de Cristo agiam em
harmonia. No Concílio de Éfeso em 433 Nestor foi banido e suas obras foram
queimadas e aprovado o termo " Mãe de Deus "
O
Desenvolvimento do poder na Igreja Romana
Roma
reclamava para si autoridade apostólica. A Igreja de Roma era a única que
declara poder mencionar o nome de dois apóstolo como fundadores, isto é, Pedro
e Paulo. A organização da Igreja de Roma e bem assim seus dirigentes defendiam
fortemente estas afirmações. Neste ponto há um contraste notável entre Roma e
Constantinopla. Roma havia feito os imperadores, ao passo que os imperadores
fizeram Constantinopla.
Além
disso Roma apresentava um Cristianismo prático. Nenhuma outra igreja a
sobrepujava no cuidado para com os pobres, não somente com os seus membros ,
mas também entre os pagãos. Foi assim que em todo o ocidente o bispo de Roma,
começou a ser considerado como autoridade principal de toda a igreja.
Foi
dessa forma que o Concílio Calcedônia, na Ásia Menor, no ano 451 AD, Roma
ocupou o primeiro lugar e Constantinopla o segundo lugar.
O
Cristianismo Vivo
O
Cristianismo dessa época decadente ainda era vivo e ativo. Devemos mencionar
aqui alguns bispos e dirigentes da igreja nesse período que contribuíram para
manter vivo o Cristianismo.
Atanásio
( 296 - 373 ) Foi
ativo defensor da fé no início do período. Ja vimos como ele se levantou e se
destacou na controvérsia de Ário; foi escolhido bispo de Alexandria. Cinco
vezes exilado por causa da fé, mas lutou fielmente até o fim.
Ambrósio
( 340 - 397 ) Foi
eleito bispo enquanto ainda era leigo e nem mesmo batizado. Converteu-se
posteriormente, repreendeu o próprio imperador (Teodósio) por causa de um ato
cruel e mais tarde o próprio imperador o tratou com alta distinção. Foi autor
de vários livros.
João
Crisóstomo ( 345 - 407 )
" Boca de ouro " em razão de sua eloqüência inigualável, foi o maior
pregador desse período. Chegou a ser bispo em Constantinopla. Entretanto, sua
fidelidade, zelo reformador e coragem, não agradava à corte. Foi exilado e
morreu no exílio.
Jerônimo
( 340 - 420 ) Foi o
mais erudito de todos. Estudou literatura e oratória em Roma. De seus numerosos
escritos, o que teve maior influência foi a tradução da Bíblia para o latim,
obra que ficou conhecida como Vulgata Latina, isto é, a Bíblia em linguagem
comum, até hoje usada pela Igreja católica Romana.
Agostinho
( 354 - 430 ) O
nome mais ilustre desse período, bispo em Hipona na África. Escritor de vários
livros sobre o Cristianismo e sobre a própria vida. Porém a fama e a influência
de Agostinho estão nos seus escritos sobre a teologia cristã, da qual ele foi o
maior expositor, desde o tempo de Paulo.
V.
A IGREJA MEDIEVAL
Este
período vai desde a queda de Roma em 476 AD até a queda de Constantinopla, 1453
AD.
PROGRESSO
PAPAL
O
termo "papa", significa simplesmente "papai", sendo,
portanto, um termo de carinho e respeito, este termo era usado para qualquer
bispo, sem importar se ele era de Roma. Como Roma era, pelo menos de nome, a
capital do Império, a igreja e o bispo desta cidade logo se viram em posição de
destaque.
Quando
os bárbaros invadiram o Império, a igreja de Roma começou a seguir um rumo bem
diferente Constantinopla. No Ocidente, o Império desapareceu, e a igreja veio a
ser a guardiã do que restava da velha civilização. Por isto, o papa, chegou a
Ter grande prestígio e autoridade.
Porém,
enquanto que no Oriente duvidava-se de sua autoridade, em Roma e vizinhanças
esta autoridade se estendia até além dos assuntos religiosos. Tudo isto nops
mostra que em uma época em que a Europa estava em caos, o papado preencheu o
vazio, proporcionando certa estabilidade.
O
período de crescimento do poder papal começou com o pontificado de Gregório I,
o Grande, e teve o apogeu no tempo de Gregório VII, mais conhecido por
Hildebrando. Hildebrando reformou o clero que se havia corrompido, elevou as
normas de moralidade de todo o clero, exigiu celibato dos sacerdotes, libertou
a igreja da influência do estado, podo fim à nomeação de papas pelos reis e
imperadores. Hildebrando impôs a supremacia da igreja sobre o Estado.
ORIGEM
E DESENVOLVIMENTO DO PAPADO
A
autoridade monárquica do papa, é fruto de um longo processo. De um bispo igual
aos outros, o de Roma passa a ser o primeiro entre os demais e finalmente
cabeça incontestável da Igreja. Vários papas de grande envergadura, dos quais
devemos citar: Inocêncio (402-417); Celestino (422-432); Leão I (440-461); e
Gregório I (590-604).
1.
Até Constantino
Os antigos autores
católicos tenham insistido que a Igreja de Roma foi fundada por Pedro e que
tenha tido uma linha de papas, vigários de Cristo, desde então. Oscar Cullmann,
teólogo protestante, examina detalhadamente a questão de Pedro ter estado em
Roma. Conclui que estava lá e lá foi martirizado. Nega entretanto que tenha
fundado a Igreja ou passado seus direitos aos bispos subsequentes.
A
lista dos primeiros bispos consta destes nomes: Lino, Cleto ou Anacleto,
Clemente (91-100), Evaristo, Alexandre(109-119), Sixto I (119-127), Telesforo
(127-138), Higino (139-142), Pio I (142-157), Aniceto (157-168), Soter
(168-177), Eleutero (177-193). Estas datas são aproximadas e temos poucas
informações do seu pontificado.
Vitor
(193--202). Parece
ser o primeiro a procurar estabelecer a autoridade papal além das fronteira de
sua igreja.
Cipriano.
Bispo em Cartago durante o pontificado de Cornêlio e Estevão, contribuiu
bastante para fortalecer a autoridade do bispo de Roma. Defendeu as
reivindicações petrinas (Mt:16:18) sem entretanto colocar o papa sobre os
demais bispos.
Estevão
(253-257). Procurou
forçar as demais igrejas a seguir o costume romano quanto ao cálculo da data da
páscoa.
Um
outro elemento que contribuiu para fortalecer a posição de Roma neste período
foi a crescente prática das igrejas rurais ou de pequenas cidades serem
relacionadas a alguma igreja em cidade grande ou incorporadas num sistema
diocesano. Esta prática começou no II século como resultado do sistema
missionário das igrejas mães.
2.
De Constantino a Gregório Magno
A
oficialização da Igreja trouxe em seu bojo rápido desenvolvimento hierárquico.
Constantino se considerava bispo e até bispo dos bispos em coisas formais e até
doutrinárias. Sem sua permissão não se pode reunir um sínodo.
Roma
surge como árbitro entre as igrejas. No conflito entre os arianos e Atanásio,
este contribuiu para fortalecer Júlio por ter recorrido ao bispo de Roma,
pedindo que convocasse um concílio. Esta e outras questões entre as igrejas do
leste e da África foram exploradas pelos papas para fortalecer suas próprias
posições. Assim questões religiosas seriam resolvidas pelo
"sumo-pontífice"de religião e não pelos magistrados civis.
Siricius
(354-398).
Conseguiu que um concílio realizado em Roma decretasse que nenhum bispo deve
ser consagrado sem o conhecimento e consentimento do bispo de Roma. Mesmo que
seja um decreto falso, é muito antigo e exerceu grande influência.
Inocêncio
I (402-417).
Demonstrou grande ousadia em explorar as reivindicações de Roma, exigindo
submissão universal a sua autoridade. Insistia que era a obrigação de todas as
igrejas ocidentais se conformarem aos costumes de Roma.
Celestino
(422-432). Durante
o exercício do seu papado foi resolvido a mui agitada questão do direito de
apelar a Roma decisões nas províncias. Celestino manipulou as questões de uma
maneira que sempre saía ganhando o prestígio de Roma, até o ponto de dispensar
os cânones de um concílio geral.
Leão
I (440)-461). Homem
humilde, insistia que era sucessor de Pedro e que não se pode infringir a
autoridade deste. Conseguiu do jovem e fraco imperador Valentino III um edito
em que este reconhece a primazia da sé de Pedro e insiste que ninguém pode agir
sem a permissão desta sé.
Gregório
I (589-604).
Possivelmente o maior papa deste período. filho de um senador, adotou o costume
monástico. Pretendia ser missionário aos ingleses quando foi consagrado papa
aos 49 anos de idade. Reclamou que Máximo foi eleito patriarca de
Constantinopla no lugar de seu candidato e suspendeu todos os bispos que o
consagraram sob pena de anátema de Deus e do apóstolo Pedro. Repreendeu o
patriarca de Constantinopla por ter assumido o título de bispo ecumênico.
A
COROAÇÃO DE CARLOS MAGNO
Abriu
a história política e eclesiástica da Europa um novo período, no qual os dois
poderes o civil e o papal aparecem intimamente ligados, em busca de ideal comum
de poderio e domínio.
Leão
III (795-816). O
período começa com Leão III assentado na cadeira pontificial. Foi ele quem
colocou Carlos Magno como imperador no ano 800.
Estevão
IV (816-817). Este
papa coroou o Rei Luiz o Pio, em Roma ato que elevou ainda mais a posiçao do
papa.
Gregório
IV (827-844). Foi
nos dias desse papa que apareceram falsos documentos a favor da prerrogativa
papal. Gregório defendeu Roma contra os sarracenos.
Nicolau
I (858-867).
Ascendeu a cadeira papal num momento de agitaçao e desordens, aproveitando-se
dos documentos falsos a favor da absoluta soberania e irresponsabilidade do
papado, procurou firmar os direitos de supremacia do papa e de sua juridiçao
suprema.
Adrião
II (867-872).
Trabalhou principalmente à sombra a influencia atingida pelo seu antecessor.
João
VIII (872-882). O
maior problema durante o papado de Joao VIII foi a ameaça sarracena, forçando-o
a pedir ao novo imperador Carlos a sua proteçao, mas Carlos e o papa aceitou o
tratado humilhante com os sarracenos.
O
período de 882 a 903 caracteriza-se pela torpe degradação do poder papal. O
poder papal enfraqueceu-se notadamente. As eleições pontificiais feitas nesse
período são memoráveis pela torpeza que as acompanhou. O papa Formoso subiu ao
poder em 891 e, dois anos depois de sanguinolento pontificado, morreu,
provavelmente envenenado.
Estevao
VI, foi aprisionado e morto. E depois foi eleito o Papa Marino, cujo
pontificado durou apenas meses. João X, feito papa, procurou abrogar os atos de
Estevão, e de fato abrogou muitos deles. Leão V, depois de um breve
pontificado, foi morto por seu próprio capelão seu sucessor, Mas ao assassino
coube o mesmo fim trágico, decorrido apenas oito meses.
No
período de 903 a 963 Com Sergio III, começa a influência perniciosa de uma
aventureira de alta linhagem sobre o governo papal. De 936 a 956 o
papado esteve sob inf1uência de Alberico que nomeou quatro papas. Um filho do
mesmo, sob o nome de João XIII, assumiu o ofício papal sendo o seu pontificado
havido como um dos mais imorais e licenciosos. Este papa morreu assassinado,
Otão,
O Grande, fez sentir a sua interferência no papado em 983, com a convocação de
um sínodo para depor o imoral João XIII e substituí-lo por Leão VIII. Duante
este período, até 1073, foram nomeados vário papas e os imperadores ficaram no
direito de nomear e controlá-los para evitar a dissolução completa do clero.
Hildebrando
(1073). Foi inquestionavelmente o maior estadista eclesiástico da Idade Media.
Seu objetivo foi tornar um fato o domínio universal e absoluto do papado, e sua
política subordinou-se completamente a este propósito. Este papa tomou o nome
de Gregório VII.
CONCÍLIO
DE ROMA EM 1059
1-
A nomeação do papa pelos bispos cardeais sancionada pelo clero cardeal e depois
aprovada pelo clero inferior e os leigos.
2-
Nenhum oficial da igreja, sob pretesto algum, pode aceitar benefício algum de
qualquer leigo ou ser chamado a contar ou dar conta a jurisdição.
3-
Nenhum cristão pode, assistir a missa rezada por padre de quem se sabia ter
concumbina, apesar da renhida oposição, Hildebrando executou a risco esses
decretos. No entanto a vitoria de Hildebrando, nunca foi completa e permanente.
Inocêncio
III (1198-1216), aproveitou as prerrogativas papais fimando umas e alargando
outras. Foi durante seu papado que o poder papal, que evoluia gradativamente
através dos séculos chegou ao auge. Ele foi o maior papa do século.
DECLINIO
DO PODER PAPAL
Do
século treze em diante começa o suave declínio do poder papal para o que
concorreram fatos e circunstâncias históricas diferentes.
1-
Com o século XIII desapareceu completamente o gosto pelas cruzadas.
2-
A corrupção constante na corte de Roma, o favoritismo e o mercantilismo que
presidiam as decisões do Papa e da Curia, igualmente estimulava a dissidência.
3-
Á imoralidade dominava o clero.
4-
A cadeira papal era objeto de ambição mais desenfreada.
5-
A influência adquirida pelos franceses na Itália e Sicília após queda dos
imperadores germânicos foi sobremodo prejudicial ao papado.
Bonifácio
VII (1294-l303), subiu a cadeira pontífica no meio destas condiçoes tão
favoráveis ao papado, mas sem se adaptar a elas conservou aquele espírito de
arrogância e mandonismo, muito característico de seus antecessores.
Em
1305, foi eleito um francês, Clemente V, como papa. Este não foi a Roma, mas
estabeleceu sua corte Papal em Avignon e tornou se subservinte de Felipe rei da
frança. Aqui, ele e seus sucessores todos franceses serviram durante setenta
anos. Tão notório se tornaram as condições que os historiadores católicos
estigmatizaram o período de cativeiro babilônico do papado.
Em
virtude da presença da corte papal de Roma em Avignon, na França, a Europa
conseguiu muitas inimizades. O catolicismo dividiu-se, ficando uma parte com a
França e outra com a Itália. Aparecem então dois papas um lançando maldições
sobre o outro e cada qual julgando-se legítmo chefe da cristandade.
Em1408,
houve uma conferência em Livorno, entre representantes dos dois papas e um ano
depois reunia-se um concílio geral em Pisa. Discutida largamente a questão,
ambos os papas foram declarados heréticos e excomungados. O concílio elegeu
então a Papa, o cardeal de Milão que tomou o nome de Alexandre V.
A
questão não ficou resolvida, pois, três papas levantarar-se disputando a
cadeira pontificia, cada um formando em torno de si um considerado número de
admiradores.
O
pontificado de Nicolau V (l448-1455) foi notável, tendo sido construído nesse
tempo o Vaticano e a Basílica de São Pedro, considerados como duas magnificas
obras de arte. Talves nesta época tenha-se resolvido o problema dos três papas.
Inocêncio
VIII (l484-l492). para melhorar a fortuna de seus filhos ilegítimos, pelejou
contra Napoles e recebia tributo anual de Sultão, por manter seu irmão e rival
na prisão em vez de envia-lo como cabeça de um exercito contra os inimigos da
cristandade.
Isto
se deu numa epoca de ignorância, senão no período do renascimento literário e
quando a Europa tinha entrado numa era de invenções e descobrimentos destinados
a transformar a civilizaçao. O estado de desmoralização em que a Igreja Romana
se achava na vespera da reforma era um fato geralmente reconhecido.
As
Cruzadas
Um
grande movimento da Idade Média, sob a inspiração e mandado da igreja, foram as
Cruzadas, que se iniciaram no fim do século onze.
-
A primeira cruzada foi anunciada pelo papa Urbano II, era composta de 275000
dos melhores guerreiros, para combater os Sarracenos que tinham invadido
Jerusalém. Após grande batalha Jerusalém foi reconquistada. A
-
A Segunda Cruzada foi convocada em virtude das invasões dos Sarracenos às
províncias adjacentes ao reino de Jerusalém. Sob a influência de Luiz VII da
França e Conrado III da Alemanha, um grande exército foi conduzido em socorro
dos lugares reconhecido como santos. Enfrentara grandes dificuldades, mas
obtiveram vitória.
-
A terceira Cruzada foi dirigida por Ricardo I " Coração de Leão", da
Inglaterra e outros como; Frederico Barbarroxa, Filipe Augusto. Barbarroxa
morrerá afogado e Filipe desentendeu-se com Ricardo I e voltou para França. A
coragem de Ricardo I, sozinho, não foi suficiente para conduzir seu exército
para Jerusalém. Contudo fez um acordo para que os cristãos tivessem direito a
visitar o santo sepulcro.
-
A Quarta Cruzada foi um completo fracasso, porque causou grande prejuízo a
igreja cristã. Os cruzados, se afastaram do propósito de conquistar a Terra
Santa e fizeram guerra a Constantinopla, conquistaram-na e saquearam-na.
Constantinopla ficou, posteriomente, a mercê dos inimigos.
-
Na Quinta Cruzada, Frederico II, conduziu um exército até a Palestina e
conseguiu um tratado no qual as cidades de Jerusalém, Haifa, Belém e Nazaré,
eram cedidas aos cristãos. Porém 16 anos depois a cidade de Jerusalém foi
tomada pelos maometanos.
-
A Sexta Cruzada foi empreendida por São Luiz. Invadiu a Palestina através do
egito, mas não obteve êxito, foi derrotado pelos maometanos e libertado por uma
grande soma .
-
A sétima Cruzada teve também a direção de São Luiz juntamente com Eduardo I. A
rota escolhida foi novamente a África, porém São Luiz morreu e Eduardo I voltou
para ocupar o trono na Inglaterra e a cruzada teve um fracasso total. Esta foi
considerada a última Cruzada, porém houve outras de menor vulto.
O
Desenvolvimento da vida Monástica
Este
movimento desenvolveu-se grandemente na Idade Média entre homens e mulheres,
com resultados bons e maus. Com o crescimento dessas comunidades, tornava-se
necessária alguma forma de organização, de modo que nesse período surgiram
quatro grandes ordens.
A
Ordem dos Beneditinos
Fundada por por São Bento em 529, em Monte Cassino. Essa ordem tornou-se a
maior de todas as ordens monásticas da Europa. Suas regras exigiam obediência
ao superior do mosteiro, a renúncia a todos os bens materiais, e bem assim a
castidade pessoal.
Cortava
bosques, secava e saneava pântanos, lavrava os campos e ensinava ao povo muitos
ofícios úteis.
A
Ordem dos Cistercienses Surgiram
em 1098, com objetivo de fortalecer a disciplina dos Beneditinos, que se
relaxava. Seu nome deve-se a cidade francesa de Citeaux, fundada por São
roberto. Deu ênfase às arte, arquitetura e especialmente à literatura, copiando
e escrevendo livros.
A
Ordem dos Franciscanos
fundada em 1209 por São Francisco de Assis. Tornou-se a mais numerosa de todas
as ordens. Por causa da cor que usavam, tornaram-se conhecido como os
"frades cinzentos".
A
Ordem dos Dominicanos Ordem
esponhola fundada por São Domingos, em 1215. Os Dominicanos e os Franciscanos
diferenciavam-se das outras ordens, pois eram pregadores, iam por toda parte a
fortalecer a fé dos crentes.
No
início, cada ordem monástica era um benefício para a sociedade. Vamos ver
alguns bons resultados.
1.
Os mosteiros davam hospedagem aos viajantes, aos enfermos e aos pobres. Serviam
de abrigo e proteção aos indefesos, principalmente às mulheres e crianças.
2.
Guardavam em suas bibliotecas muitas obras antigas da literatura clássica e
cristã. Sem as obras escritas nos mosteiros, a Idade média teria passado em
branco.
3.
Os monges serviram como missionários na expansão do evangelho, até mesmo entre
os bárbaros.
Apesar
dos bons resultados que emanaram do sistema monástico, também houve péssimos
resultados.
1.
O monacato apresentava o celibato como a vida mais elevada, o que é inatural e
contrário às Escrituras.
2.
Impôs a adoção da vida monástica a milhares de pessoas das classes nobres da
época.
3.
Os lares e as famílias foram, assim, constituídos não pelos melhores, mas pelos
de ideais inferiores, já que os melhores, não participavam da família, nem da
vida social, nem da vida cívica nacional.
4.
O crescimento da riqueza dos mosteiros levou a indisciplina, ao luxo, à
ociosidade e até a imoralidade.
No
início do século dezesseis, os mosteiros estavam tão desmoralizados no conceito
do povo, que foram suprimidos, e os que neles habitavam foram obrigados a
trabalhar para se manterem.
Início
da Reforma Religiosa
Cinco
grandes movimentos de reformas surgiram na igreja; contudo, o mundo não estava
preparado para recebê-los, de modo que foram reprimidos com sangrentas
perseguições.
Os
Albigenses
"Puritanos" surgiram em 1170 no sul da França. Eles rejeitavam a
autoridade da tradição, distribuíam o Novo Testamento e opunham-se às doutrinas
romanas do purgatório, à adoração de imagens e às pretensões sacerdotais. O
papa Inocêncio III, promoveu uma grande perseguição contra eles, e a seita foi
dissolvida com o assassinato de quase toda a população da região.
Os
Valdenses Apareceram
ao mesmo tempo, em 1170, com Pedro Valdo, que lia, explicava e distribuía as
Escrituras, as quais contrariavam os costumes e as doutrinas dos católicos
romanos. Foram cruelmente perseguidos e expulsos da França; apesar das
perseguições, eles permaneceram firmes, e atualmente constituem uma parte do
pequeno grupo de protestante na Itália.
João
Wyclif Nascido em
1324, Recusava-se a reconhecer a autoridade do papa e opunha-se a ela. Era
contra a doutrina da transubstanciação, considerando o pão e o vinho meros
símbolos. Traduziu o Novo testamento para o Inglês e seus seguidores foram
exterminados por Henrique V.
João
Huss Nascido em
1369 foi um dos leitores de Wyclif, pregou as mesmas doutrinas, e especialmente
proclamou a necessidade de se libertarem da autoridade papal. Foi excomungado
pelo papa, e então retirou para algum esconderijo desconhecido. Ao fim de dois
ano voltou a convite da igreja para participar de um concílio católico-romana
de Constança, sob a proteção de um salvo-conduto. Entretanto, o acordo foi
violado sob o pretexto de que "Não se deve ser fiel a hereges". Assim
João Huss foi condenado e queimado.
Jerônimo
Savonarola Nascido
em 1452 foi monge Dominicano, em Florença. A grande catedral enchia-se de
multidões ansiosas, não só de ouví-lo, mas também para obedecer aos seus
ensinos. Pregava contra os male sociais, eclesiásticos e político de seu tempo.
Foi preso, condenado e enforcado e seu corpo queimado na praça de Florença em
1498.
A
Queda de Constantinopla
A
queda de Constantinopla, em 1453, foi assinalada como linha divisória entre os
tempos medievais e os tempos modernos. Província após província do grande
império foi tomada, até ficar somente a cidade de Constantinopla, que
finalmente, em 1453, foi tomada pelos turcos sob as ordens de Maomé II. O
templo foi transformado em mesquita. Constantinopla ( Istambul ) tornou-se a
capital do Império Turco e assim terminou também o período da Igreja Medieval.
Resumo
da Apostasia
Mencionaremos
algumas das doutrinas que não tem apoio nas Escrituras Sagradas, e quando foram
implantadas na igreja.
Ano
Doutrina
310
Reza pelos defuntos, 320 Uso de Velas, 375 Culto dos santos, 431 Culto à virgem
Maria, 503 Obrigatoriedade de se beijar os pés do papa, 850 Uso da água benta,
993 Canonização dos Santo, 1073 Celibato Sacerdotal, 1184 Instituição da Santa
Inquizição, 1190 Venda de Indulgências, 200 Substituição do pão pela hóstia,
1215 Dogma da transubstanciação, 1229 Proibição da leitura Bíblica, 1316
Instituição da reza à Ave Maria, 1546 Introdução dos livros apócrifos, 1870
Dogma da infabilidade papal, 1950 Ascenção de Maria
VI.
A IGREJA REFORMADA
Desde
a Queda de Constantinopla, 1453 Até ao Fim da Guerra dos Trinta Anos, 1648
A
Reforma na Alemanha.
Neste
periodo de duzentos anos, o grande acontecimento foi a Reforma; iniciada na
Alemanha, e teve como resultado o estabelecimento de igrejas nacionais que não
prestavam obediência nem fidelidade a Roma. Anotemos algumas das forças que
conduziram à Reforma e ajudaram o seu progresso. Uma dessas forças foi, o
movimento conhecido como Renascença, ou despertar da Europa para um novo
interesse pela literatura, pelas artes e pela ciência, isto é, a transformação
dos médodos e propósitos medievais em métodos modernos.
A
maioria dos estudiosos italianos desse período eram homem destituídos de vida
religiosa; até os próprios papas dessa época destacavam-se mais por sua cultura
do que pela fé. No norte dos Alpes, na Alemanha, na Inglaterra, e na França o
movimento possuía sentimento religioso, despertando novo interesse pelas
Escrituras, pelas línguas grega e hebraica, levando o povo a investigar os
verdadeiros fundamentos da fé, independente dos dogmas de Roma. Por toda parte,
de norte a sul, a Renascença solapava a igreja católica romana.
A
invenção da imprensa veio a ser um arauto e aliado da Reforma que se
aproximava. A imprensa possibilitou o uso comum das Escrituras, e incentivou a
tradução e a circulação da Bíblia em todos os idiomas da Europa. As pessoas que
liam a Bíblia, prontamente se convenciam de que a igreja papal estava muito
distanciada do ideal do Novo Testamento. Os novos ensinos dos Reformadores,
logo que eram escritos, também eram logo publicados em livros e folhetos, e
circulavam aos milhões em toda a Europa.
O
patriotismo dos povos começou a manifestar-se, mostrando-se inconformados com a
autoridade estrangeira sobre suas próprias igrejas nacionais; resistindo à
nomeação de bispos, abades e dignitários da igreja feitas por um papa que vivia
em um pais distante.
Não
se conformava, o povo, com a contribuição do "óbolo de S. Pedro",
para sustentar o papa e para a construção de majestosos templos em Roma. Havia
uma determinação de reduzir o poder dos concílios eclesiásticos, colocando o
clero sob o poder das mesmas leis e tribunais que serviam para os leigos.
Enquanto
o espírito de reforma e de independência despertava a Europa, a chama desse
movimento começou a arder primeiramente na Alemanha, no eleitorado da Saxônia,
sob a direção de Martinho Lutero, monge e professor da Universidade de
Wittenberg.
O
papa reinante, Leão X, em razão da necessidade de avultadas somas para terminar
as obras do templo de S. Pedro em Roma, permitiu que um seu enviado, João
Tetzel, percorresse a Alemanha vendendo bulas, assinadas pelo papa, as quais,
dizia, possuíam a virtude de conceder perdão de todos os pecados, não só aos
possuidores da bula, mas também aos amigos, mortos ou vivos, em cujo nome
fossem as bulas compradas, sem necessidade de confissão, nem absolvição pelo
sacerdote. Tetzel fazia esta indagação ao povo: "Tão depressa o vosso
dinheiro caia no cofre, a alma de vossos amigos subirá do purgatório ao
céu." Lutero, por sua vez, começou a pregar contra Tetzel e sua campanha
de venda de indulgências, denunciando como falso esse ensino.
A
data exata fixada pelos historiadores como início da grande Reforma foi
registrada como 31 de outubro de 1517. Na manhã desse dia, Martinho Lutero
afixou na porta da Catedral de Wittenberg um pergaminho que continha noventa e
cinco teses ou declarações, quase todas relacionadas com a venda de
indulgências; porém em sua aplicação atacava a autoridade do papa e do
sacerdócio. Os dirlgentes da igreja procuravam em vão restringir e lisonjear
Martinho Lutero. Ele, porém, permaneceu firme, e os ataques que lhe dirigiam,
apenas serviram para tornar mais resoluta sua oposição às doutrinas não
apoiadas nas Escrituras Sagradas.
Após
longas e prolongadas controvérsias e a publicação de folhetos que tornaram
conhecidas as opiniões de Lutero em toda a Alemanha, seus ensinos foram
formalmente condenados. Lutero foi excomungado por uma bula do papa
Leão X, no mês de junho de 1520. Pediram então ao eleitor Frederico da Saxônia
que entregasse preso Lutero, a fim de ser julgado e castigado. Entretanto, em
vez de entregar Lutero, Frederico deu-lhe ampla proteção, pois simpatizava com
suas idéias. Martinho Lutero recebeu a excomunhão como um desafio,
classificando-a de "bula execrável do anticristo". No dia 10 de
dezembro, Lutero queimou a bula, em reunião pública, à porta de Wittemberg,
diante de uma assembléia de professores, estudantes e do povo. Juntamente com a
bula, Lutero queimou também cópias dos cânones ou leis estabelecidas por
autoridades romanas. Esse ato constituiu a renúncia defínitiva de Lutero à
igreja católica romana.
Em
1521 Lutero foi citado a comparecer ante a do Concílio Supremo do Reno. O novo
imperador Carlos V concedeu um salvo-conduto a Lutero, para comparecer a Worms.
Apesar de advertido por seus amigos de que poderia ter a mesma sorte de João
Huss, que nas mesmas circunstâncias, no Concílio de Constança, em 1415, apesar
de possuir um salvo-conduto, foi morto por seus inimigos, Lutero respondeu-hes:
"Irei a Worms ainda que me cerquem tantos demônios quantas são as telhas
dos telhados." Finalmente, no dia 17 de abril de 1521 Lutero compareceuao
Concílio. Em resposta a um pedido de que se retratasse, e renegasse o que havia
escrito, após algumas considerações respondeu que não podia retratar-se, a não
ser que fosse desaprovado pelas Escrituras e pela razão, e terminou com estas
palavras: "Aqui estou. Não posso fazer outra coisa. Que Deus me ajude.
Amém." Instaram com o imperador Carlos para que prendesse Lutero,
apresentando como razão, que a fé não podia ser confiada a hereges. Contudo,
Lutero pôde deixar Worms em paz.
Enquanto
viajava de regresso à sua cidade, Lutero foi cercado e levado por soldados do
eleitor Frederico para o castelo de Wartzburg. Ali permaneceu durante um ano,
enquanto as tempestades de guerra e revoltas rugiam no império. Entretanto,
durante esse tempo, Lutero não permaneceu ocioso; nesse período traduziu o Novo
Testamento para a lingua alemã, obra que por si só o teria imortalizado, pois
essa versão é considerada como o fundamento do idioma alemão escrito. Isto
aconteceu no ano de 1521. O Antigo Testamento só foi completado alguns anos
mais tarde. Ao regressar do castelo de Wartzburg a Wittenberg, Lutero reassumiu
a direção do movimento a favor da igreja Reformada, exatamente a tempo de
salvá-la de excessos extravagantes.
Em
1529 a Dieta reuniu-se na cidade de Espira, com o objetivo de reconciliar as
partes em luta. Nessa reunião da Dieta os governadores católicos, que tinham
maioria, condenaram as doutrinas de Lutero. Os principes resolveram proibir
qualquer ensino do luteranismo nos estados em que dominassem os católicos. Ao
mesmo tempo determinaram que nos estados em que governassem luteranos, os
católicos poderiam exercer livremente sua religião. Os príncipes luteranos
protestaram contra essa lei desequilibrada e odiosa. Desde esse tempo ficaram
conhecidos como protestantes, e as doutrinas que defendiam também ficaram
conhecidas como religião protestante.
A
Contra-Reforma
Logo
após haver-se iniciado o movimento da Reforma, um poderoso esforço foi também
iniciado pela igreja católica romana no sentido de recuperar o terreno perdido,
para destruir a fé protestante e para enviar missões a países estrangeiros.
Esse movimento foi chamado Contra-Reforma.
Tentou-se
fazer a reforma dentro da própria igreja por via do Concílio de Trento,
convocado no ano de 1545 pelo papa Paulo III, principalmente com o objetivo de
investigar os motivos e pôr fim aos abusos que deram causa à Reforma. O
Concílio era composto de todos os bispos e abades da igreja, e durou quase
vinte anos, durante os governos de quatro papas, de 1545 a 1563. Todos
esperavam que a separação entre católicos e protestantes teria fim, e que a
igreja ficaria outra vez unida. Contudo, tal coisa não sucedeu. Fizeram-se,
porém, muitas reformas na igreja católica e as doutrinas foram definitivamente
estabelecidas. Os próprios protestantes admitem que depois do Concílio de
Trento os papas se conduziram com mais acerto do que os que governaram antes do
Concílio. O resultado dessa reunião pode ser considerado como uma reforma
conservadora dentro da igreja católica romana.
De
ainda maior influência na Contra-Reforma foi a Ordem dos Jesuítas, fundada em
1534 pelo espanhol Inácio de Loyola. Era uma ordem monástica caracterizada pela
combinação da mais severa disciplina, intensa lealdade à igreja e à Ordem,
profunda devoção religiosa, e um marcado esforço para arrebanhar prosélitos.
Seu principal objetivo era combater o movimento protestante, tanto com métodos
conhecidos como com formas secretas. Tornou-se tão poderosa a Ordem dos
Jesuítas, que teve contra ela a oposição mais severa, até mesmo nos países
católicos; foi suprimida em quase todos os países da Europa, e por decreto do
papa Clemente XIV, no ano de 1773, a Ordem dos Jesuítas foi proibida de
funcionar dentro da igreja. Apesar desse fato, ela continuou a funcionar,
secretamente durante algum tempo, mais tarde abertamente, e foi reconhecida
pelo papa em 1814. Hoje é uma das forças mais ativas para divulgar e fortalecer
a igreja católica romana em todo o mundo.
A
perseguição ativa foi outra arma poderosa usada para impedir o crescente
espírito da Reforma. É Certo que os protestantes também perseguiram, e até
mataram, porém geralmente isso aconteceu por sentimentos politicos e não
religiosos. Entretanto, no continente europeu, todos os governos católicos
preocupavam-se em extirpar a fé protestante, usando para isso a espada. Na
Espanha estabelceu-se a Inquisição, por meio da qual inumerável multidão sofreu
torturas e muitas pessoas foram queimadas vivas. Nos Países-Baixos o governo
espanhol determinou matar todos aqueles que fossem suspeitos de heresias. Na
França o espírito de perseguição alcançou o climax, na matança da noite de São
Bartolomeu, 24 de agosto de 1572, e que se prolongou por várias semanas.
Segundo o cálculo de alguns historiadores, morreram de vinte a setenta mil
pessoas. Essas perseguições nos países em que o governo não era protestante não
só retardavam a marcha da Reforma, mas, em alguns países, principalmente na
Boêmia e na Espanha, a extinguiram.
Os
esforços missionários da igreja católica romana devem ser recõnhecidos, também,
como uma das forças da Contra-Reforma. Esses esforços eram dirigidos em sua
maioria pelos jesuítas, e tiveram como resultado a conversão das raças nativas
da América do Sul, do México e de grande parte do Canadá. Na India e países
circunvizinhos estabeleceram-se missões por intermédio de Francisco Xavier, um
dos fundadores da sociedade dos jesuítas. As missões católicas, nos países
pagãos, iniciaram-se séculos antes das missões protestantes e conquistaram
grande número de membros e bem assim poder para a respectiva igreja.
Como
resultado inevitável de interesses e propósitos contrários dos estados da
Reforma e católicos na Alemanha, iniciou-se então uma guerra no ano de 1618,
isto é, um século depois da Reforma. Essa guerra envolveu quase todas as nações
européias. Na história ela é conhecida como a Guerra dos Trinta Anos. As
rivalidades políticas e religiosas estavam ligadas a essa guerra. Ás vezes
estados que professavam a mesma fé, apoiavam partidos contrários. A luta
estendeu-se durante quase. uma geração, e toda a Alemanha sofreu ou seus
efeitos terríveis.
Finalmente,
em 1648, a guerra terminou, com a assinatura do tratado de paz de Westfália,
que fixou os limites dos estados católicos e protestantes, que duram até hoje.
O periodo da Reforma pode ser considerado terminado nesse ponto.
VII.
A IGREJA ATUAL
Nos
últimos três séculos, nossa atenção dirigir-se-á especialmente para as igrejas
que nasceram da Reforma. Pouco depois da Reforma apareceram três grupos
diferentes na igreja inglesa:
-
Os elementos romanistas que procuravam fazer amizade e nova união com Roma;
-
O anglicanismo, que estava satisfeito com as reformas moderadas estabelecidas
nos reinados de Henrique VIII e da rainha Elisabete;
-
E o grupo protestante radical que desejava uma igreja igual às que se
estabeleceram em Genebra e Escócia. Este último grupo ficou conhecido, cerca do
ano de 1654, como "os puritanos", e opunha-se de modo firme ao
sistema anglicano no governo de Elisabete, e por essa razão muitos de seus dirigentes
foram exilados.
Os
puritanos também estavam divididos entre si: uma parte mais radical, era
favorável à forma presbiteriana; a outra parte desejava a independência de cada
grupo local, conhecidos como "independentes" ou
"congregacionais". Apesar dessas diferenças, continuavam como membros
da igreja inglesa.
Na
luta entre Carlos I e o Parlamento, os puritanos eram fortes defensores dos
direitos populares. No início o grupo presbiteriano predominava. Por ordem do
Parlamento, um concílio de ministros reunido em Westminster, em 1643, preparou
a "Confissão de Westminster" e os dois catecismos, considerados
durante muito tempo como regra de fé por presbiterianos e congregacionais. Após
a Revolução de 1688, os puritanos foram reconhecidos como dissidentes da igreja
da Inglaterra e conseguiram o direito de organizarem-se independentemente.
Do
movimento iniciado pelos puritanos surgiram três igrejas, a saber, a
Presbiteriana, a Congregacional, e a Batista.
Nos
primeiros cinquenta anos do século dezoito, as igrejas da Inglaterra, a oficial
e a dissidente, entraram em decadência. Os cultos eram formalistas, dominados
por uma crença intelectual, mas sem poder moral sobre o povo. A Inglaterra foi
despertada dessa condição, por um grupo de pregadores sinceros dirigidos pelos
irmãos João e Carlos Wesley e Jorge Whitefield. Dentre os três, Whitefield era
o pregador mais poderoso, que comovia os corações de milhares de pessoas, tanto
na Inglaterra como na América do Norte. Carlos Wesley era o poeta sacro, cujos
hinos enriqueceram a coleção hinológica a partir de seu tempo. João Wesley foi,
sem dúvida alguma, o indiscutível dirigente e estadista do movimento. Na idade
de trinta e cinco anos, quando desempenhava as funções de clérigo anglicano,
João Wesley encontrou a realidade da religião espiritual entre os morávios, um
grupo dissidente da igreja Luterana.
Em
1739 Wesley começou a pregar "o testemunho do Espírito" como um
conhecimento pessoal interior, e fundou sociedades daqueles que aceitavam seus
ensinos. A princípio essas sociedades eram orientadas por dirigentes de
classes, porém mais tarde Wesley convocou um corpo de pregadores leigos para
que levassem as doutrinas e relatassem suas experiências em todos os lugares,
na Grã-Bretanha e nas colônias norte-americanas. Os seguidores de Wesley foram
chamados "metodistas", e Wesley aceitou sem relutância esse nome. Na
inglaterra foram conhecidos como "metodistas wesleyanos", e antes da
morte de seu fundador, contavam-se aos milhares.
Apesar
de haver sofrido, durante muitos anos, violenta oposição da igreja de
Inglaterra, sem que lhe permitissem usar o púlpito para pregar, Wesley afirmava
considerar-se membro da referida igreja; considerava o movimento que dirigia
como uma sociedade não separada, mas dentro da igreja da Inglaterra. Contudo
após a revolução norte-americana, em 1784, organizou os metodistas nos Estados
Unidos em igreja independente, de acordo com o modelo episcopal, e colocou
"superintendentes", titulo que preferiu ao de "bispo". Nos
Estados Unicos o nome "bispo" teve melhor aceitação e foi por isso
adotado. Nesse tempo os metodistas na América eram cercade 14.000.
O
movimento wesleyano despertou clérigos e dissidentes para um novo poder na vida
cristã. Também contribuiu para a formação de igrejas metodistas sob várias
formas em muitos países. Na América do Norte, presentemente a igreja metodista
conta com aproximadamente onze milhões de membros. Nenhum dirigente na igreja
cristã conseguiu tantos seguidores como João Wesley.
A
Igreja da Inglaterra (Episcopal), foi a primeira religião protestante a
estabelecer-se na América do Norte. Em 1579 realizou-se um culto sob a direção
de Sir Francis Drake, na Califórnia. O estabelecimento permanente da igreja
inglesa data de 1607, na primeira colônia inglesa em Jamestown, na Virgima. A
Igreja da Inglaterra era a única forma de adoração reconhecida no início, na
Virgínia e em outras colônias do sul.
A
igreja, nos Estados Unidos, tomou o nome oficial de Igreja Protestante
Episcopal. O crescimento da igreja Episcopal desde então tem sido rápido e
constante. Atualmente conta quase três milhões e meio de membros.
A
igreja Episcopal reconhece estas três ordens no ministêrio: bispos, sacerdotes
e diáconos, e aceita quase todos os trinta e nove artigos da Igreja da
Inglaterra, modificados para serem adaptados à forma de governo
norte-americano. Sua autoridade legislativa está concentrada em uma convenção geral
que se reúne cada três anos. Trata-se de dois corpos, uma câmara de bispos e
outra de delegados clérigos e leigos eleitos por convenções nas diferentes
dioceses.
Uma
das maiores igrejas existentes na América do Norte é a denominação Batista, a
qual conta com mais de vinte milhões de membros. Seus princípios distintivos
são dois: (1) Que o batismo deve ser ministrado somente àqueles que confessam
sua fé em Cristo; por conseguinte, as crianças não devem ser batizadas. (2) Que
a única forma bíblica do batismo é a imersão do corpo na água, e não a aspersão
ou derramamento.
Os
batistas são congregacionais em seu sistema de governo. Cada igreja local é
absolutamente independente de qualquer jurisdição externa, fixando suas
próprias regras. Não possuem uma Confissão de Fé nem catecismo algum para
instruir jovens acerca de seus dogmas. Contudo, não há no país igreja mais
unida em espírito, mais ativa e empreendedora em seu trabalho e mais leal aos
seus princípios, do que as igrejas batistas.
Surgiram
os batistas pouco depois da Reforma, na Suíça, e espalharam-se rapidamente no
norte da Alemanha e na Holanda. No princípio foram chamados anabatistas, porque
batizavam novamente aqueles que haviam sido batizados na infância. Na
Inglaterra, a princípio, estavam unidos com os independentes ou
congregacionais, mas pouco a pouco tornaram-se um corpo independente. Com
efeito, a igreja de Redford, da qual João Bunyan era pastor, cerca do ano 1660,
e que existe até hoje, considera-se tanto batista como congregacional.
Na
América do Norte a denominação batista iniciou suas atividades com Roger
Williams, clérigo da Igreja da Inglaterra expulso de Massachusetts porque se
recusou a aceitar as regras e opiniões congregacionais. Roger fundou a colônia
de Rhode Island, em 1644. Ali todas as formas de adoração religiosa eram
permitidas, e os membros de religiões perseguidas em outras partes eram
bem-vindos. De Rhode Island os batistas espalharam-se rapidamente por todo o
continente.
Depois
da Reforma iniciada por Martinho Lutero, as igrejas nacionais que se
organizaram na Alemanha e nos países escandinavos tomaram o nome de luteranas.
No início da história da colonização holandesa da Nova Amesterdã, hoje Nova
lorque, que se supôe haja sido em 1623, os luteranos, ainda que da Holanda, chegaram
a essa cidade. Em 1652, solicitaram licença para fundar uma igreja e contratar
um pastor. Entretanto, as autoridades da Igreja Reformada da Holanda
opuseram-se a esse desejo, e fizeram com que o primeiro ministro luterano
voltasse à Holanda, em 1657. Os cultos continuaram a ser realizados, embora não
oficialmente. Contudo, em 1664, quando a Inglaterra conquistou Nova Amsterdã,
os luteranos conseguiram liberdade de culto.
Em
1638, alguns luteranos suecos estabeleceram-se próximo ao rio Delaware, e construíram
o primeiro templo luterano na América do Norte, perto de Lewes. Porém a
imigração sueca cessou até ao século seguinte. Em 1710, uma colônia de
luteranos exilados do Palatinado, na Alemanha, estabeleceu a sua igreja em Nova
Iórque e na Pensilvânia. No século dezoito os protestantes alemães e suecos
emigraram para a América do Norte, aos milhares. Isso deu motivo à
organizaçãodo primeiro Sínodo Luterano na cidade de Filadélfia, em 1748. A
partir daí as igrejas luteranas cresceram, não só por causa da imigração, mas
também pelo aumento natural, sendo que atualmente há aproximadamente nove
milhões e meio de membros nas igrejas luteranas.
Uma
das primeiras igrejas presbiterianas dos Estados Unidos foi organizada em Snow
Hili, Marvland, em 1648, pelo Rev. Francis Makemie, da Irlanda. Makemie mais
seis ministros reuniram-se em Filadélfia, em 1706 e uniram suas igrejas em um
presbitério. Em 1716, as igrejas e seus ministros, havendo aumentado em numero,
e bem assim penetrado em outras colônias, decidiram organizar-se em sínodo,
dividido em quatro presbitérios incluindo dezessete igrejas.
As
igrejas metodistas do Novo Mundo existem desde o ano de 1766, quando dois
pregadores wesleyanos locais, naturais da Irlanda, se transferiram para os
Estados Unidos e começaram a realizar cultos segundo a ordem metodista. Não se
sabe ao certo se Filipe Embury realizou o primeiro culto em sua própria casa em
Nova lorque ou se foi Roberto Strawbridge, em Fredrick County, Maryland. Esses
dois homens organizaram sociedades, e, em 1768, Filipe Embury edificou uma
capela na Rua João, onde funciona ainda um templo metodista episcopal. O número
de metodistas na América do Norte cresceu. Por essa razão, em 1769, João Wesley
enviou dois missionários, Ricardo Broadman e Tomás Pilmoor, a fim de
inspecionarem a obra e cooperarem na sua extensão. Outros pregadores, sete ao
todo, foram enviados da Inglaterra, dentre os quais se destacou Francisco
Asbury, que chegou aos Estados Unidos em 1771. A primeira Conferência Metodista
nas colônias foi realizada em 1773, presidida por Tomás Rankin. Porém, em razão
do início da Guerra de Independência, todos os pregadores deixaram o país;
exceto Asbury, e a maior parte do tempo, até que a paz foi assinada em 1783,
ele esteve afastado.
Quando
o governo dos Estados Unidos foi reconhecido pela Grã-Bretanha, os metodistas
da América do Norte alcançavam o número de quinze mil.
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