Antigo
testamento (AT) é o nome que os cristãos dão ao conjunto das Escrituras
Sagradas do povo de Israel. Esses livros, originalmente escrito em hebraico,
fazem parte também da Bíblia Sagrada dos cristãos.
O Antigo
Testamento fala sobre a antiga aliança de Deus, por meio dos patriarcas e de
Moisés, fez com o seu povo. Já o Novo Testamento trata da nova aliança que
Deus, por meio de Jesus Cristo, fez com o seu povo.
Os
israelitas agrupam os livros do antigo Testamento em três divisões:
1- Lei:
A Lei
agrupa os primeiros cinco livros do AT.
2-
Profetas:
Os
profetas têm duas divisões: Os Profetas Anteriores (de Josué a 2Reis), e os
Posteriores (Isaias a Malaquias). Os profetas de Oséias a Malaquias recebem dos
israelitas o nome de “O Livro dos Doze”.
3-
Escritos:
fazem parte desta divisão os seguintes livros: Salmos, Jó, Provérbios, Rute,
Cântico dos Cânticos, Eclesiastes, Lamentações, Ester, Daniel, Esdras, Neemias
e Crônicas.
As três
divisões correspondem à ordem histórica em que os seus livros foram aceitos
como autorizados a fazerem parte do cânon dos israelitas. “Cânon” é a coleção
de livros aceitos como Escrituras Sagradas.
As
Igrejas Cristãs seguem, em geral, um arranjo diferente do dos israelitas, mas
os livros são os mesmos, em número de trinta e nove. Essa ordem se encontra nas
antigas versões gregas e latinas usadas pela igreja primitiva.
Os
primeiros cinco livros do AT são chamados de “Pentateuco” ou “Os Livros da
Lei”. A palavra “Pentateuco” quer dizer “cinco volumes”. Eles falam sobre a
criação do mundo e da humanidade e contam a história dos hebreus, começando com
a chamada de Abraão e continuando até a morte de Moisés, que aconteceu quando o
povo de Israel estava para entrar em Canaã, a Terra Prometida.
Os doze
livros seguintes, de Josué até Ester, são livros históricos, que narram os
principais acontecimentos da história de Israel desde a sua entrada na Terra
Prometida até o tempo em que as muralhas de Jerusalém foram reconstruídas,
depois da volta dos israelitas do cativeiro. Isso aconteceu uns quatrocentos e
quarenta e cinco anos antes do nascimento de Cristo.
Os livros
de Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos e Lamentações de
Jeremias são chamados de Livros Poéticos.
Os
últimos dezessete livros do AT contêm mensagens de Deus anunciadas ao povo de
Israel pelos profetas. Esses mensageiros de Deus condenavam os pecados do povo,
exigiam o arrependimento e prometiam as bênçãos divinas para as pessoas que
confiassem em Deus e vivessem de acordo com a vontade dele. Es livros estão
divididos em dois grupos: Profetas Maiores (Isaias a Daniel) e Profetas Menores
(Oséias a Malaquias).
Algumas
versões antigas, tais como a Septuaginta, em grego, e a Vulgata, em latim,
incluem no AT alguns livros que não se encontram na Bíblia Hebraica de Israel.
Esses livros foram escritos no período intertestamentário. A Igreja Romana os
aceita e os chama de “Deuterocanônicos”, isto é, pertencem a um “segundo
cânon”. São eles: Tobias, Judite, Ester Grego, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria,
Eclesiástico, Baruque, Carta de Jeremias e os acréscimos a Daniel, que são a
Oração de Azarias e as histórias de Suzana, de Bel e do Dragão.
A
formação do Antigo Testamento
Os trinta
e nove livros que compõem o AT foram escritos durante um período de mais de mil
anos. As histórias, os hinos, as mensagens dos profetas e as palavras de
sabedoria foram agrupadas em coleções, que, com o tempo foram juntadas e
aceitas como escritura sagrada.
Alguns
livros de história que são mencionados no AT se perderam. São eles: Livro do
Justo (Js 10.13), a História de Salomão (1Rs 11.41), a História dos Reis de
Israel (1Rs 14.19) e a História dos Reis de Judá (1Rs 14.29).
Os livros
de Salmos e de Provérbios são obra de vários autores.
Para o povo
de Israel conhecer o autor de determinado livro das Escrituras não era
tão importante como reconhecer que se tratava de livro que tinha sido escrito
por inspiração divina e que continha mensagem ou mensagens de valor permanente
a respeito de Deus e de seus relacionamentos com o povo de Israel em particular
e com os povos do mundo em geral. São variadas e divididas as opiniões dos
estudiosos das Escrituras quanto à autoria de cada livro em particular.
Prosa e
Poesia no Antigo Testamento
Boa parte
do AT está escrita em prosa. Estão escritos em prosa os relatos da vida de
pessoas, como se pode ver em Gênesis e Rute. Outros livros narram a história de
Israel, por exemplo, Êxodo 1-19, partes de Números, Josué, Juizes, Samuel,
Reis, Crônicas, Esdras, Neemias e Ester. Estão em prosa os registros das leis
dadas por Deus a Israel, bem como os assuntos relacionados ao culto.
O Livro
de Deuteronômio consta principalmente de discurso pronunciados por Moisés.
Há livros
de profetas escritos em prosa, como, por exemplo, Jeremias (boa parte),
Ezequiel, Daniel e os profetas menores, menos Naum e Habacuque.
Nos
livros de Provérbios e Eclesiastes, aparece uma forma especial de prosa
apropriada à literatura de sabedoria.
Há vários
livros e partes de livros que foram escritos em forma de poesia. A poesia
hebraica se expressa de uma forma especial chamada de paralelismo. As
características desse tipo de poesia são tratadas em Salmos, ela se chama
litúrgica, porque os Salmos forma escritos para serem usados no culto.
O livro
de Jó também é poético. Há livros proféticos que empregam a linguagem poética,
como Isaías, partes de Jeremias, Lamentações, Naum e Habacuque.
Geografia
de Israel
Incluindo-se
os territórios dos dois lados do rio Jordão, o Israel antigo ocupava uma área
de mais ou menos 16.000 km quadrados. De norte a sul, isto é, de Dã até
Berseba, a distância era de 240 km. De leste a oeste, isto é, de Gaza até o mar
Morto, a distância é de 86 km. Mas é impressionante o fato de que um país tão
pequeno tenha exercido uma influência religiosa tão poderosa que se estende
pelo mundo inteiro até hoje.
Os
vizinhos mais próximos de Israel eram, no litoral, os filisteus e os fenícios;
ao norte, estavam os heteus e os arameus (sírios); a leste do Jordão, habitavam
os amonitas e os moabitas; e, ao sul, os edomitas. Os vizinhos mais distantes
eram o Egito e a Assíria.
Durante o
período da conquista dos Juízes, o país foi dividido pelas tribos de Israel. No
período do Reino unido, a capital era Jerusalém. Após a divisão a capital de
Judá (Reino do Sul), era Jerusalém e capital de Israel (Reino do Norte), era
Samaria.
Na terra
de Israel, observam-se quatro zonas paralelas, na direção norte-sul. A primeira
zona é a planície costeira. A segunda, no centro, é a região montanhosa. A
terceira é o vale do Jordão, rio que desemboca no mar Morto. E a quarta é o
planalto onde hoje está a Jordânia.
Os
Israelitas dividiam o ano em duas estações. No verão, fazia calor e se colhiam
frutas; no inverno, terminavam as colheitas, chovia e fazia frio.
Períodos
da História de Israel
A
história do povo de Deus no AT divide-se em oito períodos.
1º
Período: De mais ou menos 1900 a 1700 aC, e nele viveram os patriarcas Abraão,
Isaque e Jacó.
2º
Período: Escravidão no Egito e êxodo, mais ou menos de 1250 a 1030 aC. O líder
nesse período é Moisés.
3º
Período: Conquista e posse de Canaã, mais ou menos de 1250 a 1030 aC. O povo é
comandado por Josué e pelos Juízes. O último juiz foi Samuel.
4º
Período: O Reino unido, mais ou menos de 1030 a 932 aC. O povo é governado por
três reis: Saul, Davi e Salomão.
5º
Período: O Reino dividido, de 931 a 586 aC. O Reino de Israel, ao norte, durou
200 anos. Samaria, sua capital, caiu em 722 aC. Conquistada pelos assírios. O
Reino de Judá, ao sul, durou 345 anos, tendo chegado ao fim com a conquista de
Jerusalém pelos babilônios em 587 ou 586 aC.
6º
Período: O período do cativeiro, também chamado de exílio, começou em 722, com
a conquista de Samaria. Os moradores do Reino do norte foram levados como
prisioneiros para a Assíria. 136 anos depois, em 587 ou 586, Jerusalém foi
conquistada, e os moradores do Reino do sul foram levados para a Babilônia.
7º
Período: A volta do povo de Deus à Terra Prometida começou em 538 aC, por ordem
de Ciro, rei da Pérsia, que havia dominado a Babilônia. Vários grupos de judeus
voltaram para a terra de Israel, ficaram morando nela e reconstruíram o templo
(520 aC) e as muralhas de Jerusalém (445-443 aC).
8º
Período: É o intertestamentário, isto é, o que fica entre o fim do Antigo
Testamento e o começo do Novo Testamento. Ele vai de Malaquias, o último
profeta, que profetizou entre 500 e 450 aC, até o nascimento de Cristo.
Este
período é chamado de helenístico por causa do domínio e da cultura grega. O rei
grego Alexandre, o Grande, começou a governar Israel em 333 aC.
De 323 a
198, o governo foi exercido pelos ptolomeus, descendentes de um general de
Alexandre. De 198 a 166, o domínio foi dos selêucidas, descendentes de um
general de Alexandre que havia governado a Síria. De 166 a 63, Israel viveu 123
anos de independência, sendo o país governado pelos asmoneus, que eram
descendentes de Judas Macabeu, o líder da libertação de Israel. Em 63 aC,
Jerusalém caiu em poder dos romanos e passou a fazer parte do Império Romano. O
governo em Israel era exercido por reis nomeados pelo Imperador de Roma. Um
desses reis foi Herodes, o Grande, que governou de 37 a 4 aC.
Valores
Religiosos
O Antigo
Testamento registra a experiência que os seus autores e o povo de Israel
tiveram com Javé, o verdadeiro Deus. As nações vizinhas tinham vários deuses e
deusas, que eram adorados na forma de imagens (ídolos). A crença de Israel era
diferente. Javé era o único Deus de Israel, e dele não se faziam imagens. Javé
era o Deus único, Criador e Senhor do Universo. Ele era um Deus vivo e
salvador, sempre vivendo com o seu povo.
Esse Deus
impunha aos seus adoradores leis e normas morais que tinha em vista um
procedimento correto nos relacionamentos da vida. E havia leis sociais que
protegiam interesses das outras pessoas, inclusive as marginalizadas, e do povo
como um todo. Javé perdoava as pessoas que quebravam suas leis. Mas o perdão
era somente concedido na condição de as pessoas se arrependerem, confessarem os
seus erro e se disporem a corrigir-se. As pessoas que permaneciam em pecado,
eram julgadas por Deus e castigadas.
Javé fez
com o povo de Israel uma aliança, pela qual ele prometeu ser o Deus de Israel;
e o povo, por sua vez, prometeu ser fiel a Deus, disposto a seguir e obedecer
às suas leis. Essa doutrina fundamental da crença do povo de Israel é
complementada por estas palavras que Jesus pronunciou na ocasião da instituição
da Ceia: “Este cálice é a nova aliança feita por Deus com o seu povo, aliança
que é garantida pelo meu sangue, derramado em favor de vocês” (Lc 22.20).
Por meio
de símbolos e de profecias, o AT preparou o povo de Deus para a vinda do
Messias, aquele que Deus iria enviar a fim de trazer a salvação completa para
as pessoas.
Para se
entender bem o Novo Testamento, é necessário recorrer ao AT, porque este forma
a base para os ensinamentos encontrados no Novo Testamento. Mas nem todo os
ensinamentos encontrados no AT têm validade para os cristãos. O cristão lê o AT
com a luz que vem da maneira de Jesus interpretá-lo e completá-lo. Jesus disse:
“Não pensem que eu vim acabar com a Lei de Moisés ou com os ensinamentos dos
profetas. Não vim para acabar com eles, mas para dar o seu sentido completo”
(Mt 5.17). E, logo adiante Jesus afirmou algo que é totalmente novo: “Vocês
sabem o que foi dito: ‘Ame os seus amigos e odeie os seus inimigos.’ Mas eu
lhes digo: ‘Ame os seus inimigos e amem os que perseguem vocês’” (Mt 5.43,44).
Essas palavras de Jesus sobre inimigos vão muito além dos ensinamentos do AT
sobre o assunto.
Os
ensinamentos do AT sobre a lei, o culto, a conduta das pessoas, a sua vida, a
sua morte e a sua vida após a morte são entendidos e vividos pelos cristãos à
luz da revelação completa e final que se encontra no Novo Testamento.
Fonte:
Bíblia de Estudo NTLH