Origem da Bíblia
OS
ORIGINAIS
Grego, hebraico e aramaico foram os idiomas utilizados para escrever os
originais das Escrituras Sagradas.
O Antigo Testamento foi escrito em hebraico. Apenas alguns poucos textos foram
escritos em aramaico.
O Novo Testamento foi escrito originalmente em grego, que era a língua mais
utilizada na época.
Os originais da Bíblia são a base para a elaboração de uma tradução confiável
das Escrituras. Porém, não existe nenhuma versão original de manuscrito da
Bíblia, mas sim cópias de cópias de cópias. Todos os autógrafos, isto é, os
livros originais, como foram escritos pelos seus autores, se perderam. As
edições do Antigo Testamento hebraico e do Novo Testamento grego se baseiam nas
melhores e mais antigas cópias que existem e que foram encontradas graças às
descobertas arqueológicas.
Para a tradução do Antigo Testamento, a Comissão de Tradução da SBB usa a
Bíblia Stuttgartensia, publicada pela Sociedade Bíblica Alemã. Já para o Novo
Testamento é utilizado The Greek New Testament, editado pelas Sociedades
Bíblicas Unidas. Essas são as melhores edições dos textos hebraicos e gregos
que existem hoje, disponíveis para tradutores.
O ANTIGO TESTAMENTO EM HEBRAICO
Muitos séculos antes de Cristo, escribas, sacerdotes, profetas, reis e poetas
do povo hebreu mantiveram registros de sua história e de seu relacionamento com
Deus. Estes registros tinham grande significado e importância em suas vidas e,
por isso, foram copiados muitas e muitas vezes e passados de geração em
geração.
Com o passar do tempo, esses relatos sagrados foram reunidos em coleções
conhecidas por A Lei, Os Profetas e As Escrituras. Esses três grandes conjuntos
de livros, em especial o terceiro, não foram finalizados antes do Concílio
Judaico de Jamnia, que ocorreu por volta de 95 d.C. A Lei continha os primeiros
cinco livros da nossa Bíblia. Já Os Profetas, incluíam Isaías, Jeremias,
Ezequiel, os Doze Profetas Menores, Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis. E
As Escrituras reuniam o grande livro de poesia, os Salmos, além de Provérbios,
Jó, Ester, Cantares de Salomão, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Daniel, Esdras,
Neemias e 1 e 2 Crônicas.
Os livros do Antigo Testamento foram escritos em longos pergaminhos
confeccionados em pele de cabra e copiados cuidadosamente pelos escribas.
Geralmente, cada um desses livros era escrito em um pergaminho separado, embora
A Lei freqüentemente fosse copiada em dois grandes pergaminhos. O texto era
escrito em hebraico - da direita para a esquerda - e, apenas alguns capítulos,
em dialeto aramaico.
Hoje se tem conhecimento de que o pergaminho de Isaías é o mais remoto trecho
do Antigo Testamento em hebraico. Estima-se que foi escrito durante o Século II
a.C. e se assemelha muito ao pergaminho utilizado por Jesus na Sinagoga, em Nazaré.
Foi descoberto em 1947, juntamente com outros documentos em uma caverna próxima
ao Mar Morto.
O NOVO TESTAMENTO EM GREGO
Os primeiros manuscritos do Novo Testamento que chegaram até nós são algumas
das cartas do Apóstolo Paulo destinadas a pequenos grupos de pessoas de
diversos povoados que acreditavam no Evangelho por ele pregado. A formação
desses grupos marca o início da igreja cristã. As cartas de Paulo eram
recebidas e preservadas com todo o cuidado. Não tardou para que esses
manuscritos fossem solicitados por outras pessoas. Dessa forma, começaram a ser
largamente copiados e as cartas de Paulo passaram a ter grande circulação.
A necessidade de ensinar novos convertidos e o desejo de relatar o testemunho
dos primeiros discípulos em relação à vida e aos ensinamentos de Cristo
resultaram na escrita dos Evangelhos que, na medida em que as igrejas cresciam
e se espalhavam, passaram a ser muito solicitados. Outras cartas, exortações,
sermões e manuscritos cristãos similares também começaram a circular.
O mais antigo fragmento do Novo Testamento hoje conhecido é um pequeno pedaço
de papiro escrito no início do Século II d.C. Nele estão contidas algumas
palavras de João 18.31-33, além de outras referentes aos versículos 37 e 38.
Nos últimos cem anos descobriu-se uma quantidade considerável de papiros
contendo o Novo Testamento e o texto em grego do Antigo Testamento.
OUTROS MANUSCRITOS
Além dos livros que compõem o nosso atual Novo Testamento, havia outros que
circularam nos primeiros séculos da era cristã, como as Cartas de Clemente, o
Evangelho de Pedro, o Pastor de Hermas, e o Didache (ou Ensinamento dos Doze
Apóstolos). Durante muitos anos, embora os evangelhos e as cartas de Paulo
fossem aceitos de forma geral, não foi feita nenhuma tentativa de determinar
quais dos muitos manuscritos eram realmente autorizados. Entretanto,
gradualmente, o julgamento das igrejas, orientado pelo Espírito de Deus, reuniu
a coleção das Escrituras que constituíam um relato mais fiel sobre a vida e
ensinamentos de Jesus. No Século IV d.C. foi estabelecido entre os concílios
das igrejas um acordo comum e o Novo Testamento foi constituído.
Os dois manuscritos mais antigos da Bíblia em grego podem ter sido escritos
naquela ocasião - o grande Codex Sinaiticus e o Codex Vaticanus. Estes dois
inestimáveis manuscritos contêm quase a totalidade da Bíblia em grego. Ao todo
temos aproximadamente vinte manuscritos do Novo Testamento escritos nos
primeiros cinco séculos.
Quando Teodósio proclamou e impôs o cristianismo como única religião oficial no
Império Romano no final do Século IV, surgiu uma demanda nova e mais ampla por
boas cópias de livros do Novo Testamento. É possível que o grande historiador
Eusébio de Cesaréia (263 - 340) tenha conseguido demonstrar ao imperador o
quanto os livros dos cristãos já estavam danificados e usados, porque o
imperador encomendou 50 cópias para as igrejas de Constantinopla.
Provavelmente, esta tenha sido a primeira vez que o Antigo e o Novo Testamentos
foram apresentados em um único volume, agora denominado Bíblia.
HISTÓRIA DAS TRADUÇÕES
A Bíblia - o livro mais lido, traduzido e distribuído do mundo -, desde as suas
origens, foi considerada sagrada e de grande importância. E, como tal, deveria
ser conhecida e compreendida por toda a humanidade. A necessidade de difundir
seus ensinamentos através dos tempos e entre os mais variados povos, resultou
em inúmeras traduções para os mais variados idiomas e dialetos. Hoje é possível
encontrar a Bíblia, completa ou em porções, em mais de 2.000 línguas
diferentes.
A PRIMEIRA TRADUÇÃO
Estima-se que a primeira tradução foi elaborada entre 200 a 300 anos antes de
Cristo. Como os judeus que viviam no Egito não compreendiam a língua hebraica,
o Antigo Testamento foi traduzido para o grego. Porém, não eram apenas os
judeus que viviam no estrangeiro que tinham dificuldade de ler o original em
hebraico: com o cativeiro da Babilônia, os judeus da Palestina também já não
falavam mais o hebraico. Denominada Septuaginta (ou Tradução dos Setenta), esta
primeira tradução foi realizada por 70 sábios e contém sete livros que não
fazem parte da coleção hebraica; pois não estavam incluídos quando o cânon (ou
lista oficial) do Antigo Testamento foi estabelecido por exegetas israelitas no
final do Século I d.C. A igreja primitiva geralmente incluía tais livros em sua
Bíblia. Eles são chamados apócrifos ou deuterocanônicos e encontram-se
presentes nas Bíblias de algumas igrejas.
Esta tradução do Antigo Testamento foi utilizada em sinagogas de todas as
regiões do Mediterrâneo e representou um instrumento fundamental nos esforços
empreendidos pelos primeiros discípulos de Jesus na propagação dos ensinamentos
de Deus.
OUTRAS TRADUÇÕES
Outras traduções começaram a ser realizadas por cristãos novos nas línguas
copta (Egito), etíope (Etiópia), siríaca (norte da Palestina) e em latim - a
mais importante de todas as línguas pela sua ampla utilização no Ocidente.
Por haver tantas versões parciais e insatisfatórias em latim, no ano 382 d.C, o
bispo de Roma nomeou o grande exegeta Jerônimo para fazer uma tradução oficial
das Escrituras.
Com o objetivo de realizar uma tradução de qualidade e fiel aos originais,
Jerônimo foi à Palestina, onde viveu durante 20 anos. Estudou hebraico com
rabinos famosos e examinou todos os manuscritos que conseguiu localizar. Sua
tradução tornou-se conhecida como "Vulgata", ou seja, escrita na
língua de pessoas comuns ("vulgus"). Embora não tenha sido
imediatamente aceita, tornou-se o texto oficial do cristianismo ocidental.
Neste formato, a Bíblia difundiu-se por todas as regiões do Mediterrâneo,
alcançando até o Norte da Europa.
Na Europa, os cristãos entraram em conflito com os invasores godos e hunos, que
destruíram uma grande parte da civilização romana. Em mosteiros, nos quais
alguns homens se refugiaram da turbulência causada por guerras constantes, o
texto bíblico foi preservado por muitos séculos, especialmente a Bíblia em
latim na versão de Jerônimo.
Não se sabe quando e como a Bíblia chegou até as Ilhas Britânicas. Missionários
levaram o evangelho para Irlanda, Escócia e Inglaterra, e não há dúvida de que
havia cristãos nos exércitos romanos que lá estiveram no segundo e terceiro
séculos. Provavelmente a tradução mais antiga na língua do povo desta região é
a do Venerável Bede. Relata-se que, no momento de sua morte, em 735, ele estava
ditando uma tradução do Evangelho de João; entretanto, nenhuma de suas
traduções chegou até nós. Aos poucos as traduções de passagens e de livros
inteiros foram surgindo.
AS PRIMEIRAS ESCRITURAS IMPRESSAS
Na Alemanha, em meados do Século 15, um ourives chamado Johannes Gutemberg
desenvolveu a arte de fundir tipos metálicos móveis. O primeiro livro de grande
porte produzido por sua prensa foi a Bíblia em latim. Cópias impressas
decoradas a mão passaram a competir com os mais belos manuscritos. Esta nova
arte foi utilizada para imprimir Bíblias em seis línguas antes de 1500 -
alemão, italiano, francês, tcheco, holandês e catalão; e em outras seis línguas
até meados do século 16 - espanhol, dinamarquês, inglês, sueco, húngaro,
islandês, polonês e finlandês. Finalmente as Escrituras realmente podiam ser
lidas na língua destes povos. Mas essas traduções ainda estavam vinculadas ao
texto em latim. No início do século 16, manuscritos de textos em grego e hebraico,
preservados nas igrejas orientais, começaram a chegar à Europa ocidental. Havia
pessoas eruditas que podiam auxiliar os sacerdotes ocidentais a ler e apreciar
tais manuscritos.
Uma pessoa de grande destaque durante este novo período de estudo e aprendizado
foi Erasmo de Roterdã. Ele passou alguns anos atuando como professor na
Universidade de Cambridge, Inglaterra. Em 1516, sua edição do Novo Testamento
em grego foi publicada com seu próprio paralelo da tradução em latim. Assim,
pela primeira vez estudiosos da Europa ocidental puderam ter acesso ao Novo
Testamento na língua original, embora, infelizmente, os manuscritos fornecidos
a Erasmo fossem de origem relativamente recente e, portanto, não eram
completamente confiáveis.
DESCOBERTAS ARQUEOLÓGICAS
Várias foram as descobertas arqueológicas que proporcionaram o melhor
entendimento das Escrituras Sagradas. Os manuscritos mais antigos que existem
de trechos do Antigo Testamento datam de 850 d.C. Existem, porém, partes
menores bem mais antigas como o Papiro Nash do segundo século da era cristã.
Mas sem dúvida a maior descoberta ocorreu em 1947, quando um pastor beduíno,
que buscava uma cabra perdida de seu rebanho, encontrou por acaso os
Manuscritos do Mar Morto, na região de Jericó.
Durante nove anos vários documentos foram encontrados nas cavernas de Qumrân,
no Mar Morto, constituindo-se nos mais antigos fragmentos da Bíblia hebraica
que se têm notícias. Escondidos ali pela tribo judaica dos essênios no Século
I, nos 800 pergaminhos, escritos entre 250 a.C. a 100 d.C., aparecem
comentários teológicos e descrições da vida religiosa deste povo, revelando
aspectos até então considerados exclusivos do cristianismo. Estes documentos
tiveram grande impacto na visão da Bíblia, pois fornecem espantosa confirmação
da fidelidade dos textos massoréticos aos originais. O estudo da cerâmica dos
jarros e a datação por carbono 14 estabelecem que os documentos foram
produzidos entre 168 a.C. e 233 d.C. Destaca-se, entre estes documentos, uma
cópia quase completa do livro de Isaías, feita cerca de cem anos antes do
nascimento de Cristo. Especialistas compararam o texto dessa cópia com o
texto-padrão do Antigo Testamento hebraico (o manuscrito chamado Codex
Leningradense, de 1008 d.C.) e descobriram que as diferenças entre ambos eram
mínimas.
Outros manuscritos também foram encontrados neste mesmo local, como o do
profeta Isaías, fragmentos de um texto do profeta Samuel, textos de profetas
menores, parte do livro de Levítico e um targum (paráfrase) de Jó.
As descobertas arqueológicas, como a dos manuscritos do Mar Morto e outras mais
recentes, continuam a fornecer novos dados aos tradutores da Bíblia. Elas têm
ajudado a resolver várias questões a respeito de palavras e termos hebraicos e
gregos, cujo sentido não era absolutamente claro. Antes disso, os tradutores se
baseavam em manuscritos mais "novos", ou seja, em cópias produzidas
em datas mais distantes da origem dos textos bíblicos.
ORIGEM DO DIA DA BÍBLIA
O Dia da Bíblia surgiu em 1549, na Grã-Bretanha, quando o Bispo Cranmer,
incluiu no livro de orações do Rei Eduardo VI um dia especial para que a
população intercedesse em favor da leitura do Livro Sagrado. A data escolhida
foi o segundo domingo do Advento - celebrado nos quatro domingos que antecedem
o Natal. Foi assim que o segundo domingo de dezembro tornou-se o Dia da Bíblia.
No Brasil, o Dia da Bíblia passou a ser celebrado em 1850, com a chegada, da
Europa e dos Estados Unidos, dos primeiros missionários evangélicos que aqui
vieram semear a Palavra de Deus.
Durante o período do Império, a liberdade religiosa aos cultos protestantes era
muito restrita, o que impedia que se manifestassem publicamente. Por volta de
1880, esta situação foi se modificando e o movimento evangélico, juntamente com
o Dia da Bíblia, se popularizando.
Pouco a pouco, as diversas denominações evangélicas institucionalizaram a
tradição do Dia da Bíblia, que ganhou ainda mais força com a fundação da
Sociedade Bíblica do Brasil, em junho de 1948. Em dezembro deste mesmo ano,
houve uma das primeiras manifestações públicas do Dia da Bíblia, em São Paulo,
no Monumento do Ipiranga.
Hoje, o dia dedicado às Escrituras Sagradas é comemorado em cerca de 60 países,
sendo que em alguns, a data é celebrada no segundo Domingo de setembro, numa
referência ao trabalho do tradutor Jerônimo, na Vulgata, conhecida tradução da
Bíblia para o latim. As comemorações do segundo domingo de dezembro mobilizam,
todos os anos, milhões de cristãos em todo o País.
Fonte:
iLúmina - A Bíblia do século XXI
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