ISAÍAS [1]
1 A visão de Isaías, filho de
Amoz, que ele teve a respeito de Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão,
Acaz, e Ezequias, reis de Judá.
2 Ouvi, ó céus, e dá ouvidos,
ó terra, porque falou o Senhor: Criei filhos, e os engrandeci, mas eles se
rebelaram contra mim.
3 O boi conhece o seu
possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem
conhecimento, o meu povo não entende.
4 Ah, nação pecadora, povo
carregado de iniqüidade, descendência de malfeitores, filhos que praticam a
corrupção! Deixaram o Senhor, desprezaram o Santo de Israel, voltaram para
trás.
5 Por que seríeis ainda
castigados, que persistis na rebeldia? Toda a cabeça está enferma e todo o
coração fraco.
6 Desde a planta do pé até a
cabeça não há nele coisa sã; há só feridas, contusões e chagas vivas; não foram
espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo.
7 O vosso país está assolado;
as vossas cidades abrasadas pelo fogo; a vossa terra os estranhos a devoram em
vossa presença, e está devastada, como por uma pilhagem de estrangeiros.
8 E a filha de Sião é deixada
como a cabana na vinha, como a choupana no pepinal, como cidade sitiada.
9 Se o Senhor dos exércitos
não nos deixara alguns sobreviventes, já como Sodoma seríamos, e semelhantes a
Gomorra.
10 Ouvi a palavra do Senhor,
governadores de Sodoma; dai ouvidos à lei do nosso Deus, ó povo de Gomorra.
11 De que me serve a mim a
multidão de vossos sacrifícios? diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de
carneiros, e da gordura de animais cevados; e não me agrado do sangue de
novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes.
12 Quando vindes para
comparecerdes perante mim, quem requereu de vós isto, que viésseis pisar os
meus átrios?
13 Não continueis a trazer
ofertas vãs; o incenso é para mim abominação. As luas novas, os sábados, e a
convocação de assembléias ... não posso suportar a iniqüidade e o ajuntamento
solene!
14 As vossas luas novas, e as
vossas festas fixas, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado
de as sofrer.
15 Quando estenderdes as
vossas mãos, esconderei de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as
vossas orações, não as ouvirei; porque as vossas mãos estão cheias de sangue.
16 Lavai-vos, purificai-vos;
tirai de diante dos meus olhos a maldade dos vossos atos; cessai de fazer o
mal;
17 aprendei a fazer o bem;
buscai a justiça, acabai com a opressão, fazei justiça ao órfão, defendei a
causa da viúva.
18 Vinde, pois, e arrazoemos,
diz o Senhor: ainda que os vossos pecados são como a escarlata, eles se
tornarão brancos como a neve; ainda que são vermelhos como o carmesim,
tornar-se-ão como a lã.
19 Se quiserdes, e me
ouvirdes, comereis o bem desta terra;
20 mas se recusardes, e
fordes rebeldes, sereis devorados à espada; pois a boca do Senhor o disse.
21 Como se fez prostituta a
cidade fiel! ela que estava cheia de retidão! A justiça habitava nela, mas
agora homicidas.
22 A tua prata tornou-se em
escória, o teu vinho se misturou com água.
23 Os teus príncipes são
rebeldes, e companheiros de ladrões; cada um deles ama as peitas, e anda atrás
de presentes; não fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles a causa da
viúva.
24 portanto diz o Senhor Deus
dos exércitos, o Poderoso de Israel: Ah! livrar-me-ei dos meus adversários, e
vingar-me-ei dos meus inimigos.
25 Voltarei contra ti a minha
mão, e purificarei como com potassa a tua escória; e tirar-te-ei toda impureza;
26 e te restituirei os teus
juízes, como eram dantes, e os teus conselheiros, como no princípio, então
serás chamada cidade de justiça, cidade fiel.
27 Sião será resgatada pela
justiça, e os seus convertidos, pela retidão.
28 Mas os transgressores e os
pecadores serão juntamente destruídos; e os que deixarem o Senhor serão consumidos.
29 Porque vos envergonhareis
por causa dos terebintos de que vos agradastes, e sereis confundidos por causa
dos jardins que escolhestes.
30 Pois sereis como um
carvalho cujas folhas são murchas, e como um jardim que não tem água.
31 E o forte se tornará em
estopa, e a sua obra em faísca; e ambos arderão juntamente, e não haverá quem
os apague.
»ISAÍAS [2]
1 A visão que teve Isaías,
filho de Amoz, a respeito de Judá e de Jerusalém.
2 Acontecerá nos últimos dias
que se firmará o monte da casa do Senhor, será estabelecido como o mais alto
dos montes e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as
nações.
3 Irão muitos povos, e dirão:
Vinde, e subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que nos
ensine os seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a
lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor.
4 E ele julgará entre as
nações, e repreenderá a muitos povos; e estes converterão as suas espadas em
relhas de arado, e as suas lanças em foices; uma nação não levantará espada
contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra.
5 Vinde, ó casa de Jacó, e
andemos na luz do Senhor.
6 Mas tu rejeitaste o teu
povo, a casa de Jacó; porque estão cheios de adivinhadores do Oriente, e de
agoureiros, como os filisteus, e fazem alianças com os filhos dos estrangeiros.
7 A sua terra está cheia de
prata e ouro, e são sem limite os seus tesouros; a sua terra está cheia de
cavalos, e os seus carros não tem fim.
8 Também a sua terra está
cheia de ídolos; inclinam-se perante a obra das suas mãos, diante daquilo que
os seus dedos fabricaram.
9 Assim, pois, o homem é
abatido, e o varão é humilhado; não lhes perdoes!
10 Entra nas rochas, e
esconde-te no pó, de diante da espantosa presença do Senhor e da glória da sua
majestade.
11 Os olhos altivos do homem
serão abatidos, e a altivez dos varões será humilhada, e só o Senhor será
exaltado naquele dia.
12 Pois o Senhor dos
exércitos tem um dia contra todo soberbo e altivo, e contra todo o que se
exalta, para que seja abatido;
13 contra todos os cedros do
Líbano, altos e sublimes; e contra todos os carvalhos de Basã;
14 contra todos os montes
altos, e contra todos os outeiros elevados;
15 contra toda torre alta, e
contra todo muro fortificado;
16 e contra todos os navios
de Társis, e contra toda a nau vistosa.
17 E a altivez do homem será
humilhada, e o orgulho dos varões se abaterá, e só o Senhor será exaltado
naquele dia.
18 E os ídolos desaparecerão
completamente.
19 Então os homens se meterão
nas cavernas das rochas, e nas covas da terra, por causa da presença espantosa
do Senhor, e da glória da sua majestade, quando ele se levantar para assombrar
a terra.
20 Naquele dia o homem
lançará às toupeiras e aos morcegos os seus ídolos de prata, e os seus ídolos
de ouro, que fizeram para ante eles se prostrarem,
21 para se meter nas fendas
das rochas, e nas cavernas das penhas, por causa da presença espantosa do
Senhor e da glória da sua majestade, quando ele se levantar para assombrar a
terra.
22 Deixai-vos pois do homem
cujo fôlego está no seu nariz; porque em que se deve ele estimar?
»ISAÍAS [3]
1 Porque eis que o Senhor
Deus dos exércitos está tirando de Jerusalém e de Judá o bordão e o cajado,
isto é, todo o recurso de pão, e todo o recurso de água;
2 o valente e o soldado, o
juiz e o profeta, o adivinho e o ancião;
3 o capitão de cinqüenta e o
respeitável, o conselheiro, o artífice hábil e o encantador perito;
4 e dar-lhes-ei meninos por
príncipes, e crianças governarão sobre eles.
5 O povo será oprimido; um
será contra o outro, e cada um contra o seu próximo; o menino se atreverá
contra o ancião, e o vil contra o nobre.
6 Quando alguém pegar de seu
irmão na casa de seu pai, dizendo: Tu tens roupa, tu serás o nosso príncipe, e
tomarás sob a tua mão esta ruína.
7 Naquele dia levantará este
a sua voz, dizendo: Não quero ser médico; pois em minha casa não há pão nem
roupa; não me haveis de constituir governador sobre o povo.
8 Pois Jerusalém tropeçou, e
Judá caiu; porque a sua língua e as suas obras são contra o Senhor, para
afrontarem a sua gloriosa presença.
9 O aspecto do semblante dá
testemunho contra eles; e, como Sodoma, publicam os seus pecados sem os
disfarçar. Ai da sua alma! porque eles fazem mal a si mesmos.
10 Dizei aos justos que bem
lhes irá; porque comerão do fruto das suas obras.
11 Ai do ímpio! mal lhe irá;
pois se lhe fará o que as suas mãos fizeram.
12 Quanto ao meu povo,
crianças são os seus opressores, e mulheres dominam sobre eles. Ah, povo meu!
os que te guiam te enganam, e destroem o caminho das tuas veredas.
13 O Senhor levanta-se para
pleitear, e põe-se de pé para julgar os povos.
14 O Senhor entra em juízo
contra os anciãos do seu povo, e contra os seus príncipes; sois vós que
consumistes a vinha; o espólio do pobre está em vossas casas.
15 Que quereis vós, que
esmagais o meu povo e moeis o rosto do pobre? diz o Senhor Deus dos exércitos.
16 Diz ainda mais o Senhor:
Porquanto as filhas de Sião são altivas, e andam de pescoço emproado, lançando
olhares impudentes; e, ao andarem, vão de passos curtos, fazendo tinir os
ornamentos dos seus pés;
17 o Senhor fará tinhosa a
cabeça das filhas de Sião, e o Senhor porá a descoberto a sua nudez.
18 Naquele dia tirará o
Senhor os seus enfeites: os anéis dos artelhos, as toucas, os colares em forma
de meia lua,
19 os pendentes, e os
braceletes, e os véus;
20 os diademas, as cadeias
dos artelhos, os cintos, as caixinhas de perfumes e os amuletos;
21 os anéis, e as jóias
pendentes do nariz;
22 os vestidos de festa, e os
mantos, e os xales, e os bolsos;
23 os vestidos diáfanos, e as
capinhas de linho, e os turbantes, e os véus.
24 E será que em lugar de
perfume haverá mau cheiro, e por cinto, uma corda; em lugar de encrespadura de
cabelos, calvície; e em lugar de veste luxuosa, cinto de cilício; e queimadura
em lugar de formosura.
25 Teus varões cairão à
espada, e teus valentes na guerra.
26 E as portas da cidade
gemerão e se carpirão e, desolada, ela se sentará no pó.
»ISAÍAS [4]
1 Sete mulheres naquele dia
lançarão mão dum só homem, dizendo: Nós comeremos do nosso pão, e nos
vestiremos de nossos vestidos; tão somente queremos ser chamadas pelo teu nome;
tira o nosso opróbrio.
2 Naquele dia o renovo do
Senhor será cheio de beleza e de glória, e o fruto da terra excelente e formoso
para os que escaparem de Israel.
3 E será que aquele que ficar
em Sião e permanecer em Jerusalém, será chamado santo, isto é, todo aquele que
estiver inscrito entre os vivos em Jerusalém;
4 Quando o Senhor tiver
lavado a imundícia das filhas de Sião, e tiver limpado o sangue de Jerusalém do
meio dela com o espírito de justiça, e com o espírito de ardor.
5 E criará o Senhor sobre
toda a extensão do monte Sião, e sobre as assembléias dela, uma nuvem de dia, e
uma fumaça, e um resplendor de fogo flamejante de noite; porque sobre toda a
glória se estenderá um dossel.
6 Também haverá de dia um
pavilhão para sombra contra o calor, e para refúgio e esconderijo contra a
tempestade e a chuva.
»ISAÍAS [5]
1 Ora, seja-me permitido
cantar para o meu bem amado uma canção de amor a respeito da sua vinha. O meu
amado possuía uma vinha num outeiro fertilíssimo.
2 E, revolvendo-a com enxada
e limpando-a das pedras, plantou-a de excelentes vides, e edificou no meio dela
uma torre, e também construiu nela um lagar; e esperava que desse uvas, mas deu
uvas bravas.
3 Agora, pois, ó moradores de
Jerusalém, e homens de Judá, julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha.
4 Que mais se podia fazer à
minha vinha, que eu lhe não tenha feito? e por que, esperando eu que desse
uvas, veio a produzir uvas bravas?
5 Agora, pois, vos farei
saber o que eu hei de fazer à minha vinha: tirarei a sua sebe, e será devorada;
derrubarei a sua parede, e será pisada;
6 e a tornarei em deserto;
não será podada nem cavada, mas crescerão nela sarças e espinheiro; e às nuvens
darei ordem que não derramem chuva sobre ela.
7 Pois a vinha do Senhor dos
exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta das suas
delícias; e esperou que exercessem juízo, mas eis aqui derramamento de sangue;
justiça, e eis aqui clamor.
8 Ai dos que ajuntam casa a
casa, dos que acrescentam campo a campo, até que não haja mais lugar, de modo
que habitem sós no meio da terra!
9 A meus ouvidos disse o
Senhor dos exércitos: Em verdade que muitas casas ficarão desertas, e até casas
grandes e lindas sem moradores.
10 E dez jeiras de vinha
darão apenas um bato, e um hômer de semente não dará mais do que uma efa.
11 Ai dos que se levantam
cedo para correrem atrás da bebida forte e continuam até a noite, até que o
vinho os esquente!
12 Têm harpas e alaúdes,
tamboris e pífanos, e vinho nos seus banquetes; porém não olham para a obra do
Senhor, nem consideram as obras das mãos dele.
13 Portanto o meu povo é
levado cativo, por falta de entendimento; e os seus nobres estão morrendo de
fome, e a sua multidão está seca de sede.
14 Por isso o Seol aumentou o
seu apetite, e abriu a sua boca desmesuradamente; e para lá descem a glória
deles, a sua multidão, a sua pompa, e os que entre eles se exultam.
15 O homem se abate, e o
varão se humilha, e os olhos dos altivos se abaixam.
16 Mas o Senhor dos exércitos
é exaltado pelo juízo, e Deus, o Santo, é santificado em justiça.
17 Então os cordeiros
pastarão como em seus pastos; e nos campos desertos se apascentarão cevados e
cabritos.
18 Ai dos que puxam a
iniqüidade com cordas de falsidade, e o pecado como com tirantes de carros!
19 E dizem: Apresse-se Deus,
avie a sua obra, para que a vejamos; e aproxime-se e venha o propósito do Santo
de Israel, para que o conheçamos.
20 Ai dos que ao mal chamam
bem, e ao bem mal; que põem as trevas por luz, e a luz por trevas, e o amargo
por doce, e o doce por amargo!
21 Ai dos que são sábios a
seus próprios olhos, e astutos em seu próprio conceito!
22 Ai dos que são poderosos
para beber vinho, e valentes para misturar bebida forte;
23 dos que justificam o ímpio
por peitas, e ao inocente lhe tiram o seu direito!
24 Pelo que, como a língua de
fogo consome o restolho, e a palha se desfaz na chama assim a raiz deles será
como podridão, e a sua flor se esvaecerá como pó; porque rejeitaram a lei do
Senhor dos exércitos, e desprezaram a palavra do santo de Israel,
25 Por isso se acendeu a ira
do Senhor contra o seu povo, e o Senhor estendeu a sua mão contra ele, e o
feriu; e as montanhas tremeram, e os seus cadáveres eram como lixo no meio das
ruas; com tudo isto não tornou atrás a sua ira, mas ainda está estendida a sua
mão.
26 E ele arvorará um
estandarte para as nações de longe, e lhes assobiará desde a extremidade da
terra; e eis que virão muito apressadamente.
27 Não há entre eles cansado
algum nem quem tropece; ninguém cochila nem dorme; não se lhe desata o cinto
dos lombos, nem se lhe quebra a correia dos sapatos.
28 As suas flechas são
agudas, e todos os seus arcos retesados; os cascos dos seus cavalos são
reputados como pederneira, e as rodas dos seus carros qual redemoinho.
29 O seu rugido é como o do
leão; rugem como filhos de leão; sim, rugem e agarram a presa, e a levam, e não
há quem a livre.
30 E bramarão contra eles
naquele dia, como o bramido do mar; e se alguém olhar para a terra, eis que só
verá trevas e angústia, e a luz se escurecerá nas nuvens sobre ela.
»ISAÍAS [6]
1 No ano em que morreu o rei
Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as orlas do
seu manto enchiam o templo.
2 Ao seu redor havia
serafins; cada um tinha seis asas; com duas cobria o rosto, e com duas cobria
os pés e com duas voava.
3 E clamavam uns para os
outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; a terra toda
está cheia da sua glória.
4 E as bases dos limiares
moveram-se à voz do que clamava, e a casa se enchia de fumaça.
5 Então disse eu: Ai de mim!
pois estou perdido; porque sou homem de lábios impuros, e habito no meio dum
povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o Senhor dos exércitos!
6 Então voou para mim um dos
serafins, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz;
7 e com a brasa tocou-me a
boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniqüidade foi
tirada, e perdoado o teu pecado.
8 Depois disto ouvi a voz do
Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem irá por nós? Então disse eu: Eis-me
aqui, envia-me a mim.
9 Disse, pois, ele: Vai, e
dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não
percebeis.
10 Engorda o coração deste
povo, e endurece-lhe os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; para que ele não veja
com os olhos, e ouça com os ouvidos, e entenda com o coração, e se converta, e
seja sarado.
11 Então disse eu: Até
quando, Senhor? E respondeu: Até que sejam assoladas as cidades, e fiquem sem
habitantes, e as casas sem moradores, e a terra seja de todo assolada,
12 e o Senhor tenha removido
para longe dela os homens, e sejam muitos os lugares abandonados no meio da
terra.
13 Mas se ainda ficar nela a
décima parte, tornará a ser consumida, como o terebinto, e como o carvalho, dos
quais, depois de derrubados, ainda fica o toco. A santa semente é o seu toco.
»ISAÍAS [7]
1 Sucedeu, pois, nos dias de
Acaz, filho de Jotão, filho de Uzias, rei de Judá, que Rezim, rei da Síria, e
Peca, filho de Remalias, rei de Israel, subiram a Jerusalém, para pelejarem
contra ela, mas não a puderam conquistar.
2 Quando deram aviso à casa
de Davi, dizendo: A Síria fez aliança com Efraim; ficou agitado o coração de
Acaz, e o coração do seu povo, como se agitam as árvores do bosque à força do
vento.
3 Então disse o Senhor a
Isaías: saí agora, tu e teu filho Sear-Jasube, ao encontro de Acaz, ao fim do
aqueduto da piscina superior, na estrada do campo do lavandeiro,
4 e dize-lhe: Acautela-te e
aquieta-te; não temas, nem te desfaleça o coração por causa destes dois pedaços
de tições fumegantes; por causa do ardor da ira de Rezim e da Síria, e do filho
de Remalias.
5 Porquanto a Síria maquinou
o mal contra ti, com Efraim e com o filho de Remalias, dizendo:
6 Subamos contra Judá, e
amedrontemo-lo, e demos sobre ele, tomando-o para nós, e façamos reinar no meio
dele o filho de Tabeel.
7 Assim diz o Senhor Deus:
Isto não subsistirá, nem tampouco acontecerá.
8 Pois a cabeça da Síria é
Damasco, e o cabeça de Damasco é Rezim; e dentro de sessenta e cinco anos
Efraim será quebrantado, e deixará de ser povo.
9 Entretanto a cabeça de
Efraim será Samária, e o cabeça de Samária o filho de Remalias; se não o
crerdes, certamente não haveis de permanecer.
10 De novo falou o Senhor com
Acaz, dizendo:
11 Pede para ti ao Senhor teu
Deus um sinal; pede-o ou em baixo nas profundezas ou em cima nas alturas.
12 Acaz, porém, respondeu:
Não o pedirei nem porei à prova o Senhor.
13 Então disse Isaías: Ouvi
agora, ó casa de Davi: Pouco vos é afadigardes os homens, que ainda afadigareis
também ao meu Deus?
14 Portanto o Senhor mesmo
vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será
o seu nome Emanuel.
15 Manteiga e mel comerá,
quando ele souber rejeitar o mal e escolher o bem.
16 Pois antes que o menino
saiba rejeitar o mal e escolher o bem, será desolada a terra dos dois reis
perante os quais tu tremes de medo.
17 Mas o Senhor fará vir
sobre ti, e sobre o teu povo e sobre a casa de teu pai, dias tais, quais nunca
vieram, desde o dia em que Efraim se separou de Judá, isto é, fará vir o rei da
Assíria.
18 Naquele dia assobiará o
Senhor às moscas que há no extremo dos rios do Egito, e às abelhas que estão na
terra da Assíria.
19 E elas virão, e pousarão
todas nos vales desertos e nas fendas das rochas, e sobre todos os espinheirais,
e sobre todos os prados.
20 Naquele dia rapará o
Senhor com uma navalha alugada, que está além do Rio, isto é, com o rei da
Assíria, a cabeça e os cabelos dos pés; e até a barba arrancará.
21 Sucederá naquele dia que
um homem criará uma vaca e duas ovelhas;
22 e por causa da abundância
do leite que elas hão de dar, comerá manteiga; pois manteiga e mel comerá todo
aquele que ficar de resto no meio da terra.
23 Sucederá também naquele
dia que todo lugar, em que antes havia mil vides, do valor de mil siclos de
prata, será para sarças e para espinheiros.
24 Com arco e flechas
entrarão ali; porque as sarças e os espinheiros cobrirão toda a terra.
25 Quanto a todos os outeiros
que costumavam cavar com enxadas, para ali não chegarás, por medo das sarças e dos
espinheiros; mas servirão de pasto para os bois, e serão pisados pelas ovelhas.
»ISAÍAS [8]
1 Disse-me também o Senhor:
Toma uma tábua grande e escreve nela em caracteres legíveis:
Maer-Salal-Has-Baz;
2 tomei pois, comigo fiéis
testemunhas, a Urias sacerdote, e a Zacarias, filho de Jeberequias.
3 E fui ter com a profetisa;
e ela concebeu, e deu à luz um filho; e o Senhor me disse: Põe-lhe o nome de
Maer-Salal-Has-Baz.
4 Pois antes que o menino
saiba dizer meu pai ou minha mãe, se levarão as riquezas de Damasco, e os
despojos de Samária, diante do rei da Assíria.
5 E continuou o Senhor a
falar ainda comigo, dizendo:
6 Porquanto este povo
rejeitou as águas de Siloé, que correm brandamente, e se alegrou com Rezim e
com o filho de Remalias,
7 eis que o Senhor fará vir
sobre eles as águas do Rio, fortes e impetuosas, isto é, o rei da Assíria, com
toda a sua glória; e subirá sobre todos os seus leitos, e transbordará por
todas as suas ribanceiras;
8 e passará a Judá,
inundando-o, e irá passando por ele e chegará até o pescoço; e a extensão de
suas asas encherá a largura da tua terra, ó Emanuel.
9 Exasperai-vos, ó povos, e
sereis quebrantados; dai ouvidos, todos os que sois de terras longínquas;
cingi-vos e sereis feitos em pedaços, cingi-vos e sereis feitos em pedaços;
10 Tomai juntamente conselho,
e ele será frustrado; dizei uma palavra, e ela não subsistirá; porque Deus é
conosco.
11 Pois assim o Senhor me
falou, com sua forte mão deitada em mim, e me admoestou a que não andasse pelo
caminho deste povo, dizendo:
12 Não chameis conspiração a
tudo quanto este povo chama conspiração; e não temais aquilo que ele teme, nem
por isso vos assombreis.
13 Ao Senhor dos exércitos, a
ele santificai; e seja ele o vosso temor e seja ele o vosso assombro.
14 Então ele vos será por
santuário; mas servirá de pedra de tropeço, e de rocha de escândalo, às duas
casas de Israel; de armadilha e de laço aos moradores de Jerusalém.
15 E muitos dentre eles
tropeçarão, e cairão, e serão quebrantados, e enlaçados, e presos.
16 Ata o testemunho, sela a
lei entre os meus discípulos.
17 Esperarei no Senhor, que
esconde o seu rosto da casa de Jacó, e a ele aguardarei.
18 Eis-me aqui, com os filhos
que me deu o Senhor; são como sinais e portentos em Israel da parte do Senhor
dos exércitos, que habita no monte Sião.
19 Quando vos disserem:
Consultai os que têm espíritos familiares e os feiticeiros, que chilreiam e
murmuram, respondei: Acaso não consultará um povo a seu Deus? acaso a favor dos
vivos consultará os mortos?
20 A Lei e ao Testemunho! se
eles não falarem segundo esta palavra, nunca lhes raiará a alva.
21 E passarão pela terra
duramente oprimidos e famintos; e, tendo fome, se agastarão, e amaldiçoarão o
seu rei e o seu Deus, olhando para o céu em cima;
22 e para a terra em baixo, e
eis aí angústia e escuridão, tristeza da aflição; e para as trevas serão
empurrados.
»ISAÍAS [9]
1 Mas para a que estava
aflita não haverá escuridão. Nos primeiros tempos, ele envileceu a terra de
Zebulom, e a terra de Naftali; mas nos últimos tempos fará glorioso o caminho
do mar, além do Jordão, a Galiléia dos gentios.
2 O povo que andava em trevas
viu uma grande luz; e sobre os que habitavam na terra de profunda escuridão
resplandeceu a luz.
3 Tu multiplicaste este povo,
a alegria lhe aumentaste; todos se alegrarão perante ti, como se alegram na
ceifa e como exultam quando se repartem os despojos.
4 Porque tu quebraste o jugo
da sua carga e o bordão do seu ombro, que é o cetro do seu opressor, como no
dia de Midiã.
5 Porque todo calçado
daqueles que andavam no tumulto, e toda capa revolvida em sangue serão
queimados, servindo de pasto ao fogo.
6 Porque um menino nos
nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o seu
nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz.
7 Do aumento do seu governo e
da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o estabelecer
e o fortificar em retidão e em justiça, desde agora e para sempre; o zelo do
Senhor dos exércitos fará isso.
8 O Senhor enviou uma palavra
a Jacó, e ela caiu em Israel.
9 E todo o povo o saberá,
Efraim e os moradores de Samária, os quais em soberba e altivez de coração
dizem:
10 Os tijolos caíram, mas com
cantaria tornaremos a edificar; cortaram-se os sicômoros, mas por cedros os
substituiremos.
11 Pelo que o Senhor suscita
contra eles os adversários de Rezim, e instiga os seus inimigos,
12 os sírios do Oriente, e os
filisteus do Ocidente; e eles devoram a Israel à boca escancarada. Com tudo
isso não se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.
13 Todavia o povo não se
voltou para quem o feriu, nem buscou ao Senhor dos exércitos.
14 Pelo que o Senhor cortou
de Israel a cabeça e a cauda, o ramo e o junco, num mesmo dia.
15 O ancião e o varão de
respeito, esse é a cabeça; e o profeta que ensina mentiras, esse e a cauda.
16 Porque os que guiam este
povo o desencaminham; e os que por eles são guiados são devorados.
17 Pelo que o Senhor não se
regozija nos seus jovens, e não se compadece dos seus órfãos e das suas viúvas;
porque todos eles são profanos e malfeitores, e toda boca profere doidices. Com
tudo isso não se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.
18 Pois a impiedade lavra
como um fogo que devora espinhos e abrolhos, e se ateia no emaranhado da
floresta; e eles sobem ao alto em espessas nuvens de fumaça.
19 Por causa da ira do Senhor
dos exércitos a terra se queima, e o povo é como pasto do fogo; ninguém poupa
ao seu irmão.
20 Se colher da banda
direita, ainda terá fome, e se comer da banda esquerda, ainda não se fartará;
cada um comerá a carne de seu braço.
21 Manassés será contra
Efraim, e Efraim contra Manassés, e ambos eles serão contra Judá. Com tudo isso
não se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.
»ISAÍAS [10]
1 Ai dos que decretam leis
injustas, e dos escrivães que escrevem perversidades;
2 para privarem da justiça os
necessitados, e arrebatarem o direito aos aflitos do meu povo; para despojarem
as viúvas e roubarem os órfãos!
3 Mas que fareis vós no dia
da visitação, e na desolação, que há de vir de longe? a quem recorrereis para
obter socorro, e onde deixareis a vossa riqueza?
4 Nada mais resta senão
curvar-vos entre os presos, ou cair entre os mortos. Com tudo isso não se
apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.
5 Ai da Assíria, a vara da
minha ira, porque a minha indignação é como bordão nas suas mãos.
6 Eu a envio contra uma nação
ímpia; e contra o povo do meu furor lhe dou ordem, para tomar o despojo, para
arrebatar a presa, e para os pisar aos pés, como a lama das ruas.
7 Todavia ela não entende
assim, nem o seu coração assim o imagina; antes no seu coração intenta destruir
e desarraigar não poucas nações.
8 Pois diz: Não são meus
príncipes todos eles reis?
9 Não é Calnó como Carquêmis?
não é Hamate como Arpade? e Samária como Damasco?
10 Do mesmo modo que a minha
mão alcançou os reinos dos ídolos, ainda que as suas imagens esculpidas eram
melhores do que as de Jerusalém e de Samária.
11 como fiz a Samária e aos
seus ídolos, não o farei igualmente a Jerusalém e aos seus ídolos?
12 Por isso acontecerá que,
havendo o Senhor acabado toda a sua obra no monte Sião e em Jerusalém, então
castigará o rei da Assíria pela arrogância do seu coração e a pomba da altivez
dos seus olhos.
13 Porquanto diz ele: Com a
força da minha mão o fiz, e com a minha sabedoria, porque sou entendido; eu
removi os limites dos povos, e roubei os seus tesouros, e como valente abati os
que se sentavam sobre tronos.
14 E achou a minha mão as
riquezas dos povos como a um ninho; e como se ajuntam os ovos abandonados,
assim eu ajuntei toda a terra; e não houve quem movesse a asa, ou abrisse a
boca, ou chilreasse.
15 Porventura gloriar-se-á o
machado contra o que corta com ele? ou se engrandecerá a serra contra o que a
maneja? como se a vara movesse o que a levanta, ou o bordão levantasse aquele
que não é pau!
16 Pelo que o Senhor Deus dos
exércitos fará definhar os que entre eles são gordos, e debaixo da sua glória
ateará um incêndio, como incêndio de fogo.
17 A Luz de Israel virá a ser
um fogo e o seu Santo uma labareda, que num só dia abrasará e consumirá os seus
espinheiros e as suas sarças.
18 Também consumirá a glória
da sua floresta, e do seu campo fértil, desde a alma até o corpo; e será como
quando um doente vai definhando.
19 E o resto das árvores da
sua floresta será tão pouco que um menino as poderá contar.
20 E acontecerá naquele dia
que o resto de Israel, e os que tiverem escapado da casa de Jacó, nunca mais se
estribarão sobre aquele que os feriu; antes se estribarão lealmente sobre o
Senhor, o Santo de Israel.
21 Um resto voltará; sim, o
resto de Jacó voltará para o Deus forte.
22 Porque ainda que o teu
povo, ó Israel, seja como a areia do mar, só um resto dele voltará. Uma
destruição está determinada, trasbordando de justiça.
23 Pois uma destruição, e
essa já determinada, o Senhor Deus dos exércitos executará no meio de toda esta
terra.
24 Pelo que assim diz o
Senhor Deus dos exércitos: ó povo meu, que habitas em Sião, não temas a
Assíria, quando te ferir com a vara, e contra ti levantar o seu bordão a
maneira dos egípcios;
25 porque daqui a bem pouco
se cumprirá a minha indignação, e a minha ira servirá para os consumir.
26 E o Senhor dos exércitos
suscitará contra ela um flagelo, como a matança de Midiã junto à rocha de
Orebe; e a sua vara se estenderá sobre o mar, e ele a levantará como no Egito.
27 E naquele dia a sua carga
será tirada do teu ombro, e o seu jugo do teu pescoço; e o jugo será quebrado
por causa da gordura.
28 Os assírios já chegaram a
Aiate, passaram por Migrom; em Micmás deixam depositada a sua bagagem;
29 já atravessaram o
desfiladeiro, já se alojam em Geba; Ramá treme, Gibeá de Saul já fugiu.
30 Clama com alta voz, ó
filha de Galim! Ouve, ó Laís! Responde-lhe, ó Anatote!
31 Já se foi Madmena; os
moradores de Gebim procuram refúgio.
32 Hoje mesmo parará em Nobe;
sacudirá o punho contra o monte da filha de Sião, o outeiro de Jerusalém.
33 Eis que o Senhor Deus dos
exércitos cortará os ramos com violência; e os de alta estatura serão cortados,
e os elevados serão abatidos.
34 E cortará com o ferro o
emaranhado da floresta, e o Líbano cairá pela mão de um poderoso.
»ISAÍAS [11]
1 Então brotará um rebento do
toco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará.
2 E repousará sobre ele o
Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de
conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor.
3 E deleitar-se-á no temor do
Senhor; e não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem decidirá segundo o
ouvir dos seus ouvidos;
4 mas julgará com justiça os
pobres, e decidirá com eqüidade em defesa dos mansos da terra; e ferirá a terra
com a vara de sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará o ímpio.
5 A justiça será o cinto dos
seus lombos, e a fidelidade o cinto dos seus rins.
6 Morará o lobo com o
cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará; e o bezerro, e o leão novo e o
animal cevado viverão juntos; e um menino pequeno os conduzirá.
7 A vaca e a ursa pastarão
juntas, e as suas crias juntas se deitarão; e o leão comerá palha como o boi.
8 A criança de peito brincará
sobre a toca da áspide, e a desmamada meterá a sua mão na cova do basilisco.
9 Não se fará mal nem dano
algum em todo o meu santo monte; porque a terra se encherá do conhecimento do
Senhor, como as águas cobrem o mar.
10 Naquele dia a raiz de
Jessé será posta por estandarte dos povos, à qual recorrerão as nações;
gloriosas lhe serão as suas moradas.
11 Naquele dia o Senhor
tornará a estender a sua mão para adquirir outra vez e resto do seu povo, que
for deixado, da Assíria, do Egito, de Patros, da Etiópia, de Elão, de Sinar, de
Hamate, e das ilhas de mar.
12 Levantará um pendão entre
as nações e ajuntará os desterrados de Israel, e es dispersos de Judá
congregará desde os quatro confins da terra.
13 Também se esvaecerá a inveja
de Efraim, e os vexadores de Judá serão desarraigados; Efraim não invejará a
Judá e Judá não vexará a Efraim.
14 Antes voarão sobre os
ombros dos filisteus ao Ocidente; juntos despojarão aos filhos do Oriente; em
Edom e Moabe porão as suas mãos, e os filhos de Amom lhes obedecerão.
15 E o Senhor destruirá
totalmente a língua do mar do Egito; e vibrará a sua mão contra o Rio com o seu
vento abrasador, e, ferindo-o, dividi-lo-á em sete correntes, e fará que por
ele passem a pé enxuto.
16 Assim haverá caminho plano
para e restante do seu povo, que voltar da Assíria, como houve para Israel no
dia em que subiu da terra do Egito.
»ISAÍAS [12]
1 Dirás, pois, naquele dia:
Graças te dou, ó Senhor; porque, ainda que te iraste contra mim, a tua ira se
retirou, e tu me confortaste.
2 Eis que Deus é a minha
salvação; eu confiarei e não temerei porque o Senhor, sim o Senhor é a minha
força e o meu cântico; e se tornou a minha salvação.
3 Portanto com alegria
tirareis águas das fontes da salvação.
4 E direis naquele dia: Dai
graças ao Senhor, invocai o seu nome, fazei notórios os seus feitos entre os
povos, proclamai quão excelso é o seu nome.
5 Cantai ao Senhor; porque
fez coisas grandiosas; saiba-se isso em toda a terra.
6 Exulta e canta de gozo, ó
habitante de Sião; porque grande é o Santo de Israel no meio de ti.
»ISAÍAS [13]
1 Oráculo acerca de
Babilônia, que Isaías, filho de Amoz, recebeu numa visão.
2 Alçai uma bandeira sobre o
monte escalvado; levantai a voz para eles; acenai-lhes com a mão, para que
entrem pelas portas dos príncipes.
3 Eu dei ordens aos meus
consagrados; sim, já chamei os meus valentes para executarem a minha ira, os
que exultam arrogantemente.
4 Eis um tumulto sobre os
montes, como o de grande multidão! Eis um tumulto de reinos, de nações congregadas!
O Senhor dos exércitos passa em revista o exército para a guerra.
5 Vêm duma terra de longe,
desde a extremidade do céu, o Senhor e os instrumentos da sua indignação, para
destruir toda aquela terra.
6 Uivai, porque o dia do
Senhor está perto; virá do Todo-Poderoso como assolação.
7 Pelo que todas as mãos se
debilitarão, e se derreterá o coração de todos os homens.
8 E ficarão desanimados; e
deles se apoderarão dores e ais; e se angustiarão, como a mulher que está de
parto; olharão atônitos uns para os outros; os seus rostos serão rostos
flamejantes.
9 Eis que o dia do Senhor
vem, horrendo, com furor e ira ardente; para pôr a terra em assolação e para
destruir do meio dela os seus pecadores.
10 Pois as estrelas do céu e
as suas constelações não deixarão brilhar a sua luz; o sol se escurecerá ao
nascer, e a lua não fará resplandecer a sua luz.
11 E visitarei sobre o mundo
a sua maldade, e sobre os ímpios a sua iniqüidade; e farei cessar a arrogância
dos atrevidos, e abaterei a soberba dos cruéis.
12 Farei que os homens sejam
mais raros do que o ouro puro, sim mais raros do que o ouro fino de Ofir.
13 Pelo que farei estremecer
o céu, e a terra se movera do seu lugar, por causa do furor do Senhor dos
exércitos, e por causa do dia da sua ardente ira.
14 E como a corça quando é
perseguida, e como a ovelha que ninguém recolhe, assim cada um voltará para o
seu povo, e cada um fugirá para a sua terra.
15 Todo o que for achado será
traspassado; e todo o que for apanhado, cairá à espada.
16 E suas crianças serão
despedaçadas perante os seus olhos; as suas casas serão saqueadas, e as suas
mulheres violadas.
17 Eis que suscitarei contra
eles os medos, que não farão caso da prata, nem tampouco no ouro terão prazer.
18 E os seus arcos
despedaçarão aos mancebos; e não se compadecerão do fruto do ventre; os seus
olhos não pouparão as crianças.
19 E Babilônia, a glória dos
reinos, o esplendor e o orgulho dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando
Deus as transtornou.
20 Nunca mais será habitada,
nem nela morará alguém de geração em geração; nem o árabe armará ali a sua
tenda; nem tampouco os pastores ali farão deitar os seus rebanhos.
21 Mas as feras do deserto
repousarão ali, e as suas casas se encherão de horríveis animais; e ali
habitarão as avestruzes, e os sátiros pularão ali.
22 As hienas uivarão nos seus
castelos, e os chacais nos seus palácios de prazer; bem perto está o seu tempo,
e os seus dias não se prolongarão.
»ISAÍAS [14]
1 Pois o Senhor se
compadecerá de Jacó, e ainda escolherá a Israel e os porá na sua própria terra;
e ajuntar-se-ão com eles os estrangeiros, e se apegarão à casa de Jacó.
2 E os povos os receberão, e
os levarão aos seus lugares; e a casa de Israel os possuirá por servos e por
servas, na terra do Senhor e cativarão aqueles que os cativaram, e dominarão os
seus opressores.
3 No dia em que Deus vier a
dar-te descanso do teu trabalho, e do teu tremor, e da dura servidão com que te
fizeram servir,
4 proferirás esta parábola
contra o rei de Babilônia, e dirás: Como cessou o opressor! como cessou a
tirania!
5 Já quebrantou o Senhor o
bastão dos ímpios e o cetro dos dominadores;
6 cetro que feria os povos
com furor, com açoites incessantes, e que em ira dominava as nações com uma
perseguição irresistível.
7 Toda a terra descansa, e
está sossegada! Rompem em brados de júbilo.
8 Até as faias se alegram
sobre ti, e os cedros do Líbano, dizendo: Desde que tu caíste ninguém sobe
contra nós para nos cortar.
9 O Seol desde o profundo se
turbou por ti, para sair ao teu encontro na tua vinda; ele despertou por ti os
mortos, todos os que eram príncipes da terra, e fez levantar dos seus tronos
todos os que eram reis das nações.
10 Estes todos responderão, e
te dirão: Tu também estás fraco como nós, e te tornaste semelhante a nós.
11 Está derrubada até o Seol
a tua pompa, o som dos teus alaúdes; os bichinhos debaixo de ti se estendem e
os bichos te cobrem.
12 Como caíste do céu, ó
estrela da manhã, filha da alva! como foste lançado por terra tu que prostravas
as nações!
13 E tu dizias no teu
coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e
no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte;
14 subirei acima das alturas
das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.
15 Contudo levado serás ao
Seol, ao mais profundo do abismo.
16 Os que te virem te
contemplarão, considerar-te-ão, e dirão: É este o varão que fazia estremecer a
terra, e que fazia tremer os reinos?
17 Que punha o mundo como um
deserto, e assolava as suas cidades? que a seus cativos não deixava ir soltos para
suas casas?
18 Todos os reis das nações,
todos eles, dormem com glória, cada um no seu túmulo.
19 Mas tu és lançado da tua
sepultura, como um renovo abominável, coberto de mortos atravessados a espada,
como os que descem às pedras da cova, como cadáver pisado aos pés.
20 Com eles não te reunirás
na sepultura; porque destruíste a tua terra e mataste o teu povo. Que a
descendência dos malignos não seja nomeada para sempre!
21 Preparai a matança para os
filhos por causa da maldade de seus pais, para que não se levantem, e possuam a
terra, e encham o mundo de cidades.
22 Levantar-me-ei contra
eles, diz o Senhor dos exércitos, e exterminarei de Babilônia o nome, e os
sobreviventes, o filho, e o neto, diz o Senhor.
23 E reduzi-la-ei a uma
possessão do ouriço, e a lagoas de águas; e varrê-la-ei com a vassoura da
destruição, diz o Senhor dos exércitos.
24 O Senhor dos exércitos
jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se
efetuará.
25 Quebrantarei o assírio na
minha terra e nas minhas montanhas o pisarei; então o seu jugo se apartará
deles e a sua carga se desviará dos seus ombros.
26 Este é o conselho que foi
determinado sobre toda a terra; e esta é a mão que está estendida sobre todas
as nações.
27 Pois o Senhor dos
exércitos o determinou, e quem o invalidará? A sua mão estendida está, e quem a
fará voltar atrás?
28 No ano em que morreu o rei
Acaz, veio este oráculo.
29 Não te alegres, ó Filístia
toda, por ser quebrada a vara que te feria; porque da raiz da cobra sairá um
basilisco, e o seu fruto será uma serpente voadora.
30 E os primogênitos dos
pobres serão apascentados, e os necessitados se deitarão seguros; mas farei
morrer de fome a tua raiz, e será destruído o teu restante.
31 Uiva, ó porta; grita, ó
cidade; tu, ó Filístia, estás toda derretida; porque do norte vem fumaça; e não
há vacilante nas suas fileiras.
32 Que se responderá pois aos
mensageiros do povo? Que o Senhor fundou a Sião, e que nela acharão refúgio os
aflitos do seu povo.
»ISAÍAS [15]
1 Oráculo acerca de Moabe. Porque
Ar foi destruída numa noite, Moabe está desfeita; porque Quir foi destruída
numa noite, Moabe está desfeita.
2 Subiu a filha de Dibom aos
altos para chorar; por Nebo e por Medeba pranteia Moabe; em todas as cabeças há
calva, e toda barba é rapada.
3 Nas suas ruas cingem-se de
saco; nos seus terraços e nas suas praças todos andam pranteando, e choram
abundantemente.
4 Assim Hesbom como Eleale
andam gritando; até Jaaz se ouve a sua voz; por isso os armados de Moabe
clamam; estremece-lhes a alma.
5 O meu coração clama por
causa de Moabe; fogem os seus nobres para Zoar, qual uma novilha de três anos;
pois vão chorando pela encosta de Luíte; no caminho de Horonaim levantam um
grito de destruição.
6 As águas de Ninrim são
desoladas; secou-se a relva, definhou a erva verde, e não há verdura alguma.
7 Pelo que a abundância que
ajuntaram, e o que guardaram, para além do ribeiro dos salgueiros o levam.
8 Pois o pranto já rodeou os
limites de Moabe; até Eglaim chegou o seu clamor, e ainda até Beer-Elim o seu
rugido.
9 Pois as águas de Dimom
estão cheias de sangue; pelo que ainda acrescentarei mais a Dimom, um leão
contra aqueles que escaparem de Moabe, e contra o restante que ficou na terra.
»ISAÍAS [16]
1 Enviaram cordeiros ao
governador da terra, desde Sela, pelo deserto, até o monte da filha de Sião.
2 Pois como pássaros que
vagueiam, como ninhada dispersa, assim são as filhas de Moabe junto aos vaus do
Arnom.
3 Dá conselhos, executa
juízo; põe a tua sombra como a noite ao pino do meio-dia; esconde os
desterrados, e não traias o fugitivo.
4 Habitem entre vós os
desterrados de Moabe; serve-lhes de refúgio perante a face do destruidor.
Quando o homem violento tiver fim, e a destruição tiver cessado, havendo os
opressores desaparecido de sobre a terra,
5 então um trono será
estabelecido em benignidade, e sobre ele no tabernáculo de Davi se assentará em
verdade um que julgue, e que procure a justiça e se apresse a praticar a
retidão.
6 Ouvimos da soberba de
Moabe, a soberbíssima; da sua arrogância, da sua soberba, e da sua insolência;
de nada valem as suas jactâncias.
7 portanto Moabe pranteará;
prantearão todos por Moabe; pelos bolos de passas de Quir-Haresete suspirareis,
inteiramente desanimados.
8 porque os campos de Hesbom
enfraqueceram, e a vinha de Sibma; os senhores das nações derrubaram os seus
ramos, que chegaram a Jazer e penetraram no deserto; os seus rebentos se
estenderam e passaram além do mar.
9 Pelo que prantearei, com o
pranto de Jazer, a vinha de Sibma; regar-te-ei com as minhas lágrimas, ó Hesbom
e Eleale; porque sobre os teus frutos de verão e sobre a tua sega caiu o grito
da batalha.
10 A alegria e o regozijo são
tirados do fértil campo, e nas vinhas não se canta, nem há júbilo algum; já não
se pisam as uvas nos lagares. Eu fiz cessar os gritos da vindima.
11 Pelo que minha alma
lamenta por Moabe como harpa, e o meu íntimo por Quir-Heres.
12 E será que, quando Moabe
se apresentar, quando se cansar nos altos, e entrar no seu santuário a orar,
nada alcançará.
13 Essa é a palavra que o
Senhor falou no passado acerca de Moabe.
14 Mas agora diz o Senhor:
Dentro de três anos, tais como os anos do jornaleiro, será envilecida a glória
de Moabe, juntamente com toda a sua grande multidão; e os que lhe restarem
serão poucos e débeis.
»ISAÍAS [17]
1 Oráculo acerca de Damasco.
Eis que Damasco será tirada, para não mais ser cidade, e se tornará um montão
de ruínas.
2 As cidades de Aroer serão
abandonadas; hão de ser para os rebanhos, que se deitarão sem haver quem os
espante.
3 E a fortaleza de Efraim
cessará, como também o reino de Damasco e o resto da Síria; serão como a glória
dos filhos de Israel, diz o Senhor dos exércitos.
4 E será diminuída naquele
dia a glória de Jacó, e a gordura da sua carne desaparecerá.
5 E será como o segador que
colhe o trigo, e que com o seu braço sega as espigas; sim, será como quando
alguém colhe espigas no vale de Refaim.
6 Mas ainda ficarão nele
alguns rabiscos, como no sacudir da oliveira: duas ou três azeitonas na mais
alta ponta dos ramos, e quatro ou cinco nos ramos mais exteriores de uma árvore
frutífera, diz o Senhor Deus de Israel.
7 Naquele dia atentará o
homem para o seu Criador, e os seus olhos olharão para o Santo de Israel.
8 E não atentará para os
altares, obra das suas mãos; nem olhará para o que fizeram seus dedos, para os
aserins e para os altares do incenso.
9 Naquele dia as suas cidades
fortificadas serão como os lugares abandonados no bosque ou sobre o cume das
montanhas, os quais foram abandonados ante os filhos de Israel; e haverá
assolação.
10 Porquanto te esqueceste do
Deus da tua salvação, e não te lembraste da rocha da tua fortaleza; por isso,
ainda que faças plantações deleitosas e ponhas nelas sarmentos de uma vide
estranha,
11 e as faças crescer no dia
em que as plantares, e florescer na manhã desse dia, a colheita voará no dia da
tribulação e das dores insofríveis.
12 Ai do bramido de muitos
povos que bramam como o bramido dos mares; e do rugido das nações que rugem
como o rugido de impetuosas águas.
13 Rugem as nações, como
rugem as muitas águas; mas Deus as repreenderá, e elas fugirão para longe; e
serão afugentadas como a pragana dos montes diante do vento e como a poeira num
redemoinho diante do tufão.
14 Ao anoitecer, eis o
terror! e antes que amanheça eles já não existem. Esse é o quinhão daqueles que
nos despojam, e a sorte daqueles que nos saqueiam.
»ISAÍAS [18]
1 Ai da terra do roçar das
asas, que está além dos rios da Etiópia;
2 que envia embaixadores por
mar em navios de junco sobre as águas, dizendo: Ide, mensageiros velozes, a um
povo de alta estatura e de tez luzidia, a um povo terrível desde o seu
princípio, a uma nação forte e vitoriosa, cuja terra os rios dividem!
3 Vede, todos vós, habitantes
do mundo, e vós os moradores da terra, quando se arvorar a bandeira nos montes;
e ouvi, quando se tocar a trombeta.
4 Pois assim me disse o
Senhor: estarei quieto, olhando desde a minha morada, como o ardor do sol
resplandecente, como a nuvem do orvalho no calor da sega.
5 Pois antes da sega, quando
acaba a flor e o gomo se torna uva prestes a amadurecer, ele cortará com foices
os sarmentos e tirará os ramos, e os lançará fora.
6 Serão deixados juntos para
as aves dos montes e os animais da terra; e sobre eles veranearão as aves de
rapina, e todos os animais da terra invernarão sobre eles.
7 Naquele tempo será levado
um presente ao Senhor dos exércitos da parte dum povo alto e de tez luzidia, e
dum povo terrível desde o seu princípio, uma nação forte e vitoriosa, cuja
terra os rios dividem; um presente, sim, será levado ao lugar do nome do Senhor
dos exércitos, ao monte Sião.
»ISAÍAS [19]
1 Profecia acerca do Egito.
Eis que o Senhor vem cavalgando numa nuvem ligeira, e entra no Egito; e os
ídolos do Egito estremecerão diante dele, e o coração dos egípcios se derreterá
dentro de si.
2 Incitarei egípcios contra egípcios;
e cada um pelejará contra o seu irmão, e cada um contra o seu próximo, cidade
contra cidade, reino contra reino.
3 E o espírito dos egípcios
se esvaecerá dentro deles; eu destruirei o seu conselho; e eles consultarão os
seus ídolos, e encantadores, e necromantes e feiticeiros.
4 Pelo que entregarei os
egípcios nas mãos de um senhor duro; e um rei rigoroso os dominará, diz o
Senhor Deus dos exércitos.
5 e as águas do Nilo
minguarão, e o rio se esgotará e secará.
6 Também os rios exalarão um
fedor; diminuirão e secarão os canais do Egito; as canas e os juncos murcharão.
7 Os prados junto ao Nilo, ao
longo das suas margens, sim, tudo o que foi semeado junto dele secará, será
arrancado, e deixará de existir.
8 E os pescadores gemerão, e
lamentarão todos os que lançam anzol ao Nilo, e desfalecerão os que estendem
rede sobre as águas.
9 Envergonhar-se-ão os que
trabalham em linho fino, e os que tecem pano branco.
10 E os que são as colunas do
Egito serão esmagados, e todos os que trabalham, por salário serão
entristecidos.
11 Na verdade estultos são os
príncipes de Zoã; o conselho dos mais sábios conselheiros de Faraó se
embruteceu. Como pois a Faraó direis: Sou filho de sábios, filho de reis
antigos?
12 Onde estão agora os teus
sábios? anunciem-te agora, e te façam saber o que o Senhor dos exércitos
determinou contra o Egito.
13 Estultos tornaram-se os
príncipes de Zoã, enganados estão os príncipes de Mênfis; fizeram errar o
Egito, os que são a pedra de esquina das suas tribos.
14 O Senhor derramou no meio deles
um espírito de confusão; e eles fizeram errar o Egito em todas as suas obras,
como o bêbedo vai cambaleando no seu vômito.
15 E não haverá para o Egito
coisa alguma que possa fazer cabeça ou cauda, ramo ou junco.
16 Naquele dia os egípcios
serão como mulheres, e tremerão e temerão por vibrar o Senhor dos exércitos a
sua mão contra eles.
17 E a terra de Judá será um
espanto para o Egito; todo aquele a quem isso se anunciar se assombrará, por
causa do propósito que o Senhor dos exércitos determinou contra eles.
18 Naquele dia haverá cinco
cidades na terra do Egito que falem a língua de Canaã e façam juramento ao
Senhor dos exércitos. Uma destas se chamará Cidade de destruição.
19 Naquele dia haverá um
altar dedicado ao Senhor no meio da terra do Egito, e uma coluna se erigirá ao
Senhor, na sua fronteira.
20 E servirá isso de sinal e
de testemunho ao Senhor dos exércitos na terra do Egito; quando clamarem ao
Senhor por causa dos opressores, ele lhes enviará um salvador, que os defenderá
e os livrará.
21 E o Senhor se dará a
conhecer ao Egito e os egípcios conhecerão ao Senhor naquele dia, e o adorarão
com sacrifícios e ofertas, e farão votos ao Senhor, e os cumprirão.
22 E ferirá o Senhor aos
egípcios; feri-los-á, mas também os curará; e eles se voltarão para o Senhor,
que ouvirá as súplicas deles e os curará.
23 Naquele dia haverá estrada
do Egito até a Assíria, e os assírios virão ao Egito, e os egípcios irão à
Assíria; e os egípcios adorarão com os assírios.
24 Naquele dia Israel será o
terceiro com os egípcios e os assírios, uma benção no meio da terra;
25 porquanto o Senhor dos
exércitos os tem abençoado, dizendo: Bem-aventurado seja o Egito, meu povo, e a
Assíria, obra de minhas mãos, e Israel, minha herança.
»ISAÍAS [20]
1 No ano em que Tartã,
enviado por Sargão, rei da Assíria, veio a Asdode, e guerreou contra Asdode, e
a tomou;
2 falou o Senhor, naquele
tempo, por intermédio de Isaías, filho de Amoz, dizendo: Vai, solta o cilício
de teus lombos, e descalça os sapatos dos teus pés. E ele assim o fez, andando
nu e descalço.
3 Então disse o Senhor: Assim
como o meu servo Isaías andou três anos nu e descalço, por sinal e portento
contra o Egito e contra a Etiópia,
4 assim o rei da Assíria
levará em cativeiro os presos do Egito, e os exilados da Etiópia, tanto moços
como velhos, nus e descalços, e com as nádegas descobertas, para vergonha do
Egito.
5 E assombrar-se-ão, e
envergonhar-se-ão por causa da Etiópia, sua esperança, e do Egito, sua glória.
6 Então os moradores desta
região litorânea dirão naquele dia: Vede que tal é a nossa esperança, aquilo
que buscamos por socorro, para nos livrarmos do rei da Assíria! Como pois
escaparemos nós?
»ISAÍAS [21]
1 Oráculo acerca do deserto
do mar. Como os tufões de vento do sul, que tudo assolam, aí vem do deserto,
duma terra horrível.
2 Dura visão me foi
manifesta: o pérfido trata perfidamente, e o destruidor anda destruindo. Sobe,
ó Elão, sitia, ó Média; já fiz cessar todo o seu gemido.
3 Pelo que os meus lombos
estão cheios de angústia; dores apoderaram-se de mim como as dores de mulher na
hora do parto; estou tão atribulado que não posso ouvir, e tão desfalecido que
não posso ver.
4 O meu coração se agita, o
horror apavora-me; o crepúsculo, que desejava, tem-se-me tornado em tremores.
5 Eles põem a mesa, estendem
os tapetes, comem, bebem. Levantai-vos, príncipes, e ungi o escudo.
6 Porque assim me disse o
Senhor: Vai, põe uma sentinela; e ela que diga o que vir.
7 Quando vir uma tropa de
cavaleiros de dois a dois, uma tropa de jumentos, ou uma tropa de camelos,
escute a sentinela atentamente com grande cuidado.
8 Então clamou aquele que
viu: Senhor, sobre a torre de vigia estou em pé continuamente de dia, e de
guarda me ponho todas as noites.
9 E eis aqui agora vem uma
tropa de homens, cavaleiros de dois a dois. Então ele respondeu e disse: Caiu,
caiu Babilônia; e todas as imagens esculpidas de seus deuses são despedaçadas
até o chão.
10 Ah, malhada minha, e trigo
da minha eira! o que ouvi do Senhor dos exércitos, Deus de Israel, isso vos
tenho anunciado.
11 Oráculo acerca de Dumá.
Alguém clama a mim de Seir: Guarda, que horas são da noite? guarda, que horas
são da noite?
12 Respondeu o guarda: Vem a
manhã, e também a noite; se quereis perguntar, perguntai; voltai, vinde.
13 Oráculo contra a Arábia.
Nos bosques da Arábia passareis a noite, ó caravanas de dedanitas.
14 Saí com água ao encontro
dos sedentos; ó moradores da terra de Tema, saí com pão ao encontro dos
fugitivos.
15 pois fogem diante das
espadas, diante da espada desembainhada, e diante do arco armado, e diante da
pressão da guerra.
16 porque assim me disse o
Senhor: Dentro de um ano, tal como os anos de jornaleiro, toda a glória de
Quedar esvaecerá.
17 e os restantes do número
dos flecheiros, os valentes dos filhos de Quedar, serão diminuídos; porque
assim o disse o Senhor, Deus de Israel.
»ISAÍAS [22]
1 Oráculo acerca do vale da
visão. Que tens agora, pois que com todos os teus subiste aos telhados?
2 e tu que estás cheia de
clamor, cidade turbulenta, cidade alegre; os teus mortos não são mortos à
espada, nem mortos em guerra.
3 Todos os teus homens
principais juntamente fugiram, sem o arco foram presos; todos os que em ti se
acharam, foram presos juntamente, embora tivessem fugido para longe.
4 Portanto digo: Desviai de
mim a vista, e chorarei amargamente; não vos canseis mais em consolar-me pela
destruição da filha do meu povo.
5 Porque dia de destroço, de
atropelamento, e de confusão é este da parte do Senhor Deus dos exércitos, no
vale da visão; um derrubar de muros, e um clamor até as montanhas.
6 Elão tomou a aljava,
juntamente com carros e cavaleiros, e Quir descobriu os escudos.
7 Os teus mais formosos vales
ficaram cheios de carros, e os cavaleiros postaram-se contra as portas.
8 Tirou-se a cobertura de
Judá; e naquele dia olhaste para as armas da casa do bosque.
9 E vistes que as brechas da
cidade de Davi eram muitas; e ajuntastes as águas da piscina de baixo;
10 e contastes as casas de
Jerusalém, e derrubastes as casas, para fortalecer os muros;
11 fizestes também um
reservatório entre os dois muros para as águas da piscina velha; mas não
olhastes para aquele que o tinha feito, nem considerastes o que o formou desde
a antiguidade.
12 O Senhor Deus dos
exércitos vos convidou naquele dia para chorar e prantear, para rapar a cabeça
e cingir o cilício;
13 mas eis aqui gozo e
alegria; matam-se bois, degolam-se ovelhas, come-se carne, bebe-se vinho, e se
diz: Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos.
14 Mas o Senhor dos exércitos
revelou-se aos meus ouvidos, dizendo: Certamente esta maldade não se vos
perdoará até que morrais, diz o Senhor Deus dos exércitos.
15 Assim diz o Senhor Deus
dos exércitos: Anda, vai ter com esse administrador, Sebna, o mordomo, e
pergunta-lhe:
16 Que fazes aqui? ou que
parente tens tu aqui, para que cavasses aqui uma sepultura? Cavando em lugar
alto a tua sepultura, cinzelando na rocha morada para ti mesmo!
17 Eis que o Senhor te
arrojará violentamente, ó homem forte, e seguramente te prenderá.
18 Certamente te enrolará
como uma bola, e te lançará para um país espaçoso. Ali morrerás, e ali irão os
teus magníficos carros, ó tu, opróbrio da casa do teu senhor.
19 E demitir-te-ei do teu
posto; e da tua categoria serás derrubado.
20 Naquele dia chamarei a meu
servo Eliaquim, filho de Hilquias,
21 e vesti-lo-ei da tua
túnica, e cingi-lo-ei com o teu cinto, e entregarei nas suas mãos o teu
governo; e ele será como pai para os moradores de Jerusalém, e para a casa de
Judá.
22 Porei a chave da casa de
Davi sobre o seu ombro; ele abrirá, e ninguém fechará; fechará, e ninguém
abrirá.
23 E fixá-lo-ei como a um
prego num lugar firme; e será como um trono de honra para a casa de seu pai.
24 Nele, pois, pendurarão
toda a glória da casa de seu pai, a prole e a progênie, todos os vasos menores,
desde as taças até os jarros.
25 Naquele dia, diz o Senhor
dos exércitos, cederá o prego fincado em lugar firme; será cortado, e cairá; e
a carga que nele estava se desprenderá, porque o Senhor o disse.
»ISAÍAS [23]
1 Oráculo acerca de Tiro.
Uivai, navios de Társis, porque ela está desolada, a ponto de não haver nela
casa nem abrigo; desde a terra de Quitim lhes foi isso revelado.
2 Calai-vos, moradores do
litoral, vós a quem encheram os mercadores de Sidom, navegando pelo mar.
3 Por sobre grandes águas
foi-lhe trazida a sua provisão, a semente de Sior, a ceifa do Nilo; e ela se
tornou a feira das nações.
4 Envergonha-te, ó Sidom;
porque o mar falou, a fortaleza do mar disse: Eu não tive dores de parto, nem
dei à luz, nem ainda criei mancebos, nem eduquei donzelas.
5 Quando a notícia chegar ao
Egito, assim haverá dores quando se ouvirem as notícias de Tiro.
6 Passai a Társis; uivai,
moradores do litoral.
7 É esta, porventura, a vossa
cidade alegre, cuja origem é dos dias antigos, cujos pés a levavam para longe a
peregrinar?
8 Quem formou este desígnio
contra Tiro, distribuidora de coroas, cujos mercadores eram príncipes e cujos
negociantes eram os mais nobres da terra?
9 O Senhor dos exércitos
formou este desígnio para denegrir a soberba de toda a glória, e para reduzir à
ignomínia os ilustres da terra.
10 Inunda como o Nilo a tua
terra, ó filha de Társis; já não há mais o que te refreie.
11 Ele estendeu a sua mão
sobre o mar, e abalou os reinos; o Senhor deu mandado contra Canaã, para
destruir as suas fortalezas.
12 E disse: Não continuarás
mais a te regozijar, ó oprimida donzela, filha de Sidom; levanta-te, passa a
Chipre, e ainda ali não terás descanso.
13 Eis a terra dos caldeus!
este é o povo, não foi a Assíria. Destinou a Tiro para as feras do deserto;
levantaram as suas torres de sítio; derrubaram os palácios dela; a ruínas a
reduziu.
14 Uivai, navios de Társis;
porque está desolada a vossa fortaleza.
15 Naquele dia Tiro será
posta em esquecimento por setenta anos, conforme os dias dum rei; mas depois de
findos os setenta anos, sucederá a Tiro como se diz na canção da prostituta.
16 Toma a harpa, rodeia a
cidade, ó prostituta, entregue ao esquecimento; toca bem, canta muitos
cânticos, para que haja memória de ti.
17 No fim de setenta anos o
Senhor visitará a Tiro, e ela tornará à sua ganância de prostituta, e fornicará
com todos os reinos que há sobre a face da terra.
18 E será consagrado ao
Senhor o seu comércio e a sua ganância de prostituta; não se entesourará, nem
se guardará; mas o seu comércio será para os que habitam perante o Senhor, para
que comam suficientemente; e tenham vestimenta esplêndida.
»ISAÍAS [24]
1 Eis que o Senhor esvazia a
terra e a desola, transtorna a sua superfície e dispersa os seus moradores.
2 E o que suceder ao povo,
sucederá ao sacerdote; ao servo, como ao seu senhor; à serva, como à sua
senhora; ao comprador, como ao vendedor; ao que empresta, como ao que toma
emprestado; ao que recebe usura, como ao que paga usura.
3 De todo se esvaziará a
terra, e de todo será saqueada, porque o Senhor pronunciou esta palavra.
4 A terra pranteia e se
murcha; o mundo enfraquece e se murcha; enfraquecem os mais altos do povo da
terra.
5 Na verdade a terra está
contaminada debaixo dos seus habitantes; porquanto transgridem as leis, mudam
os estatutos, e quebram o pacto eterno.
6 Por isso a maldição devora
a terra, e os que habitam nela sofrem por serem culpados; por isso são
queimados os seus habitantes, e poucos homens restam.
7 Pranteia o mosto,
enfraquece a vide, e suspiram todos os que eram alegres de coração.
8 Cessa o folguedo dos
tamboris, acaba a algazarra dos jubilantes, cessa a alegria da harpa.
9 Já não bebem vinho ao som
das canções; a bebida forte é amarga para os que a bebem.
10 Demolida está a cidade
desordeira; todas as casas estão fechadas, de modo que ninguém pode entrar.
11 Há lastimoso clamor nas
ruas por falta do vinho; toda a alegria se escureceu, já se foi o prazer da
terra.
12 Na cidade só resta a
desolação, e a porta está reduzida a ruínas.
13 Pois será no meio da
terra, entre os povos, como a sacudidura da oliveira, e como os rabiscos,
quando está acabada a vindima.
14 Estes alçarão a sua voz,
bradando de alegria; por causa da majestade do Senhor clamarão desde o mar.
15 Por isso glorificai ao
Senhor no Oriente, e na região litorânea do mar ao nome do Senhor Deus de
Israel.
16 Dos confins da terra
ouvimos cantar: Glória ao Justo. Mas eu digo: Emagreço, emagreço, ai de mim! os
pérfidos tratam perfidamente; sim, os pérfidos tratam muito perfidamente.
17 O pavor, e a cova, e o
laço vêm sobre ti, ó morador da terra.
18 Aquele que fugir da voz do
pavor cairá na cova, e o que subir da cova o laço o prenderá; porque as janelas
do alto se abriram, e os fundamentos da terra tremem.
19 A terra está de todo
quebrantada, a terra está de todo fendida, a terra está de todo abalada.
20 A terra cambaleia como o
ébrio, e balanceia como a rede de dormir; e a sua transgressão se torna pesada
sobre ela, e ela cai, e nunca mais se levantará.
21 Naquele dia o Senhor
castigará os exércitos do alto nas alturas, e os reis da terra sobre a terra.
22 E serão ajuntados como
presos numa cova, e serão encerrados num cárcere; e serão punidos depois de
muitos dias.
23 Então a lua se confundirá,
e o sol se envergonhará, pois o Senhor dos exércitos reinará no monte Sião e em
Jerusalém; e perante os seus anciãos manifestará a sua glória.
»ISAÍAS [25]
1 Ó Senhor, tu és o meu Deus;
exaltar-te-ei a ti, e louvarei o teu nome; porque fizeste maravilhas, os teus
conselhos antigos, em fidelidade e em verdade.
2 Porque da cidade fizeste um
montão, e da cidade fortificada uma ruína, e do paço dos estranhos, que não
seja mais cidade; e ela jamais se tornará a edificar.
3 Pelo que te glorificará um
povo poderoso; e a cidade das nações formidáveis te temerá:
4 Porque tens sido a
fortaleza do pobre, a fortaleza do necessitado na sua angústia, refúgio contra
a tempestade, e sombra contra o calor, pois o assopro dos violentos é como a
tempestade contra o muro.
5 Como o calor em lugar seco,
tu abaterás o tumulto dos estranhos; como se abranda o calor pela sombra da
espessa nuvem, assim acabará o cântico dos violentos.
6 E o Senhor dos exércitos
dará neste monte a todos os povos um banquete de coisas gordurosas, banquete de
vinhos puros, de coisas gordurosas feitas de tutanos, e de vinhos puros, bem
purificados.
7 E destruirá neste monte a
coberta que cobre todos os povos, e o véu que está posto sobre todas as nações.
8 Aniquilará a morte para
sempre, e assim enxugará o Senhor Deus as lágrimas de todos os rostos, e tirará
de toda a terra o opróbrio do seu povo; porque o Senhor o disse.
9 E naquele dia se dirá: Eis
que este é o nosso Deus; por ele temos esperado, para que nos salve. Este é o
Senhor; por ele temos esperado; na sua salvação gozaremos e nos alegraremos.
10 Porque a mão do Senhor
repousará neste monte; e Moabe será trilhado no seu lugar, assim como se trilha
a palha na água do monturo.
11 E estenderá as suas mãos
no meio disso, assim como as estende o nadador para nadar; mas o Senhor abaterá
a sua altivez juntamente com a perícia das suas mãos.
12 E abaixará as altas
fortalezas dos teus muros; abatê-las-á e derrubá-las-á por terra até o pó.
»ISAÍAS [26]
1 Naquele dia se entoará este
cântico na terra de Judá: uma cidade forte temos, a que Deus pôs a salvação por
muros e antemuros.
2 Abri as portas, para que
entre nela a nação justa, que observa a verdade.
3 Tu conservarás em paz
aquele cuja mente está firme em ti; porque ele confia em ti.
4 Confiai sempre no Senhor;
porque o Senhor Deus é uma rocha eterna.
5 porque ele tem derrubado os
que habitam no alto, na cidade elevada; abate-a, abate-a até o chão; e a reduz
até o pó.
6 Pisam-na os pés, os pés dos
pobres, e os passos dos necessitados.
7 O caminho do justo é plano;
tu, que és reto, nivelas a sua vereda.
8 No caminho dos teus juízos,
Senhor, temos esperado por ti; no teu nome e na tua memória está o desejo da
nossa alma.
9 Minha alma te deseja de
noite; sim, o meu espírito, dentro de mim, diligentemente te busca; porque,
quando os teus juízos estão na terra, os moradores do mundo aprendem justiça.
10 Ainda que se mostre favor ao
ímpio, ele não aprende a justiça; até na terra da retidão ele pratica a
iniqüidade, e não atenta para a majestade do Senhor.
11 Senhor, a tua mão está
levantada, contudo eles não a vêem; vê-la-ão, porém, e confundir-se-ão por
causa do zelo que tens do teu povo; e o fogo reservado para os teus adversários
os devorará.
12 Senhor, tu hás de
estabelecer para nós a paz; pois tu fizeste para nós todas as nossas obras.
13 Ó Senhor Deus nosso,
outros senhores além de ti têm tido o domínio sobre nós; mas, por ti só, nos
lembramos do teu nome.
14 Os falecidos não tornarão
a viver; os mortos não ressuscitarão; por isso os visitaste e destruíste, e
fizeste perecer toda a sua memória.
15 Tu, Senhor, aumentaste a
nação; aumentaste a nação e te fizeste glorioso; alargaste todos os confins da
terra.
16 Senhor, na angústia te
buscaram; quando lhes sobreveio a tua correção, derramaram-se em oração.
17 Como a mulher grávida,
quando está próxima a sua hora, tem dores de parto e dá gritos nas suas dores,
assim fomos nós diante de ti, ó Senhor!
18 Concebemos nós, e tivemos
dores de parto, mas isso foi como se tivéssemos dado à luz o vento; livramento
não trouxemos à terra; nem nasceram moradores do mundo.
19 Os teus mortos viverão, os
seus corpos ressuscitarão; despertai e exultai, vós que habitais no pó; porque
o teu orvalho é orvalho de luz, e sobre a terra das sombras fá-lo-ás cair.
20 Vem, povo meu, entra nas
tuas câmaras, e fecha as tuas portas sobre ti; esconde-te só por um momento,
até que passe a indignação.
21 Pois eis que o Senhor está
saindo do seu lugar para castigar os moradores da terra por causa da sua
iniqüidade; e a terra descobrirá o seu sangue, e não encobrirá mais os seus
mortos.
»ISAÍAS [27]
1 Naquele dia o Senhor
castigará com a sua dura espada, grande e forte, o leviatã, a serpente
fugitiva, e o leviatã, a serpente tortuosa; e matará o dragão, que está no mar.
2 Naquele dia haverá uma
vinha deliciosa; cantai a seu respeito.
3 Eu, o Senhor, a guardo, e a
cada momento a regarei; para que ninguém lhe faça dano, de noite e de dia a
guardarei.
4 Não há indignação em mim;
oxalá que fossem ordenados diante de mim em guerra sarças e espinheiros! eu
marcharia contra eles e juntamente os queimaria.
5 Ou, então, busquem o meu
refúgio, e façai, paz comigo; sim, façam paz comigo.
6 Dias virão em que Jacó
lançará raízes; Israel florescerá e brotará; e eles encherão de fruto a face do
mundo.
7 Porventura feriu-os o
Senhor como feriu aos que os feriram? ou matou-os ele assim como matou aos que
por eles foram mortos?
8 Com medida contendeste com
eles, quando os rejeitaste; ele a removeu com o seu vento forte, no tempo do
vento leste.
9 Por isso se expiará a
iniqüidade de Jacó; e este será todo o fruto da remoção do seu pecado: ele fará
todas as pedras do altar como pedras de cal feitas em pedaços, de modo que os
aserins e as imagens do sol não poderão ser mais levantados.
10 porque a cidade
fortificada está solitária, uma habitação rejeitada e abandonada como um
deserto; ali pastarão os bezerros, ali também se deitarão e devorarão os seus
ramos.
11 Quando os seus ramos se
secam, são quebrados; vêm as mulheres e lhes ateiam fogo; porque este povo não
é povo de entendimento; por isso aquele que o fez não se compadecerá dele, e
aquele que o formou não lhe mostrará nenhum favor.
12 Naquele dia o Senhor
padejará o seu trigo desde as correntes do Rio, até o ribeiro do Egito; e vós,
ó filhos de Israel, sereis colhidos um a um.
13 E naquele dia se tocará
uma grande trombeta; e os que andavam perdidos pela terra da Assíria, e os que
foram desterrados para a terra do Egito tornarão a vir; e adorarão ao Senhor no
monte santo em Jerusalém.
»ISAÍAS [28]
1 Ai da vaidosa coroa dos
bêbedos de Efraim, e da flor murchada do seu glorioso ornamento, que está sobre
a cabeça do fértil vale dos vencidos do vinho.
2 Eis que o Senhor tem um
valente e poderoso; como tempestade de saraiva, tormenta destruidora, como
tempestade de impetuosas águas que transbordam, ele a derrubará violentamente
por terra.
3 A vaidosa coroa dos bêbedos
de Efraim será pisada aos pés;
4 e a flor murchada do seu
glorioso ornamento, que está sobre a cabeça do fértil vale, será como figo que
amadurece antes do verão, que, vendo-o alguém, e mal tomando-o na mão, o
engole.
5 Naquele dia o Senhor dos
exércitos será por coroa de glória e diadema de formosura para o restante de
seu povo;
6 e por espírito de juízo
para o que se assenta a julgar, e por fortaleza para os que fazem recuar a
peleja até a porta.
7 Mas também estes cambaleiam
por causa do vinho, e com a bebida forte se desencaminham; até o sacerdote e o
profeta cambaleiam por causa da bebida forte, estão tontos do vinho,
desencaminham-se por causa da bebida forte; erram na visão, e tropeçam no
juizo.
8 Pois todas as suas mesas
estão cheias de vômitos e de sujidade, e não há lugar que esteja limpo.
9 Ora, a quem ensinará ele o
conhecimento? e a quem fará entender a mensagem? aos desmamados, e aos
arrancados dos seios?
10 Pois é preceito sobre
preceito, preceito sobre preceito; regra sobre regra, regra sobre regra; um
pouco aqui, um pouco ali.
11 Na verdade por lábios
estranhos e por outra língua falará a este povo;
12 ao qual disse: Este é o
descanso, dai descanso ao cansado; e este é o refrigério; mas não quiseram
ouvir.
13 Assim pois a palavra do
Senhor lhes será preceito sobre preceito, preceito sobre preceito; regra sobre
regra, regra sobre regra; um pouco aqui, um pouco ali; para que vão, e caiam
para trás, e fiquem quebrantados, enlaçados, e presos.
14 Ouvi, pois, a palavra do
Senhor, homens escarnecedores, que dominais este povo que está em Jerusalém.
15 Porquanto dizeis: Fizemos
pacto com a morte, e com o Seol fizemos aliança; quando passar o flagelo
trasbordante, não chegará a nós; porque fizemos da mentira o nosso refúgio, e
debaixo da falsidade nos escondemos.
16 Portanto assim diz o
Senhor Deus: Eis que ponho em Sião como alicerce uma pedra, uma pedra provada,
pedra preciosa de esquina, de firme fundamento; aquele que crer não se
apressará.
17 E farei o juízo a linha
para medir, e a justiça o prumo; e a saraiva varrerá o refúgio da mentira, e as
águas inundarão o esconderijo.
18 E o vosso pacto com a
morte será anulado; e a vossa aliança com o Seol não subsistirá; e, quando
passar o flagelo trasbordante, sereis abatidos por ele.
19 Todas as vezes que passar,
vos arrebatará; porque de manhã em manhã passará, de dia e de noite; e será
motivo de terror o só ouvir tal notícia.
20 Pois a cama é tão curta
que nela ninguém se pode estender; e o cobertor tão estreito que com ele
ninguém se pode cobrir.
21 Porque o Senhor se levantará
como no monte Perazim, e se irará como no vale de Gibeão, para realizar a sua
obra, a sua estranha obra, e para executar o seu ato, o seu estranho ato.
22 Agora, pois, não sejais
escarnecedores, para que os vossos grilhões não se façam mais fortes; porque da
parte do Senhor Deus dos exércitos ouvi um decreto de destruição completa e
decisiva, sobre toda terra.
23 Inclinai os ouvidos, e
ouvi a minha voz; escutai, e ouvi o meu discurso.
24 Porventura lavra
continuamente o lavrador, para semear? ou está sempre abrindo e esterroando a
sua terra?
25 Não é antes assim: quando
já tem nivelado a sua superfície, não espalha a nigela, não semeia o cominho,
não lança nela o trigo em leiras, ou cevada no lugar determinado, ou a espelta
na margem?
26 Pois o seu Deus o instrui
devidamente e o ensina.
27 Porque a nigela não se
trilha com instrumento de trilhar, nem sobre o cominho passa a roda de carro;
mas a nigela é debulhada com uma vara, e o cominho com um pau.
28 Acaso é esmiuçado o trigo?
não; não se trilha continuamente, nem se esmiúça com as rodas do seu carro e os
seus cavalos; não se esmiúça.
29 Até isso procede do Senhor
dos exércitos, que é maravilhoso em conselho e grande em obra.
»ISAÍAS [29]
1 Ah! Ariel, Ariel, cidade
onde Davi acampou! Acrescentai ano a ano; completem as festas o seu ciclo.
2 Então porei Ariel em
aperto, e haverá pranto e lamentação; e ela será para mim como Ariel.
3 Acamparei contra ti em
redor, e te sitiarei com baluartes, e levantarei tranqueiras contra ti.
4 Então serás abatida,
falarás de debaixo da terra, e a tua fala desde o pó sairá fraca; e será a tua
voz debaixo da terra, como a dum necromante, e a tua fala assobiará desde o pó.
5 E a multidão dos teus
inimigos será como o pó miúdo, e a multidão dos terríveis como a pragana que
passa; e isso acontecerá num momento, repentinamente.
6 Da parte do Senhor dos
exércitos será ela visitada com trovões, e com terremotos, e grande ruído, como
tufão, e tempestade, e labareda de fogo consumidor.
7 E como o sonho e uma visão
de noite será a multidão de todas as nações que hão de pelejar contra Ariel,
sim a multidão de todos os que pelejarem contra ela e contra a sua fortaleza e
a puserem em aperto.
8 Será também como o faminto
que sonha que está a comer, mas, acordando, sente-se vazio; ou como o sedento
que sonha que está a beber, mas, acordando, desfalecido se acha, e ainda com
sede; assim será a multidão de todas as nações que pelejarem contra o monte
Sião.
9 Pasmai, e maravilhai-vos;
cegai-vos e ficai cegos; bêbedos estão, mas não de vinho, andam cambaleando,
mas não de bebida forte.
10 Porque o Senhor derramou
sobre vós um espírito de profundo sono, e fechou os vossos olhos, os profetas;
e vendou as vossas cabeças, os videntes.
11 Pelo que toda visão vos é
como as palavras dum livro selado que se dá ao que sabe ler, dizendo: Ora lê
isto; e ele responde: Não posso, porque está selado.
12 Ou dá-se o livro ao que
não sabe ler, dizendo: Ora lê isto; e ele responde: Não sei ler.
13 Por isso o Senhor disse:
Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca e com os seus lábios me
honra, mas tem afastado para longe de mim o seu coração, e o seu temor para
comigo consiste em mandamentos de homens, aprendidos de cor;
14 portanto eis que
continuarei a fazer uma obra maravilhosa com este povo, sim uma obra
maravilhosa e um assombro; e a sabedoria dos seus sábios perecerá, e o
entendimento dos seus entendidos se esconderá.
15 Ai dos que escondem
profundamente o seu propósito do Senhor, e fazem as suas obras às escuras, e
dizem: Quem nos vê? e quem nos conhece?
16 Vós tudo perverteis! Acaso
o oleiro há de ser reputado como barro, de modo que a obra diga do seu
artífice: Ele não me fez; e o vaso formado diga de quem o formou: Ele não tem
entendimento?
17 Porventura dentro ainda de
muito pouco tempo não se converterá o Líbano em campo fértil? e o campo fértil
não se reputará por um bosque?
18 Naquele dia os surdos
ouvirão as palavras do livro, e dentre a escuridão e dentre as trevas os olhos
dos cegos a verão.
19 E os mansos terão cada vez
mais gozo no Senhor, e os pobres dentre os homens se alegrarão no santo de
Israel.
20 Porque o opressor é
reduzido a nada, e não existe mais o escarnecedor, e todos os que se dão à
iniqüidade são desarraigados;
21 os que fazem por culpado o
homem numa causa, os que armam laços ao que repreende na porta, e os que por um
nada desviam o justo.
22 Portanto o Senhor, que
remiu a Abraão, assim diz acerca da casa de Jacó: Jacó não será agora
envergonhado, nem agora se descorará a sua face.
23 Mas quando virem seus
filhos a obra das minhas mãos no meio deles, santificarão o meu nome; sim
santificarão ao Santo de Jacó, e temerão ao Deus de Israel.
24 E os errados de espírito
virão a ter entendimento, e os murmuradores aprenderão instrução.
»ISAÍAS [30]
1 Ai dos filhos rebeldes, diz
o Senhor, que tomam conselho, mas não de mim; e que fazem aliança, mas não pelo
meu espírito, para acrescentarem pecado a pecado;
2 que se põem a caminho para
descer ao Egito, sem pedirem o meu conselho; para se fortificarem com a força
de Faraó, e para confiarem na sombra do Egito!
3 Portanto, a força de Faraó
se vos tornará em vergonha, e a confiança na sombra do Egito em confusão.
4 Pois embora os seus
oficiais estejam em Zoã, e os seus embaixadores cheguem a Hanes,
5 eles se envergonharão de um
povo que de nada lhes servirá, nem de ajuda, nem de proveito, porém de vergonha
como também de opróbrio.
6 Oráculo contra a Besta do
Sul. Através da terra de aflição e de angústia, de onde vem a leoa e o leão, o
basilisco, a áspide e a serpente voadora, levam às costas de jumentinhos as
suas riquezas, e sobre as corcovas de camelos os seus tesouros, a um povo que
de nada lhes aproveitará.
7 Pois o Egito os ajuda em
vão, e para nenhum fim; pelo que lhe tenho chamado Raabe que não se move.
8 Vai pois agora, escreve isso
numa tábua perante eles, registra-o num livro; para que fique como testemunho
para o tempo vindouro, para sempre.
9 Pois este é um povo
rebelde, filhos mentirosos, filhos que não querem ouvir a lei do Senhor;
10 que dizem aos videntes:
Não vejais; e aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos
coisas aprazíveis, e profetizai-nos ilusões;
11 desviai-vos do caminho,
apartai-vos da vereda; fazei que o Santo de Israel deixe de estar perante nós.
12 Pelo que assim diz o Santo
de Israel: Visto como rejeitais esta palavra, e confiais na opressão e na
perversidade, e sobre elas vos estribais,
13 por isso esta maldade vos
será como brecha que, prestes a cair, já forma barriga num alto muro, cuja
queda virá subitamente, num momento.
14 E ele o quebrará como se
quebra o vaso do oleiro, despedaçando-o por completo, de modo que não se achará
entre os seus pedaços um caco que sirva para tomar fogo da lareira, ou tirar
água da poça.
15 Pois assim diz o Senhor
Deus, o Santo de Israel: Voltando e descansando, sereis salvos; no sossego e na
confiança estará a vossa força. Mas não quisestes;
16 antes dissestes: Não;
porém sobre cavalos fugiremos; portanto fugireis; e: Sobre cavalos ligeiros
cavalgaremos; portanto hão de ser ligeiros os vossos perseguidores.
17 Pela ameaça de um só
fugirão mil; e pela ameaça de cinco vós fugireis; até que fiqueis como o mastro
no cume do monte, e como o estandarte sobre o outeiro.
18 Por isso o Senhor
esperará, para ter misericórdia de vós; e por isso se levantará, para se compadecer
de vós; porque o Senhor é um Deus de eqüidade; bem-aventurados todos os que por
ele esperam.
19 Na verdade o povo habitará
em Sião, em Jerusalém; não chorarás mais; certamente se compadecerá de ti, à
voz do teu clamor; e, ouvindo-a, te responderá.
20 Embora vos dê o Senhor pão
de angústia e água de aperto, contudo não se esconderão mais os teus mestres;
antes os teus olhos os verão;
21 e os teus ouvidos ouvirão
a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele;
quando vos desviardes para a direita ou para a esquerda.
22 E contaminareis a
cobertura de prata das tuas imagens esculpidas, e o revestimento de ouro das
tuas imagens fundidas; e as lançarás fora como coisa imunda; e lhes dirás: Fora
daqui.
23 Então ele te dará chuva
para a tua semente, com que semeares a terra, e trigo como produto da terra, o
qual será pingue e abundante. Naquele dia o teu gado pastará em largos pastos.
24 Os bois e os jumentinhos
que lavram a terra, comerão forragem com sal, que terá sido padejada com a pá e
com o forcado,
25 Sobre todo monte alto, e
todo outeiro elevado haverá ribeiros e correntes de águas, no dia da grande
matança, quando caírem as torres.
26 E a luz da lua será como a
luz do sol, e a luz do sol sete vezes maior, como a luz de sete dias, no dia em
que o Senhor atar a contusão do seu povo, e curar a chaga da sua ferida.
27 Eis que o nome do Senhor
vem de longe ardendo na sua ira, e com densa nuvem de fumaça; os seus lábios
estão cheios de indignação, e a sua língua é como um fogo consumidor;
28 e a sua respiração é como
o ribeiro transbordante, que chega até o pescoço, para peneirar as nações com
peneira de destruição; e um freio de fazer errar estará nas queixadas dos
povos.
29 um cântico haverá entre
vós, como na noite em que se celebra uma festa santa; e alegria de coração,
como a daquele que sai ao som da flauta para vir ao monte do Senhor, à Rocha de
Israel.
30 O Senhor fará ouvir a sua
voz majestosa, e mostrará a descida do seu braço, na indignação da sua ira, e a
labareda dum fogo consumidor, e tempestade forte, e dilúvio e pedra de saraiva.
31 Com a voz do Senhor será
desfeita em pedaços a Assíria, quando ele a ferir com a vara.
32 E a cada golpe do bordão
de castigo, que o Senhor lhe der, haverá tamboris e harpas; e com combates de
brandimento combaterá contra eles.
33 Porque uma fogueira está,
de há muito, preparada; sim, está preparada para o rei; fez-se profunda e
larga; a sua pira é fogo, e tem muita lenha; o assopro do Senhor como torrente
de enxofre a acende.
»ISAÍAS [31]
1 Ai dos que descem ao Egito
a buscar socorro, e se estribam em cavalos, e têm confiança em carros, por
serem muitos, e nos cavaleiros, por serem muito fortes; e não atentam para o
Santo de Israel, e não buscam ao Senhor.
2 Todavia também ele é sábio,
e fará vir o mal, e não retirará as suas palavras; mas levantar-se-á contra a
casa dos malfeitores, e contra a ajuda dos que praticam a iniqüidade.
3 Ora os egípcios são homens,
e não Deus; e os seus cavalos carne, e não espírito; e quando o Senhor estender
a sua mão, tanto tropeçará quem dá auxílio, como cairá quem recebe auxílio, e
todos juntamente serão consumidos.
4 Pois assim me diz o Senhor:
Como o leão e o cachorro do leão rugem sobre a sua presa, e quando se convoca
contra eles uma multidão de pastores não se espantam das suas vozes, nem se
abstêm pelo seu alarido, assim o Senhor dos exércitos descerá, para pelejar
sobre o monte Sião, e sobre o seu outeiro.
5 Como aves quando adejam,
assim o Senhor dos exércitos protegerá a Jerusalém; ele a protegerá e a
livrará, e, passando, a salvará.
6 Voltai-vos, filhos de
Israel, para aquele contra quem vos tendes profundamente rebelado.
7 Pois naquele dia cada um
lançará fora os seus ídolos de prata, e os seus ídolos de ouro, que vos
fabricaram as vossas mãos para pecardes.
8 E o assírio cairá pela
espada, não de varão; e a espada, não de homem, o consumirá; e fugirá perante a
espada, e os seus mancebos serão sujeitos a trabalhos forçados.
9 A sua rocha passará de
medo, e os seus oficiais em pânico desertarão da bandeira, diz o Senhor, cujo
fogo está em Sião e em Jerusalém sua fornalha.
»ISAÍAS [32]
1 Eis que reinará um rei com
justiça, e com retidão governarão príncipes.
2 um varão servirá de abrigo
contra o vento, e um refúgio contra a tempestade, como ribeiros de águas em
lugares secos, e como a sombra duma grande penha em terra sedenta.
3 Os olhos dos que vêem não
se ofuscarão, e os ouvidos dos que ouvem escutarão.
4 O coração dos imprudentes
entenderá o conhecimento, e a língua dos gagos estará pronta para falar
distintamente.
5 Ao tolo nunca mais se
chamará nobre, e do avarento nunca mais se dirá que é generoso.
6 Pois o tolo fala tolices, e
o seu coração trama iniqüidade, para cometer profanação e proferir mentiras
contra o Senhor, para deixar com fome o faminto e fazer faltar a bebida ao
sedento.
7 Também as maquinações do
fraudulento são más; ele maquina invenções malignas para destruir os mansos com
palavras falsas, mesmo quando o pobre fala o que é reto.
8 Mas o nobre projeta coisas
nobres; e nas coisas nobres persistirá.
9 Levantai-vos, mulheres que
estais sossegadas e ouvi a minha voz; e vós, filhas, que estais , tão seguras,
inclinai os ouvidos às minhas palavras.
10 Num ano e dias vireis a
ser perturbadas, ó mulheres que tão seguras estais; pois a vindima falhará, e a
colheita não virá.
11 Tremei, mulheres que
estais sossegadas, e turbai-vos, vós que estais tão seguras; despi-vos e
ponde-vos nuas, e cingi com saco os vossos lombos.
12 Batei nos peitos pelos
campos aprazíveis, e pela vinha frutífera;
13 pela terra do meu povo,
que produz espinheiros e sarças, e por todas as casas de alegria, na cidade
jubilosa.
14 Porque o palácio será
abandonado, a cidade populosa ficará deserta; e o outeiro e a torre da guarda
servirão de cavernas para sempre, para alegria dos asnos monteses, e para pasto
dos rebanhos;
15 até que se derrame sobre
nós o espírito lá do alto, e o deserto se torne em campo fértil, e o campo
fértil seja reputado por um bosque.
16 Então o juízo habitará no
deserto, e a justiça morará no campo fértil.
17 E a obra da justiça será
paz; e o efeito da justiça será sossego e segurança para sempre.
18 O meu povo habitará em
morada de paz, em moradas bem seguras, e em lugares quietos de descanso.
19 Mas haverá saraiva quando
cair o bosque; e a cidade será inteiramente abatida.
20 Bem-aventurados sois vós
os que semeais junto a todas as águas, que deixais livres os pés do boi e do
jumento.
»ISAÍAS [33]
1 Ai de ti que despojas, e
que não foste despojado; e que procedes perfidamente, e que não foste tratado
perfidamente! quando acabares de destruir, serás destruído; e, quando acabares
de tratar perfidamente, perfidamente te tratarão.
2 Ó Senhor, tem misericórdia
de nós; por ti temos esperado. Sê tu o nosso braço cada manhã, como também a
nossa salvação no tempo da tribulação.
3 Ao ruído do tumulto fogem
os povos; à tua exaltação as nações são dispersas.
4 Então ajuntar-se-á o vosso
despojo como ajunta a lagarta; como os gafanhotos saltam, assim sobre ele
saltarão os homens.
5 O Senhor é exalçado, pois
habita nas alturas; encheu a Sião de retidão e justiça.
6 Será ele a estabilidade dos
teus tempos, abundância de salvação, sabedoria, e conhecimento; e o temor do
Senhor é o seu tesouro.
7 Eis que os valentes estão
clamando de fora; e os embaixadores da paz estão chorando amargamente.
8 As estradas estão
desoladas, cessam os que passam pelas veredas; alianças se rompem, testemunhas
se desprezam, e não se faz caso dos homens.
9 A terra pranteia,
desfalece; o Líbano se envergonha e se murcha; Sarom se tornou como um deserto;
Basã e Carmelo ficam despidos de folhas.
10 Agora me levantarei, diz o
Senhor; agora me erguerei; agora serei exaltado.
11 Concebeis palha, produzis
restolho; e o vosso fôlego é um fogo que vos devorará.
12 E os povos serão como as queimas
de cal, como espinhos cortados que são queimados no fogo.
13 Ouvi, vós os que estais
longe, o que tenho feito; e vós, que estais vizinhos, reconhecei o meu poder.
14 Os pecadores de Sião se
assombraram; o tremor apoderou-se dos ímpios. Quem dentre nós pode habitar com
o fogo consumidor? quem dentre nós pode habitar com as labaredas eternas?
15 Aquele que anda em
justiça, e fala com retidão; aquele que rejeita o ganho da opressão; que sacode
as mãos para não receber peitas; o que tapa os ouvidos para não ouvir falar do
derramamento de sangue, e fecha os olhos para não ver o mal;
16 este habitará nas alturas;
as fortalezas das rochas serão o seu alto refúgio; dar-se-lhe-á o seu pão; as
suas águas serão certas.
17 Os teus olhos verão o rei
na sua formosura, e verão a terra que se estende em amplidão.
18 O teu coração meditará no
terror, dizendo: Onde está aquele que serviu de escrivão? onde está o que pesou
o tributo? onde está o que contou as torres?
19 Não verás mais aquele povo
feroz, povo de fala obscura, que não se pode compreender, e de língua tão
estranha que não se pode entender.
20 Olha para Sião, a cidade
das nossas festas solenes; os teus olhos verão a Jerusalém, habitação quieta,
tenda que não será removida, cujas estacas nunca serão arrancadas, e das suas
cordas nenhuma se quebrará.
21 Mas o Senhor ali estará
conosco em majestade, nesse lugar de largos rios e correntes, no qual não
entrará barco de remo, nem por ele passará navio grande.
22 Porque o Senhor é o nosso
juiz; o Senhor é nosso legislador; o Senhor é o nosso rei; ele nos salvará.
23 As tuas cordas ficaram
frouxas; elas não puderam ter firme o seu mastro, nem servir para estender a
vela; então a presa de abundantes despojos se repartirá; e ate os coxos
participarão da presa.
24 E morador nenhum dirá:
Enfermo estou; o povo que nela habitar será perdoado da sua iniqüidade.
»ISAÍAS [34]
1 Chegai-vos, nações, para
ouvir, e vós, povos, escutai; ouça a terra, e a sua plenitude, o mundo e tudo
quanto ele produz.
2 Porque a indignação do
Senhor está sobre todas as nações, e o seu furor sobre todo o exército delas;
ele determinou a sua destruição, entregou-as à matança.
3 E os seus mortos serão
arrojados, e dos seus cadáveres subirá o mau cheiro; e com o seu sangue os
montes se derreterão.
4 E todo o exército dos céus
se dissolverá, e o céu se enrolará como um livro; e todo o seu exército
desvanecerá, como desvanece a folha da vide e da figueira.
5 Pois a minha espada se
embriagou no céu; eis que sobre Edom descerá, e sobre o povo do meu anátema,
para exercer juízo.
6 A espada do Senhor está
cheia de sangue, está cheia de gordura, de sangue de cordeiros e de bodes, da
gordura dos rins de carneiros; porque o Senhor tem sacrifício em Bozra, e
grande matança na terra de Edom.
7 E os bois selvagens cairão
com eles, e os novilhos com os touros; e a sua terra embriagar-se-á de sangue,
e o seu pó se engrossará de gordura.
8 Pois o Senhor tem um dia de
vingança, um ano de retribuições pela causa de Sião.
9 E os ribeiros de Edom
transformar-se-ão em pez, e o seu solo em enxofre, e a sua terra tornar-se-á em
pez ardente.
10 Nem de noite nem de dia se
apagará; para sempre a sua fumaça subirá; de geração em geração será assolada;
pelos séculos dos séculos ninguém passará por ela.
11 Mas o pelicano e o ouriço
a possuirão; a coruja e o corvo nela habitarão; e ele estenderá sobre ela o
cordel de confusão e o prumo de vaidade.
12 Eles chamarão ao reino os
seus nobres, mas nenhum haverá; e todos os seus príncipes não serão coisa
nenhuma.
13 E crescerão espinhos nos seus
palácios, urtigas e cardos nas suas fortalezas; e será uma habitação de
chacais, um sítio para avestruzes.
14 E as feras do deserto se
encontrarão com hienas; e o sátiro clamará ao seu companheiro; e Lilite pousará
ali, e achará lugar de repouso para si.
15 Ali fará a coruja o seu
ninho, e porá os seus ovos, e aninhará os seus filhotes, e os recolherá debaixo
da sua sombra; também ali se ajuntarão os abutres, cada fêmea com o seu
companheiro.
16 Buscai no livro do Senhor,
e lede: nenhuma destas criaturas faltará, nenhuma será privada do seu
companheiro; porque é a boca dele que o ordenou, e é o seu espírito que os
ajuntou.
17 Ele mesmo lançou as sortes
por eles, e a sua mão lhes repartiu a terra com o cordel; para sempre a
possuirão; de geração em geração habitarão nela.
»ISAÍAS [35]
1 O deserto e a terra sedenta
se regozijarão; e o ermo exultará e florescerá;
2 como o narciso florescerá
abundantemente, e também exultará de júbilo e romperá em cânticos; dar-se-lhe-á
a glória do Líbano, a excelência do Carmelo e Sarom; eles verão a glória do
Senhor, a majestade do nosso Deus.
3 Fortalecei as mãos fracas,
e firmai os joelhos trementes.
4 Dizei aos turbados de
coração: Sede fortes, não temais; eis o vosso Deus! com vingança virá, sim com
a recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará.
5 Então os olhos dos cegos
serão abertos, e os ouvidos dos surdos se desimpedirão.
6 Então o coxo saltará como o
cervo, e a língua do mudo cantará de alegria; porque águas arrebentarão no
deserto e ribeiros no ermo.
7 E a miragem tornar-se-á em
lago, e a terra sedenta em mananciais de águas; e nas habitações em que jaziam
os chacais haverá erva com canas e juncos.
8 E ali haverá uma estrada,
um caminho que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas
será para os remidos. Os caminhantes, até mesmo os loucos, nele não errarão.
9 Ali não haverá leão, nem
animal feroz subirá por ele, nem se achará nele; mas os redimidos andarão por
ele.
10 E os resgatados do Senhor
voltarão; e virão a Sião com júbilo, e alegria eterna haverá sobre as suas
cabeças; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido.
»ISAÍAS [36]
1 No ano décimo quarto do rei
Ezequias Senaqueribe, rei da Assíria, subiu contra todas as cidades
fortificadas de Judá, e as tomou.
2 Ora, o rei da Assíria
enviou Rabsaqué, de Laquis a Jerusalém, ao rei Ezequias, com um grande
exército; e ele parou junto ao aqueduto da piscina superior, que está junto ao
caminho do campo do lavandeiro.
3 Então saíram a ter com ele
Eliaquim, filho de Hilquias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joá, filho de
Asafe, o cronista.
4 E Rabsaqué lhes disse: Ora,
dizei a Ezequias: Assim diz o grande rei, o rei da Assíria: Que confiança é
essa em que te estribas?
5 Bem posso eu dizer: Teu
conselho e poder para a guerra são apenas vãs palavras. Em quem pois agora
confias, visto que contra mim te rebelas?
6 Eis que confias no Egito,
aquele bordão de cana quebrada que, se alguém se apoiar nele, lhe entrará pela
mão, e a furará; assim é Faraó, rei do Egito, para com todos os que nele
confiam.
7 Mas se me disseres: No
Senhor, nosso Deus, confiamos; porventura não é esse aquele cujos altos e cujos
altares Ezequias tirou, e disse a Judá e a Jerusalém: Perante este altar
adorareis?
8 Ora, pois, faze uma aposta
com o meu senhor, o rei da Assíria; dar-te-ei dois mil cavalos, se tu puderes
dar cavaleiros para eles.
9 Como então poderás repelir
um só príncipe dos menores servos do meu senhor, quando confias no Egito pelos
carros e cavaleiros?
10 Porventura subi eu agora
sem o Senhor contra esta terra, para destruí-la? O Senhor mesmo me disse: Sobe
contra esta terra, e destrói-a.
11 Então disseram Eliaquim,
Sebna, e Joá, a Rabsaqué: Pedimos-te que fales aos teus servos em aramaico,
porque bem o entendemos; e não nos fales em judaico, aos ouvidos do povo que
está sobre o muro.
12 Rabsaqué, porém, disse:
Porventura mandou-me o meu senhor só ao teu senhor e a ti, para dizer estas
palavras e não aos homens que estão assentados sobre o muro, que juntamente
convosco hão de comer o próprio excremento e beber a própria urina?
13 Então Rabsaqué se pôs em
pé, e clamou em alta voz na língua judaica, e disse: Ouvi as palavras do grande
rei, do rei da Assíria.
14 Assim diz o rei: Não vos
engane Ezequias; porque não vos poderá livrar.
15 Nem tampouco Ezequias vos
faça confiar no Senhor, dizendo: Infalivelmente nos livrará o Senhor, e esta
cidade não será entregue nas mãos do rei da Assíria.
16 Não deis ouvidos a
Ezequias; porque assim diz o rei da Assíria: Fazei as vossas pazes comigo, e
saí a mim; e coma cada um da sua vide, e da sua figueira, e beba cada um da
água da sua cisterna;
17 até que eu venha, e vos
leve para uma terra semelhante à vossa, terra de trigo e de mosto, terra de pão
e de vinhas.
18 Guardai-vos, para que não
vos engane Ezequias, dizendo: O Senhor nos livrará. Porventura os deuses das
nações livraram cada um a sua terra das mãos do rei da Assíria?
19 Onde estão os deuses de
Hamate e de Arpade? onde estão os deuses de Sefarvaim? porventura livraram eles
a Samária da minha mão?
20 Quais dentre todos os
deuses destes países livraram a sua terra das minhas mãos, para que o Senhor
possa livrar a Jerusalém das minhas mãos?
21 Eles, porém, se calaram e
não lhe responderam palavra; porque havia mandado do rei, dizendo: Não lhe
respondais.
22 Então Eliaquim, filho de
Hilquias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joá, filho de Asafe, o cronista,
vieram a Ezequias, com as vestiduras rasgadas, e lhe referiram as palavras de
Rabsaqué.
»ISAÍAS [37]
1 Tendo ouvido isso o rei
Ezequias, rasgou as suas vestes, e se cobriu de saco, e entrou na casa do
Senhor.
2 Também enviou Eliaquim, o
mordomo, Sebna, o escrivão, e os anciãos dos sacerdotes, cobertos de saco, a
Isaías, filho de Amoz, o profeta,
3 para lhe dizerem: Assim diz
Ezequias: Este dia é dia de angústia e de vitupérios, e de blasfêmias, porque
chegados são os filhos ao parto, e força não há para os dar à luz.
4 Porventura o Senhor teu
Deus terá ouvido as palavras de Rabsaqué, a quem enviou o rei da Assíria, seu
amo, para afrontar o Deus vivo, e para o vituperar com as palavras que o Senhor
teu Deus tem ouvido; faze oração pelo resto que ficou.
5 Foram, pois, os servos do
rei Ezequias ter com Isaías,
6 e Isaías lhes disse: Dizei
a vosso amo: Assim diz o Senhor: Não temas à vista das palavras que ouviste, com
as quais os servos do rei da Assíria me blasfemaram.
7 Eis que meterei nele um
espírito, e ele ouvirá uma nova, e voltará para a sua terra; e fá-lo-ei cair
morto à espada na sua própria terra.
8 Voltou pois Rabsaqué, e
achou o rei da Assíria pelejando contra Libna; porque ouvira que se havia
retirado de Laquis.
9 Então ouviu ele dizer a
respeito de Tiraca, rei da Etiópia: Saiu para te fazer guerra. Assim que ouviu
isto, enviou mensageiros a Ezequias, dizendo:
10 Assim falareis a Ezequias,
rei de Judá: Não te engane o teu Deus, em quem confias, dizendo: Jerusalém não
será entregue na mão do rei da Assíria.
11 Eis que já tens ouvido o
que fizeram os reis da Assíria a todas as terras, destruindo-as totalmente; e
serás tu livrado?
12 Porventura as livraram os
deuses das nações que meus pais destruíram: Gozã, e Harã, e Rezefe, e os filhos
de Edem que estavam em Telassar?
13 Onde está o rei de Hamate,
e o rei de Arpade, e o rei da cidade de Sefarvaim, Hena e Iva?
14 Recebendo pois Ezequias as
cartas das mãos dos mensageiros, e lendo-as, subiu à casa do Senhor; e Ezequias
as estendeu perante o Senhor.
15 E orou Ezequias ao Senhor,
dizendo:
16 O Senhor dos exércitos,
Deus de Israel, tu que estás sentado sobre os querubins; tu, só tu, és o Deus
de todos os reinos da terra; tu fizeste o céu e a terra.
17 Inclina, ó Senhor, o teu
ouvido, e ouve; abre, Senhor, os teus olhos, e vê; e ouve todas as palavras de
Senaqueribe, as quais ele mandou para afrontar o Deus vivo.
18 Verdade é, Senhor, que os
reis da Assíria têm assolado todos os países, e suas terras,
19 e lançado no fogo os seus
deuses; porque deuses não eram, mas obra de mãos de homens, madeira e pedra;
por isso os destruíram.
20 Agora, pois, ó Senhor
nosso Deus, livra-nos da sua mão, para que todos os reinos da terra saibam que
só tu és o Senhor.
21 Então Isaías, filho de
Amoz, mandou dizer a Ezequias: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Portanto
me fizeste a tua súplica contra Senaqueribe, rei de Assíria,
22 esta é a palavra que o
Senhor falou a respeito dele: A virgem, a filha de Sião, te despreza, e de ti
zomba; a filha de Jerusalém meneia a cabeça por detrás de ti.
23 A quem afrontaste e de
quem blasfemaste? contra quem alçaste a voz e ergueste os teus olhos ao alto?
Contra o Santo de Israel.
24 Por meio de teus servos
afrontaste o Senhor, e disseste: Com a multidão dos meus carros subi eu aos
cumes dos montes, aos últimos recessos do Líbano; e cortei os seus altos cedros
e as suas faias escolhidas; e entrei no seu cume mais elevado, no bosque do seu
campo fértil.
25 Eu cavei, e bebi as águas;
e com as plantas de meus pés sequei todos os rios do Egito.
26 Não ouviste que já há
muito tempo eu fiz isso, e que já desde os dias antigos o tinha determinado?
Agora porém o executei, para que fosses tu o que reduzisses as cidades
fortificadas a montões de ruínas.
27 Por isso os seus
moradores, dispondo de pouca força, andaram atemorizados e envergonhados;
tornaram-se como a erva do campo, e como a relva verde, e como o feno dos
telhados ou dum campo, que se queimaram antes de amadurecer.
28 Mas eu conheço o teu
sentar, o teu sair e o teu entrar, e o teu furor contra mim.
29 Por causa do teu furor
contra mim, e porque a tua arrogância subiu até os meus ouvidos, portanto porei
o meu anzol no teu nariz e o meu freio na tua boca, e te farei voltar pelo
caminho por onde vieste.
30 E isto te será por sinal:
este ano comereis o que espontaneamente nascer, e no segundo ano o que daí
proceder; e no terceiro ano semeai e colhei, plantai vinhas, e comei os frutos
delas.
31 Pois o restante da casa de
Judá, que sobreviveu, tornará a lançar raízes para baixo, e dará fruto para
cima.
32 Porque de Jerusalém sairá
o restante, e do monte Sião os que escaparam; o zelo do Senhor dos exércitos
fará isso.
33 Portanto, assim diz o
Senhor acerca do rei da Assíria: Não entrará nesta cidade, nem lançará nela
flecha alguma; tampouco virá perante ela com escudo, ou levantará contra ela
tranqueira.
34 Pelo caminho por onde
veio, por esse voltará; mas nesta cidade não entrará, diz o Senhor.
35 Porque eu defenderei esta
cidade, para a livrar, por amor de mim e, por amor do meu servo Davi.
36 Então saiu o anjo do
Senhor, e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil; e quando
se levantaram pela manhã cedo, eis que todos estes eram corpos mortos.
37 Assim Senaqueribe, rei da
Assíria, se retirou, e se foi, e voltou, e habitou em Nínive.
38 E sucedeu que, enquanto
ele adorava na casa de Nisroque, seu deus, Adrameleb, que e Sarezer, seus
filhos, o mataram à espada; e escaparam para a terra de Arará. E Ezar-Hadom,
seu filho, reinou em seu lugar.
»ISAÍAS [38]
1 Naqueles dias Ezequias
adoeceu e esteve à morte. E veio ter com ele o profeta Isaías, filho de Amoz, e
lhe disse: Assim diz o Senhor: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás, e não
viverás.
2 Então virou Ezequias o seu
rosto para a parede, e orou ao Senhor,
3 e disse: Lembra-te agora, ó
Senhor, peço-te, de que modo tenho andado diante de ti em verdade, e com
coração perfeito, e tenho feito o que era reto aos teus olhos. E chorou
Ezequias amargamente.
4 Então veio a palavra do
Senhor a Isaías, dizendo:
5 Vai e dize a Ezequias:
Assim diz o Senhor, o Deus de Davi teu pai: Ouvi a tua oração, e vi as tuas
lágrimas; eis que acrescentarei aos teus dias quinze anos.
6 Livrar-te-ei das mãos do
rei da Assíria, a ti, e a esta cidade; eu defenderei esta cidade.
7 E isto te será da parte do
Senhor como sinal de que o Senhor cumprirá esta palavra que falou:
8 Eis que farei voltar atrás
dez graus a sombra no relógio de Acaz, pelos quais já declinou com o sol. Assim
recuou o sol dez graus pelos quais já tinha declinado.
9 O escrito de Ezequias, rei
de Judá, depois de ter estado doente, e de ter convalescido de sua enfermidade.
10 Eu disse: Na tranqüilidade
de meus dias hei de entrar nas portas do Seol; estou privado do resto de meus
anos.
11 Eu disse: Já não verei
mais ao Senhor na terra dos viventes; jamais verei o homem com os moradores do
mundo.
12 A minha habitação já foi
arrancada e arrebatada de mim, qual tenda de pastor; enrolei como tecelão a
minha vida; ele me corta do tear; do dia para a noite tu darás cabo de mim.
13 Clamei por socorro até a
madrugada; como um leão, assim ele quebrou todos os meus ossos; do dia para a
noite tu darás cabo de mim.
14 Como a andorinha, ou o
grou, assim eu chilreava; e gemia como a pomba; os meus olhos se cansavam de
olhar para cima; ó Senhor, ando oprimido! fica por meu fiador.
15 Que direi? como mo
prometeu, assim ele mesmo o cumpriu; assim passarei mansamente por todos os
meus anos, por causa da amargura da minha alma.
16 Ó Senhor por estas coisas
vivem os homens, e inteiramente nelas está a vida do meu espírito; portanto
restabelece-me, e faze-me viver.
17 Eis que foi para minha paz
que eu estive em grande amargura; tu, porém, amando a minha alma, a livraste da
cova da corrupção; porque lançaste para trás das tuas costas todos os meus
pecados.
18 Pois não pode louvar-te o
Seol, nem a morte cantar-te os louvores; os que descem para a cova não podem
esperar na tua verdade.
19 O vivente, o vivente é que
te louva, como eu hoje faço; o pai aos filhos faz notória a tua verdade.
20 O Senhor está prestes a
salvar-me; pelo que, tangendo eu meus instrumentos, nós o louvaremos todos os
dias de nossa vida na casa do Senhor.
21 Ora Isaías dissera: Tomem
uma pasta de figos, e a ponham como cataplasma sobre a úlcera; e Ezequias
sarará.
22 Também dissera Ezequias:
Qual será o sinal de que hei de subir à casa do Senhor?
»ISAÍAS [39]
1 Naquele tempo enviou
Merodaque-Baladã, filho de Baladã, rei de Babilônia, cartas e um presente a
Ezequias; porque tinha ouvido dizer que havia estado doente e que já tinha
convalescido.
2 E Ezequias se alegrou com
eles, e lhes mostrou a casa do seu tesouro, a prata, e o ouro, e as
especiarias, e os melhores ungüentos, e toda a sua casa de armas, e tudo quanto
se achava nos seus tesouros; coisa nenhuma houve, nem em sua casa, nem em todo
o seu domínio, que Ezequias lhes não mostrasse.
3 Então o profeta Isaías veio
ao rei Ezequias, e lhe perguntou: Que foi que aqueles homens disseram, e donde
vieram ter contigo? Respondeu Ezequias: Duma terra remota vieram ter comigo, de
Babilônia.
4 Ele ainda perguntou: Que
foi que viram em tua casa? Respondeu Ezequias: Viram tudo quanto há em minha
casa; coisa nenhuma há nos meus tesouros que eu deixasse de lhes mostrar.
5 Então disse Isaías a
Ezequias: Ouve a palavra do Senhor dos exércitos:
6 Eis que virão dias em que
tudo quanto houver em tua casa, juntamente com o que entesouraram teus pais até
o dia de hoje, será levado para Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o Senhor.
7 E dos teus filhos, que de
ti procederem, e que tu gerares, alguns serão levados cativos, para que sejam
eunucos no palácio do rei de Babilônia.
8 Então disse Ezequias a
Isaías: Tua é a palavra do Senhor que disseste. Disse mais: Porque haverá paz e
verdade em meus dias.
»ISAÍAS [40]
1 Consolai, consolai o meu
povo, diz o vosso Deus.
2 Falai benignamente a
Jerusalém, e bradai-lhe que já a sua malícia é acabada, que a sua iniqüidade
está expiada e que já recebeu em dobro da mão do Senhor, por todos os seus
pecados.
3 Eis a voz do que clama:
Preparai no deserto o caminho do Senhor; endireitai no ermo uma estrada para o
nosso Deus.
4 Todo vale será levantado, e
será abatido todo monte e todo outeiro; e o terreno acidentado será nivelado, e
o que é escabroso, aplanado.
5 A glória do Senhor se
revelará; e toda a carne juntamente a verá; pois a boca do Senhor o disse.
6 Uma voz diz: Clama.
Respondi eu: Que hei de clamar? Toda a carne é erva, e toda a sua beleza como a
flor do campo.
7 Seca-se a erva, e murcha a
flor, soprando nelas o hálito do Senhor. Na verdade o povo é erva.
8 Seca-se a erva, e murcha a
flor; mas a palavra de nosso Deus subsiste eternamente.
9 Tu, anunciador de
boas-novas a Sião, sobe a um monte alto. Tu, anunciador de boas-novas a
Jerusalém, levanta a tua voz fortemente; levanta-a, não temas, e dize às
cidades de Judá: Eis aqui está o vosso Deus.
10 Eis que o Senhor Deus virá
com poder, e o seu braço dominará por ele; eis que o seu galardão está com ele,
e a sua recompensa diante dele.
11 Como pastor ele
apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos, e os
levará no seu regaço; as que amamentam, ele as guiará mansamente.
12 Quem mediu com o seu punho
as águas, e tomou a medida dos céus aos palmos, e recolheu numa medida o pó da
terra e pesou os montes com pesos e os outeiros em balanças,
13 Quem guiou o Espírito do
Senhor, ou, como seu conselheiro o ensinou?
14 Com quem tomou ele
conselho, para que lhe desse entendimento, e quem lhe mostrou a vereda do
juízo? quem lhe ensinou conhecimento, e lhe mostrou o caminho de entendimento?
15 Eis que as nações são
consideradas por ele como a gota dum balde, e como o pó miúdo das balanças; eis
que ele levanta as ilhas como a uma coisa pequeníssima.
16 Nem todo o Líbano basta
para o fogo, nem os seus animais bastam para um holocausto.
17 Todas as nações são como
nada perante ele; são por ele reputadas menos do que nada, e como coisa vã.
18 A quem, pois, podeis
assemelhar a Deus? ou que figura podeis comparar a ele?
19 Quanto ao ídolo, o
artífice o funde, e o ourives o cobre de ouro, e forja cadeias de prata para
ele.
20 O empobrecido, que não
pode oferecer tanto, escolhe madeira que não apodrece; procura para si um
artífice perito, para gravar uma imagem que não se pode mover.
21 Porventura não sabeis?
porventura não ouvis? ou desde o princípio não se vos notificou isso mesmo? ou
não tendes entendido desde a fundação da terra?
22 E ele o que está assentado
sobre o círculo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele o
que estende os céus como cortina, e o desenrola como tenda para nela habitar.
23 E ele o que reduz a nada
os príncipes, e torna em coisa vã os juízes da terra.
24 Na verdade, mal se tem
plantado, mal se tem semeado e mal se tem arraigado na terra o seu tronco,
quando ele sopra sobre eles, e secam-se, e a tempestade os leva como à pragana.
25 A quem, pois, me
comparareis, para que eu lhe seja semelhante? diz o Santo.
26 Levantai ao alto os vossos
olhos, e vede: quem criou estas coisas? Foi aquele que faz sair o exército
delas segundo o seu número; ele as chama a todas pelos seus nomes; por ser ele
grande em força, e forte em poder, nenhuma faltará.
27 Por que dizes, ó Jacó, e
falas, ó Israel: O meu caminho está escondido ao Senhor, e o meu juízo passa
despercebido ao meu Deus?
28 Não sabes, não ouviste que
o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos confins da terra, não se cansa nem se
fatiga? E inescrutável o seu entendimento.
29 Ele dá força ao cansado, e
aumenta as forças ao que não tem nenhum vigor.
30 Os jovens se cansarão e se
fatigarão, e os mancebos cairão,
31 mas os que esperam no
Senhor renovarão as suas forças; subirão com asas como águias; correrão, e não
se cansarão; andarão, e não se fatigarão.
»ISAÍAS [41]
1 Calai-vos diante de mim, ó
ilhas; e renovem os povos as forças; cheguem-se, e então falem; cheguemo-nos
juntos a juizo.
2 Quem suscitou do Oriente
aquele cujos passos a vitória acompanha? Quem faz que as nações se lhe submetam
e que ele domine sobre reis? Ele os entrega à sua espada como o pó, e ao seu
arco como pragana arrebatada pelo vento.
3 Ele os persegue, e passa
adiante em segurança, até por uma vereda em que com os seus pés nunca tinha
trilhado.
4 Quem operou e fez isto,
chamando as gerações desde o princípio? Eu, o Senhor, que sou o primeiro, e que
com os últimos sou o mesmo.
5 As ilhas o viram, e
temeram; os confins da terra tremeram; aproximaram-se, e vieram.
6 um ao outro ajudou, e ao
seu companheiro disse: Esforça-te.
7 Assim o artífice animou ao
ourives, e o que alisa com o martelo ao que bate na bigorna, dizendo da coisa
soldada: Boa é. Então com pregos a segurou, para que não viesse a mover-se.
8 Mas tu, ó Israel, servo
meu, tu Jacó, a quem escolhi, descendência de Abraão,
9 tomei desde os confins da
terra, e te chamei desde os seus cantos, e te disse: Tu és o meu servo, a ti te
escolhi e não te rejeitei;
10 não temas, porque eu sou
contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo,
e te sustento com a destra da minha justiça.
11 Eis que envergonhados e
confundidos serão todos os que se irritam contra ti; tornar-se-ão em nada; e os
que contenderem contigo perecerão.
12 Quanto aos que pelejam
contigo, buscá-los-ás, mas não os acharás; e os que guerreiam contigo
tornar-se-ão em nada e perecerão.
13 Porque eu, o Senhor teu
Deus, te seguro pela tua mão direita, e te digo: Não temas; eu te ajudarei.
14 Não temas, ó bichinho de
Jacó, nem vós, povozinho de Israel; eu te ajudo, diz o Senhor, e o teu redentor
é o Santo de Israel.
15 Eis que farei de ti um
trilho novo, que tem dentes agudos; os montes trilharás e os moerás, e os
outeiros tornarás como a pragana.
16 Tu os padejarás e o vento
os levará, e o redemoinho os espalhará; e tu te alegrarás no Senhor e te
gloriarás no Santo de Israel.
17 Os pobres e necessitados
buscam água, e não há, e a sua língua se seca de sede; mas eu o Senhor os
ouvirei, eu o Deus de Israel não os desampararei.
18 Abrirei rios nos altos
desnudados, e fontes no meio dos vales; tornarei o deserto num lago d'água, e a
terra seca em mananciais.
19 Plantarei no deserto o
cedro, a acácia, a murta, e a oliveira; e porei no ermo juntamente a faia, o
olmeiro e o buxo;
20 para que todos vejam, e
saibam, e considerem, e juntamente entendam que a mão do Senhor fez isso, e o
Santo de Israel o criou.
21 Apresentai a vossa
demanda, diz o Senhor; trazei as vossas firmes razões, diz o Rei de Jacó.
22 Tragam-nas, e assim nos
anunciem o que há de acontecer; anunciai-nos as coisas passadas, quais são,
para que as consideremos, e saibamos o fim delas; ou mostrai-nos coisas
vindouras.
23 Anunciai-nos as coisas que
ainda hão de vir, para que saibamos que sois deuses; fazei bem, ou fazei mal,
para que nos assombremos, e fiquemos atemorizados.
24 Eis que vindes do nada, e
a vossa obra do que nada é; abominação é quem vos escolhe.
25 Do norte suscitei a um que
já é chegado; do nascente do sol a um que invoca o meu nome; e virá sobre os
magistrados como sobre o lodo, e como o oleiro pisa o barro.
26 Quem anunciou isso desde o
princípio, para que o possamos saber? ou dantes, para que digamos: Ele é justo?
Mas não há quem anuncie, nem tampouco quem manifeste, nem tampouco quem ouça as
vossas palavras.
27 Eu sou o que primeiro
direi a Sião: Ei-los, ei-los; e a Jerusalém darei um mensageiro que traz
boas-novas.
28 E quando eu olho, não há
ninguém; nem mesmo entre eles há conselheiro que possa responder palavra,
quando eu lhes perguntar.
29 Eis que todos são vaidade.
As suas obras não são coisa alguma; as suas imagens de fundição são vento e
coisa vã.
»ISAÍAS [42]
1 Eis aqui o meu servo, a
quem sustenho; o meu escolhido, em quem se compraz a minha alma; pus o meu
espírito sobre ele. ele trará justiça às nações.
2 Não clamará, não se
exaltará, nem fará ouvir a sua voz na rua.
3 A cana trilhada, não a
quebrará, nem apagará o pavio que fumega; em verdade trará a justiça;
4 não faltará nem será
quebrantado, até que ponha na terra a justiça; e as ilhas aguardarão a sua lei.
5 Assim diz Deus, o Senhor,
que criou os céus e os desenrolou, e estendeu a terra e o que dela procede; que
dá a respiração ao povo que nela está, e o espírito aos que andam nela.
6 Eu o Senhor te chamei em
justiça; tomei-te pela mão, e te guardei; e te dei por pacto ao povo, e para
luz das nações;
7 para abrir os olhos dos
cegos, para tirar da prisão os presos, e do cárcere os que jazem em trevas.
8 Eu sou o Senhor; este é o
meu nome; a minha glória, pois, a outrem não a darei, nem o meu louvor às
imagens esculpidas.
9 Eis que as primeiras coisas
já se realizaram, e novas coisas eu vos anuncio; antes que venham à luz, vo-las
faço ouvir.
10 Cantai ao Senhor um
cântico novo, e o seu louvor desde a extremidade da terra, vós, os que navegais
pelo mar, e tudo quanto há nele, vós ilhas, e os vossos habitantes.
11 Alcem a voz o deserto e as
suas cidades, com as aldeias que Quedar habita; exultem os que habitam nos
penhascos, e clamem do cume dos montes.
12 Dêem glória ao Senhor, e
anunciem nas ilhas o seu louvor.
13 O Senhor sai como um
valente, como homem de guerra desperta o zelo; clamará, e fará grande ruído, e
mostrar-se-á valente contra os seus inimigos.
14 Por muito tempo me calei;
estive em silêncio, e me contive; mas agora darei gritos como a que está de
parto, arfando e arquejando.
15 Os montes e outeiros
tornarei em deserto, e toda a sua erva farei secar; e tornarei os rios em
ilhas, e secarei as lagoas.
16 E guiarei os cegos por um
caminho que não conhecem; fá-los-ei caminhar por veredas que não têm conhecido;
tornarei as trevas em luz perante eles, e aplanados os caminhos escabrosos.
Estas coisas lhes farei; e não os desampararei.
17 Tornados para trás e
cobertos de vergonha serão os que confiam em imagens esculpidas, que dizem às
imagens de fundição: Vós sois nossos deuses.
18 Surdos, ouvi; e vós,
cegos, olhai, para que possais ver.
19 Quem é cego, senão o meu
servo, ou surdo como o meu mensageiro, que envio? e quem é cego como o meu
dedicado, e cego como o servo do Senhor?
20 Tu vês muitas coisas, mas
não as guardas; ainda que ele tenha os ouvidos abertos, nada ouve.
21 Foi do agrado do Senhor,
por amor da sua justiça, engrandecer a lei e torná-la gloriosa.
22 Mas este é um povo roubado
e saqueado; todos estão enlaçados em cavernas, e escondidos nas casas dos
cárceres; são postos por presa, e ninguém há que os livre; por despojo, e
ninguém diz: Restitui.
23 Quem há entre vós que a
isso dará ouvidos? que atenderá e ouvirá doravante?
24 Quem entregou Jacó por
despojo, e Israel aos roubadores? porventura não foi o Senhor, aquele contra
quem pecamos, e em cujos caminhos eles não queriam andar, e cuja lei não queriam
observar?
25 Pelo que o Senhor derramou
sobre Israel a indignação da sua ira, e a violência da guerra; isso lhe ateou
fogo ao redor; contudo ele não o percebeu; e o queimou; contudo ele não se
compenetrou disso.
»ISAÍAS [43]
1 Mas agora, assim diz o
Senhor que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te
remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.
2 Quando passares pelas
águas, eu serei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando
passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.
3 Porque eu sou o Senhor teu
Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; por teu resgate dei o Egito, e em teu
lugar a Etiópia e Seba.
4 Visto que foste precioso
aos meus olhos, e és digno de honra e eu te amo, portanto darei homens por ti,
e es povos pela tua vida.
5 Não temas, pois, porque eu
sou contigo; trarei a tua descendência desde o Oriente, e te ajuntarei desde o
Ocidente.
6 Direi ao Norte: Dá; e ao
Sul: Não retenhas; trazei meus filhos de longe, e minhas filhas das extremidades
da terra;
7 a todo aquele que é chamado
pelo meu nome, e que criei para minha glória, e que formei e fiz.
8 Fazei sair o povo que é
cego e tem olhos; e os surdos que têm ouvidos.
9 Todas as nações se
congreguem, e os povos se reunam; quem dentre eles pode anunciar isso, e
mostrar-nos coisas já passadas? apresentem as suas testemunhas, para que se
justifiquem; e para que se ouça, e se diga: Verdade é.
10 Vós sois as minhas
testemunhas, do Senhor, e o meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e me
creiais e entendais que eu sou o mesmo; antes de mim Deus nenhum se formou, e
depois de mim nenhum haverá.
11 Eu, eu sou o Senhor, e
fora de mim não há salvador.
12 Eu anunciei, e eu salvei,
e eu o mostrei; e deus estranho não houve entre vós; portanto vós sois as
minhas testemunhas, diz o Senhor.
13 Eu sou Deus; também de
hoje em diante, eu o sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos;
operando eu, quem impedirá?
14 Assim diz o Senhor, vosso
Redentor, o Santo de Israel: Por amor de vós enviarei a Babilônia, e a todos os
fugitivos farei embarcar até os caldeus, nos navios com que se vangloriavam.
15 Eu sou o Senhor, vosso
Santo, o Criador de Israel, vosso Rei.
16 Assim diz o Senhor, o que
preparou no mar um caminho, e nas águas impetuosas uma vereda;
17 o que faz sair o carro e o
cavalo, o exército e a força; eles juntamente se deitam, e jamais se
levantarão; estão extintos, apagados como uma torcida.
18 Não vos lembreis das
coisas passadas, nem considereis as antigas.
19 Eis que faço uma coisa
nova; agora está saindo à luz; porventura não a percebeis? eis que porei um
caminho no deserto, e rios no ermo.
20 Os animais do campo me
honrarão, os chacais e os avestruzes; porque porei águas no deserto, e rios no
ermo, para dar de beber ao meu povo, ao meu escolhido,
21 esse povo que formei para
mim, para que publicasse o meu louvor.
22 Contudo tu não me
invocaste a mim, ó Jacó; mas te cansaste de mim, ó Israel.
23 Não me trouxeste o gado
miúdo dos teus holocaustos, nem me honraste com os teus sacrifícios; não te fiz
servir com ofertas, nem te fatiguei com incenso.
24 Não me compraste por
dinheiro cana aromática, nem com a gordura dos teus sacrifícios me
satisfizeste; mas me deste trabalho com os teus pecados, e me cansaste com as
tuas iniqüidades.
25 Eu, eu mesmo, sou o que
apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro.
26 Procura lembrar-me;
entremos juntos em juizo; apresenta as tuas razões, para que te possas
justificar!
27 Teu primeiro pai pecou, e
os teus intérpretes prevaricaram contra mim.
28 Pelo que profanei os
príncipes do santuário; e entreguei Jacó ao anátema, e Israel ao opróbrio.
»ISAÍAS [44]
1 Agora, pois, ouve, ó Jacó,
servo meu, ó Israel, a quem escolhi.
2 Assim diz o Senhor que te
criou e te formou desde o ventre, e que te ajudará: Não temas, ó Jacó, servo
meu, e tu, Jesurum, a quem escolhi.
3 Porque derramarei água
sobre o sedento, e correntes sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito
sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre a tua descendência;
4 e brotarão como a erva,
como salgueiros junto às correntes de águas.
5 Este dirá: Eu sou do
Senhor; e aquele se chamará do nome de Jacó; e aquele outro escreverá na
própria mão: Eu sou do Senhor; e por sobrenome tomará o nome de Israel.
6 Assim diz o Senhor, Rei de
Israel, seu Redentor, o Senhor dos exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o
último, e fora de mim não há Deus.
7 Quem há como eu? Que o
proclame e o exponha perante mim! Quem tem anunciado desde os tempos antigos as
coisas vindouras? Que nos anuncie as que ainda hão de vir.
8 Não vos assombreis, nem
temais; porventura não vo-lo declarei há muito tempo, e não vo-lo anunciei? Vós
sois as minhas testemunhas! Acaso há outro Deus além de mim? Não, não há Rocha;
não conheço nenhuma.
9 Todos os artífices de
imagens esculpidas são nada; e as suas coisas mais desejáveis são de nenhum
préstimo; e suas próprias testemunhas nada vêem nem entendem, para que eles
sejam confundidos.
10 Quem forma um deus, e
funde uma imagem de escultura, que é de nenhum préstimo?
11 Eis que todos os seus
seguidores ficarão confundidos; e os artífices são apenas homens; ajuntem-se
todos, e se apresentem; assombrar-se-ão, e serão juntamente confundidos.
12 O ferreiro faz o machado,
e trabalha nas brasas, e o forja com martelos, e o forja com o seu forte braço;
ademais ele tem fome, e a sua força falta; não bebe água, e desfalece.
13 O carpinteiro estende a
régua sobre um pau, e com lápis esboça um deus; dá-lhe forma com o cepilho;
torna a esboçá-lo com o compasso; finalmente dá-lhe forma à semelhança dum
homem, segundo a beleza dum homem, para habitar numa casa.
14 Um homem corta para si
cedros, ou toma um cipreste, ou um carvalho; assim escolhe dentre as árvores do
bosque; planta uma faia, e a chuva a faz crescer.
15 Então ela serve ao homem
para queimar: da madeira toma uma parte e com isso se aquenta; acende um fogo e
assa o pão; também faz um deus e se prostra diante dele; fabrica uma imagem de
escultura, e se ajoelha diante dela.
16 Ele queima a metade no
fogo, e com isso prepara a carne para comer; faz um assado, e dele se farta;
também se aquenta, e diz: Ah! já me aquentei, já vi o fogo.
17 Então do resto faz para si
um deus, uma imagem de escultura; ajoelha-se diante dela, prostra-se, e lhe
dirige a sua súplica dizendo: Livra-me porquanto tu és o meu deus.
18 Nada sabem, nem entendem;
porque se lhe untaram os olhos, para que não vejam, e o coração, para que não
entendam.
19 E nenhum deles reflete; e
não têm conhecimento nem entendimento para dizer: Metade queimei no fogo, e
assei pão sobre as suas brasas; fiz um assado e dele comi; e faria eu do resto
uma abominação? ajoelhar-me-ei ao que saiu duma árvore?
20 Apascenta-se de cinza. O
seu coração enganado o desviou, de maneira que não pode livrar a sua alma, nem
dizer: Porventura não há uma mentira na minha mão direita?
21 Lembra-te destas coisas, ó
Jacó, sim, tu ó Israel; porque tu és meu servo! Eu te formei, meu servo és tu;
ó Israel não te esquecerei de ti.
22 Apagai as tuas
transgressões como a névoa, e os teus pecados como a nuvem; torna-te para mim,
porque eu te remi.
23 Cantai alegres, vós, ó
céus, porque o Senhor fez isso; exultai vós, as partes mais baixas da terra;
vós, montes, retumbai com júbilo; também vós, bosques, e todas as árvores em
vós; porque o Senhor remiu a Jacó, e se glorificará em Israel.
24 Assim diz o Senhor, teu
Redentor, e que te formou desde o ventre: Eu sou o Senhor que faço todas as
coisas, que sozinho estendi os céus, e espraiei a terra (quem estava comigo?);
25 que desfaço os sinais dos
profetas falsos, e torno loucos os adivinhos, que faço voltar para trás os
sábios, e converto em loucura a sua ciência;
26 sou eu que confirmo a
palavra do meu servo, e cumpro o conselho dos meus mensageiros; que digo de
Jerusalém: Ela será habitada; e das cidades de Judá: Elas serão edificadas, e
eu levantarei as suas ruínas;
27 que digo ao abismo:
Seca-te, eu secarei os teus rios;
28 que digo de Ciro: Ele é
meu pastor, e cumprira tudo o que me apraz; de modo que ele também diga de
Jerusalém: Ela será edificada, e o fundamento do templo será lançado.
»ISAÍAS [45]
1 Assim diz o Senhor ao seu
ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater nações diante de sua
face, e descingir os lombos dos reis; para abrir diante dele as portas, e as
portas não se fecharão;
2 eu irei adiante de ti, e
tornarei planos os lugares escabrosos; quebrarei as portas de bronze, e
despedaçarei os ferrolhos de ferro.
3 Dar-te-ei os tesouros das
trevas, e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o Senhor, o Deus de
Israel, que te chamo pelo teu nome.
4 Por amor de meu servo Jacó,
e de Israel, meu escolhido, eu te chamo pelo teu nome; ponho-te o teu
sobrenome, ainda que não me conheças.
5 Eu sou o Senhor, e não há
outro; fora de mim não há Deus; eu te cinjo, ainda que tu não me conheças.
6 Para que se saiba desde o
nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o
Senhor, e não há outro.
7 Eu formo a luz, e crio as
trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu sou o Senhor, que faço todas estas coisas.
8 Destilai vós, céus, dessas
alturas a justiça, e chovam-na as nuvens; abra-se a terra, e produza a salvação
e ao mesmo tempo faça nascer a justiça; eu, o Senhor, as criei:
9 Ai daquele que contende com
o seu Criador! o caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao
que o formou: Que fazes? ou dirá a tua obra: Não tens mãos?
10 Ai daquele que diz ao pai:
Que é o que geras? e à mulher: Que dás tu à luz?
11 Assim diz o Senhor, o
Santo de Israel, aquele que o formou: Perguntai-me as coisas futuras;
demandai-me acerca de meus filhos, e acerca da obra das minhas mãos.
12 Eu é que fiz a terra, e
nela criei o homem; as minhas mãos estenderam os céus, e a todo o seu exército
dei as minhas ordens.
13 Eu o despertei em justiça,
e todos os seus caminhos endireitarei; ele edificará a minha cidade, e
libertará os meus cativos, não por preço nem por presentes, diz o Senhor dos
exércitos.
14 Assim diz o Senhor: A
riqueza do Egito, e as mercadorias da Etiópia, e os sabeus, homens de alta
estatura, passarão para ti, e serão teus; irão atrás de ti; em grilhões virão;
e, prostrando-se diante de ti, far-te-ão as suas súplicas, dizendo: Deus está
contigo somente; e não há nenhum outro Deus.
15 Verdadeiramente tu és um
Deus que te ocultas, ó Deus de Israel, o Salvador.
16 Envergonhar-se-ão, e
também se confundirão todos; cairão juntos em ignomínia os que fabricam ídolos.
17 Mas Israel será salvo pelo
Senhor, com uma salvação eterna; pelo que não sereis jamais envergonhados nem
confundidos em toda a eternidade.
18 Porque assim diz o Senhor,
que criou os céus, o Deus que formou a terra, que a fez e a estabeleceu, não a
criando para ser um caos, mas para ser habitada: Eu sou o Senhor e não há
outro.
19 Não falei em segredo,
nalgum lugar tenebroso da terra; não disse à descendência de Jacó: Buscai-me no
caos; eu, o Senhor, falo a justiça, e proclamo o que é reto.
20 Congregai-vos, e vinde;
chegai-vos juntos, os que escapastes das nações; nada sabem os que conduzem em
procissão as suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus
que não pode salvar.
21 Anunciai e apresentai as
razões: tomai conselho todos juntos. Quem mostrou isso desde a antigüidade?
quem de há muito o anunciou? Porventura não sou eu, o Senhor? Pois não há outro
Deus senão eu; Deus justo e Salvador não há além de mim.
22 Olhai para mim, e sereis
salvos, vós, todos os confins da terra; porque eu sou Deus, e não há outro.
23 Por mim mesmo jurei; já
saiu da minha boca a palavra de justiça, e não tornará atrás. Diante de mim se
dobrará todo joelho, e jurará toda língua.
24 De mim se dirá: Tão
somente no senhor há justiça e força. A ele virão, envergonhados, todos os que
se irritarem contra ele.
25 Mas no Senhor será
justificada e se gloriará toda a descendência de Israel.
»ISAÍAS [46]
1 Bel se encurva, Nebo se
abaixa; os seus ídolos são postos sobre os animais, sobre as bestas; essas
cargas que costumáveis levar são pesadas para as bestas já cansadas.
2 Eles juntamente se abaixam
e se encurvam; não podem salvar a carga, mas eles mesmos vão para o cativeiro.
3 Ouvi-me, ó casa de Jacó, e
todo o resto da casa de Israel, vós que por mim tendes sido carregados desde o
ventre, que tendes sido levados desde a madre.
4 Até a vossa velhice eu sou
o mesmo, e ainda até as cãs eu vos carregarei; eu vos criei, e vos levarei;
sim, eu vos carregarei e vos livrarei.
5 A quem me assemelhareis, e
com quem me igualareis e me comparareis, para que sejamos semelhantes?
6 Os que prodigalizam o ouro
da bolsa, e pesam a prata nas balanças, assalariam o ourives, e ele faz um
deus; e diante dele se prostram e adora,
7 Eles o tomam sobre os
ombros, o levam, e o colocam no seu lugar, e ali permanece; do seu lugar não se
pode mover; e, se recorrem a ele, resposta nenhuma dá, nem livra alguém da sua
tribulação.
8 Lembrai-vos, disto, e
considerai; trazei-o à memória, ó transgressores.
9 Lembrai-vos das coisas
passadas desde a antigüidade; que eu sou Deus, e não há outro; eu sou Deus, e
não há outro semelhante a mim;
10 que anuncio o fim desde o
princípio, e desde a antigüidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O
meu conselho subsistirá, e farei toda a minha vontade;
11 chamando do oriente uma
ave de rapina, e dum país remoto o homem do meu conselho; sim, eu o disse, e eu
o cumprirei; formei esse propósito, e também o executarei.
12 Ouvi-me, ó duros de
coração, os que estais longe da justiça.
13 Faço chegar a minha
justiça; e ela não está longe, e a minha salvação não tardará; mas
estabelecerei a salvação em Sião, e em Israel a minha glória.
»ISAÍAS [47]
1 Desce, e assenta-te no pó,
ó virgem filha de Babilônia; assenta-te no chão sem trono, ó filha dos caldeus,
porque nunca mais serás chamada a mimosa nem a delicada.
2 Toma a mó, e mói a farinha;
remove o teu véu, suspende a cauda da tua vestidura, descobre as pernas e passa
os rios.
3 A tua nudez será
descoberta, e ver-se-á o teu opróbrio; tomarei vingança, e não pouparei a homem
algum.
4 Quanto ao nosso Redentor, o
Senhor dos exércitos é o seu nome, o Santo de Israel.
5 Assenta-te calada, e entra
nas trevas, ó filha dos caldeus; porque não serás chamada mais a senhora de
reinos.
6 Muito me agastei contra o
meu povo, profanei a minha herança, e os entreguei na tua mão; não usaste de
misericórdia para com eles, e até sobre os velhos fizeste muito pesado o teu
jugo.
7 E disseste: Eu serei
senhora para sempre; de sorte que até agora não tomaste a peito estas coisas,
nem te lembraste do fim delas.
8 Agora pois ouve isto, tu
que és dada a prazeres, que habitas descuidada, que dizes no teu coração: Eu
sou, e fora de mim não há outra; não ficarei viúva, nem conhecerei a perda de
filhos.
9 Mas ambas estas coisas
virão sobre ti num momento, no mesmo dia, perda de filhos e viuvez; em toda a
sua plenitude virão sobre ti, apesar da multidão das tuas feitiçarias, e da
grande abundância dos teus encantamentos.
10 Porque confiaste na tua
maldade e disseste: Ninguém me vê; a tua sabedoria e o teu conhecimento, essas
coisas te perverteram; e disseste no teu coração: Eu sou, e fora de mim não há
outra.
11 Pelo que sobre ti virá o
mal de que por encantamentos não saberás livrar-te; e tal destruição cairá
sobre ti, que não a poderás afastar; e virá sobre ti de repente tão tempestuosa
desolação, que não a poderás conhecer.
12 Deixa-te estar com os teus
encantamentos, e com a multidão das tuas feitiçarias em que te hás fatigado
desde a tua mocidade, a ver se podes tirar proveito, ou se porventura podes
inspirar terror.
13 Cansaste-te na multidão
dos teus conselhos; levantem-se pois agora e te salvem os astrólogos, que
contemplam os astros, e os que nas luas novas prognosticam o que há de vir
sobre ti.
14 Eis que são como restolho;
o logo os queimará; não poderão livrar-se do poder das chamas; pois não é um
braseiro com que se aquentar, nem fogo para se sentar junto dele.
15 Assim serão para contigo
aqueles com quem te hás fatigado, os que tiveram negócios contigo desde a tua
mocidade; andarão vagueando, cada um pelo seu caminho; não haverá quem te
salve.
»ISAÍAS [48]
1 Ouvi isto, casa de Jacó,
que vos chamais do nome de Israel, e saístes dos lombos de Judá, que jurais
pelo nome do Senhor, e fazeis menção do Deus de Israel, mas não em verdade nem
em justiça.
2 E até da santa cidade tomam
o nome, e se firmam sobre o Deus de Israel; o Senhor dos exércitos é o seu
nome.
3 Desde a antigüidade
anunciei as coisas que haviam de ser; da minha boca é que saíram, e eu as fiz
ouvir; de repente as pus por obra, e elas aconteceram.
4 Porque eu sabia que és
obstinado, que a tua cerviz é um nervo de ferro, e a tua testa de bronze.
5 Há muito tas anunciei, e as
manifestei antes que acontecessem, para que não dissesses: O meu ídolo fez
estas coisas, ou a minha imagem de escultura, ou a minha imagem de fundição as
ordenou.
6 Já o tens ouvido; olha bem
para tudo isto; porventura não o anunciarás? Desde agora te mostro coisas novas
e ocultas, que não sabias.
7 São criadas agora, e não de
há muito, e antes deste dia não as ouviste, para que não digas: Eis que já eu
as sabia.
8 Tu nem as ouviste, nem as
conheceste, nem tampouco há muito foi aberto o teu ouvido; porque eu sabia que
procedeste muito perfidamente, e que eras chamado transgressor desde o ventre.
9 Por amor do meu nome
retardo a minha ira, e por causa do meu louvor me contenho para contigo, para
que eu não te extermine.
10 Eis que te purifiquei, mas
não como a prata; provei-te na fornalha da aflição,
11 Por amor de mim, por amor
de mim o faço; porque como seria profanado o meu nome? A minha glória não a
darei a outrem,
12 Escuta-me, ó Jacó, e tu, ó
Israel, a quem chamei; eu sou o mesmo, eu o primeiro, eu também o último.
13 Também a minha mão fundou
a terra, e a minha destra estendeu os céus; quando eu os chamo, eles aparecem
juntos.
14 Ajuntai-vos todos vós, e
ouvi: Quem, dentre eles, tem anunciado estas coisas? Aquele a quem o Senhor
amou executará a sua vontade contra Babilônia, e o seu braço será contra os
caldeus.
15 Eu, eu o tenho dito;
também já o chamei; eu o trouxe, e o seu caminho será próspero.
16 Chegai-vos a mim, ouvi
isto: Não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que aquilo se
fez, eu estava ali; e agora o Senhor Deus me enviou juntamente com o seu
Espírito.
17 Assim diz o Senhor, o teu
Redentor, o Santo de Israel: Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te ensina o que é
útil, e te guia pelo caminho em que deves andar.
18 Ah! se tivesses dado ouvidos
aos meus mandamentos! então seria a tua paz como um rio, e a tua justiça como
as ondas do mar;
19 também a tua descendência
teria sido como a areia, e os que procedem das tuas entranhas como os seus
grãos; o seu nome nunca seria cortado nem destruído de diante de mim.
20 Saí de Babilônia, fugi de
entre os caldeus. E anunciai com voz de júbilo, fazei ouvir isto, e levai-o até
o fim da terra; dizei: O Senhor remiu a seu servo Jacó;
21 e não tinham sede, quando
os levava pelos desertos; fez-lhes correr água da rocha; fendeu a rocha, e as
águas jorraram.
22 Não há paz para os ímpios,
diz o Senhor.
»ISAÍAS [49]
1 Ouvi-me, ilhas, e escutai
vós, povos de longe: O Senhor chamou-me desde o ventre, desde as entranhas de
minha mãe fez menção do meu nome
2 e fez a minha boca qual
espada aguda; na sombra da sua mão me escondeu; fez-me qual uma flecha polida,
e me encobriu na sua aljava;
3 e me disse: Tu és meu
servo; és Israel, por quem hei de ser glorificado.
4 Mas eu disse: Debalde tenho
trabalhado, inútil e vãmente gastei as minhas forças; todavia o meu direito
está perante o Senhor, e o meu galardão perante o meu Deus.
5 E agora diz o Senhor, que
me formou desde o ventre para ser o seu servo, para tornar a trazer-lhe Jacó, e
para reunir Israel a ele (pois aos olhos do Senhor sou glorificado, e o meu
Deus se fez a minha força).
6 Sim, diz ele: Pouco é que
sejas o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó, e tornares a trazer os
preservados de Israel; também te porei para luz das nações, para seres a minha
salvação até a extremidade da terra.
7 Assim diz o Senhor, o
Redentor de Israel, e o seu Santo, ao que é desprezado dos homens, ao que é
aborrecido das nações, ao servo dos tiranos: Os reis o verão e se levantarão,
como também os príncipes, e eles te adorarão, por amor do Senhor, que é fiel, e
do Santo de Israel, que te escolheu.
8 Assim diz o Senhor: No
tempo aceitável te ouvi, e no dia da salvação te ajudei; e te guardarei, e te
darei por pacto do povo, para restaurares a terra, e lhe dares em herança as
herdades assoladas;
9 para dizeres aos presos:
Saí; e aos que estão em trevas: Aparecei; eles pastarão nos caminhos, e em
todos os altos desnudados haverá o seu pasto.
10 Nunca terão fome nem sede;
não os afligirá nem a calma nem o sol; porque o que se compadece deles os
guiará, e os conduzirá mansamente aos mananciais das águas.
11 Farei de todos os meus
montes um caminho; e as minhas estradas serão exaltadas.
12 Eis que estes virão de
longe, e eis que aqueles do Norte e do Ocidente, e aqueles outros da terra de
Sinim.
13 Cantai, ó céus, e exulta,
ó terra, e vós, montes, estalai de júbilo, porque o Senhor consolou o seu povo,
e se compadeceu dos seus aflitos.
14 Mas Sião diz: O Senhor me
desamparou, o meu Senhor se esqueceu de mim.
15 pode uma mulher esquecer-se
de seu filho de peito, de maneira que não se compadeça do filho do seu ventre?
Mas ainda que esta se esquecesse, eu, todavia, não me esquecerei de ti.
16 Eis que nas palmas das
minhas mãos eu te gravei; os teus muros estão continuamente diante de mim.
17 Os teus filhos
pressurosamente virão; mas os teus destruidores e os teus assoladores sairão do
meio de ti.
18 Levanta os teus olhos ao
redor, e olha; todos estes que se ajuntam vêm ter contigo. Vivo eu, diz o
Senhor, que de todos estes te vestirás, como dum ornamento, e te cingirás deles
como a noiva.
19 Pois quanto aos teus
desertos, e lugares desolados, e à tua terra destruída, serás agora estreita
demais para os moradores, e os que te devoravam se afastarão para longe de ti.
20 Os filhos de que foste privada
ainda dirão aos teus ouvidos: Muito estreito é para mim este lugar; dá-me
espaço em que eu habite.
21 Então no teu coração
dirás: Quem me gerou estes, visto que eu era desfilhada e solitária, exilada e
errante? quem, pois, me criou estes? Fui deixada sozinha; estes onde estavam?
22 Assim diz o Senhor Deus:
Eis que levantarei a minha mão para as nações, e ante os povos arvorarei a
minha bandeira; então eles trarão os teus filhos nos braços, e as tuas filhas
serão levadas sobre os ombros.
23 Reis serão os teus aios, e
as suas rainhas as tuas amas; diante de ti se inclinarão com o rosto em terra e
lamberão o pó dos teus pés; e saberás que eu sou o Senhor, e que os que por mim
esperam não serão confundidos.
24 Acaso tirar-se-ia a presa
ao valente? ou serão libertados os cativos de um tirano?
25 Mas assim diz o Senhor:
Certamente os cativos serão tirados ao valente, e a presa do tirano será
libertada; porque eu contenderei com os que contendem contigo, e os teus filhos
eu salvarei.
26 E sustentarei os teus opressores
com a sua própria carne, e com o seu próprio sangue se embriagarão, como com
mosto; e toda a carne saberá que eu sou o Senhor, o teu Salvador e o teu
Redentor, o Poderoso de Jacó.
»ISAÍAS [50]
1 Assim diz o Senhor: Onde
está a carta de divórcio de vossa mãe, pela qual eu a repudiei? ou quem é o meu
credor, a quem eu vos tenha vendido? Eis que por vossas maldades fostes
vendidos, e por vossas transgressões foi repudiada vossa mãe.
2 Por que razão, quando eu
vim, ninguém apareceu? quando chamei, não houve quem respondesse? Acaso tanto
se encolheu a minha mão, que já não possa remir? ou não tenho poder para
livrar? Eis que com a minha repreensão faço secar o mar, e torno os rios em
deserto; cheiram mal os seus peixes, pois não há água, e morrem de sede:
3 Eu visto os céus de
negridão, e lhes ponho cilício por sua cobertura.
4 O Senhor Deus me deu a
língua dos instruídos para que eu saiba sustentar com uma palavra o que está
cansado; ele desperta-me todas as manhãs; desperta-me o ouvido para que eu ouça
como discípulo.
5 O Senhor Deus abriu-me os
ouvidos, e eu não fui rebelde, nem me retirei para trás.
6 Ofereci as minhas costas
aos que me feriam, e as minhas faces aos que me arrancavam a barba; não escondi
o meu rosto dos que me afrontavam e me cuspiam.
7 Pois o Senhor Deus me
ajuda; portanto não me sinto confundido; por isso pus o meu rosto como um
seixo, e sei que não serei envergonhado.
8 Perto está o que me
justifica; quem contenderá comigo? apresentemo-nos juntos; quem é meu
adversário? chegue-se para mim.
9 Eis que o Senhor Deus me
ajuda; quem há que me condene? Eis que todos eles se envelhecerão como um
vestido, e a traça os comerá.
10 Quem há entre vós que tema
ao Senhor? ouça ele a voz do seu servo. Aquele que anda em trevas, e não tem luz,
confie no nome do Senhor, e firme-se sobre o seu Deus.
11 Eia! todos vós, que
acendeis fogo, e vos cingis com tições acesos; andai entre as labaredas do
vosso fogo, e entre os tições que ateastes! Isto vos sobrevirá da minha mão, e
em tormentos jazereis.
»ISAÍAS [51]
1 Ouvi-me vós, os que seguis
a justiça, os que buscais ao Senhor; olhai para a rocha donde fostes cortados,
e para a caverna do poço donde fostes cavados.
2 Olhai para Abraão, vosso
pai, e para Sara, que vos deu à luz; porque ainda quando ele era um só, eu o
chamei, e o abençoei e o multipliquei.
3 Porque o Senhor consolará a
Sião; consolará a todos os seus lugares assolados, e fará o seu deserto como o
Edem e a sua solidão como o jardim do Senhor; gozo e alegria se acharão nela,
ação de graças, e voz de cântico.
4 Atendei-me, povo meu, e
nação minha, inclinai os ouvidos para mim; porque de mim sairá a lei, e
estabelecerei a minha justiça como luz dos povos.
5 Perto está a minha justiça,
vem saindo a minha salvação, e os meus braços governarão os povos; as ilhas me
aguardam, e no meu braço esperam.
6 Levantai os vossos olhos
para os céus e olhai para a terra em baixo; porque os céus desaparecerão como a
fumaça, e a terra se envelhecerá como um vestido; e os seus moradores morrerão
semelhantemente; a minha salvação, porém, durará para sempre, e a minha justiça
não será abolida.
7 Ouvi-me, vós que conheceis
a justiça, vós, povo, em cujo coração está a minha lei; não temais o opróbrio
dos homens, nem vos turbeis pelas suas injúrias.
8 Pois a traça os roerá como
a um vestido, e o bicho os comerá como à lã; a minha justiça, porém, durará
para sempre, e a minha salvação para todas as gerações.
9 Desperta, desperta,
veste-te de força, ó braço do Senhor; desperta como nos dias da antigüidade,
como nas gerações antigas. Porventura não és tu aquele que cortou em pedaços a
Raabe, e traspassou ao dragão,
10 Não és tu aquele que secou
o mar, as águas do grande abismo? o que fez do fundo do mar um caminho, para
que por ele passassem os remidos?
11 Assim voltarão os
resgatados do Senhor, e virão com júbilo a Sião; e haverá perpétua alegria
sobre as suas cabeças; gozo e alegria alcançarão, a tristeza e o gemido
fugirão.
12 Eu, eu sou aquele que vos
consola; quem, pois, és tu, para teres medo dum homem, que é mortal, ou do
filho do homem que se tornará como feno;
13 e te esqueces do Senhor, o
teu Criador, que estendeu os céus, e fundou a terra, e temes continuamente o
dia todo por causa do furor do opressor, quando se prepara para destruir? Onde
está o furor do opressor?
14 O exilado cativo depressa
será solto, e não morrerá para ir à sepultura, nem lhe faltará o pão.
15 Pois eu sou o Senhor teu
Deus, que agita o mar, de modo que bramem as suas ondas. O Senhor dos exércitos
é o seu nome.
16 E pus as minhas palavras na
tua boca, e te cubro com a sombra da minha mão; para plantar os céus, e para
fundar a terra, e para dizer a Sião: Tu és o meu povo.
17 Desperta, desperta,
levanta-te, ó Jerusalém, que bebeste da mão do Senhor o cálice do seu furor;
que bebeste da taça do atordoamento, e a esgotaste.
18 De todos os filhos que ela
teve, nenhum há que a guie; e de todos os filhos que criou, nenhum há que a
tome pela mão.
19 Estas duas coisas te
aconteceram; quem terá compaixão de ti? a assolação e a ruína, a fome e a
espada; quem te consolará?
20 Os teus filhos já
desmaiaram, jazem nas esquinas de todas as ruas, como o antílope tomado na
rede; cheios estão do furor do Senhor, e da repreensão do teu Deus.
21 Pelo que agora ouve isto,
ó aflita, e embriagada, mas não de vinho.
22 Assim diz o Senhor Deus e
o teu Deus, que pleiteia a causa do seu povo: Eis que eu tiro da tua mão a taça
de atordoamento e o cálice do meu furor; nunca mais dele beberás;
23 mas pô-lo-ei nas mãos dos
que te afligem, os quais te diziam: Abaixa-te, para que passemos sobre ti; e tu
puseste as tuas costas como o chão, e como a rua para os que passavam.
»ISAÍAS [52]
1 Desperta, desperta,
veste-te da tua fortaleza, Sião; veste-te dos teus vestidos formosos, ó
Jerusalém, cidade santa; porque nunca mais entrará em ti nem incircunciso nem
imundo.
2 Sacode-te do pó;
levanta-te, e assenta-te, ó Jerusalém; solta-te das ataduras de teu pescoço, ó
cativa filha de Sião.
3 Porque assim diz o Senhor:
Por nada fostes vendidos; e sem dinheiro sereis resgatados.
4 Pois assim diz o Senhor
Deus: O meu povo desceu no princípio ao Egito, para peregrinar lá, e a Assíria
sem razão o oprimiu.
5 E agora, que acho eu aqui?
diz o Senhor, pois que o meu povo foi tomado sem nenhuma razão, os seus
dominadores dão uivos sobre ele, diz o Senhor; e o meu nome é blasfemado
incessantemente o dia todo!
6 Portanto o meu povo saberá
o meu nome; portanto saberá naquele dia que sou eu o que falo; eis-me aqui.
7 Quão formosos sobre os
montes são os pés do que anuncia as boas-novas, que proclama a paz, que anuncia
coisas boas, que proclama a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!
8 Eis a voz dos teus
atalaias! eles levantam a voz, juntamente exultam; porque de perto contemplam a
volta do Senhor a Sião.
9 Clamai cantando, exultai
juntamente, desertos de Jerusalém; porque o Senhor consolou o seu povo, remiu a
Jerusalém.
10 O Senhor desnudou o seu
santo braço à vista de todas as nações; e todos os confins da terra verão a
salvação do nosso Deus.
11 Retirai-vos, retirai-vos,
saí daí, não toqueis coisa imunda; saí do meio dela, purificai-vos, os que
levais os vasos do Senhor.
12 Pois não saireis
apressadamente, nem ireis em fuga; porque o Senhor irá diante de vós, e o Deus
de Israel será a vossa retaguarda.
13 Eis que o meu servo
procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e mui sublime.
14 Como pasmaram muitos à
vista dele (pois o seu aspecto estava tão desfigurado que não era o de um
homem, e a sua figura não era a dos filhos dos homens),
15 assim ele espantará muitas
nações; por causa dele reis taparão a boca; pois verão aquilo que não se lhes
havia anunciado, e entenderão aquilo que não tinham ouvido.
»ISAÍAS [53]
1 Quem deu crédito à nossa
pregação? e a quem se manifestou o braço do Senhor?
2 Pois foi crescendo como
renovo perante ele, e como raiz que sai duma terra seca; não tinha formosura
nem beleza; e quando olhávamos para ele, nenhuma beleza víamos, para que o
desejássemos.
3 Era desprezado, e rejeitado
dos homens; homem de dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como um de quem
os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.
4 Verdadeiramente ele tomou
sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o
reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
5 Mas ele foi ferido por
causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniqüidades; o
castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos
sarados.
6 Todos nós andávamos
desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor
fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós.
7 Ele foi oprimido e
afligido, mas não abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e
como a ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a
boca.
8 Pela opressão e pelo juízo
foi arrebatado; e quem dentre os da sua geração considerou que ele fora cortado
da terra dos viventes, ferido por causa da transgressão do meu povo?
9 E deram-lhe a sepultura com
os ímpios, e com o rico na sua morte, embora nunca tivesse cometido injustiça,
nem houvesse engano na sua boca.
10 Todavia, foi da vontade do
Senhor esmagá-lo, fazendo-o enfermar; quando ele se puser como oferta pelo
pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias, e a vontade do Senhor
prosperará nas suas mãos.
11 Ele verá o fruto do
trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo
justo justificará a muitos, e as iniqüidades deles levará sobre si.
12 Pelo que lhe darei o seu
quinhão com os grandes, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto
derramou a sua alma até a morte, e foi contado com os transgressores; mas ele
levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu.
»ISAÍAS [54]
1 Canta, alegremente, ó
estéril, que não deste à luz; exulta de prazer com alegre canto, e exclama, tu
que não tiveste dores de parto; porque mais são os filhos da desolada, do que
os filhos da casada, diz o Senhor.
2 Amplia o lugar da tua
tenda, e estendam-se as cortinas das tuas habitações; não o impeças; alonga as
tuas cordas, e firma bem as tuas estacas.
3 Porque trasbordarás para a
direita e para a esquerda; e a tua posteridade possuirá as nações e fará que
sejam habitadas as cidades assoladas.
4 Não temas, porque não serás
envergonhada; e não te envergonhes, porque não sofrerás afrontas; antes te
esquecerás da vergonha da tua mocidade, e não te lembrarás mais do opróbrio da
tua viuvez.
5 Pois o teu Criador é o teu
marido; o Senhor dos exércitos é o seu nome; e o Santo de Israel é o teu
Redentor, que é chamado o Deus de toda a terra.
6 Porque o Senhor te chamou
como a mulher desamparada e triste de espírito; como a mulher da mocidade, que
fora repudiada, diz o teu Deus:
7 Por um breve momento te
deixei, mas com grande compaixão te recolherei;
8 num ímpeto de indignação
escondi de ti por um momento o meu rosto; mas com benignidade eterna me
compadecerei de ti, diz o Senhor, o teu Redentor.
9 Porque isso será para mim
como as águas de Noé; como jurei que as águas de Noé não inundariam mais a
terra, assim também jurei que não me irarei mais contra ti, nem te
repreenderei.
10 Pois as montanhas se
retirarão, e os outeiros serão removidos; porém a minha benignidade não se
apartará de ti, nem será removido ao pacto da minha paz, diz o Senhor, que se
compadece de ti.
11 e aflita arrojada com a
tormenta e desconsolada eis que eu assentarei as tuas pedras com antimônio, e
lançarei os teus alicerces com safiras.
12 Farei os teus baluartes de
rubis, e as tuas portas de carbúnculos, e toda a tua muralha de pedras
preciosas.
13 E todos os teus filhos
serão ensinados do Senhor; e a paz de teus filhos será abundante.
14 Com justiça serás
estabelecida; estarás longe da opressão, porque já não temerás; e também do
terror, porque a ti não chegará.
15 Eis que embora se levantem
contendas, isso não será por mim; todos os que contenderem contigo, por causa
de ti cairão.
16 Eis que eu criei o
ferreiro, que assopra o fogo de brasas, e que produz a ferramenta para a sua
obra; também criei o assolador, para destruir.
17 Não prosperará nenhuma
arma forjada contra ti; e toda língua que se levantar contra ti em juízo, tu a
condenarás; esta é a herança dos servos do Senhor, e a sua justificação que de
mim procede, diz o Senhor.
»ISAÍAS [55]
1 Ó vós, todos os que tendes
sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei;
sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.
2 Por que gastais o dinheiro
naquilo que não é pão! e o produto do vosso trabalho naquilo que não pode
satisfazer? ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e deleitai-vos com a
gordura.
3 Inclinai os vossos ouvidos,
e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei um pacto
perpétuo, dando-vos as firmes beneficências prometidas a Davi.
4 Eis que eu o dei como
testemunha aos povos, como príncipe e governador dos povos.
5 Eis que chamarás a uma
nação que não conheces, e uma nação que nunca te conheceu a ti correrá, por
amor do Senhor teu Deus, e do Santo de Israel; porque ele te glorificou.
6 Buscai ao Senhor enquanto
se pode achar, invocai-o enquanto está perto.
7 Deixe o ímpio o seu
caminho, e o homem maligno os seus pensamentos; volte-se ao Senhor, que se
compadecerá dele; e para o nosso Deus, porque é generoso em perdoar.
8 Porque os meus pensamentos
não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o
Senhor.
9 Porque, assim como o céu é
mais alto do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os
vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.
10 Porque, assim como a chuva
e a neve descem dos céus e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem
produzir e brotar, para que dê semente ao semeador, e pão ao que come,
11 assim será a palavra que
sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz,
e prosperará naquilo para que a enviei.
12 Pois com alegria saireis,
e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros romperão em cânticos diante de
vós, e todas as árvores de campo baterão palmas.
13 Em lugar do espinheiro
crescerá a faia, e em lugar da sarça crescerá a murta; o que será para o Senhor
por nome, por sinal eterno, que nunca se apagará.
»ISAÍAS [56]
1 Assim diz o Senhor:
Mantende a retidão, e fazei justiça; porque a minha salvação está prestes a
vir, e a minha justiça a manifestar-se.
2 Bem-aventurado o homem que
fizer isto, e o filho do homem que lançar mão disto: que se abstém de profanar
o sábado, e guarda a sua mão de cometer o mal.
3 E não fale o estrangeiro,
que se houver unido ao Senhor, dizendo: Certamente o Senhor me separará do seu
povo; nem tampouco diga o eunuco: Eis que eu sou uma árvore seca.
4 Pois assim diz o Senhor a
respeito dos eunucos que guardam os meus sábados, e escolhem as coisas que me
agradam, e abraçam o meu pacto:
5 Dar-lhes-ei na minha casa e
dentro dos meus muros um memorial e um nome melhor do que o de filhos e filhas;
um nome eterno darei a cada um deles, que nunca se apagará.
6 E aos estrangeiros, que se
unirem ao Senhor, para o servirem, e para amarem o nome do Senhor, sendo deste
modo servos seus, todos os que guardarem o sábado, não o profanando, e os que
abraçarem o meu pacto,
7 sim, a esses os levarei ao
meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e
os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será
chamada casa de oração para todos os povos.
8 Assim diz o Senhor Deus,
que ajunta os dispersos de Israel: Ainda outros ajuntarei a ele, além dos que
já se lhe ajuntaram.
9 Vós, todos os animais do
campo, todos os animais do bosque, vinde comer.
10 Todos os seus atalaias são
cegos, nada sabem; todos são cães mudos, não podem ladrar; deitados, sonham e
gostam de dormir.
11 E estes cães são gulosos,
nunca se podem fartar; e eles são pastores que nada compreendem; todos eles se
tornam para o seu caminho, cada um para a sua ganância, todos sem exceção.
12 Vinde, dizem, trarei
vinho, e nos encheremos de bebida forte; e o dia de amanhã será como hoje, ou
ainda mais festivo.
»ISAÍAS [57]
1 Perece o justo, e não há
quem se importe com isso; os homens compassivos são arrebatados, e não há ninguém
que entenda. Pois o justo é arrebatado da calamidade,
2 entra em paz; descansam nas
suas camas todos os que andam na retidão.
3 Mas chegai-vos aqui, vós os
filhos da agoureira, linhagem do adúltero e da prostituta.
4 De quem fazeis escárnio?
Contra quem escancarais a boca, e deitais para fora a língua? Porventura não
sois vós filhos da transgressão, estirpe da falsidade,
5 que vos inflamais junto aos
terebintos, debaixo de toda árvore verde, e sacrificais os filhos nos vales,
debaixo das fendas dos penhascos?
6 Por entre as pedras lisas
do vale está o teu quinhão; estas, estas são a tua sorte; também a estas
derramaste a tua libação e lhes ofereceste uma oblação. Contentar-me-ia com
estas coisas?
7 sobre um monte alto e
levantado puseste a tua cama; e lá subiste para oferecer sacrifícios.
8 Detrás das portas e dos
umbrais colocaste o teu memorial; pois te descobriste a outro que não a mim, e
subiste, e alargaste a tua cama; e fizeste para ti um pacto com eles; amaste a
sua cama, onde quer que a viste.
9 E foste ao rei com óleo, e
multiplicaste os teus perfumes, e enviaste os teus embaixadores para longe, e
te abateste até o Seol.
10 Na tua comprida viagem te
cansaste; contudo não disseste: Não há esperança; achaste com que renovar as
tuas forças; por isso não enfraqueceste.
11 Mas de quem tiveste receio
ou medo, para que mentisses, e não te lembrasses de mim, nem te importasses?
Não é porventura porque eu me calei, e isso há muito tempo, e não me temes?
12 Eu publicarei essa justiça
tua; e quanto às tuas obras, elas não te aproveitarão.
13 Quando clamares, livrem-te
os ídolos que ajuntaste; mas o vento a todos levará, e um assopro os
arrebatará; mas o que confia em mim possuirá a terra, e herdarão o meu santo
monte.
14 E dir-se-á: Aplanai,
aplanai, preparai e caminho, tirai os tropeços do caminho do meu povo.
15 Porque assim diz o Alto e
o Excelso, que habita na eternidade e cujo nome é santo: Num alto e santo lugar
habito, e também com o contrito e humilde de espírito, para vivificar o
espírito dos humildes, e para vivificar o coração dos contritos.
16 Pois eu não contenderei
para sempre, nem continuamente ficarei irado; porque de mim procede o espírito,
bem como o fôlego da vida que eu criei.
17 Por causa da iniqüidade da
sua avareza me indignei e o feri; escondi-me, e indignei-me; mas, rebelando-se,
ele seguiu o caminho do seu coração.
18 Tenho visto os seus
caminhos, mas eu o sararei; também o guiarei, e tornarei a dar-lhe consolação,
a ele e aos que o pranteiam.
19 Eu crio o fruto dos
lábios; paz, paz, para o que está longe, e para o que está perto diz o Senhor;
e eu o sararei.
20 Mas os ímpios são como o
mar agitado; pois não pode estar quieto, e as suas águas lançam de si lama e
lodo.
21 Não há paz para os ímpios,
diz o meu Deus.
»ISAÍAS [58]
1 Clama em alta voz, não te
detenhas, levanta a tua voz como a trombeta e anuncia ao meu povo a sua
transgressão, e à casa de Jacó os seus pecados.
2 Todavia me procuram cada
dia, tomam prazer em saber os meus caminhos; como se fossem um povo que
praticasse a justiça e não tivesse abandonado a ordenança do seu Deus, pedem-me
juízos retos, têm prazer em se chegar a Deus!,
3 Por que temos nós jejuado,
dizem eles, e tu não atentas para isso? por que temos afligido as nossas almas,
e tu não o sabes? Eis que no dia em que jejuais, prosseguis nas vossas
empresas, e exigis que se façam todos os vossos trabalhos.
4 Eis que para contendas e
rixas jejuais, e para ferirdes com punho iníquo! Jejuando vós assim como hoje,
a vossa voz não se fará ouvir no alto.
5 Seria esse o jejum que eu
escolhi? o dia em que o homem aflija a sua alma? Consiste porventura, em
inclinar o homem a cabeça como junco e em estender debaixo de si saco e cinza?
chamarias tu a isso jejum e dia aceitável ao Senhor?
6 Acaso não é este o jejum
que escolhi? que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do
jugo? e que deixes ir livres os oprimidos, e despedaces todo jugo?
7 Porventura não é também que
repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desamparados?
que vendo o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?
8 Então romperá a tua luz
como a alva, e a tua cura apressadamente brotará. e a tua justiça irá adiante
de ti; e a glória do Senhor será a tua retaguarda.
9 Então clamarás, e o Senhor
te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o
jugo, o estender do dedo, e o falar iniquamente;
10 e se abrires a tua alma ao
faminto, e fartares o aflito; então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua
escuridão será como o meio dia.
11 O Senhor te guiará continuamente,
e te fartará até em lugares áridos, e fortificará os teus ossos; serás como um
jardim regado, e como um manancial, cujas águas nunca falham.
12 E os que de ti procederem
edificarão as ruínas antigas; e tu levantarás os fundamentos de muitas gerações;
e serás chamado reparador da brecha, e restaurador de veredas para morar.
13 Se desviares do sábado o
teu pé, e deixares de prosseguir nas tuas empresas no meu santo dia; se ao
sábado chamares deleitoso, ao santo dia do Senhor, digno de honra; se o
honrares, não seguindo os teus caminhos, nem te ocupando nas tuas empresas, nem
falando palavras vãs;
14 então te deleitarás no
Senhor, e eu te farei cavalgar sobre as alturas da terra, e te sustentarei com
a herança de teu pai Jacó; porque a boca do Senhor o disse.
»ISAÍAS [59]
1 Eis que a mão do Senhor não
está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para que não
possa ouvir;
2 mas as vossas iniqüidades
fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu
rosto de vós, de modo que não vos ouça.
3 Porque as vossas mãos estão
contaminadas de sangue, e os vossos dedos de iniqüidade; os vossos lábios falam
a mentira, a vossa língua pronuncia perversidade.
4 Ninguém há que invoque a
justiça com retidão, nem há quem pleiteie com verdade; confiam na vaidade, e
falam mentiras; concebem o mal, e dão à luz a iniqüidade.
5 Chocam ovos de basiliscos,
e tecem teias de aranha; o que comer dos ovos deles, morrerá; e do ovo que for
pisado sairá uma víbora.
6 As suas teias não prestam
para vestidos; nem se poderão cobrir com o que fazem; as suas obras são obras
de iniqüidade, e atos de violência há nas suas mãos.
7 Os seus pés correm para o
mal, e se apressam para derramarem o sangue inocente; os seus pensamentos são
pensamentos de iniqüidade; a desolação e a destruição acham-se nas suas
estradas.
8 O caminho da paz eles não o
conhecem, nem há justiça nos seus passos; fizeram para si veredas tortas; todo
aquele que anda por elas não tem conhecimento da paz.
9 Pelo que a justiça está
longe de nós, e a retidão não nos alcança; esperamos pela luz, e eis que só há
trevas; pelo resplendor, mas andamos em escuridão.
10 Apalpamos as paredes como
cegos; sim, como os que não têm olhos andamos apalpando; tropeçamos ao meio-dia
como no crepúsculo, e entre os vivos somos como mortos.
11 Todos nós bramamos como
ursos, e andamos gemendo como pombas; esperamos a justiça, e ela não aparece; a
salvação, e ela está longe de nós.
12 Porque as nossas
transgressões se multiplicaram perante ti, e os nossos pecados testificam
contra nós; pois as nossas transgressões estão conosco, e conhecemos as nossas
iniqüidades.
13 transgredimos, e negamos o
Senhor, e nos desviamos de seguir após o nosso Deus; falamos a opressão e a
rebelião, concebemos e proferimos do coração palavras de falsidade.
14 Pelo que o direito se
tornou atrás, e a justiça se pôs longe; porque a verdade anda tropeçando pelas
ruas, e a eqüidade não pode entrar.
15 Sim, a verdade desfalece;
e quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado; e o Senhor o viu, e
desagradou-lhe o não haver justiça.
16 E viu que ninguém havia, e
maravilhou-se de que não houvesse um intercessor; pelo que o seu próprio braço
lhe trouxe a salvação, e a sua própria justiça o susteve;
17 vestiu-se de justiça, como
de uma couraça, e pôs na cabeça o capacete da salvação; e por vestidura pôs
sobre si vestes de vingança, e cobriu-se de zelo, como de um manto.
18 Conforme forem as obras
deles, assim será a sua retribuição, furor aos seus adversários, e recompensa
aos seus inimigos; às ilhas dará ele a sua recompensa.
19 Então temerão o nome do
Senhor desde o poente, e a sua glória desde o nascente do sol; porque ele virá
tal uma corrente impetuosa, que o assopro do Senhor impele.
20 E virá um Redentor a Sião
e aos que em Jacó se desviarem da transgressão, diz o Senhor.
21 Quanto a mim, este é o meu
pacto com eles, diz o Senhor: o meu Espírito, que está sobre ti, e as minhas
palavras, que pus na tua boca, não se desviarão da tua boca, nem da boca dos
teus filhos, nem da boca dos filhos dos teus filhos, diz o Senhor, desde agora
e para todo o sempre.
»ISAÍAS [60]
1 Levanta-te, resplandece,
porque é chegada a tua luz, e é nascida sobre ti a glória do Senhor.
2 Pois eis que as trevas
cobrirão a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor virá surgindo,
e a sua glória se verá sobre ti.
3 E nações caminharão para a
tua luz, e reis para o resplendor da tua aurora.
4 Levanta em redor os teus
olhos, e vê; todos estes se ajuntam, e vêm ter contigo; teus filhos vêm de
longe, e tuas filhas se criarão a teu lado.
5 Então o verás, e estarás
radiante, e o teu coração estremecerá e se alegrará; porque a abundância do mar
se tornará a ti, e as riquezas das nações a ti virão.
6 A multidão de camelos te
cobrirá, os dromedários de Midiã e Efá; todos os de Sabá, virão; trarão ouro e
incenso, e publicarão os louvores do Senhor.
7 Todos os rebanhos de Quedar
se congregarão em ti, os carneiros de Nebaoite te servirão; com aceitação
subirão ao meu altar, e eu glorificarei a casa da minha glória.
8 Quem são estes que vêm
voando como nuvens e como pombas para as suas janelas?
9 Certamente as ilhas me
aguardarão, e vêm primeiro os navios de Társis, para trazerem teus filhos de
longe, e com eles a sua prata e o seu ouro, para o nome do Senhor teu Deus, e
para o Santo de Israel, porquanto ele te glorificou.
10 E estrangeiros edificarão
os teus muros, e os seus reis te servirão; porque na minha ira te feri, mas na
minha benignidade tive misericórdia de ti.
11 As tuas portas estarão
abertas de contínuo; nem de dia nem de noite se fecharão; para que te sejam
trazidas as riquezas das nações, e conduzidos com elas os seus reis.
12 Porque a nação e o reino
que não te servirem perecerão; sim, essas nações serão de todo assoladas.
13 A glória do Líbano virá a
ti; a faia, o olmeiro, e o buxo conjuntamente, para ornarem o lugar do meu
santuário; e farei glorioso o lugar em que assentam os meus pés.
14 Também virão a ti,
inclinando-se, os filhos dos que te oprimiram; e prostrar-se-ão junto às
plantas dos teus pés todos os que te desprezaram; e chamar-te-ão a cidade do
Senhor, a Sião do Santo de Israel.
15 Ao invés de seres
abandonada e odiada como eras, de sorte que ninguém por ti passava, far-te-ei
uma excelência perpétua, uma alegria de geração em geração.
16 E mamarás o leite das
nações, e te alimentarás ao peito dos reis; assim saberás que eu sou o Senhor,
o teu Salvador, e o teu Redentor, o Poderoso de Jacó.
17 Por bronze trarei ouro,
por ferro trarei prata, por madeira bronze, e por pedras ferro; farei pacíficos
os teus oficiais e justos os teus exatores.
18 Não se ouvirá mais de
violência na tua terra, de desolação ou destruição nos teus termos; mas aos
teus muros chamarás Salvação, e às tuas portas Louvor.
19 Não te servirá mais o sol
para luz do dia, nem com o seu resplendor a lua te alumiará; mas o Senhor será
a tua luz perpétua, e o teu Deus a tua glória.
20 Nunca mais se porá o teu
sol, nem a tua lua minguará; porque o Senhor será a tua luz perpétua, e
acabados serão os dias do teu luto.
21 E todos os do teu povo
serão justos; para sempre herdarão a terra; serão renovos por mim plantados,
obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado.
22 O mais pequeno virá a ser
mil, e o mínimo uma nação forte; eu, o Senhor, apressarei isso a seu tempo.
»ISAÍAS [61]
1 O Espírito do Senhor Deus
está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos mansos;
enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos
cativos, e a abertura de prisão aos presos;
2 a apregoar o ano aceitável
do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes;
3 a ordenar acerca dos que
choram em Sião que se lhes dê uma grinalda em vez de cinzas, óleo de gozo em
vez de pranto, vestidos de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que
se chamem árvores de justiça, plantação do Senhor, para que ele seja
glorificado.
4 E eles edificarão as
antigas ruínas, levantarão as desolações de outrora, e restaurarão as cidades
assoladas, as desolações de muitas gerações.
5 E haverá estrangeiros, que
apascentarão os vossos rebanhos; e estranhos serão os vossos lavradores e os
vossos vinheiros.
6 Mas vós sereis chamados
sacerdotes do Senhor, e vos chamarão ministros de nosso Deus; comereis as
riquezas das nações, e na sua glória vos gloriareis.
7 Em lugar da vossa vergonha,
haveis de ter dupla honra; e em lugar de opróbrio exultareis na vossa porção;
por isso na sua terra possuirão o dobro, e terão perpétua alegria.
8 Pois eu, o Senhor, amo o
juízo, aborreço o roubo e toda injustiça; fielmente lhes darei sua recompensa,
e farei com eles um pacto eterno.
9 E a sua posteridade será
conhecida entre as nações, e os seus descendentes no meio dos povos; todos
quantos os virem os reconhecerão como descendência bendita do Senhor.
10 Regozijar-me-ei muito no
Senhor, a minha alma se alegrará no meu Deus, porque me vestiu de vestes de
salvação, cobriu-me com o manto de justiça, como noivo que se adorna com uma
grinalda, e como noiva que se enfeita com as suas jóias.
11 Porque, como a terra
produz os seus renovos, e como o horto faz brotar o que nele se semeia, assim o
Senhor Deus fará brotar a justiça e o louvor perante todas as nações.
»ISAÍAS [62]
1 Por amor de Sião não me
calarei, e por amor de Jerusalém não descansarei, até que saia a sua justiça
como um resplendor, e a sua salvação como uma tocha acesa.
2 E as nações verão a tua
justiça, e todos os reis a tua glória; e chamar-te-ão por um nome novo, que a
boca do Senhor designará.
3 Também serás uma coroa de
adorno na mão do Senhor, e um diadema real na mão do teu Deus.
4 Nunca mais te chamarão:
Desamparada, nem a tua terra se denominará Desolada; mas chamar-te-ão Hefzibá,
e à tua terra Beulá; porque o Senhor se agrada de ti; e a tua terra se casará.
5 Pois como o mancebo se casa
com a donzela, assim teus filhos se casarão contigo; e, como o noivo se alegra
da noiva, assim se alegrará de ti o teu Deus
6 e Jerusalém, sobre os teus
muros pus atalaias, que não se calarão nem de dia, nem de noite; ó vós, os que
fazeis lembrar ao Senhor, não descanseis,
7 e não lhe deis a ele
descanso até que estabeleça Jerusalém e a ponha por objeto de louvor na terra.
8 Jurou o Senhor pela sua mão
direita, e pelo braço da sua força: Nunca mais darei de comer o teu trigo aos
teus inimigos, nem os estrangeiros beberão o teu mosto, em que trabalhaste.
9 Mas os que o ajuntarem o
comerão, e louvarão ao Senhor; e os que o colherem o beberão nos átrios do meu
santuário.
10 Passai, passai pelas
portas; preparai o caminho ao povo; aplanai, aplanai a estrada, limpai-a das
pedras; arvorai a bandeira aos povos.
11 Eis que o Senhor proclamou
até as extremidades da terra: Dizei à filha de Sião: Eis que vem o teu
Salvador; eis que com ele vem o seu galardão, e a sua recompensa diante dele.
12 E chamar-lhes-ão: Povo
santo, remidos do Senhor; e tu serás chamada Procurada, cidade não desamparada.
»ISAÍAS [63]
1 Quem é este, que vem de
Edom, de Bozra, com vestiduras tintas de escarlate? este que é glorioso no seu
traje, que marcha na plenitude da sua força? Sou eu, que falo em justiça,
poderoso para salvar.
2 Por que está vermelha a tua
vestidura, e as tuas vestes como as daquele que pisa no lagar?
3 Eu sozinho pisei no lagar,
e dos povos ninguém houve comigo; eu os pisei na minha ira, e os esmaguei no
meu furor, e o seu sangue salpicou as minhas vestes, e manchei toda a minha
vestidura.
4 Porque o dia da vingança
estava no meu coração, e o ano dos meus remidos é chegado.
5 Olhei, mas não havia quem
me ajudasse; e admirei-me de não haver quem me sustivesse; pelo que o meu
próprio braço me trouxe a vitória; e o meu furor é que me susteve.
6 Pisei os povos na minha
ira, e os embriaguei no meu furor; e derramei sobre a terra o seu sangue.
7 Celebrarei as benignidades
do Senhor, e os louvores do Senhor, consoante tudo o que o Senhor nos tem
concedido, e a grande bondade para com a casa de Israel, bondade que ele lhes
tem concedido segundo as suas misericórdias, e segundo a multidão das suas
benignidades.
8 Porque dizia: Certamente
eles são meu povo, filhos que não procederão com falsidade; assim ele se fez o
seu Salvador.
9 Em toda a angústia deles
foi ele angustiado, e o anjo da sua presença os salvou; no seu amor, e na sua
compaixão ele os remiu; e os tomou, e os carregou todos os dias da antigüidade.
10 Eles, porém, se rebelaram,
e contristaram o seu santo Espírito; pelo que se lhes tornou em inimigo, e ele
mesmo pelejou contra eles.
11 Todavia se lembrou dos
dias da antigüidade, de Moisés, e do seu povo, dizendo: Onde está aquele que os
fez subir do mar com os pastores do seu rebanho? Onde está o que pôs no meio
deles o seu santo Espírito?
12 Aquele que fez o seu braço
glorioso andar à mão direita de Moisés? que fendeu as águas diante deles, para
fazer para si um nome eterno?
13 Aquele que os guiou pelos
abismos, como a um cavalo no deserto, de modo que nunca tropeçaram?
14 Como ao gado que desce ao
vale, o Espírito do Senhor lhes deu descanso; assim guiaste o teu povo, para te
fazeres um nome glorioso.
15 Atenta lá dos céus e vê,
lá da tua santa e gloriosa habitação; onde estão o teu zelo e as tuas obras
poderosas? A ternura do teu coração e as tuas misericórdias para comigo
estancaram.
16 Mas tu és nosso Pai, ainda
que Abraão não nos conhece, e Israel não nos reconhece; tu, ó Senhor, és nosso
Pai; nosso Redentor desde a antigüidade é o teu nome.
17 Por que, ó Senhor, nos
fazes errar dos teus caminhos? Por que endureces o nosso coração, para te não
temermos? Faze voltar, por amor dos teus servos, as tribos da tua herança.
18 Só por um pouco de tempo o
teu santo povo a possuiu; os nossos adversários pisaram o teu santuário.
19 Somos feitos como aqueles
sobre quem tu nunca dominaste, e como os que nunca se chamaram pelo teu nome.
»ISAÍAS [64]
1 Oh! se fendesses os céus, e
descesses, e os montes tremessem à tua presença,
2 como quando o fogo pega em
acendalhas, e o fogo faz ferver a água, para fazeres notório o teu nome aos
teus adversários, de sorte que à tua presença tremam as nações!
3 Quando fazias coisas
terríveis, que não esperávamos, descias, e os montes tremiam à tua presença.
4 Porque desde a antigüidade
não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além
de ti, que opera a favor daquele que por ele espera.
5 Tu sais ao encontro daquele
que, com alegria, pratica a justiça, daqueles que se lembram de ti nos teus
caminhos. Eis que te iraste, porque pecamos; há muito tempo temos estado em
pecados; acaso seremos salvos?
6 Pois todos nós somos como o
imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós
murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como o vento, nos arrebatam.
7 E não há quem invoque o teu
nome, que desperte, e te detenha; pois escondeste de nós o teu rosto e nos
consumiste, por causa das nossas iniqüidades.
8 Mas agora, ó Senhor, tu és
nosso Pai; nós somos o barro, e tu o nosso oleiro; e todos nós obra das tuas
mãos.
9 Não te agastes tanto, ó
Senhor, nem perpetuamente te lembres da iniqüidade; olha, pois, nós te pedimos,
todos nós somos o teu povo.
10 As tuas santas cidades se
tornaram em deserto, Sião está feita um ermo, Jerusalém uma desolação.
11 A nossa santa e gloriosa
casa, em que te louvavam nossos pais, foi queimada a fogo; e todos os nossos
lugares aprazíveis se tornaram em ruínas.
12 Acaso conter-te-ás tu
ainda sobre estas calamidades, ó Senhor? ficarás calado, e nos afligirás tanto?
»ISAÍAS [65]
1 Tornei-me acessível aos que
não perguntavam por mim; fui achado daqueles que não me buscavam. A uma nação
que não se chamava do meu nome eu disse: Eis-me aqui, eis-me aqui.
2 Estendi as minhas mãos o
dia todo a um povo rebelde, que anda por um caminho que não é bom, após os seus
próprios pensamentos;
3 povo que de contínuo me
provoca diante da minha face, sacrificando em jardins e queimando incenso sobre
tijolos;
4 que se assenta entre as
sepulturas, e passa as noites junto aos lugares secretos; que come carne de
porco, achando-se caldo de coisas abomináveis nas suas vasilhas;
5 e que dizem: Retira-te, e
não te chegues a mim, porque sou mais santo do que tu. Estes são fumaça no meu
nariz, um fogo que arde o dia todo.
6 Eis que está escrito diante
de mim: Não me calarei, mas eu pagarei, sim, deitar-lhes-ei a recompensa no seu
seio;
7 as suas iniqüidades, e
juntamente as iniqüidades de seus pais, diz o Senhor, os quais queimaram
incenso nos montes, e me afrontaram nos outeiros; pelo que lhes tornarei a
medir as suas obras antigas no seu seio.
8 Assim diz o Senhor: Como
quando se acha mosto num cacho de uvas, e se diz: Não o desperdices, pois há
bênção nele; assim farei por amor de meus servos, para que eu não os destrua a
todos.
9 E produzirei descendência a
Jacó, e a Judá um herdeiro dos meus montes; e os meus escolhidos herdarão a
terra e os meus servos nela habitarão.
10 E Sarom servirá de pasto
de rebanhos, e o vale de Acor de repouso de gado, para o meu povo, que me
buscou.
11 Mas a vós, os que vos
apartais do Senhor, os que vos esqueceis do meu santo monte, os que preparais
uma mesa para a fortuna, e que misturais vinho para o Destino
12 também vos destinarei à
espada, e todos vos encurvareis à matança; porque quando chamei, não
respondestes; quando falei, não ouvistes, mas fizestes o que era mau aos meus
olhos, e escolhestes aquilo em que eu não tinha prazer.
13 Pelo que assim diz o
Senhor Deus: Eis que os meus servos comerão, mas vós padecereis fome; eis que
os meus servos beberão, mas vós tereis sede; eis que os meus servos se
alegrarão, mas vós vos envergonhareis;
14 eis que os meus servos
cantarão pela alegria de coração, mas vós chorareis pela tristeza de coração, e
uivareis pela angústia de espírito.
15 E deixareis o vosso nome
para maldição aos meus escolhidos; e vos matará o Senhor Deus, mas a seus
servos chamará por outro nome.
16 De sorte que aquele que se
bendisser na terra será bendito no Deus da verdade; e aquele que jurar na
terra, jurará pelo Deus da verdade; porque já estão esquecidas as angústias
passadas, e estão escondidas dos meus olhos.
17 Pois eis que eu crio novos
céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, nem mais se
recordarão:
18 Mas alegrai-vos e
regozijai-vos perpetuamente no que eu crio; porque crio para Jerusalém motivo
de exultação e para o seu povo motivo de gozo.
19 E exultarei em Jerusalém,
e folgarei no meu povo; e nunca mais se ouvirá nela voz de choro nem voz de
clamor.
20 Não haverá mais nela
criança de poucos dias, nem velho que não tenha cumprido os seus dias; porque o
menino morrerá de cem anos; mas o pecador de cem anos será amaldiçoado.
21 E eles edificarão casas, e
as habitarão; e plantarão vinhas, e comerão o fruto delas.
22 Não edificarão para que
outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque os dias do meu povo
serão como os dias da árvore, e os meus escolhidos gozarão por longo tempo das
obras das suas mãos:
23 Não trabalharão debalde,
nem terão filhos para calamidade; porque serão a descendência dos benditos do
Senhor, e os seus descendentes estarão com eles.
24 E acontecerá que, antes de
clamarem eles, eu responderei; e estando eles ainda falando, eu os ouvirei.
25 O lobo e o cordeiro juntos
se apascentarão, o leão comerá palha como o boi; e pó será a comida da
serpente. Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor.
»ISAÍAS [66]
1 Assim diz o Senhor: O céu é
o meu trono, e a terra o escabelo dos meus pés. Que casa me edificaríeis vós? e
que lugar seria o do meu descanso?
2 A minha mão fez todas essas
coisas, e assim todas elas vieram a existir, diz o Senhor; mas eis para quem
olharei: para o humilde e contrito de espírito, que treme da minha palavra.
3 Quem mata um boi é como o
que tira a vida a um homem; quem sacrifica um cordeiro, como o que quebra o
pescoço a um cão; quem oferece uma oblação, como o que oferece sangue de porco;
quem queima incenso, como o que bendiz a um ídolo. Porquanto eles escolheram os
seus próprios caminhos, e tomam prazer nas suas abominações,
4 também eu escolherei as
suas aflições, farei vir sobre eles aquilo que temiam; porque quando clamei,
ninguém respondeu; quando falei, eles não escutaram, mas fizeram o que era mau
aos meus olhos, e escolheram aquilo em que eu não tinha prazer.
5 Ouvi a palavra do Senhor,
os que tremeis da sua palavra: Vossos irmãos, que vos odeiam e que para longe
vos lançam por causa do meu nome, disseram: Seja glorificado o Senhor, para que
vejamos a vossa alegria; mas eles serão confundidos.
6 uma voz de grande tumulto
vem da cidade, uma voz do templo, ei-la, a voz do Senhor, que dá a recompensa
aos seus inimigos.
7 Antes que estivesse de
parto, deu à luz; antes que lhe viessem as dores, deu à luz um filho.
8 Quem jamais ouviu tal
coisa? quem viu coisas semelhantes? Poder-se-ia fazer nascer uma terra num só dia?
nasceria uma nação de uma só vez? Mas logo que Sião esteve de parto, deu à luz
seus filhos.
9 Acaso farei eu abrir a
madre, e não farei nascer? diz o Senhor. Acaso eu que faço nascer, fecharei a
madre? diz o teu Deus.
10 Regozijai-vos com
Jerusalém, e alegrai-vos por ela, vós todos os que a amais; enchei-vos por ela
de alegria, todos os que por ela pranteastes;
11 para que mameis e vos
farteis dos peitos das suas consolações; para que sugueis, e vos deleiteis com
a abundância da sua glória.
12 Pois assim diz o Senhor:
Eis que estenderei sobre ela a paz como um rio, e a glória das nações como um
ribeiro que trasborda; então mamareis, ao colo vos trarão, e sobre os joelhos
vos afagarão.
13 Como alguém a quem consola
sua mãe, assim eu vos consolarei; e em Jerusalém vós sereis consolados.
14 Isso vereis e alegrar-se-á
o vosso coração, e os vossos ossos reverdecerão como a erva tenra; então a mão
do Senhor será notória aos seus servos, e ele se indignará contra os seus
inimigos.
15 Pois, eis que o Senhor
virá com fogo, e os seus carros serão como o torvelinho, para retribuir a sua
ira com furor, e a sua repreensão com chamas de fogo.
16 Porque com fogo e com a
sua espada entrará o Senhor em juízo com toda a carne; e os que forem mortos
pelo Senhor serão muitos.
17 Os que se santificam, e se
purificam para entrar nos jardins após uma deusa que está no meio, os que comem
da carne de porco, e da abominação, e do rato, esses todos serão consumidos,
diz o Senhor.
18 Pois eu conheço as suas
obras e os seus pensamentos; vem o dia em que ajuntarei todas as nações e
línguas; e elas virão, e verão a minha glória.
19 Porei entre elas um sinal,
e os que dali escaparem, eu os enviarei às nações, a Társis, Pul, e Lude, povos
que atiram com o arco, a Tubal e Javã, até as ilhas de mais longe, que não
ouviram a minha fama, nem viram a minha glória; e eles anunciarão entre as
nações a minha glória.
20 E trarão todos os vossos
irmãos, dentre todas as nações, como oblação ao Senhor; sobre cavalos, e em
carros, e em liteiras, e sobre mulas, e sobre dromedários, os trarão ao meu
santo monte, a Jerusalém, diz o Senhor, como os filhos de Israel trazem as suas
ofertas em vasos limpos à casa do Senhor.
21 E também deles tomarei
alguns para sacerdotes e para levitas, diz o Senhor.
22 Pois, como os novos céus e
a nova terra, que hei de fazer, durarão diante de mim, diz o Senhor, assim
durará a vossa posteridade e o vosso nome.
23 E acontecerá que desde uma
lua nova até a outra, e desde um sábado até o outro, virá toda a carne a adorar
perante mim, diz o Senhor.
24 E sairão, e verão os
cadáveres dos homens que transgrediram contra mim; porque o seu verme nunca
morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para toda a carne.
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