1 No princípio criou Deus os
céus e a terra.
2 A terra era sem forma e
vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus pairava
sobre a face das águas.
3 Disse Deus: haja luz. E
houve luz.
4 Viu Deus que a luz era boa;
e fez separação entre a luz e as trevas.
5 E Deus chamou à luz dia, e
às trevas noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.
6 E disse Deus: haja um
firmamento no meio das águas, e haja separação entre águas e águas.
7 Fez, pois, Deus o
firmamento, e separou as águas que estavam debaixo do firmamento das que
estavam por cima do firmamento. E assim foi.
8 Chamou Deus ao firmamento
céu. E foi a tarde e a manhã, o dia segundo.
9 E disse Deus: Ajuntem-se
num só lugar as águas que estão debaixo do céu, e apareça o elemento seco. E
assim foi.
10 Chamou Deus ao elemento
seco terra, e ao ajuntamento das águas mares. E viu Deus que isso era bom.
11 E disse Deus: Produza a
terra relva, ervas que dêem semente, e árvores frutíferas que, segundo as suas
espécies, dêem fruto que tenha em si a sua semente, sobre a terra. E assim foi.
12 A terra, pois, produziu
relva, ervas que davam semente segundo as suas espécies, e árvores que davam
fruto que tinha em si a sua semente, segundo as suas espécies. E viu Deus que
isso era bom.
13 E foi a tarde e a manhã, o
dia terceiro.
14 E disse Deus: haja
luminares no firmamento do céu, para fazerem separação entre o dia e a noite;
sejam eles para sinais e para estações, e para dias e anos;
15 e sirvam de luminares no
firmamento do céu, para alumiar a terra. E assim foi.
16 Deus, pois, fez os dois
grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para
governar a noite; fez também as estrelas.
17 E Deus os pôs no firmamento
do céu para alumiar a terra,
18 para governar o dia e a
noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que isso era
bom.
19 E foi a tarde e a manhã, o
dia quarto.
20 E disse Deus: Produzam as
águas cardumes de seres viventes; e voem as aves acima da terra no firmamento
do céu.
21 Criou, pois, Deus os
monstros marinhos, e todos os seres viventes que se arrastavam, os quais as
águas produziram abundantemente segundo as suas espécies; e toda ave que voa,
segundo a sua espécie. E viu Deus que isso era bom.
22 Então Deus os abençoou,
dizendo: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei as águas dos mares; e
multipliquem-se as aves sobre a terra.
23 E foi a tarde e a manhã, o
dia quinto.
24 E disse Deus: Produza a
terra seres viventes segundo as suas espécies: animais domésticos, répteis, e
animais selvagens segundo as suas espécies. E assim foi.
25 Deus, pois, fez os animais
selvagens segundo as suas espécies, e os animais domésticos segundo as suas
espécies, e todos os répteis da terra segundo as suas espécies. E viu Deus que
isso era bom.
26 E disse Deus: Façamos o
homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; domine ele sobre os peixes
do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda a
terra, e sobre todo réptil que se arrasta sobre a terra.
27 Criou, pois, Deus o homem
à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
28 Então Deus os abençoou e
lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai
sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se
arrastam sobre a terra.
29 Disse-lhes mais: Eis que
vos tenho dado todas as ervas que produzem semente, as quais se acham sobre a
face de toda a terra, bem como todas as árvores em que há fruto que dê semente;
ser-vos-ão para mantimento.
30 E a todos os animais da
terra, a todas as aves do céu e a todo ser vivente que se arrasta sobre a
terra, tenho dado todas as ervas verdes como mantimento. E assim foi.
31 E viu Deus tudo quanto
fizera, e eis que era muito bom. E foi a tarde e a manhã, o dia sexto.
»GÊNESIS [2]
1 Assim foram acabados os
céus e a terra, com todo o seu exército.
2 Ora, havendo Deus
completado no dia sétimo a obra que tinha feito, descansou nesse dia de toda a
obra que fizera.
3 Abençoou Deus o sétimo dia,
e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que criara e fizera.
4 Eis as origens dos céus e
da terra, quando foram criados. No dia em que o Senhor Deus fez a terra e os
céus
5 não havia ainda nenhuma
planta do campo na terra, pois nenhuma erva do campo tinha ainda brotado;
porque o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, nem havia homem para
lavrar a terra.
6 Um vapor, porém, subia da
terra, e regava toda a face da terra.
7 E formou o Senhor Deus o
homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem
tornou-se alma vivente.
8 Então plantou o Senhor Deus
um jardim, da banda do oriente, no Éden; e pôs ali o homem que tinha formado.
9 E o Senhor Deus fez brotar
da terra toda qualidade de árvores agradáveis à vista e boas para comida, bem
como a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do
mal.
10 E saía um rio do Éden para
regar o jardim; e dali se dividia e se tornava em quatro braços.
11 O nome do primeiro é
Pisom: este é o que rodeia toda a terra de Havilá, onde há ouro;
12 e o ouro dessa terra é
bom: ali há o bdélio, e a pedra de berilo.
13 O nome do segundo rio é
Giom: este é o que rodeia toda a terra de Cuche.
14 O nome do terceiro rio é
Tigre: este é o que corre pelo oriente da Assíria. E o quarto rio é o Eufrates.
15 Tomou, pois, o Senhor Deus
o homem, e o pôs no jardim do Édem para o lavrar e guardar.
16 Ordenou o Senhor Deus ao
homem, dizendo: De toda árvore do jardim podes comer livremente;
17 mas da árvore do conhecimento
do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres,
certamente morrerás.
18 Disse mais o Senhor Deus:
Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que lhe seja idônea.
19 Da terra formou, pois, o
Senhor Deus todos os animais o campo e todas as aves do céu, e os trouxe ao
homem, para ver como lhes chamaria; e tudo o que o homem chamou a todo ser
vivente, isso foi o seu nome.
20 Assim o homem deu nomes a
todos os animais domésticos, às aves do céu e a todos os animais do campo; mas
para o homem não se achava ajudadora idônea.
21 Então o Senhor Deus fez
cair um sono pesado sobre o homem, e este adormeceu; tomou-lhe, então, uma das
costelas, e fechou a carne em seu lugar;
22 e da costela que o senhor
Deus lhe tomara, formou a mulher e a trouxe ao homem.
23 Então disse o homem: Esta
é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; ela será chamada varoa,
porquanto do varão foi tomada.
24 Portanto deixará o homem a
seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne.
25 E ambos estavam nus, o
homem e sua mulher; e não se envergonhavam.
»GÊNESIS [3]
1 Ora, a serpente era o mais
astuto de todos os animais do campo, que o Senhor Deus tinha feito. E esta
disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?
2 Respondeu a mulher à
serpente: Do fruto das árvores do jardim podemos comer,
3 mas do fruto da árvore que
está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para
que não morrais.
4 Disse a serpente à mulher:
Certamente não morrereis.
5 Porque Deus sabe que no dia
em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus,
conhecendo o bem e o mal.
6 Então, vendo a mulher que
aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável
para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele
também comeu.
7 Então foram abertos os
olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; pelo que coseram folhas de
figueira, e fizeram para si aventais.
8 E, ouvindo a voz do Senhor
Deus, que passeava no jardim à tardinha, esconderam-se o homem e sua mulher da
presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim.
9 Mas chamou o Senhor Deus ao
homem, e perguntou-lhe: Onde estás?
10 Respondeu-lhe o homem:
Ouvi a tua voz no jardim e tive medo, porque estava nu; e escondi-me.
11 Deus perguntou-lhe mais:
Quem te mostrou que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não
comesses?
12 Ao que respondeu o homem:
A mulher que me deste por companheira deu-me a árvore, e eu comi.
13 Perguntou o Senhor Deus à
mulher: Que é isto que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente enganou-me, e eu
comi.
14 Então o Senhor Deus disse
à serpente: Porquanto fizeste isso, maldita serás tu dentre todos os animais
domésticos, e dentre todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e
pó comerás todos os dias da tua vida.
15 Porei inimizade entre ti e
a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a
cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.
16 E à mulher disse:
Multiplicarei grandemente a dor da tua conceição; em dor darás à luz filhos; e
o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.
17 E ao homem disse:
Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te
ordenei dizendo: Não comerás dela; maldita é a terra por tua causa; em fadiga
comerás dela todos os dias da tua vida.
18 Ela te produzirá espinhos
e abrolhos; e comerás das ervas do campo.
19 Do suor do teu rosto
comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; porquanto
és pó, e ao pó tornarás.
20 Chamou Adão à sua mulher
Eva, porque era a mãe de todos os viventes.
21 E o Senhor Deus fez
túnicas de peles para Adão e sua mulher, e os vestiu.
22 Então disse o Senhor Deus:
Eis que o homem se tem tornado como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Ora,
não suceda que estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e
viva eternamente.
23 O Senhor Deus, pois, o
lançou fora do jardim do Éden para lavrar a terra, de que fora tomado.
24 E havendo lançado fora o
homem, pôs ao oriente do jardim do Éden os querubins, e uma espada flamejante
que se volvia por todos os lados, para guardar o caminho da árvore da vida.
»GÊNESIS [4]
1 Conheceu Adão a Eva, sua
mulher; ela concebeu e, tendo dado à luz a Caim, disse: Alcancei do Senhor um
varão.
2 Tornou a dar à luz a um
filho-a seu irmão Abel. Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da
terra.
3 Ao cabo de dias trouxe Caim
do fruto da terra uma oferta ao Senhor.
4 Abel também trouxe dos
primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura. Ora, atentou o Senhor para
Abel e para a sua oferta,
5 mas para Caim e para a sua
oferta não atentou. Pelo que irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o
semblante.
6 Então o Senhor perguntou a
Caim: Por que te iraste? e por que está descaído o teu semblante?
7 Porventura se procederes
bem, não se há de levantar o teu semblante? e se não procederes bem, o pecado
jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo; mas sobre ele tu deves dominar.
8 Falou Caim com o seu irmão
Abel. E, estando eles no campo, Caim se levantou contra o seu irmão Abel, e o
matou.
9 Perguntou, pois, o Senhor a
Caim: Onde está Abel, teu irmão? Respondeu ele: Não sei; sou eu o guarda do meu
irmão?
10 E disse Deus: Que fizeste?
A voz do sangue de teu irmão está clamando a mim desde a terra.
11 Agora maldito és tu desde
a terra, que abriu a sua boca para da tua mão receber o sangue de teu irmão.
12 Quando lavrares a terra,
não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra.
13 Então disse Caim ao
Senhor: É maior a minha punição do que a que eu possa suportar.
14 Eis que hoje me lanças da
face da terra; também da tua presença ficarei escondido; serei fugitivo e
vagabundo na terra; e qualquer que me encontrar matar-me-á.
15 O Senhor, porém, lhe
disse: Portanto quem matar a Caim, sete vezes sobre ele cairá a vingança. E pôs
o Senhor um sinal em Caim, para que não o ferisse quem quer que o encontrasse.
16 Então saiu Caim da
presença do Senhor, e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden.
17 Conheceu Caim a sua
mulher, a qual concebeu, e deu à luz a Enoque. Caim edificou uma cidade, e lhe
deu o nome do filho, Enoque.
18 A Enoque nasceu Irade, e
Irade gerou a Meujael, e Meujael gerou a Metusael, e Metusael gerou a Lameque.
19 Lameque tomou para si duas
mulheres: o nome duma era Ada, e o nome da outra Zila.
20 E Ada deu à luz a Jabal;
este foi o pai dos que habitam em tendas e possuem gado.
21 O nome do seu irmão era
Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta.
22 A Zila também nasceu um
filho, Tubal-Caim, fabricante de todo instrumento cortante de cobre e de ferro;
e a irmã de Tubal-Caim foi Naamá.
23 Disse Lameque a suas
mulheres: Ada e Zila, ouvi a minha voz; escutai, mulheres de Lameque, as minhas
palavras; pois matei um homem por me ferir, e um mancebo por me pisar.
24 Se Caim há de ser vingado
sete vezes, com certeza Lameque o será setenta e sete vezes.
25 Tornou Adão a conhecer sua
mulher, e ela deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Sete; porque, disse ela,
Deus me deu outro filho em lugar de Abel; porquanto Caim o matou.
26 A Sete também nasceu um
filho, a quem pôs o nome de Enos. Foi nesse tempo, que os homens começaram a
invocar o nome do Senhor.
»GÊNESIS [5]
1 Este é o livro das gerações
de Adão. No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez.
2 Homem e mulher os criou; e
os abençoou, e os chamou pelo nome de homem, no dia em que foram criados.
3 Adão viveu cento e trinta
anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e pôs-lhe o
nome de Sete.
4 E foram os dias de Adão,
depois que gerou a Sete, oitocentos anos; e gerou filhos e filhas.
5 Todos os dias que Adão
viveu foram novecentos e trinta anos; e morreu.
6 Sete viveu cento e cinco
anos, e gerou a Enos.
7 Viveu Sete, depois que
gerou a Enos, oitocentos e sete anos; e gerou filhos e filhas.
8 Todos os dias de Sete foram
novecentos e doze anos; e morreu.
9 Enos viveu noventa anos, e
gerou a Quenã.
10 viveu Enos, depois que
gerou a Quenã, oitocentos e quinze anos; e gerou filhos e filhas.
11 Todos os dias de Enos
foram novecentos e cinco anos; e morreu.
12 Quenã viveu setenta anos,
e gerou a Maalalel.
13 Viveu Quenã, depois que
gerou a Maalalel, oitocentos e quarenta anos, e gerou filhos e filhas.
14 Todos os dias de Quenã
foram novecentos e dez anos; e morreu.
15 Maalalel viveu sessenta e
cinco anos, e gerou a Jarede.
16 Viveu Maalalel, depois que
gerou a Jarede, oitocentos e trinta anos; e gerou filhos e filhas.
17 Todos os dias de Maalalel
foram oitocentos e noventa e cinco anos; e morreu.
18 Jarede viveu cento e
sessenta e dois anos, e gerou a Enoque.
19 Viveu Jarede, depois que
gerou a Enoque, oitocentos anos; e gerou filhos e filhas.
20 Todos os dias de Jarede
foram novecentos e sessenta e dois anos; e morreu.
21 Enoque viveu sessenta e
cinco anos, e gerou a Matusalém.
22 Andou Enoque com Deus,
depois que gerou a Matusalém, trezentos anos; e gerou filhos e filhas.
23 Todos os dias de Enoque
foram trezentos e sessenta e cinco anos;
24 Enoque andou com Deus; e
não apareceu mais, porquanto Deus o tomou.
25 Matusalém viveu cento e
oitenta e sete anos, e gerou a Lameque.
26 Viveu Matusalém, depois
que gerou a Lameque, setecentos e oitenta e dois anos; e gerou filhos e filhas.
27 Todos os dias de Matusalém
foram novecentos e sessenta e nove anos; e morreu.
28 Lameque viveu cento e
oitenta e dois anos, e gerou um filho,
29 a quem chamou Noé,
dizendo: Este nos consolará acerca de nossas obras e do trabalho de nossas
mãos, os quais provêm da terra que o Senhor amaldiçoou.
30 Viveu Lameque, depois que
gerou a Noé, quinhentos e noventa e cinco anos; e gerou filhos e filhas.
31 Todos os dias de Lameque
foram setecentos e setenta e sete anos; e morreu.
32 E era Noé da idade de
quinhentos anos; e gerou Noé a Sem, Cão e Jafé.
»GÊNESIS [6]
1 Sucedeu que, quando os
homens começaram a multiplicar-se sobre a terra, e lhes nasceram filhas,
2 viram os filhos de Deus que
as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que
escolheram.
3 Então disse o Senhor: O meu
Espírito não permanecerá para sempre no homem, porquanto ele é carne, mas os
seus dias serão cento e vinte anos.
4 Naqueles dias estavam os
nefilins na terra, e também depois, quando os filhos de Deus conheceram as
filhas dos homens, as quais lhes deram filhos. Esses nefilins eram os valentes,
os homens de renome, que houve na antigüidade.
5 Viu o Senhor que era grande
a maldade do homem na terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu
coração era má continuamente.
6 Então arrependeu-se o
Senhor de haver feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração
7 E disse o Senhor:
Destruirei da face da terra o homem que criei, tanto o homem como o animal, os
répteis e as aves do céu; porque me arrependo de os haver feito.
8 Noé, porém, achou graça aos
olhos do Senhor.
9 Estas são as gerações de
Noé. Era homem justo e perfeito em suas gerações, e andava com Deus.
10 Gerou Noé três filhos:
Sem, Cão e Jafé.
11 A terra, porém, estava
corrompida diante de Deus, e cheia de violência.
12 Viu Deus a terra, e eis
que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre
a terra.
13 Então disse Deus a Noé: O
fim de toda carne é chegado perante mim; porque a terra está cheia da violência
dos homens; eis que os destruirei juntamente com a terra.
14 Faze para ti uma arca de
madeira de gôfer: farás compartimentos na arca, e a revestirás de betume por
dentro e por fora.
15 Desta maneira a farás: o
comprimento da arca será de trezentos côvados, a sua largura de cinqüenta e a
sua altura de trinta.
16 Farás na arca uma janela e
lhe darás um côvado de altura; e a porta da arca porás no seu lado; fá-la-ás
com andares, baixo, segundo e terceiro.
17 Porque eis que eu trago o
dilúvio sobre a terra, para destruir, de debaixo do céu, toda a carne em que há
espírito de vida; tudo o que há na terra expirará.
18 Mas contigo estabelecerei
o meu pacto; entrarás na arca, tu e contigo teus filhos, tua mulher e as
mulheres de teus filhos.
19 De tudo o que vive, de
toda a carne, dois de cada espécie, farás entrar na arca, para os conservares
vivos contigo; macho e fêmea serão.
20 Das aves segundo as suas
espécies, do gado segundo as suas espécies, de todo réptil da terra segundo as
suas espécies, dois de cada espécie virão a ti, para os conservares em vida.
21 Leva contigo de tudo o que
se come, e ajunta-o para ti; e te será para alimento, a ti e a eles.
22 Assim fez Noé; segundo
tudo o que Deus lhe mandou, assim o fez.
»GÊNESIS [7]
1 Depois disse o Senhor a
Noé: Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque tenho visto que és justo
diante de mim nesta geração.
2 De todos os animais limpos
levarás contigo sete e sete, o macho e sua fêmea; mas dos animais que não são
limpos, dois, o macho e sua fêmea;
3 também das aves do céu sete
e sete, macho e fêmea, para se conservar em vida sua espécie sobre a face de
toda a terra.
4 Porque, passados ainda sete
dias, farei chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites, e
exterminarei da face da terra todas as criaturas que fiz.
5 E Noé fez segundo tudo o
que o Senhor lhe ordenara.
6 Tinha Noé seiscentos anos
de idade, quando o dilúvio veio sobre a terra.
7 Noé entrou na arca com seus
filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos, por causa das águas do
dilúvio.
8 Dos animais limpos e dos
que não são limpos, das aves, e de todo réptil sobre a terra,
9 entraram dois a dois para
junto de Noé na arca, macho e fêmea, como Deus ordenara a Noé.
10 Passados os sete dias,
vieram sobre a terra as águas do dilúvio.
11 No ano seiscentos da vida
de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, romperam-se todas as fontes
do grande abismo, e as janelas do céu se abriram,
12 e caiu chuva sobre a terra
quarenta dias e quarenta noites.
13 Nesse mesmo dia entrou Noé
na arca, e juntamente com ele seus filhos Sem, Cão e Jafé, como também sua
mulher e as três mulheres de seus filhos,
14 e com eles todo animal
segundo a sua espécie, todo o gado segundo a sua espécie, todo réptil que se
arrasta sobre a terra segundo a sua espécie e toda ave segundo a sua espécie,
pássaros de toda qualidade.
15 Entraram para junto de Noé
na arca, dois a dois de toda a carne em que havia espírito de vida.
16 E os que entraram eram
macho e fêmea de toda a carne, como Deus lhe tinha ordenado; e o Senhor o
fechou dentro.
17 Veio o dilúvio sobre a
terra durante quarenta dias; e as águas cresceram e levantaram a arca, e ela se
elevou por cima da terra.
18 Prevaleceram as águas e
cresceram grandemente sobre a terra; e a arca vagava sobre as águas.
19 As águas prevaleceram
excessivamente sobre a terra; e todos os altos montes que havia debaixo do céu
foram cobertos.
20 Quinze côvados acima deles
prevaleceram as águas; e assim foram cobertos.
21 Pereceu toda a carne que
se movia sobre a terra, tanto ave como gado, animais selvagens, todo réptil que
se arrasta sobre a terra, e todo homem.
22 Tudo o que tinha fôlego do
espírito de vida em suas narinas, tudo o que havia na terra seca, morreu.
23 Assim foram exterminadas
todas as criaturas que havia sobre a face da terra, tanto o homem como o gado,
o réptil, e as aves do céu; todos foram exterminados da terra; ficou somente
Noé, e os que com ele estavam na arca.
24 E prevaleceram as águas
sobre a terra cento e cinqüenta dias.
»GÊNESIS [8]
1 Deus lembrou-se de Noé, de
todos os animais e de todo o gado, que estavam com ele na arca; e Deus fez
passar um vento sobre a terra, e as águas começaram a diminuir.
2 Cerraram-se as fontes do
abismo e as janelas do céu, e a chuva do céu se deteve;
3 as águas se foram retirando
de sobre a terra; no fim de cento e cinqüenta dias começaram a minguar.
4 No sétimo mês, no dia
dezessete do mês, repousou a arca sobre os montes de Arará.
5 E as águas foram minguando
até o décimo mês; no décimo mês, no primeiro dia do mês, apareceram os cumes
dos montes.
6 Ao cabo de quarenta dias,
abriu Noé a janela que havia feito na arca;
7 soltou um corvo que,
saindo, ia e voltava até que as águas se secaram de sobre a terra.
8 Depois soltou uma pomba,
para ver se as águas tinham minguado de sobre a face da terra;
9 mas a pomba não achou onde
pousar a planta do pé, e voltou a ele para a arca; porque as águas ainda
estavam sobre a face de toda a terra; e Noé, estendendo a mão, tomou-a e a
recolheu consigo na arca.
10 Esperou ainda outros sete
dias, e tornou a soltar a pomba fora da arca.
11 À tardinha a pomba voltou
para ele, e eis no seu bico uma folha verde de oliveira; assim soube Noé que as
águas tinham minguado de sobre a terra.
12 Então esperou ainda outros
sete dias, e soltou a pomba; e esta não tornou mais a ele.
13 No ano seiscentos e um, no
mês primeiro, no primeiro dia do mês, secaram-se as águas de sobre a terra.
Então Noé tirou a cobertura da arca: e olhou, e eis que a face a terra estava
enxuta.
14 No segundo mês, aos vinte
e sete dias do mês, a terra estava seca.
15 Então falou Deus a Noé,
dizendo:
16 Sai da arca, tu, e
juntamente contigo tua mulher, teus filhos e as mulheres de teus filhos.
17 Todos os animais que estão
contigo, de toda a carne, tanto aves como gado e todo réptil que se arrasta
sobre a terra, traze-os para fora contigo; para que se reproduzam
abundantemente na terra, frutifiquem e se multipliquem sobre a terra.
18 Então saiu Noé, e com ele
seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos;
19 todo animal, todo réptil e
toda ave, tudo o que se move sobre a terra, segundo as suas famílias, saiu da
arca.
20 Edificou Noé um altar ao
Senhor; e tomou de todo animal limpo e de toda ave limpa, e ofereceu
holocaustos sobre o altar.
21 Sentiu o Senhor o suave
cheiro e disse em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa
do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice;
nem tornarei mais a ferir todo vivente, como acabo de fazer.
22 Enquanto a terra durar,
não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e
noite.
»GÊNESIS [9]
1 Abençoou Deus a Noé e a
seus filhos, e disse-lhes: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra.
2 Terão medo e pavor de vós
todo animal da terra, toda ave do céu, tudo o que se move sobre a terra e todos
os peixes do mar; nas vossas mãos são entregues.
3 Tudo quanto se move e vive
vos servirá de mantimento, bem como a erva verde; tudo vos tenho dado.
4 A carne, porém, com sua
vida, isto é, com seu sangue, não comereis.
5 Certamente requererei o
vosso sangue, o sangue das vossas vidas; de todo animal o requererei; como
também do homem, sim, da mão do irmão de cada um requererei a vida do homem.
6 Quem derramar sangue de
homem, pelo homem terá o seu sangue derramado; porque Deus fez o homem à sua
imagem.
7 Mas vós frutificai, e
multiplicai-vos; povoai abundantemente a terra, e multiplicai-vos nela.
8 Disse também Deus a Noé, e
a seus filhos com ele:
9 Eis que eu estabeleço o meu
pacto convosco e com a vossa descendência depois de vós,
10 e com todo ser vivente que
convosco está: com as aves, com o gado e com todo animal da terra; com todos os
que saíram da arca, sim, com todo animal da terra.
11 Sim, estabeleço o meu
pacto convosco; não será mais destruída toda a carne pelas águas do dilúvio; e
não haverá mais dilúvio, para destruir a terra.
12 E disse Deus: Este é o
sinal do pacto que firmo entre mim e vós e todo ser vivente que está convosco,
por gerações perpétuas:
13 O meu arco tenho posto nas
nuvens, e ele será por sinal de haver um pacto entre mim e a terra.
14 E acontecerá que, quando
eu trouxer nuvens sobre a terra, e aparecer o arco nas nuvens,
15 então me lembrarei do meu
pacto, que está entre mim e vós e todo ser vivente de toda a carne; e as águas
não se tornarão mais em dilúvio para destruir toda a carne.
16 O arco estará nas nuvens,
e olharei para ele a fim de me lembrar do pacto perpétuo entre Deus e todo ser
vivente de toda a carne que está sobre a terra.
17 Disse Deus a Noé ainda:
Esse é o sinal do pacto que tenho estabelecido entre mim e toda a carne que
está sobre a terra.
18 Ora, os filhos de Noé, que
saíram da arca, foram Sem, Cão e Jafé; e Cão é o pai de Canaã.
19 Estes três foram os filhos
de Noé; e destes foi povoada toda a terra.
20 E começou Noé a cultivar a
terra e plantou uma vinha.
21 Bebeu do vinho, e
embriagou-se; e achava-se nu dentro da sua tenda.
22 E Cão, pai de Canaã, viu a
nudez de seu pai, e o contou a seus dois irmãos que estavam fora.
23 Então tomaram Sem e Jafé
uma capa, e puseram-na sobre os seus ombros, e andando virados para trás,
cobriram a nudez de seu pai, tendo os rostos virados, de maneira que não viram
a nudez de seu pai.
24 Despertado que foi Noé do
seu vinho, soube o que seu filho mais moço lhe fizera;
25 e disse: Maldito seja
Canaã; servo dos servos será de seus irmãos.
26 Disse mais: Bendito seja o
Senhor, o Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.
27 Alargue Deus a Jafé, e
habite Jafé nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.
28 Viveu Noé, depois do
dilúvio, trezentos e cinqüenta anos.
29 E foram todos os dias de
Noé novecentos e cinqüenta anos; e morreu.
»GÊNESIS [10]
1 Estas, pois, são as
gerações dos filhos de Noé: Sem, Cão e Jafé, aos quais nasceram filhos depois
do dilúvio.
2 Os filhos de Jafé: Gomer,
Magogue, Madai, Javã, Tubal, Meseque e Tiras.
3 Os filhos de Gomer:
Asquenaz, Rifate e Togarma.
4 Os filhos de Javã: Elisá,
Társis, Quitim e Dodanim.
5 Por estes foram repartidas
as ilhas das nações nas suas terras, cada qual segundo a sua língua, segundo as
suas famílias, entre as suas nações.
6 Os filhos de Cão: Cuche,
Mizraim, Pute e Canaã.
7 Os filhos de Cuche: Seba,
Havilá, Sabtá, Raamá e Sabtecá; e os filhos de Raamá são Sebá e Dedã.
8 Cuche também gerou a
Ninrode, o qual foi o primeiro a ser poderoso na terra.
9 Ele era poderoso caçador
diante do Senhor; pelo que se diz: Como Ninrode, poderoso caçador diante do
Senhor.
10 O princípio do seu reino
foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinar.
11 Desta mesma terra saiu ele
para a Assíria e edificou Nínive, Reobote-Ir, Calá,
12 e Résem entre Nínive e
Calá (esta é a grande cidade).
13 Mizraim gerou a Ludim,
Anamim, Leabim, Naftuim,
14 Patrusim, Casluim (donde
saíram os filisteus) e Caftorim.
15 Canaã gerou a Sidom, seu
primogênito, e Hete,
16 e ao jebuseu, o amorreu, o
girgaseu,
17 o heveu, o arqueu, o
sineu,
18 o arvadeu, o zemareu e o
hamateu. Depois se espalharam as famílias dos cananeus.
19 Foi o termo dos cananeus
desde Sidom, em direção a Gerar, até Gaza; e daí em direção a Sodoma, Gomorra,
Admá e Zeboim, até Lasa.
20 São esses os filhos de Cão
segundo as suas famílias, segundo as suas línguas, em suas terras, em suas
nações.
21 A Sem, que foi o pai de
todos os filhos de Eber e irmão mais velho de Jafé, a ele também nasceram
filhos.
22 Os filhos de Sem foram:
Elão, Assur, Arfaxade, Lude e Arão.
23 Os filhos de Arão: Uz,
Hul, Geter e Más.
24 Arfaxade gerou a Selá; e
Selá gerou a Eber.
25 A Eber nasceram dois
filhos: o nome de um foi Pelegue, porque nos seus dias foi dividida a terra; e
o nome de seu irmão foi Joctã.
26 Joctã gerou a Almodá,
Selefe, Hazarmavé, Jerá,
27 Hadorão, Usal, Dicla,
28 Obal, Abimael, Sebá,
29 Ofir, Havilá e Jobabe:
todos esses foram filhos de Joctã.
30 E foi a sua habitação
desde Messa até Sefar, montanha do oriente.
31 Esses são os filhos de Sem
segundo as suas famílias, segundo as suas línguas, em suas terras, segundo as
suas nações.
32 Essas são as famílias dos
filhos de Noé segundo as suas gerações, em suas nações; e delas foram
disseminadas as nações na terra depois do dilúvio.
»GÊNESIS [11]
1 Ora, toda a terra tinha uma
só língua e um só idioma.
2 E deslocando-se os homens
para o oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e ali habitaram.
3 Disseram uns aos outros:
Eia pois, façamos tijolos, e queimemo-los bem. Os tijolos lhes serviram de
pedras e o betume de argamassa.
4 Disseram mais: Eia,
edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo cume toque no céu, e
façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a
terra.
5 Então desceu o Senhor para
ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam;
6 e disse: Eis que o povo é
um e todos têm uma só língua; e isto é o que começam a fazer; agora não haverá
restrição para tudo o que eles intentarem fazer.
7 Eia, desçamos, e
confundamos ali a sua linguagem, para que não entenda um a língua do outro.
8 Assim o Senhor os espalhou
dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade.
9 Por isso se chamou o seu
nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a linguagem de toda a terra, e
dali o Senhor os espalhou sobre a face de toda a terra.
10 Estas são as gerações de
Sem. Tinha ele cem anos, quando gerou a Arfaxade, dois anos depois do dilúvio.
11 E viveu Sem, depois que
gerou a Arfaxade, quinhentos anos; e gerou filhos e filhas.
12 Arfaxade viveu trinta e
cinco anos, e gerou a Selá.
13 Viveu Arfaxade, depois que
gerou a Selá, quatrocentos e três anos; e gerou filhos e filhas.
14 Selá viveu trinta anos, e
gerou a Eber.
15 Viveu Selá, depois que
gerou a Eber, quatrocentos e três anos; e gerou filhos e filhas.
16 Eber viveu trinta e quatro
anos, e gerou a Pelegue.
17 Viveu Eber, depois que
gerou a Pelegue, quatrocentos e trinta anos; e gerou filhos e filhas.
18 Pelegue viveu trinta anos,
e gerou a Reú.
19 Viveu Pelegue, depois que
gerou a Reú, duzentos e nove anos; e gerou filhos e filhas.
20 Reú viveu trinta e dois
anos, e gerou a Serugue.
21 Viveu Reú, depois que
gerou a Serugue, duzentos e sete anos; e gerou filhos e filhas.
22 Serugue viveu trinta anos,
e gerou a Naor.
23 Viveu Serugue, depois que
gerou a Naor, duzentos anos; e gerou filhos e filhas.
24 Naor viveu vinte e nove
anos, e gerou a Tera.
25 Viveu Naor, depois que
gerou a Tera, cento e dezenove anos; e gerou filhos e filhas.
26 Tera viveu setenta anos, e
gerou a Abrão, a Naor e a Harã.
27 Estas são as gerações de
Tera: Tera gerou a Abrão, a Naor e a Harã; e Harã gerou a Ló.
28 Harã morreu antes de seu
pai Tera, na terra do seu nascimento, em Ur dos Caldeus.
29 Abrão e Naor tomaram
mulheres para si: o nome da mulher de Abrão era Sarai, e o nome da mulher do
Naor era Milca, filha de Harã, que foi pai de Milca e de Iscá.
30 Sarai era estéril; não
tinha filhos.
31 Tomou Tera a Abrão seu
filho, e a Ló filho de Harã, filho de seu filho, e a Sarai sua nora, mulher de
seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos Caldeus, a fim de ir para a terra de
Canaã; e vieram até Harã, e ali habitaram.
32 Foram os dias de Tera
duzentos e cinco anos; e morreu Tera em Harã.
»GÊNESIS [12]
1 Ora, o Senhor disse a
Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a
terra que eu te mostrarei.
2 Eu farei de ti uma grande
nação; abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma bênção.
3 Abençoarei aos que te
abençoarem, e amaldiçoarei àquele que te amaldiçoar; e em ti serão benditas
todas as famílias da terra.
4 Partiu, pois Abrão, como o
Senhor lhe ordenara, e Ló foi com ele. Tinha Abrão setenta e cinco anos quando
saiu de Harã.
5 Abrão levou consigo a
Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que haviam
adquirido, e as almas que lhes acresceram em Harã; e saíram a fim de irem à
terra de Canaã; e à terra de Canaã chegaram.
6 Passou Abrão pela terra até
o lugar de Siquém, até o carvalho de Moré. Nesse tempo estavam os cananeus na
terra.
7 Apareceu, porém, o Senhor a
Abrão, e disse: À tua semente darei esta terra. Abrão, pois, edificou ali um
altar ao Senhor, que lhe aparecera.
8 Então passou dali para o
monte ao oriente de Betel, e armou a sua tenda, ficando-lhe Betel ao ocidente,
e Ai ao oriente; também ali edificou um altar ao Senhor, e invocou o nome do
Senhor.
9 Depois continuou Abrão o
seu caminho, seguindo ainda para o sul.
10 Ora, havia fome naquela
terra; Abrão, pois, desceu ao Egito, para peregrinar ali, porquanto era grande
a fome na terra.
11 Quando ele estava prestes
a entrar no Egito, disse a Sarai, sua mulher: Ora, bem sei que és mulher
formosa à vista;
12 e acontecerá que, quando
os egípcios te virem, dirão: Esta é mulher dele. E me matarão a mim, mas a ti
te guardarão em vida.
13 Dize, peço-te, que és
minha irmã, para que me vá bem por tua causa, e que viva a minha alma em
atenção a ti.
14 E aconteceu que, entrando
Abrão no Egito, viram os egípcios que a mulher era mui formosa.
15 Até os príncipes de Faraó
a viram e gabaram-na diante dele; e foi levada a mulher para a casa de Faraó.
16 E ele tratou bem a Abrão
por causa dela; e este veio a ter ovelhas, bois e jumentos, servos e servas,
jumentas e camelos.
17 Feriu, porém, o Senhor a
Faraó e a sua casa com grandes pragas, por causa de Sarai, mulher de Abrão.
18 Então chamou Faraó a
Abrão, e disse: Que é isto que me fizeste? por que não me disseste que ela era
tua mulher?
19 Por que disseste: E minha
irmã? de maneira que a tomei para ser minha mulher. Agora, pois, eis aqui tua
mulher; toma-a e vai-te.
20 E Faraó deu ordens aos
seus guardas a respeito dele, os quais o despediram a ele, e a sua mulher, e a
tudo o que tinha.
»GÊNESIS [13]
1 Subiu, pois, Abrão do Egito
para o Negebe, levando sua mulher e tudo o que tinha, e Ló o acompanhava.
2 Abrão era muito rico em
gado, em prata e em ouro.
3 Nas suas jornadas subiu do
Negebe para Betel, até o lugar onde outrora estivera a sua tenda, entre Betel e
Ai,
4 até o lugar do altar, que
dantes ali fizera; e ali invocou Abrão o nome do Senhor.
5 E também Ló, que ia com
Abrão, tinha rebanhos, gado e tendas.
6 Ora, a terra não podia
sustentá-los, para eles habitarem juntos; porque os seus bens eram muitos; de
modo que não podiam habitar juntos.
7 Pelo que houve contenda
entre os pastores do gado de Abrão, e os pastores do gado de Ló. E nesse tempo
os cananeus e os perizeus habitavam na terra.
8 Disse, pois, Abrão a Ló:
Ora, não haja contenda entre mim e ti, e entre os meus pastores e os teus
pastores, porque somos irmãos.
9 Porventura não está toda a
terra diante de ti? Rogo-te que te apartes de mim. Se tu escolheres a esquerda,
irei para a direita; e se a direita escolheres, irei eu para a esquerda.
10 Então Ló levantou os
olhos, e viu toda a planície do Jordão, que era toda bem regada (antes de haver
o Senhor destruído Sodoma e Gomorra), e era como o jardim do Senhor, como a
terra do Egito, até chegar a Zoar.
11 E Ló escolheu para si toda
a planície do Jordão, e partiu para o oriente; assim se apartaram um do outro.
12 Habitou Abrão na terra de
Canaã, e Ló habitou nas cidades da planície, e foi armando as suas tendas até
chegar a Sodoma.
13 Ora, os homens de Sodoma
eram maus e grandes pecadores contra o Senhor.
14 E disse o Senhor a Abrão,
depois que Ló se apartou dele: Levanta agora os olhos, e olha desde o lugar
onde estás, para o norte, para o sul, para o oriente e para o oriente;
15 porque toda esta terra que
vês, te hei de dar a ti, e à tua descendência, para sempre.
16 E farei a tua descendência
como o pó da terra; de maneira que se puder ser contado o pó da terra, então
também poderá ser contada a tua descendência.
17 Levanta-te, percorre esta
terra, no seu comprimento e na sua largura; porque a darei a ti.
18 Então mudou Abrão as suas
tendas, e foi habitar junto dos carvalhos de Manre, em Hebrom; e ali edificou
um altar ao Senhor.
»GÊNESIS [14]
1 Aconteceu nos dias de
Anrafel, rei de Sinar, Arioque, rei de Elasar, Quedorlaomer, rei de Elão, e
Tidal, rei de Goiim,
2 que estes fizeram guerra a
Bera, rei de Sodoma, a Birsa, rei de Gomorra, a Sinabe, rei de Admá, a Semeber,
rei de Zeboim, e ao rei de Belá (esta é Zoar).
3 Todos estes se ajuntaram no
vale de Sidim (que é o Mar Salgado).
4 Doze anos haviam servido a
Quedorlaomer, mas ao décimo terceiro ano rebelaram-se.
5 Por isso, ao décimo quarto
ano veio Quedorlaomer, e os reis que estavam com ele, e feriram aos refains em
Asterote-Carnaim, aos zuzins em Hão, aos emins em Savé-Quiriataim,
6 e aos horeus no seu monte
Seir, até El-Parã, que está junto ao deserto.
7 Depois voltaram e vieram a
En-Mispate (que é Cades), e feriram toda a terra dos amalequitas, e também dos
amorreus, que habitavam em Hazazom-Tamar.
8 Então saíram os reis de
Sodoma, de Gomorra, de Admá, de Zeboim e de Belá (esta é Zoar), e ordenaram
batalha contra eles no vale de Sidim,
9 contra Quedorlaomer, rei de
Elão, Tidal, rei de Goiim, Anrafel, rei de Sinar, e Arioque, rei de Elasar;
quatro reis contra cinco.
10 Ora, o vale de Sidim
estava cheio de poços de betume; e fugiram os reis de Sodoma e de Gomorra, e
caíram ali; e os restantes fugiram para o monte.
11 Tomaram, então, todos os
bens de Sodoma e de Gomorra com todo o seu mantimento, e se foram.
12 Tomaram também a Ló, filho
do irmão de Abrão, que habitava em Sodoma, e os bens dele, e partiram.
13 Então veio um que
escapara, e o contou a Abrão, o hebreu. Ora, este habitava junto dos carvalhos
de Manre, o amorreu, irmão de Escol e de Aner; estes eram aliados de Abrão.
14 Ouvindo, pois, Abrão que
seu irmão estava preso, levou os seus homens treinados, nascidos em sua casa,
em número de trezentos e dezoito, e perseguiu os reis até Dã.
15 Dividiu-se contra eles de
noite, ele e os seus servos, e os feriu, perseguindo-os até Hobá, que fica à
esquerda de Damasco.
16 Assim tornou a trazer
todos os bens, e tornou a trazer também a Ló, seu irmão, e os bens dele, e
também as mulheres e o povo.
17 Depois que Abrão voltou de
ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele, saiu-lhe ao encontro o rei
de Sodoma, no vale de Savé (que é o vale do rei).
18 Ora, Melquisedeque, rei de
Salém, trouxe pão e vinho; pois era sacerdote do Deus Altíssimo;
19 e abençoou a Abrão,
dizendo: bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Criador dos céus e da terra!
20 E bendito seja o Deus
Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos! E Abrão deu-lhe o
dízimo de tudo.
21 Então o rei de Sodoma
disse a Abrão: Dá-me a mim as pessoas; e os bens toma-os para ti.
22 Abrão, porém, respondeu ao
rei de Sodoma: Levanto minha mão ao Senhor, o Deus Altíssimo, o Criador dos
céus e da terra,
23 jurando que não tomarei
coisa alguma de tudo o que é teu, nem um fio, nem uma correia de sapato, para
que não digas: Eu enriqueci a Abrão;
24 salvo tão somente o que os
mancebos comeram, e a parte que toca aos homens Aner, Escol e Manre, que foram
comigo; que estes tomem a sua parte.
»GÊNESIS [15]
1 Depois destas coisas veio a
palavra do Senhor a Abrão numa visão, dizendo: Não temas, Abrão; eu sou o teu
escudo, o teu galardão será grandíssimo.
2 Então disse Abrão: Ó Senhor
Deus, que me darás, visto que morro sem filhos, e o herdeiro de minha casa é o
damasceno Eliézer?
3 Disse mais Abrão: A mim não
me tens dado filhos; eis que um nascido na minha casa será o meu herdeiro.
4 Ao que lhe veio a palavra
do Senhor, dizendo: Este não será o teu herdeiro; mas aquele que sair das tuas
entranhas, esse será o teu herdeiro.
5 Então o levou para fora, e
disse: Olha agora para o céu, e conta as estrelas, se as podes contar; e
acrescentou-lhe: Assim será a tua descendência.
6 E creu Abrão no Senhor, e o
Senhor imputou-lhe isto como justiça.
7 Disse-lhe mais: Eu sou o
Senhor, que te tirei de Ur dos caldeus, para te dar esta terra em herança.
8 Ao que lhe perguntou Abrão:
Ó Senhor Deus, como saberei que hei de herdá-la?
9 Respondeu-lhe: Toma-me uma
novilha de três anos, uma cabra de três anos, um carneiro de três anos, uma
rola e um pombinho.
10 Ele, pois, lhe trouxe
todos estes animais, partiu-os pelo meio, e pôs cada parte deles em frente da
outra; mas as aves não partiu.
11 E as aves de rapina
desciam sobre os cadáveres; Abrão, porém, as enxotava.
12 Ora, ao pôr do sol, caiu
um profundo sono sobre Abrão; e eis que lhe sobrevieram grande pavor e densas
trevas.
13 Então disse o Senhor a
Abrão: Sabe com certeza que a tua descendência será peregrina em terra alheia,
e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos;
14 sabe também que eu
julgarei a nação a qual ela tem de servir; e depois sairá com muitos bens.
15 Tu, porém, irás em paz
para teus pais; em boa velhice serás sepultado.
16 Na quarta geração, porém,
voltarão para cá; porque a medida da iniqüidade dos amorreus não está ainda
cheia.
17 Quando o sol já estava
posto, e era escuro, eis um fogo fumegante e uma tocha de fogo, que passaram
por entre aquelas metades.
18 Naquele mesmo dia fez o
Senhor um pacto com Abrão, dizendo: À tua descendência tenho dado esta terra,
desde o rio do Egito até o grande rio Eufrates;
19 e o queneu, o quenizeu, o
cadmoneu,
20 o heteu, o perizeu, os
refains,
21 o amorreu, o cananeu, o
girgaseu e o jebuseu.
»GÊNESIS [16]
1 Ora, Sarai, mulher de
Abrão, não lhe dava filhos. Tinha ela uma serva egípcia, que se chamava Agar.
2 Disse Sarai a Abrão: Eis
que o Senhor me tem impedido de ter filhos; toma, pois, a minha serva;
porventura terei filhos por meio dela. E ouviu Abrão a voz de Sarai.
3 Assim Sarai, mulher de
Abrão, tomou a Agar a egípcia, sua serva, e a deu por mulher a Abrão seu
marido, depois de Abrão ter habitado dez anos na terra de Canaã.
4 E ele conheceu a Agar, e
ela concebeu; e vendo ela que concebera, foi sua senhora desprezada aos seus
olhos.
5 Então disse Sarai a Abrão:
Sobre ti seja a afronta que me é dirigida a mim; pus a minha serva em teu
regaço; vendo ela agora que concebeu, sou desprezada aos seus olhos; o Senhor
julgue entre mim e ti.
6 Ao que disse Abrão a Sarai:
Eis que tua serva está nas tuas mãos; faze-lhe como bem te parecer. E Sarai
maltratou-a, e ela fugiu de sua face.
7 Então o anjo do Senhor,
achando-a junto a uma fonte no deserto, a fonte que está no caminho de Sur,
8 perguntou-lhe: Agar, serva
de Sarai, donde vieste, e para onde vais? Respondeu ela: Da presença de Sarai,
minha senhora, vou fugindo.
9 Disse-lhe o anjo do Senhor:
Torna-te para tua senhora, e humilha-te debaixo das suas mãos.
10 Disse-lhe mais o anjo do
Senhor: Multiplicarei sobremaneira a tua descendência, de modo que não será
contada, por numerosa que será.
11 Disse-lhe ainda o anjo do
Senhor: Eis que concebeste, e terás um filho, a quem chamarás Ismael; porquanto
o Senhor ouviu a tua aflição.
12 Ele será como um jumento
selvagem entre os homens; a sua mão será contra todos, e a mão de todos contra
ele; e habitará diante da face de todos os seus irmãos.
13 E ela chamou, o nome do
Senhor, que com ela falava, El-Rói; pois disse: Não tenho eu também olhado
neste lugar para aquele que me vê?
14 Pelo que se chamou aquele
poço Beer-Laai-Rói; ele está entre Cades e Berede.
15 E Agar deu um filho a
Abrão; e Abrão pôs o nome de Ismael no seu filho que tivera de Agar.
16 Ora, tinha Abrão oitenta e
seis anos, quando Agar lhe deu Ismael.
»GÊNESIS [17]
1 Quando Abrão tinha noventa
e nove anos, apareceu-lhe o Senhor e lhe disse: Eu sou o Deus Todo-Poderoso;
anda em minha presença, e sê perfeito;
2 e firmarei o meu pacto
contigo, e sobremaneira te multiplicarei.
3 Ao que Abrão se prostrou
com o rosto em terra, e Deus falou-lhe, dizendo:
4 Quanto a mim, eis que o meu
pacto é contigo, e serás pai de muitas nações;
5 não mais serás chamado
Abrão, mas Abraão será o teu nome; pois por pai de muitas nações te hei posto;
6 far-te-ei frutificar sobremaneira,
e de ti farei nações, e reis sairão de ti;
7 estabelecerei o meu pacto
contigo e com a tua descendência depois de ti em suas gerações, como pacto
perpétuo, para te ser por Deus a ti e à tua descendência depois de ti.
8 Dar-te-ei a ti e à tua
descendência depois de ti a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã,
em perpétua possessão; e serei o seu Deus.
9 Disse mais Deus a Abraão:
Ora, quanto a ti, guardarás o meu pacto, tu e a tua descendência depois de ti,
nas suas gerações.
10 Este é o meu pacto, que
guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: todo varão
dentre vugar para aquele que me
11 Circuncidar-vos-eis na
carne do prepúcio; e isto será por sinal de pacto entre mim e vós.
12 À idade de oito dias, todo
varão dentre vós será circuncidado, por todas as vossas gerações, tanto o
nascido em casa como o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não
for da tua linhagem.
13 Com efeito será
circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; assim estará
o meu pacto na vossa carne como pacto perpétuo.
14 Mas o incircunciso, que
não se circuncidar na carne do prepúcio, essa alma será extirpada do seu povo;
violou o meu pacto.
15 Disse Deus a Abraão:
Quanto a Sarai, tua, mulher, não lhe chamarás mais Sarai, porem Sara será o seu
nome.
16 Abençoá-la-ei, e também
dela te darei um filho; sim, abençoá-la-ei, e ela será mãe de nações; reis de
povos sairão dela.
17 Ao que se prostrou Abraão
com o rosto em terra, e riu-se, e disse no seu coração: A um homem de cem anos
há de nascer um filho? Dará à luz Sara, que tem noventa anos?
18 Depois disse Abraão a
Deus: Oxalá que viva Ismael diante de ti!
19 E Deus lhe respondeu: Na
verdade, Sara, tua mulher, te dará à luz um filho, e lhe chamarás Isaque; com
ele estabelecerei o meu pacto como pacto perpétuo para a sua descendência
depois dele.
20 E quanto a Ismael, também
te tenho ouvido; eis que o tenho abençoado, e fá-lo-ei frutificar, e
multiplicá-lo-ei grandissimamente; doze príncipes gerará, e dele farei uma
grande nação.
21 O meu pacto, porém,
estabelecerei com Isaque, que Sara te dará à luz neste tempo determinado, no
ano vindouro.
22 Ao acabar de falar com
Abraão, subiu Deus diante dele.
23 Logo tomou Abraão a seu
filho Ismael, e a todos os nascidos na sua casa e a todos os comprados por seu
dinheiro, todo varão entre os da casa de Abraão, e lhes circuncidou a carne do
prepúcio, naquele mesmo dia, como Deus lhe ordenara.
24 Abraão tinha noventa e
nove anos, quando lhe foi circuncidada a carne do prepúcio;
25 E Ismael, seu filho, tinha
treze anos, quando lhe foi circuncidada a carne do prepúcio.
26 No mesmo dia foram
circuncidados Abraão e seu filho Ismael.
27 E todos os homens da sua
casa, assim os nascidos em casa, como os comprados por dinheiro ao estrangeiro,
foram circuncidados com ele.
»GÊNESIS [18]
1 Depois apareceu o Senhor a
Abraão junto aos carvalhos de Manre, estando ele sentado à porta da tenda, no
maior calor do dia.
2 Levantando Abraão os olhos,
olhou e eis três homens de pé em frente dele. Quando os viu, correu da porta da
tenda ao seu encontro, e prostrou-se em terra,
3 e disse: Meu Senhor, se
agora tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que não passes de teu servo.
4 Eia, traga-se um pouco
d'água, e lavai os pés e recostai-vos debaixo da árvore;
5 e trarei um bocado de pão;
refazei as vossas forças, e depois passareis adiante; porquanto por isso
chegastes ate o vosso servo. Responderam-lhe: Faze assim como disseste.
6 Abraão, pois, apressou-se
em ir ter com Sara na tenda, e disse-lhe: Amassa depressa três medidas de flor
de farinha e faze bolos.
7 Em seguida correu ao gado,
apanhou um bezerro tenro e bom e deu-o ao criado, que se apressou em
prepará-lo.
8 Então tomou queijo fresco,
e leite, e o bezerro que mandara preparar, e pôs tudo diante deles, ficando em
pé ao lado deles debaixo da árvore, enquanto comiam.
9 Perguntaram-lhe eles: Onde
está Sara, tua mulher? Ele respondeu: Está ali na tenda.
10 E um deles lhe disse:
certamente tornarei a ti no ano vindouro; e eis que Sara tua mulher terá um
filho. E Sara estava escutando à porta da tenda, que estava atrás dele.
11 Ora, Abraão e Sara eram já
velhos, e avançados em idade; e a Sara havia cessado o incômodo das mulheres.
12 Sara então riu-se consigo,
dizendo: Terei ainda deleite depois de haver envelhecido, sendo também o meu
senhor já velho?
13 Perguntou o Senhor a
Abraão: Por que se riu Sara, dizendo: É verdade que eu, que sou velha, darei à
luz um filho?
14 Há, porventura, alguma
coisa difícil ao Senhor? Ao tempo determinado, no ano vindouro, tornarei a ti,
e Sara terá um filho.
15 Então Sara negou, dizendo:
Não me ri; porquanto ela teve medo. Ao que ele respondeu: Não é assim; porque
te riste.
16 E levantaram-se aqueles
homens dali e olharam para a banda de Sodoma; e Abraão ia com eles, para os
encaminhar.
17 E disse o Senhor:
Ocultarei eu a Abraão o que faço,
18 visto que Abraão
certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e por meio dele serão
benditas todas as nações da terra?
19 Porque eu o tenho
escolhido, a fim de que ele ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, para
que guardem o caminho do Senhor, para praticarem retidão e justiça; a fim de
que o Senhor faça vir sobre Abraão o que a respeito dele tem falado.
20 Disse mais o Senhor:
Porquanto o clamor de Sodoma e Gomorra se tem multiplicado, e porquanto o seu
pecado se tem agravado muito,
21 descerei agora, e verei se
em tudo têm praticado segundo o seu clamor, que a mim tem chegado; e se não,
sabê-lo-ei.
22 Então os homens, virando
os seus rostos dali, foram-se em direção a Sodoma; mas Abraão ficou ainda em pé
diante do Senhor.
23 E chegando-se Abraão,
disse: Destruirás também o justo com o ímpio?
24 Se porventura houver
cinqüenta justos na cidade, destruirás e não pouparás o lugar por causa dos
cinqüenta justos que ali estão?
25 Longe de ti que faças tal
coisa, que mates o justo com o ímpio, de modo que o justo seja como o ímpio;
esteja isto longe de ti. Não fará justiça o juiz de toda a terra?
26 Então disse o Senhor: Se
eu achar em Sodoma cinqüenta justos dentro da cidade, pouparei o lugar todo por
causa deles.
27 Tornou-lhe Abraão,
dizendo: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza.
26 Se porventura de cinqüenta
justos faltarem cinco, destruirás toda a cidade por causa dos cinco? Respondeu
ele: Não a destruirei, se eu achar ali quarenta e cinco.
29 Continuou Abraão ainda a
falar-lhe, e disse: Se porventura se acharem ali quarenta? Mais uma vez
assentiu: Por causa dos quarenta não o farei.
30 Disse Abraão: Ora, não se
ire o Senhor, se eu ainda falar. Se porventura se acharem ali trinta? De novo
assentiu: Não o farei, se achar ali trinta.
31 Tornou Abraão: Eis que
outra vez me a atrevi a falar ao Senhor. Se porventura se acharem ali vinte?
Respondeu-lhe: Por causa dos vinte não a destruirei.
32 Disse ainda Abraão: Ora,
não se ire o Senhor, pois só mais esta vez falarei. Se porventura se acharem
ali dez? Ainda assentiu o Senhor: Por causa dos dez não a destruirei.
33 E foi-se o Senhor, logo
que acabou de falar com Abraão; e Abraão voltou para o seu lugar.
»GÊNESIS [19]
1 À tarde chegaram os dois
anjos a Sodoma. Ló estava sentado à porta de Sodoma e, vendo-os, levantou-se
para os receber; prostrou-se com o rosto em terra,
2 e disse: Eis agora, meus
senhores, entrai, peço-vos em casa de vosso servo, e passai nela a noite, e
lavai os pés; de madrugada vos levantareis e ireis vosso caminho. Responderam
eles: Não; antes na praça passaremos a noite.
3 Entretanto, Ló insistiu
muito com eles, pelo que foram com ele e entraram em sua casa; e ele lhes deu
um banquete, assando-lhes pães ázimos, e eles comeram.
4 Mas antes que se deitassem,
cercaram a casa os homens da cidade, isto é, os homens de Sodoma, tanto os
moços como os velhos, sim, todo o povo de todos os lados;
5 e, chamando a Ló,
perguntaram-lhe: Onde estão os homens que entraram esta noite em tua casa?
Traze-os cá fora a nós, para que os conheçamos.
6 Então Ló saiu-lhes à porta,
fechando-a atrás de si,
7 e disse: Meus irmãos,
rogo-vos que não procedais tão perversamente;
8 eis aqui, tenho duas filhas
que ainda não conheceram varão; eu vo-las trarei para fora, e lhes fareis como
bem vos parecer: somente nada façais a estes homens, porquanto entraram debaixo
da sombra do meu telhado.
9 Eles, porém, disseram: Sai
daí. Disseram mais: Esse indivíduo, como estrangeiro veio aqui habitar, e quer
se arvorar em juiz! Agora te faremos mais mal a ti do que a eles. E
arremessaram-se sobre o homem, isto é, sobre Ló, e aproximavam-se para arrombar
a porta.
10 Aqueles homens, porém,
estendendo as mãos, fizeram Ló entrar para dentro da casa, e fecharam a porta;
11 e feriram de cegueira os
que estavam do lado de fora, tanto pequenos como grandes, de maneira que
cansaram de procurar a porta.
12 Então disseram os homens a
Ló: Tens mais alguém aqui? Teu genro, e teus filhos, e tuas filhas, e todos
quantos tens na cidade, tira-os para fora deste lugar;
13 porque nós vamos destruir
este lugar, porquanto o seu clamor se tem avolumado diante do Senhor, e o
Senhor nos enviou a destruí-lo.
14 Tendo saído Ló, falou com
seus genros, que haviam de casar com suas filhas, e disse-lhes: Levantai-vos,
saí deste lugar, porque o Senhor há de destruir a cidade. Mas ele pareceu aos
seus genros como quem estava zombando.
15 E ao amanhecer os anjos
apertavam com Ló, dizendo: levanta-te, toma tua mulher e tuas duas filhas que
aqui estão, para que não pereças no castigo da cidade.
16 Ele, porém, se demorava;
pelo que os homens pegaram-lhe pela mão a ele, à sua mulher, e às suas filhas,
sendo-lhe misericordioso o Senhor. Assim o tiraram e o puseram fora da cidade.
17 Quando os tinham tirado
para fora, disse um deles: Escapa-te, salva tua vida; não olhes para trás de
ti, nem te detenhas em toda esta planície; escapa-te lá para o monte, para que
não pereças.
18 Respondeu-lhe Ló: Ah,
assim não, meu Senhor!
19 Eis que agora o teu servo
tem achado graça aos teus olhos, e tens engrandecido a tua misericórdia que a
mim me fizeste, salvando-me a vida; mas eu não posso escapar-me para o monte;
não seja caso me apanhe antes este mal, e eu morra.
20 Eis ali perto aquela
cidade, para a qual eu posso fugir, e é pequena. Permite que eu me escape para
lá (porventura não é pequena?), e viverá a minha alma.
21 Disse-lhe: Quanto a isso
também te hei atendido, para não subverter a cidade de que acabas de falar.
22 Apressa-te, escapa-te para
lá; porque nada poderei fazer enquanto não tiveres ali chegado. Por isso se
chamou o nome da cidade Zoar.
23 Tinha saído o sol sobre a
terra, quando Ló entrou em Zoar.
24 Então o Senhor, da sua
parte, fez chover do céu enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra.
25 E subverteu aquelas
cidades e toda a planície, e todos os moradores das cidades, e o que nascia da
terra.
26 Mas a mulher de Ló olhou
para trás e ficou convertida em uma estátua de sal.
27 E Abraão levantou-se de
madrugada, e foi ao lugar onde estivera em pé diante do Senhor;
28 e, contemplando Sodoma e
Gomorra e toda a terra da planície, viu que subia da terra fumaça como a de uma
fornalha.
29 Ora, aconteceu que,
destruindo Deus as cidades da planície, lembrou-se de Abraão, e tirou Ló do
meio da destruição, ao subverter aquelas cidades em que Ló habitara.
30 E subiu Ló de Zoar, e
habitou no monte, e as suas duas filhas com ele; porque temia habitar em Zoar;
e habitou numa caverna, ele e as suas duas filhas.
31 Então a primogênita disse
à menor: Nosso pai é já velho, e não há varão na terra que entre a nós, segundo
o costume de toda a terra;
32 vem, demos a nosso pai
vinho a beber, e deitemo-nos com ele, para que conservemos a descendência de
nosso pai.
33 Deram, pois, a seu pai
vinho a beber naquela noite; e, entrando a primogênita, deitou-se com seu pai;
e não percebeu ele quando ela se deitou, nem quando se levantou.
34 No dia seguinte disse a
primogênita à menor: Eis que eu ontem à noite me deitei com meu pai; demos-lhe
vinho a beber também esta noite; e então, entrando tu, deita-te com ele, para
que conservemos a descendência de nosso pai.
35 Tornaram, pois, a dar a
seu pai vinho a beber também naquela noite; e, levantando-se a menor, deitou-se
com ele; e não percebeu ele quando ela se deitou, nem quando se levantou.
36 Assim as duas filhas de Ló
conceberam de seu pai.
37 A primogênita deu a luz a
um filho, e chamou-lhe Moabe; este é o pai dos moabitas de hoje.
38 A menor também deu à luz
um filho, e chamou-lhe Ben-Ami; este é o pai dos amonitas de hoje.
»GÊNESIS [20]
1 Partiu Abraão dali para a
terra do Negebe, e habitou entre Cades e Sur; e peregrinou em Gerar.
2 E havendo Abraão dito de
Sara, sua mulher: É minha irmã; enviou Abimeleque, rei de Gerar, e tomou a
Sara.
3 Deus, porém, veio a
Abimeleque, em sonhos, de noite, e disse-lhe: Eis que estás para morrer por
causa da mulher que tomaste; porque ela tem marido.
4 Ora, Abimeleque ainda não
se havia chegado a ela: perguntou, pois: Senhor matarás porventura também uma
nação justa?
5 Não me disse ele mesmo: É
minha irmã? e ela mesma me disse: Ele é meu irmão; na sinceridade do meu
coração e na inocência das minhas mãos fiz isto.
6 Ao que Deus lhe respondeu
em sonhos: Bem sei eu que na sinceridade do teu coração fizeste isto; e também
eu te tenho impedido de pecar contra mim; por isso não te permiti tocá-la;
7 agora, pois, restitui a
mulher a seu marido, porque ele é profeta, e intercederá por ti, e viverás; se,
porém, não lha restituíres, sabe que certamente morrerás, tu e tudo o que é
teu.
8 Levantou-se Abimeleque de
manhã cedo e, chamando a todos os seus servos, falou-lhes aos ouvidos todas
estas palavras; e os homens temeram muito.
9 Então chamou Abimeleque a
Abraão e lhe perguntou: Que é que nos fizeste? e em que pequei contra ti, para
trazeres sobre mim o sobre o meu reino tamanho pecado? Tu me fizeste o que não
se deve fazer.
10 Perguntou mais Abimeleque
a Abraão: Com que intenção fizeste isto?
11 Respondeu Abraão: Porque
pensei: Certamente não há temor de Deus neste lugar; matar-me-ão por causa da minha
mulher.
12 Além disso ela é realmente
minha irmã, filha de meu pai, ainda que não de minha mãe; e veio a ser minha
mulher.
13 Quando Deus me fez sair
errante da casa de meu pai, eu lhe disse a ela: Esta é a graça que me farás: em
todo lugar aonde formos, dize de mim: Ele é meu irmão.
14 Então tomou Abimeleque
ovelhas e bois, e servos e servas, e os deu a Abraão; e lhe restituiu Sara, sua
mulher;
15 e disse-lhe Abimeleque:
Eis que a minha terra está diante de ti; habita onde bem te parecer.
16 E a Sara disse: Eis que
tenho dado a teu irmão mil moedas de prata; isso te seja por véu dos olhos a
todos os que estão contigo; e perante todos estás reabilitada.
17 Orou Abraão a Deus, e Deus
sarou Abimeleque, e a sua mulher e as suas servas; de maneira que tiveram
filhos;
18 porque o Senhor havia
fechado totalmente todas as madres da casa de Abimeleque, por causa de Sara,
mulher de Abraão.
»GÊNESIS [21]
1 O Senhor visitou a Sara,
como tinha dito, e lhe fez como havia prometido.
2 Sara concebeu, e deu a
Abraão um filho na sua velhice, ao tempo determinado, de que Deus lhe falara;
3 e, Abraão pôs no filho que
lhe nascera, que Sara lhe dera, o nome de Isaque.
4 E Abraão circuncidou a seu
filho Isaque, quando tinha oito dias, conforme Deus lhe ordenara.
5 Ora, Abraão tinha cem anos,
quando lhe nasceu Isaque, seu filho.
6 Pelo que disse Sara: Deus
preparou riso para mim; todo aquele que o ouvir, se rirá comigo.
7 E acrescentou: Quem diria a
Abraão que Sara havia de amamentar filhos? no entanto lhe dei um filho na sua
velhice.
8 cresceu o menino, e foi
desmamado; e Abraão fez um grande banquete no dia em que Isaque foi desmamado.
9 Ora, Sara viu brincando o
filho de Agar a egípcia, que esta dera à luz a Abraão.
10 Pelo que disse a Abraão:
Deita fora esta serva e o seu filho; porque o filho desta serva não será
herdeiro com meu filho, com Isaque.
11 Pareceu isto bem duro aos
olhos de Abraão, por causa de seu filho.
12 Deus, porém, disse a
Abraão: Não pareça isso duro aos teus olhos por causa do moço e por causa da
tua serva; em tudo o que Sara te diz, ouve a sua voz; porque em Isaque será
chamada a tua descendência.
13 Mas também do filho desta
serva farei uma nação, porquanto ele é da tua linhagem.
14 Então se levantou Abraão
de manhã cedo e, tomando pão e um odre de água, os deu a Agar, pondo-os sobre o
ombro dela; também lhe deu o menino e despediu-a; e ela partiu e foi andando
errante pelo deserto de Beer-Seba.
15 E consumida a água do
odre, Agar deitou o menino debaixo de um dos arbustos,
16 e foi assentar-se em
frente dele, a boa distância, como a de um tiro de arco; porque dizia: Que não
veja eu morrer o menino. Assim sentada em frente dele, levantou a sua voz e
chorou.
17 Mas Deus ouviu a voz do
menino; e o anjo de Deus, bradando a Agar desde o céu, disse-lhe: Que tens,
Agar? não temas, porque Deus ouviu a voz do menino desde o lugar onde está.
18 Ergue-te, levanta o menino
e toma-o pela mão, porque dele farei uma grande nação.
19 E abriu-lhe Deus os olhos,
e ela viu um poço; e foi encher de água o odre e deu de beber ao menino.
20 Deus estava com o menino,
que cresceu e, morando no deserto, tornou-se flecheiro.
21 Ele habitou no deserto de
Parã; e sua mãe tomou-lhe uma mulher da terra do Egito.
22 Naquele mesmo tempo
Abimeleque, com Ficol, o chefe do seu exército, falou a Abraão, dizendo: Deus é
contigo em tudo o que fazes;
23 agora pois, jura-me aqui
por Deus que não te haverás falsamente comigo, nem com meu filho, nem com o
filho do meu filho; mas segundo a beneficência que te fiz, me farás a mim, e à
terra onde peregrinaste.
24 Respondeu Abraão: Eu
jurarei.
25 Abraão, porém, repreendeu
a Abimeleque, por causa de um poço de água, que os servos de Abimeleque haviam
tomado à força.
26 Respondeu-lhe Abimeleque:
Não sei quem fez isso; nem tu mo fizeste saber, nem tampouco ouvi eu falar
nisso, senão hoje.
27 Tomou, pois, Abraão
ovelhas e bois, e os deu a Abimeleque; assim fizeram entre, si um pacto.
28 Pôs Abraão, porém, à parte
sete cordeiras do rebanho.
29 E perguntou Abimeleque a
Abraão: Que significam estas sete cordeiras que puseste à parte?
30 Respondeu Abraão: Estas
sete cordeiras receberás da minha mão para que me sirvam de testemunho de que
eu cavei este poço.
31 Pelo que chamou aquele
lugar Beer-Seba, porque ali os dois juraram.
32 Assim fizeram uma pacto em
Beer-Seba. Depois se levantaram Abimeleque e Ficol, o chefe do seu exército, e
tornaram para a terra dos filisteus.
33 Abraão plantou uma
tamargueira em Beer-Seba, e invocou ali o nome do Senhor, o Deus eterno.
34 E peregrinou Abraão na
terra dos filisteus muitos dias.
»GÊNESIS [22]
1 Sucedeu, depois destas
coisas, que Deus provou a Abraão, dizendo-lhe: Abraão! E este respondeu: Eis-me
aqui.
2 Prosseguiu Deus: Toma agora
teu filho; o teu único filho, Isaque, a quem amas; vai à terra de Moriá, e
oferece-o ali em holocausto sobre um dos montes que te hei de mostrar.
3 Levantou-se, pois, Abraão
de manhã cedo, albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e
Isaque, seu filho; e, tendo cortado lenha para o holocausto, partiu para ir ao
lugar que Deus lhe dissera.
4 Ao terceiro dia levantou
Abraão os olhos, e viu o lugar de longe.
5 E disse Abraão a seus
moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o mancebo iremos até lá; depois de
adorarmos, voltaremos a vós.
6 Tomou, pois, Abraão a lenha
do holocausto e a pôs sobre Isaque, seu filho; tomou também na mão o fogo e o
cutelo, e foram caminhando juntos.
7 Então disse Isaque a
Abraão, seu pai: Meu pai! Respondeu Abraão: Eis-me aqui, meu filho!
Perguntou-lhe Isaque: Eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o
holocausto?
8 Respondeu Abraão: Deus
proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho. E os dois iam
caminhando juntos.
9 Havendo eles chegado ao
lugar que Deus lhe dissera, edificou Abraão ali o altar e pôs a lenha em ordem;
o amarrou, a Isaque, seu filho, e o deitou sobre o altar em cima da lenha.
10 E, estendendo a mão, pegou
no cutelo para imolar a seu filho.
11 Mas o anjo do Senhor lhe
bradou desde o céu, e disse: Abraão, Abraão! Ele respondeu: Eis-me aqui.
12 Então disse o anjo: Não
estendas a mão sobre o mancebo, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que
temes a Deus, visto que não me negaste teu filho, o teu único filho.
13 Nisso levantou Abraão os
olhos e olhou, e eis atrás de si um carneiro embaraçado pelos chifres no mato;
e foi Abraão, tomou o carneiro e o ofereceu em holocausto em lugar de seu
filho.
14 Pelo que chamou Abraão
àquele lugar Jeová-Jiré; donde se diz até o dia de hoje: No monte do Senhor se
proverá.
15 Então o anjo do Senhor
bradou a Abraão pela segunda vez desde o céu,
16 e disse: Por mim mesmo
jurei, diz o Senhor, porquanto fizeste isto, e não me negaste teu filho, o teu
único filho,
17 que deveras te abençoarei,
e grandemente multiplicarei a tua descendência, como as estrelas do céu e como
a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos
seus inimigos;
18 e em tua descendência
serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz.
19 Então voltou Abraão aos
seus moços e, levantando-se, foram juntos a Beer-Seba; e Abraão habitou em
Beer-Seba.
20 Depois destas coisas
anunciaram a Abraão, dizendo: Eis que também Milca tem dado à luz filhos a
Naor, teu irmão:
21 Uz o seu primogênito, e
Buz seu irmão, e Quemuel, pai de Arão,
22 e Quesede, Hazo, Pildas,
Jidlafe e Betuel.
23 E Betuel gerou a Rebeca.
Esses oito deu à luz Milca a Naor, irmão de Abraão.
24 E a sua concubina, que se
chamava Reumá, também deu à luz a Teba, Gaão, Taás e Maacá.
»GÊNESIS [23]
1 Ora, os anos da vida de
Sara foram cento e vinte e sete.
2 E morreu Sara em Quiriate-Arba,
que é Hebrom, na terra de Canaã; e veio Abraão lamentá-la e chorar por ela:
3 Depois se levantou Abraão
de diante do seu morto, e falou aos filhos de Hete, dizendo:
4 Estrangeiro e peregrino sou
eu entre vós; dai-me o direito de um lugar de sepultura entre vós, para que eu
sepulte o meu morto, removendo-o de diante da minha face.
5 Responderam-lhe os filhos
de Hete:
6 Ouve-nos, senhor; príncipe
de Deus és tu entre nós; enterra o teu morto na mais escolhida de nossas
sepulturas; nenhum de nós te vedará a sua sepultura, para enterrares o teu
morto.
7 Então se levantou Abraão e,
inclinando-se diante do povo da terra, diante dos filhos de Hete,
8 falou-lhes, dizendo: Se é
de vossa vontade que eu sepulte o meu morto de diante de minha face, ouvi-me e
intercedei por mim junto a Efrom, filho de Zoar,
9 para que ele me dê a cova
de Macpela, que possui no fim do seu campo; que ma dê pelo devido preço em
posse de sepulcro no meio de vós.
10 Ora, Efrom estava sentado
no meio dos filhos de Hete; e respondeu Efrom, o heteu, a Abraão, aos ouvidos
dos filhos de Hete, isto é, de todos os que entravam pela porta da sua cidade,
dizendo:
11 Não, meu senhor; ouve-me.
O campo te dou, também te dou a cova que nele está; na presença dos filhos do
meu povo te dou; sepulta o teu morto.
12 Então Abraão se inclinou
diante do povo da terra,
13 e falou a Efrom, aos
ouvidos do povo da terra, dizendo: Se te agrada, peço-te que me ouças. Darei o
preço do campo; toma-o de mim, e sepultarei ali o meu morto.
14 Respondeu Efrom a Abraão:
15 Meu senhor, ouve-me. Um
terreno do valor de quatrocentos siclos de prata! que é isto entre mim e ti?
Sepulta, pois, o teu morto.
16 E Abraão ouviu a Efrom, e
pesou-lhe a prata de que este tinha falado aos ouvidos dos filhos de Hete,
quatrocentos siclos de prata, moeda corrente entre os mercadores.
17 Assim o campo de Efrom,
que estava em Macpela, em frente de Manre, o campo e a cova que nele estava, e
todo o arvoredo que havia nele, por todos os seus limites ao redor, se
confirmaram
18 a Abraão em possessão na
presença dos filhos de Hete, isto é, de todos os que entravam pela porta da sua
cidade.
19 Depois sepultou Abraão a
Sara sua mulher na cova do campo de Macpela, em frente de Manre, que é Hebrom,
na terra de Canaã.
20 Assim o campo e a cova que
nele estava foram confirmados a Abraão pelos filhos de Hete em possessão de
sepultura.
»GÊNESIS [24]
1 Ora, Abraão era já velho e
de idade avançada; e em tudo o Senhor o havia abençoado.
2 E disse Abraão ao seu
servo, o mais antigo da casa, que tinha o governo sobre tudo o que possuía: Põe
a tua mão debaixo da minha coxa,
3 para que eu te faça jurar
pelo Senhor, Deus do céu e da terra, que não tomarás para meu filho mulher
dentre as filhas dos cananeus, no meio dos quais eu habito;
4 mas que irás à minha terra
e à minha parentela, e dali tomarás mulher para meu filho Isaque.
5 Perguntou-lhe o servo: Se
porventura a mulher não quiser seguir-me a esta terra, farei, então, tornar teu
filho à terra donde saíste?
6 Respondeu-lhe Abraão:
Guarda-te de fazeres tornar para lá meu filho.
7 O Senhor, Deus do céu, que
me tirou da casa de meu pai e da terra da minha parentela, e que me falou, e
que me jurou, dizendo: À tua o semente darei esta terra; ele enviará o seu anjo
diante de si, para que tomes de lá mulher para meu filho.
8 Se a mulher, porém, não
quiser seguir-te, serás livre deste meu juramento; somente não farás meu filho
tornar para lá.
9 Então pôs o servo a sua mão
debaixo da coxa de Abraão seu senhor, e jurou-lhe sobre este negócio.
10 Tomou, pois, o servo dez
dos camelos do seu senhor, porquanto todos os bens de seu senhor estavam em sua
mão; e, partindo, foi para a Mesopotâmia, à cidade de Naor.
11 Fez ajoelhar os camelos
fora da cidade, junto ao poço de água, pela tarde, à hora em que as mulheres
saíam a tirar água.
12 E disse: Ó Senhor, Deus de
meu senhor Abraão, dá-me hoje, peço-te, bom êxito, e usa de benevolência para
com o meu senhor Abraão.
13 Eis que eu estou em pé
junto à fonte, e as filhas dos homens desta cidade vêm saindo para tirar água;
14 faze, pois, que a donzela
a quem eu disser: Abaixa o teu cântaro, peço-te, para que eu beba; e ela
responder: Bebe, e também darei de beber aos teus camelos; seja aquela que
designaste para o teu servo Isaque. Assim conhecerei que usaste de benevolência
para com o meu senhor.
15 Antes que ele acabasse de
falar, eis que Rebeca, filha de Betuel, filho de Milca, mulher de Naor, irmão
de Abraão, saía com o seu cântaro sobre o ombro.
16 A donzela era muito
formosa à vista, virgem, a quem varão não havia conhecido; ela desceu à fonte,
encheu o seu cântaro e subiu.
17 Então o servo correu-lhe
ao encontro, e disse: Deixa-me beber, peço-te, um pouco de água do teu cântaro.
18 Respondeu ela: Bebe, meu
senhor. Então com presteza abaixou o seu cântaro sobre a mão e deu-lhe de
beber.
19 E quando acabou de lhe dar
de beber, disse: Tirarei também água para os teus camelos, até que acabem de
beber.
20 Também com presteza
despejou o seu cântaro no bebedouro e, correndo outra vez ao poço, tirou água
para todos os camelos dele.
21 E o homem a contemplava
atentamente, em silêncio, para saber se o Senhor havia tornado próspera a sua
jornada, ou não.
22 Depois que os camelos
acabaram de beber, tomou o homem um pendente de ouro, de meio siclo de peso, e
duas pulseiras para as mãos dela, do peso de dez siclos de ouro;
23 e perguntou: De quem és
filha? dize-mo, peço-te. Há lugar em casa de teu pai para nós pousarmos?
24 Ela lhe respondeu: Eu sou
filha de Betuel, filho de Milca, o qual ela deu a Naor.
25 Disse-lhe mais: Temos
palha e forragem bastante, e lugar para pousar.
26 Então inclinou-se o homem
e adorou ao Senhor;
27 e disse: Bendito seja o
Senhor Deus de meu senhor Abraão, que não retirou do meu senhor a sua
benevolência e a sua verdade; quanto a mim, o Senhor me guiou no caminho à casa
dos irmãos de meu senhor.
28 A donzela correu, e
relatou estas coisas aos da casa de sua mãe.
29 Ora, Rebeca tinha um
irmão, cujo nome era Labão, o qual saiu correndo ao encontro daquele homem até
a fonte;
30 porquanto tinha visto o
pendente, e as pulseiras sobre as mãos de sua irmã, e ouvido as palavras de sua
irmã Rebeca, que dizia: Assim me falou aquele homem; e foi ter com o homem, que
estava em pé junto aos camelos ao lado da fonte.
31 E disse: Entra, bendito do
Senhor; por que estás aqui fora? pois eu já preparei a casa, e lugar para os
camelos.
32 Então veio o homem à casa,
e desarreou os camelos; deram palha e forragem para os camelos e água para
lavar os pés dele e dos homens que estavam com ele.
33 Depois puseram comida
diante dele. Ele, porém, disse: Não comerei, até que tenha exposto a minha
incumbência. Respondeu-lhe Labão: Fala.
34 Então disse: Eu sou o
servo de Abraão.
35 O Senhor tem abençoado
muito ao meu senhor, o qual se tem engrandecido; deu-lhe rebanhos e gado, prata
e ouro, escravos e escravas, camelos e jumentos.
36 E Sara, a mulher do meu
senhor, mesmo depois, de velha deu um filho a meu senhor; e o pai lhe deu todos
os seus bens.
37 Ora, o meu senhor me fez
jurar, dizendo: Não tomarás mulher para meu filho das filhas dos cananeus, em
cuja terra habito;
38 irás, porém, à casa de meu
pai, e à minha parentela, e tomarás mulher para meu filho.
39 Então respondi ao meu
senhor: Porventura não me seguirá a mulher.
40 Ao que ele me disse: O
Senhor, em cuja presença tenho andado, enviará o seu anjo contigo, e prosperará
o teu caminho; e da minha parentela e da casa de meu pai tomarás mulher para
meu filho;
41 então serás livre do meu
juramento, quando chegares à minha parentela; e se não te derem, livre serás do
meu juramento.
42 E hoje cheguei à fonte, e
disse: Senhor, Deus de meu senhor Abraão, se é que agora prosperas o meu
caminho, o qual venho seguindo,
43 eis que estou junto à
fonte; faze, pois, que a donzela que sair para tirar água, a quem eu disser:
Dá-me, peço-te, de beber um pouco de água do teu cântaro,
44 e ela me responder: Bebe
tu, e também tirarei água para os teus camelos; seja a mulher que o Senhor
designou para o filho de meu senhor.
45 Ora, antes que eu acabasse
de falar no meu coração, eis que Rebeca saía com o seu cântaro sobre o ombro,
desceu à fonte e tirou água; e eu lhe disse: Dá-me de beber, peço-te.
46 E ela, com presteza,
abaixou o seu cântaro do ombro, e disse: Bebe, e também darei de beber aos teus
camelos; assim bebi, e ela deu também de beber aos camelos.
47 Então lhe perguntei: De
quem és filha? E ela disse: Filha de Betuel, filho de Naor, que Milca lhe deu.
Então eu lhe pus o pendente no nariz e as pulseiras sobre as mãos;
48 e, inclinando-me, adorei e
bendisse ao Senhor, Deus do meu senhor Abraão, que me havia conduzido pelo
caminho direito para tomar para seu filho a filha do irmão do meu senhor.
49 Agora, pois, se vós haveis
de usar de benevolência e de verdade para com o meu senhor, declarai-mo; e se
não, também mo declarai, para que eu vá ou para a direita ou para a esquerda.
50 Então responderam Labão e
Betuel: Do Senhor procede este negócio; nós não podemos falar-te mal ou bem.
51 Eis que Rebeca está diante
de ti, toma-a e vai-te; seja ela a mulher do filho de teu senhor, como tem dito
o Senhor.
52 Quando o servo de Abraão
ouviu as palavras deles, prostrou-se em terra diante do Senhor:
53 e tirou o servo jóias de
prata, e jóias de ouro, e vestidos, e deu-os a Rebeca; também deu coisas
preciosas a seu irmão e a sua mãe.
54 Então comeram e beberam,
ele e os homens que com ele estavam, e passaram a noite. Quando se levantaram
de manhã, disse o servo: Deixai-me ir a meu senhor.
55 Disseram o irmão e a mãe
da donzela: Fique ela conosco alguns dias, pelo menos dez dias; e depois irá.
56 Ele, porém, lhes
respondeu: Não me detenhas, visto que o Senhor me tem prosperado o caminho;
deixai-me partir, para que eu volte a meu senhor.
57 Disseram-lhe: chamaremos a
donzela, e perguntaremos a ela mesma.
58 Chamaram, pois, a Rebeca,
e lhe perguntaram: Irás tu com este homem; Respondeu ela: Irei.
59 Então despediram a Rebeca,
sua irmã, e à sua ama e ao servo de Abraão e a seus homens;
60 e abençoaram a Rebeca, e
disseram-lhe: Irmã nossa, sê tu a mãe de milhares de miríades, e possua a tua
descendência a porta de seus aborrecedores!
61 Assim Rebeca se levantou
com as suas moças e, montando nos camelos, seguiram o homem; e o servo, tomando
a Rebeca, partiu.
62 Ora, Isaque tinha vindo do
caminho de Beer-Laai-Rói; pois habitava na terra do Negebe.
63 Saíra Isaque ao campo à
tarde, para meditar; e levantando os olhos, viu, e eis que vinham camelos.
64 Rebeca também levantou os
olhos e, vendo a Isaque, saltou do camelo
65 e perguntou ao servo: Quem
é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro? respondeu o servo: É meu
senhor. Então ela tomou o véu e se cobriu.
66 Depois o servo contou a
Isaque tudo o que fizera.
67 Isaque, pois, trouxe
Rebeca para a tenda de Sara, sua mãe; tomou-a e ela lhe foi por mulher; e ele a
amou. Assim Isaque foi consolado depois da morte de sua mãe.
»GÊNESIS [25]
1 Ora, Abraão tomou outra
mulher, que se chamava Quetura.
2 Ela lhe deu à luz a Zinrã,
Jocsã, Medã, Midiã, Isbaque e Suá.
3 Jocsã gerou a Seba e Dedã.
Os filhos de Dedã foram Assurim, Letusim e Leumim.
4 Os filhos de Midiã foram
Efá, Efer, Hanoque, Abidá e Eldá; todos estes foram filhos de Quetura.
5 Abraão, porém, deu tudo
quanto possuía a Isaque;
6 no entanto aos filhos das
concubinas que Abraão tinha, deu ele dádivas; e, ainda em vida, os separou de
seu filho Isaque, enviando-os ao Oriente, para a terra oriental.
7 Estes, pois, são os dias
dos anos da vida de Abraão, que ele viveu: cento e setenta e, cinco anos.
8 E Abraão expirou, morrendo
em boa velhice, velho e cheio de dias; e foi congregado ao seu povo.
9 Então Isaque e Ismael, seus
filhos, o sepultaram na cova de Macpela, no campo de Efrom, filho de Zoar, o
heteu, que estava em frente de Manre,
10 o campo que Abraão
comprara aos filhos de Hete. Ali foi sepultado Abraão, e Sara, sua mulher.
11 Depois da morte de Abraão,
Deus abençoou a Isaque, seu filho; e habitava Isaque junto a Beer-Laai-Rói.
12 Estas são as gerações de
Ismael, filho de Abraão, que Agar, a egípcia, serva de Sara, lhe deu;
13 e estes são os nomes dos
filhos de Ismael pela sua ordem, segundo as suas gerações: o primogênito de Ismael
era Nebaiote, depois Quedar, Abdeel, Mibsão,
14 Misma, Dumá, Massá,
15 Hadade, Tema, Jetur, Nafis
e Quedemá.
16 Estes são os filhos de
Ismael, e estes são os seus nomes pelas suas vilas e pelos seus acampamentos:
doze príncipes segundo as suas tribos.
17 E estes são os anos da
vida de Ismael, cento e trinta e sete anos; e ele expirou e, morrendo, foi
congregado ao seu povo.
18 Eles então habitaram desde
Havilá até Sur, que está em frente do Egito, como quem vai em direção da
Assíria; assim Ismael se estabeleceu diante da face de todos os seus irmãos.
19 E estas são as gerações de
Isaque, filho de Abraão: Abraão gerou a Isaque;
20 e Isaque tinha quarenta
anos quando tomou por mulher a Rebeca, filha de Betuel, arameu de Padã-Arã, e
irmã de Labão, arameu.
21 Ora, Isaque orou
insistentemente ao Senhor por sua mulher, porquanto ela era estéril; e o Senhor
ouviu as suas orações, e Rebeca, sua mulher, concebeu.
22 E os filhos lutavam no
ventre dela; então ela disse: Por que estou eu assim? E foi consultar ao Senhor.
23 Respondeu-lhe o Senhor:
Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas estranhas, e
um povo será mais forte do que o outro povo, e o mais velho servirá ao mais
moço.
24 Cumpridos que foram os
dias para ela dar à luz, eis que havia gêmeos no seu ventre.
25 Saiu o primeiro, ruivo,
todo ele como um vestido de pelo; e chamaram-lhe Esaú.
26 Depois saiu o seu irmão,
agarrada sua mão ao calcanhar de Esaú; pelo que foi chamado Jacó. E Isaque
tinha sessenta anos quando Rebeca os deu à luz.
27 Cresceram os meninos; e
Esaú tornou-se perito caçador, homem do campo; mas Jacó, homem sossegado, que
habitava em tendas.
28 Isaque amava a Esaú,
porque comia da sua caça; mas Rebeca amava a Jacó.
29 Jacó havia feito um
guisado, quando Esaú chegou do campo, muito cansado;
30 e disse Esaú a Jacó:
Deixa-me, peço-te, comer desse guisado vermelho, porque estou muito cansado.
Por isso se chamou Edom.
31 Respondeu Jacó: Vende-me
primeiro o teu direito de primogenitura.
32 Então replicou Esaú: Eis
que estou a ponto e morrer; logo, para que me servirá o direito de
primogenitura?
33 Ao que disse Jacó: Jura-me
primeiro. Jurou-lhe, pois; e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó.
34 Jacó deu a Esaú pão e o
guisado e lentilhas; e ele comeu e bebeu; e, levantando-se, seguiu seu caminho.
Assim desprezou Esaú o seu direito de primogenitura.
»GÊNESIS [26]
1 Sobreveio à terra uma fome,
além da primeira, que ocorreu nos dias de Abraão. Por isso foi Isaque a
Abimeleque, rei dos filisteus, em Gerar.
2 E apareceu-lhe o Senhor e
disse: Não desças ao Egito; habita na terra que eu te disser;
3 peregrina nesta terra, e
serei contigo e te abençoarei; porque a ti, e aos que descenderem de ti, darei
todas estas terras, e confirmarei o juramento que fiz a Abraão teu pai;
4 e multiplicarei a tua
descendência como as estrelas do céu, e lhe darei todas estas terras; e por
meio dela serão benditas todas as nações da terra;
5 porquanto Abraão obedeceu à
minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos e as
minhas leis.
6 Assim habitou Isaque em
Gerar.
7 Então os homens do lugar
perguntaram-lhe acerca de sua mulher, e ele respondeu: É minha irmã; porque
temia dizer: É minha mulher; para que porventura, dizia ele, não me matassem os
homens daquele lugar por amor de Rebeca; porque era ela formosa à vista.
8 Ora, depois que ele se
demorara ali muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhou por uma janela,
e viu, e eis que Isaque estava brincando com Rebeca, sua mulher.
9 Então chamou Abimeleque a
Isaque, e disse: Eis que na verdade é tua mulher; como pois disseste: E minha
irmã? Respondeu-lhe Isaque: Porque eu dizia: Para que eu porventura não morra
por sua causa.
10 Replicou Abimeleque: Que é
isso que nos fizeste? Facilmente se teria deitado alguém deste povo com tua
mulher, e tu terias trazido culpa sobre nós.
11 E Abimeleque ordenou a
todo o povo, dizendo: Qualquer que tocar neste homem ou em sua mulher,
certamente morrerá.
12 Isaque semeou naquela
terra, e no mesmo ano colheu o cêntuplo; e o Senhor o abençoou.
13 E engrandeceu-se o homem;
e foi-se enriquecendo até que se tornou mui poderoso;
14 e tinha possessões de
rebanhos e de gado, e muita gente de serviço; de modo que os filisteus o
invejavam.
15 Ora, todos os poços, que
os servos de seu pai tinham cavado nos dias de seu pai Abraão, os filisteus
entulharam e encheram de terra.
16 E Abimeleque disse a
Isaque: Aparta-te de nós; porque muito mais poderoso te tens feito do que nós.
17 Então Isaque partiu dali
e, acampando no vale de Gerar, lá habitou.
18 E Isaque tornou a cavar os
poços que se haviam cavado nos dias de Abraão seu pai, pois os filisteus os
haviam entulhado depois da morte de Abraão; e deu-lhes os nomes que seu pai
lhes dera.
19 Cavaram, pois, os servos
de Isaque naquele vale, e acharam ali um poço de águas vivas.
20 E os pastores de Gerar
contenderam com os pastores de Isaque, dizendo: Esta água é nossa. E ele chamou
ao poço Eseque, porque contenderam com ele.
21 Então cavaram outro poço,
pelo qual também contenderam; por isso chamou-lhe Sitna.
22 E partiu dali, e cavou
ainda outro poço; por este não contenderam; pelo que chamou-lhe Reobote,
dizendo: Pois agora o Senhor nos deu largueza, e havemos de crescer na terra.
23 Depois subiu dali a
Beer-Seba.
24 E apareceu-lhe o Senhor na
mesma noite e disse: Eu sou o Deus de Abraão, teu pai; não temas, porque eu sou
contigo, e te abençoarei e multiplicarei a tua descendência por amor do meu
servo Abraão.
25 Isaque, pois, edificou ali
um altar e invocou o nome do Senhor; então armou ali a sua tenda, e os seus servos
cavaram um poço.
26 Então Abimeleque veio a
ele de Gerar, com Aüzate, seu amigo, e Ficol, o chefe do seu exército.
27 E perguntou-lhes Isaque:
Por que viestes ter comigo, visto que me odiais, e me repelistes de vós?
28 Responderam eles: Temos
visto claramente que o Senhor é contigo, pelo que dissemos: Haja agora
juramento entre nós, entre nós e ti; e façamos um pacto contigo,
29 que não nos farás mal,
assim como nós não te havemos tocado, e te fizemos somente o bem, e te deixamos
ir em paz. Agora tu és o bendito do Senhor.
30 Então Isaque lhes deu um
banquete, e comeram e beberam.
31 E levantaram-se de manhã
cedo e juraram de parte a parte; depois Isaque os despediu, e eles se
despediram dele em paz.
32 Nesse mesmo dia vieram os
servos de Isaque e deram-lhe notícias acerca do poço que haviam cavado,
dizendo-lhe: Temos achado água.
33 E ele chamou o poço Seba;
por isso é o nome da cidade Beer-Seba até o dia de hoje.
34 Ora, quando Esaú tinha
quarenta anos, tomou por mulher a Judite, filha de Beeri, o heteu e a Basemate,
filha de Elom, o heteu.
35 E estas foram para Isaque
e Rebeca uma amargura de espírito.
»GÊNESIS [27]
1 Quando Isaque já estava
velho, e se lhe enfraqueciam os olhos, de maneira que não podia ver, chamou a
Esaú, seu filho mais velho, e disse-lhe: Meu filho! Ele lhe respondeu: Eis-me
aqui!
2 Disse-lhe o pai: Eis que
agora estou velho, e não sei o dia da minha morte;
3 toma, pois, as tuas armas,
a tua aljava e o teu arco; e sai ao campo, e apanha para mim alguma caça;
4 e faze-me um guisado saboroso,
como eu gosto, e traze-mo, para que eu coma; a fim de que a minha alma te
abençoe, antes que morra.
5 Ora, Rebeca estava
escutando quando Isaque falou a Esaú, seu filho. Saiu, pois, Esaú ao campo para
apanhar caça e trazê-la.
6 Disse então Rebeca a Jacó,
seu filho: Eis que ouvi teu pai falar com Esaú, teu irmão, dizendo:
7 Traze-me caça, e faze-me um
guisado saboroso, para que eu coma, e te abençoe diante do Senhor, antes da
minha morte.
8 Agora, pois, filho meu,
ouve a minha voz naquilo que eu te ordeno:
9 Vai ao rebanho, e traze-me
de lá das cabras dois bons cabritos; e eu farei um guisado saboroso para teu
pai, como ele gosta;
10 e levá-lo-ás a teu pai,
para que o coma, a fim de te abençoar antes da sua morte.
11 Respondeu, porém, Jacó a
Rebeca, sua mãe: Eis que Esaú, meu irmão, é peludo, e eu sou liso.
12 Porventura meu pai me
apalpará e serei a seus olhos como enganador; assim trarei sobre mim uma
maldição, e não uma bênção.
13 Respondeu-lhe sua mãe: Meu
filho, sobre mim caia essa maldição; somente obedece à minha voz, e vai
trazer-mos.
14 Então ele foi, tomou-os e
os trouxe a sua mãe, que fez um guisado saboroso como seu pai gostava.
15 Depois Rebeca tomou as
melhores vestes de Esaú, seu filho mais velho, que tinha consigo em casa, e
vestiu a Jacó, seu filho mais moço;
16 com as peles dos cabritos
cobriu-lhe as mãos e a lisura do pescoço;
17 e pôs o guisado saboroso e
o pão que tinha preparado, na mão de Jacó, seu filho.
18 E veio Jacó a seu pai, e
chamou: Meu pai! E ele disse:
Eis-me aqui; quem és tu, meu
filho?
19 Respondeu Jacó a seu pai:
Eu sou Esaú, teu primogênito; tenho feito como me disseste; levanta-te, pois,
senta-te e come da minha caça, para que a tua alma me abençoe.
20 Perguntou Isaque a seu
filho: Como é que tão depressa a achaste, filho meu? Respondeu ele: Porque o
Senhor, teu Deus, a mandou ao meu encontro.
21 Então disse Isaque a Jacó:
Chega-te, pois, para que eu te apalpe e veja se és meu filho Esaú mesmo, ou
não.
22 chegou-se Jacó a Isaque,
seu pai, que o apalpou, e disse: A voz é a voz de Jacó, porém as mãos são as
mãos de Esaú.
23 E não o reconheceu,
porquanto as suas mãos estavam peludas, como as de Esaú seu irmão; e
abençoou-o.
24 No entanto perguntou: Tu
és mesmo meu filho Esaú? E ele declarou: Eu o sou.
25 Disse-lhe então seu pai:
Traze-mo, e comerei da caça de meu filho, para que a minha alma te abençoe: E
Jacó lho trouxe, e ele comeu; trouxe-lhe também vinho, e ele bebeu.
26 Disse-lhe mais Isaque, seu
pai: Aproxima-te agora, e beija-me, meu filho.
27 E ele se aproximou e o
beijou; e seu pai, sentindo-lhe o cheiro das vestes o abençoou, e disse: Eis
que o cheiro de meu filho é como o cheiro de um campo que o Senhor abençoou.
28 Que Deus te dê do orvalho
do céu, e dos lugares férteis da terra, e abundância de trigo e de mosto;
29 sirvam-te povos, e nações
se encurvem a ti; sê senhor de teus irmãos, e os filhos da tua mãe se encurvem
a ti; sejam malditos os que te amaldiçoarem, e benditos sejam os que te
abençoarem.
30 Tão logo Isaque acabara de
abençoar a Jacó, e este saíra da presença de seu pai, chegou da caça Esaú, seu
irmão;
31 e fez também ele um
guisado saboroso e, trazendo-o a seu pai, disse-lhe: Levanta-te, meu pai, e
come da caça de teu filho, para que a tua alma me abençoe.
32 Perguntou-lhe Isaque, seu
pai: Quem és tu? Respondeu ele: Eu sou teu filho, o teu primogênito, Esaú.
33 Então estremeceu Isaque de
um estremecimento muito grande e disse: Quem, pois, é aquele que apanhou caça e
ma trouxe? Eu comi de tudo, antes que tu viesses, e abençoei-o, e ele será
bendito.
34 Esaú, ao ouvir as palavras
de seu pai, bradou com grande e mui amargo brado, e disse a seu pai: Abençoa-me
também a mim, meu pai!
35 Respondeu Isaque: Veio teu
irmão e com sutileza tomou a tua bênção.
36 Disse Esaú: Não se chama
ele com razão Jacó, visto que já por duas vezes me enganou? tirou-me o direito
de primogenitura, e eis que agora me tirou a bênção. E perguntou: Não
reservaste uma bênção para mim?
37 Respondeu Isaque a Esaú:
Eis que o tenho posto por senhor sobre ti, e todos os seus irmãos lhe tenho
dado por servos; e de trigo e de mosto o tenho fortalecido. Que, pois, poderei
eu fazer por ti, meu filho?
38 Disse Esaú a seu pai:
Porventura tens uma única bênção, meu pai? Abençoa-me também a mim, meu pai. E
levantou Esaú a voz, e chorou.
39 Respondeu-lhe Isaque, seu
pai: Longe dos lugares férteis da terra será a tua habitação, longe do orvalho
do alto céu;
40 pela tua espada viverás, e
a teu irmão, serviras; mas quando te tornares impaciente, então sacudirás o seu
jugo do teu pescoço.
41 Esaú, pois, odiava a Jacó
por causa da bênção com que seu pai o tinha abençoado, e disse consigo: Vêm
chegando os dias de luto por meu pai; então hei de matar Jacó, meu irmão.
42 Ora, foram denunciadas a
Rebeca estas palavras de Esaú, seu filho mais velho; pelo que ela mandou chamar
Jacó, seu filho mais moço, e lhe disse: Eis que Esaú teu irmão se consola a teu
respeito, propondo matar-te.
43 Agora, pois, meu filho,
ouve a minha voz; levanta-te, refugia-te na casa de Labão, meu irmão, em Harã,
44 e demora-te com ele alguns
dias, até que passe o furor de teu irmão;
45 até que se desvie de ti a
ira de teu irmão, e ele se esqueça do que lhe fizeste; então mandarei trazer-te
de lá; por que seria eu desfilhada de vós ambos num só dia?
46 E disse Rebeca a Isaque:
Enfadada estou da minha vida, por causa das filhas de Hete; se Jacó tomar
mulher dentre as filhas de Hete, tais como estas, dentre as filhas desta terra,
para que viverei?
»GÊNESIS [28]
1 Isaque, pois, chamou Jacó,
e o abençoou, e ordenou-lhe, dizendo: Não tomes mulher dentre as filhas de
Canaã.
2 Levanta-te, vai a Padã-Arã,
à casa de Betuel, pai de tua mãe, e toma de lá uma mulher dentre as filhas de
Labão, irmão de tua mãe.
3 Deus Todo-Poderoso te
abençoe, te faça frutificar e te multiplique, para que venhas a ser uma
multidão de povos; seu
4 e te dê a bênção de Abraão,
a ti e à tua descendência contigo, para que herdes a terra de tuas
peregrinações, que Deus deu a Abraão.
5 Assim despediu Isaque a
Jacó, o qual foi a Padã-Arã, a Labão, filho de Betuel, arameu, irmão de Rebeca,
mãe de Jacó e de Esaú.
6 Ora, viu Esaú que Isaque
abençoara a Jacó, e o enviara a Padã-Arã, para tomar de lá mulher para si, e
que, abençoando-o, lhe ordenara, dizendo: Não tomes mulher dentre as filhas de
Canaã,
7 e que Jacó, obedecendo a
seu pai e a sua mãe, fora a Padã-Arã;
8 vendo também Esaú que as
filhas de Canaã eram más aos olhos de Isaque seu pai,
9 foi-se Esaú a Ismael e,
além das mulheres que já tinha, tomou por mulher a Maalate, filha de Ismael,
filho de Abraão, irmã de Nebaiote.
10 Partiu, pois, Jacó de
Beer-Seba e se foi em direção a Harã;
11 e chegou a um lugar onde
passou a noite, porque o sol já se havia posto; e, tomando uma das pedras do
lugar e pondo-a debaixo da cabeça, deitou-se ali para dormir.
12 Então sonhou: estava posta
sobre a terra uma escada, cujo topo chegava ao céu; e eis que os anjos de Deus
subiam e desciam por ela;
13 por cima dela estava o
Senhor, que disse: Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão teu pai, e o Deus de
Isaque; esta terra em que estás deitado, eu a darei a ti e à tua descendência;
14 e a tua descendência será
como o pó da terra; dilatar-te-ás para o ocidente, para o oriente, para o norte
e para o sul; por meio de ti e da tua descendência serão benditas todas as
famílias da terra.
15 Eis que estou contigo, e
te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; pois não
te deixarei até que haja cumprido aquilo de que te tenho falado.
16 Ao acordar Jacó do seu
sono, disse: Realmente o Senhor está neste lugar; e eu não o sabia.
17 E temeu, e disse: Quão
terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus; e esta é a
porta dos céus.
18 Jacó levantou-se de manhã
cedo, tomou a pedra que pusera debaixo da cabeça, e a pôs como coluna; e
derramou-lhe azeite em cima.
19 E chamou aquele lugar
Betel; porém o nome da cidade antes era Luz.
20 Fez também Jacó um voto,
dizendo: Se Deus for comigo e me guardar neste caminho que vou seguindo, e me
der pão para comer e vestes para vestir,
21 de modo que eu volte em
paz à casa de meu pai, e se o Senhor for o meu Deus,
22 então esta pedra que tenho
posto como coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te
darei o dízimo.
»GÊNESIS [29]
1 Então pôs-se Jacó a caminho
e chegou à terra dos filhos do Oriente.
2 E olhando, viu ali um poço
no campo, e três rebanhos de ovelhas deitadas junto dele; pois desse poço se
dava de beber aos rebanhos; e havia uma grande pedra sobre a boca do poço.
3 Ajuntavam-se ali todos os
rebanhos; os pastores removiam a pedra da boca do poço, davam de beber às
ovelhas e tornavam a pôr a pedra no seu lugar sobre a boca do poço.
4 Perguntou-lhes Jacó: Meus
irmãos, donde sois? Responderam eles: Somos de Harã.
5 Perguntou-lhes mais:
Conheceis a Labão, filho de Naor; Responderam: Conhecemos.
6 Perguntou-lhes ainda: vai
ele bem? Responderam: Vai bem; e eis ali Raquel, sua filha, que vem chegando
com as ovelhas.
7 Disse ele: Eis que ainda
vai alto o dia; não é hora de se ajuntar o gado; dai de beber às ovelhas, e ide
apascentá-las.
8 Responderam: Não podemos,
até que todos os rebanhos se ajuntem, e seja removida a pedra da boca do poço;
assim é que damos de beber às ovelhas.
9 Enquanto Jacó ainda lhes
falava, chegou Raquel com as ovelhas de seu pai; porquanto era ela quem as
apascentava.
10 Quando Jacó viu a Raquel,
filha de Labão, irmão de sua mãe, e as ovelhas de Labão, irmão de sua mãe,
chegou-se, revolveu a pedra da boca do poço e deu de beber às ovelhas de Labão,
irmão de sua mãe.
11 Então Jacó beijou a Raquel
e, levantando a voz, chorou.
12 E Jacó anunciou a Raquel
que ele era irmão de seu pai, e que era filho de Rebeca. Raquel, pois foi
correndo para anunciá-lo a, seu pai.
13 Quando Labão ouviu essas
novas de Jacó, filho de sua irmã, correu-lhe ao encontro, abraçou-o, beijou-o e
o levou à sua casa. E Jacó relatou a Labão todas essas, coisas.
14 Disse-lhe Labão:
Verdadeiramente tu és meu osso e minha carne. E Jacó ficou com ele um mês
inteiro.
15 Depois perguntou Labão a
Jacó: Por seres meu irmão hás de servir-me de graça? Declara-me, qual será o
teu salário?
16 Ora, Labão tinha duas
filhas; o nome da mais velha era Léia, e o da mais moça Raquel.
17 Léia tinha os olhos
enfermos, enquanto que Raquel era formosa de porte e de semblante.
18 Jacó, porquanto amava a
Raquel, disse: Sete anos te servirei para ter a Raquel, tua filha mais moça.
19 Respondeu Labão: Melhor é
que eu a dê a ti do que a outro; fica comigo.
20 Assim serviu Jacó sete
anos por causa de Raquel; e estes lhe pareciam como poucos dias, pelo muito que
a amava.
21 Então Jacó disse a Labão:
Dá-me minha mulher, porque o tempo já está cumprido; para que eu a tome por
mulher.
22 Reuniu, pois, Labão todos
os homens do lugar, e fez um banquete.
23 À tarde tomou a Léia, sua
filha e a trouxe a Jacó, que esteve com ela.
24 E Labão deu sua serva
Zilpa por serva a Léia, sua filha.
25 Quando amanheceu, eis que
era Léia; pelo que perguntou Jacó a Labão: Que é isto que me fizeste?
Porventura não te servi em troca de Raquel? Por que, então, me enganaste?
26 Respondeu Labão: Não se
faz assim em nossa terra; não se dá a menor antes da primogênita.
27 Cumpre a semana desta;
então te daremos também a outra, pelo trabalho de outros sete anos que ainda me
servirás.
28 Assim fez Jacó, e cumpriu
a semana de Léia; depois Labão lhe deu por mulher sua filha Raquel.
29 E Labão deu sua serva Bila
por serva a Raquel, sua filha.
30 Então Jacó esteve também
com Raquel; e amou a Raquel muito mais do que a Léia; e serviu com Labão ainda
outros sete anos.
31 Viu, pois, o Senhor que
Léia era desprezada e tornou-lhe fecunda a madre; Raquel, porém, era estéril.
32 E Léia concebeu e deu à
luz um filho, a quem chamou Rúben; pois disse: Porque o Senhor atendeu à minha
aflição; agora me amará meu marido.
33 Concebeu outra vez, e deu
à luz um filho; e disse: Porquanto o Senhor ouviu que eu era desprezada, deu-me
também este. E lhe chamou Simeão.
34 Concebeu ainda outra vez e
deu à luz um filho e disse: Agora esta vez se unirá meu marido a mim, porque
três filhos lhe tenho dado. Portanto lhe chamou Levi.
35 De novo concebeu e deu à
luz um filho; e disse: Esta vez louvarei ao Senhor. Por isso lhe chamou Judá. E
cessou de ter filhos.
»GÊNESIS [30]
1 Vendo Raquel que não dava
filhos a Jacó, teve inveja de sua irmã, e disse a Jacó: Dá-me filhos, senão eu
morro.
2 Então se acendeu a ira de
Jacó contra Raquel; e disse: Porventura estou eu no lugar de Deus que te
impediu o fruto do ventre?
3 Respondeu ela: Eis aqui
minha serva Bila; recebe-a por mulher, para que ela dê à luz sobre os meus
joelhos, e eu deste modo tenha filhos por ela.
4 Assim lhe deu a Bila, sua serva,
por mulher; e Jacó a conheceu.
5 Bila concebeu e deu à luz
um filho a Jacó.
6 Então disse Raquel:
Julgou-me Deus; ouviu a minha voz e me deu um filho; pelo que lhe chamou Dã.
7 E Bila, serva de Raquel,
concebeu outra vez e deu à luz um segundo filho a Jacó.
8 Então disse Raquel: Com
grandes lutas tenho lutado com minha irmã, e tenho vencido; e chamou-lhe
Naftali.
9 Também Léia, vendo que
cessara de ter filhos, tomou a Zilpa, sua serva, e a deu a Jacó por mulher.
10 E Zilpa, serva de Léia,
deu à luz um filho a Jacó.
11 Então disse Léia:
Afortunada! e chamou-lhe Gade.
12 Depois Zilpa, serva de
Léia, deu à luz um segundo filho a Jacó.
13 Então disse Léia: Feliz
sou eu! porque as filhas me chamarão feliz; e chamou-lhe Aser.
14 Ora, saiu Rúben nos dias
da ceifa do trigo e achou mandrágoras no campo, e as trouxe a Léia, sua mãe.
Então disse Raquel a Léia: Dá-me, peço, das mandrágoras de teu filho.
15 Ao que lhe respondeu Léia:
É já pouco que me hajas tirado meu marido? queres tirar também as mandrágoras
de meu filho? Prosseguiu Raquel: Por isso ele se deitará contigo esta noite
pelas mandrágoras de teu filho.
16 Quando, pois, Jacó veio à
tarde do campo, saiu-lhe Léia ao encontro e disse: Hás de estar comigo, porque
certamente te aluguei pelas mandrágoras de meu filho. E com ela deitou-se Jacó
aquela noite.
17 E ouviu Deus a Léia, e ela
concebeu e deu a Jacó um quinto filho.
18 Então disse Léia: Deus me
tem dado o meu galardão, porquanto dei minha serva a meu marido. E chamou ao
filho Issacar.
19 Concebendo Léia outra vez,
deu a Jacó um sexto filho;
20 e disse: Deus me deu um
excelente dote; agora morará comigo meu marido, porque lhe tenho dado seis
filhos. E chamou-lhe Zebulom.
21 Depois. disto deu à luz
uma filha, e chamou-lhe Diná.
22 Também lembrou-se Deus de
Raquel, ouviu-a e a tornou fecunda.
23 De modo que ela concebeu e
deu à luz um filho, e disse: Tirou-me Deus o opróbrio.
24 E chamou-lhe José,
dizendo: Acrescente-me o Senhor ainda outro filho.
25 Depois que Raquel deu à
luz a José, disse Jacó a Labão: Despede-me a fim de que eu vá para meu lugar e
para minha terra.
26 Dá-me as minhas mulheres,
e os meus filhos, pelas quais te tenho servido, e deixa-me ir; pois tu sabes o
serviço que te prestei.
27 Labão lhe respondeu: Se
tenho achado graça aos teus olhos, fica comigo; pois tenho percebido que o
Senhor me abençoou por amor de ti.
28 E disse mais: Determina-me
o teu salário, que to darei.
29 Ao que lhe respondeu Jacó:
Tu sabes como te hei servido, e como tem passado o teu gado comigo.
30 Porque o pouco que tinhas
antes da minha vinda tem se multiplicado abundantemente; e o Senhor te tem
abençoado por onde quer que eu fui. Agora, pois, quando hei de trabalhar também
por minha casa?
31 Insistiu Labão: Que te
darei? Então respondeu Jacó: Não me darás nada; tornarei a apascentar e a
guardar o teu rebanho se me fizeres isto:
32 Passarei hoje por todo o
teu rebanho, separando dele todos os salpicados e malhados, e todos os escuros
entre as ovelhas, e os malhados e salpicados entre as cabras; e isto será o meu
salário.
33 De modo que responderá por
mim a minha justiça no dia de amanhã, quando vieres ver o meu salário assim
exposto diante de ti: tudo o que não for salpicado e malhado entre as cabras e
escuro entre as ovelhas, esse, se for achado comigo, será tido por furtado.
34 Concordou Labão, dizendo:
Seja conforme a tua palavra.
35 E separou naquele mesmo
dia os bodes listrados e malhados e todas as cabras salpicadas e malhadas, tudo
em que havia algum branco, e todos os escuros entre os cordeiros e os deu nas
mãos de seus filhos;
36 e pôs três dias de caminho
entre si e Jacó; e Jacó apascentava o restante dos rebanhos de Labão.
37 Então tomou Jacó varas
verdes de estoraque, de amendoeira e de plátano e, descascando nelas riscas
brancas, descobriu o branco que nelas havia;
38 e as varas que descascara
pôs em frente dos rebanhos, nos cochos, isto é, nos bebedouros, onde os
rebanhos bebiam; e conceberam quando vinham beber.
39 Os rebanhos concebiam
diante das varas, e as ovelhas davam crias listradas, salpicadas e malhadas.
40 Então separou Jacó os
cordeiros, e fez os rebanhos olhar para os listrados e para todos os escuros no
rebanho de Labão; e pôs seu rebanho à parte, e não pôs com o rebanho de Labão.
41 e todas as vezes que
concebiam as ovelhas fortes, punha Jacó as varas nos bebedouros, diante dos
olhos do rebanho, para que concebessem diante das varas;
42 mas quando era fraco o
rebanho, ele não as punha. Assim as fracas eram de Labão, e as fortes de Jacó.
43 E o homem se enriqueceu
sobremaneira, e teve grandes rebanhos, servas e servos, camelos e jumentos.
»GÊNESIS [31]
1 Jacó, entretanto, ouviu as
palavras dos filhos de Labão, que diziam: Jacó tem levado tudo o que era de
nosso pai, e do que era de nosso pai adquiriu ele todas estas, riquezas.
2 Viu também Jacó o rosto de
Labão, e eis que não era para com ele como dantes.
3 Disse o Senhor, então, a
Jacó: Volta para a terra de teus pais e para a tua parentela; e eu serei
contigo.
4 Pelo que Jacó mandou chamar
a Raquel e a Léia ao campo, onde estava o seu rebanho,
5 e lhes disse: vejo que o
rosto de vosso pai para comigo não é como anteriormente; porém o Deus de meu
pai tem estado comigo.
6 Ora, vós mesmas sabeis que
com todas as minhas forças tenho servido a vosso pai.
7 Mas vosso pai me tem
enganado, e dez vezes mudou o meu salário; Deus, porém, não lhe permitiu que me
fizesse mal.
8 Quando ele dizia assim: Os
salpicados serão o teu salário; então todo o rebanho dava salpicados. E quando
ele dizia assim: Os listrados serão o teu salário, então todo o rebanho dava
listrados.
9 De modo que Deus tem tirado
o gado de vosso pai, e mo tem dado a mim.
10 Pois sucedeu que, ao tempo
em que o rebanho concebia, levantei os olhos e num sonho vi que os bodes que
cobriam o rebanho eram listrados, salpicados e malhados.
11 Disse-me o anjo de Deus no
sonho: Jacó! Eu respondi: Eis-me aqui.
12 Prosseguiu o anjo: Levanta
os teus olhos e vê que todos os bodes que cobrem o rebanho são listrados,
salpicados e malhados; porque tenho visto tudo o que Labão te vem fazendo.
13 Eu sou o Deus de Betel,
onde ungiste uma coluna, onde me fizeste um voto; levanta-te, pois, sai-te
desta terra e volta para a terra da tua parentela.
14 Então lhe responderam
Raquel e Léia: Temos nós ainda parte ou herança na casa de nosso pai?
15 Não somos tidas por ele
como estrangeiras? pois nos vendeu, e consumiu todo o nosso preço.
16 Toda a riqueza que Deus
tirou de nosso pai é nossa e de nossos filhos; portanto, faze tudo o que Deus
te mandou.
17 Levantou-se, pois, Jacó e
fez montar seus filhos e suas mulheres sobre os camelos;
18 e levou todo o seu gado, e
toda a sua fazenda, que havia adquirido, o gado que possuía, que havia
adquirido em Padã-Arã, a fim de ir ter com Isaque, seu pai, à terra de Canaã.
19 Ora, tendo Labão ido
tosquiar as suas ovelhas, Raquel furtou os ídolos que pertenciam a seu pai.
20 Jacó iludiu a Labão, o
arameu, não lhe fazendo saber que fugia;
21 e fugiu com tudo o que era
seu; e, levantando-se, passou o Rio, e foi em direção à montanha de Gileade.
22 Ao terceiro dia foi Labão
avisado de que Jacó havia fugido.
23 Então, tomando consigo
seus irmãos, seguiu atrás de Jacó jornada de sete dias; e alcançou-o na
montanha de Gileade.
24 Mas Deus apareceu de noite
em sonho a Labão, o arameu, e disse-lhe: Guardate, que não fales a Jacó nem bem
nem mal.
25 Alcançou, pois, Labão a
Jacó. Ora, Jacó tinha armado a sua tenda na montanha; armou também Labão com os
seus irmãos a sua tenda na montanha de Gileade.
26 Então disse Labão a Jacó:
Que fizeste, que me iludiste e levaste minhas filhas como cativas da espada?
27 Por que fizeste
ocultamente, e me iludiste e não mo fizeste saber, para que eu te enviasse com
alegria e com cânticos, ao som de tambores e de harpas;
28 Por que não me permitiste
beijar meus filhos e minhas filhas? Ora, assim procedeste nesciamente.
29 Está no poder da minha mão
fazer-vos o mal, mas o Deus de vosso pai falou-me ontem à noite, dizendo:
Guarda-te, que não fales a Jacó nem bem nem mal.
30 Mas ainda que quiseste ir
embora, porquanto tinhas saudades da casa de teu pai, por que furtaste os meus
deuses?
31 Respondeu-lhe Jacó: Porque
tive medo; pois dizia comigo que tu me arrebatarias as tuas filhas.
32 Com quem achares os teus
deuses, porém, esse não viverá; diante de nossos irmãos descobre o que é teu do
que está comigo, e leva-o contigo. Pois Jacó não sabia que Raquel os tinha
furtado.
33 Entrou, pois, Labão na
tenda de Jacó, na tenda de Léia e na tenda das duas servas, e não os achou; e,
saindo da tenda de Léia, entrou na tenda de Raquel.
34 Ora, Raquel havia tomado
os ídolos e os havia metido na albarda do camelo, e se assentara em cima deles.
Labão apalpou toda a tenda, mas não os achou.
35 E ela disse a seu pai: Não
se acenda a ira nos olhos de meu senhor, por eu não me poder levantar na tua
presença, pois estou com o incômodo das mulheres. Assim ele procurou, mas não
achou os ídolos.
36 Então irou-se Jacó e
contendeu com Labão, dizendo: Qual é a minha transgressão? qual é o meu pecado,
que tão furiosamente me tens perseguido?
37 Depois de teres apalpado
todos os meus móveis, que achaste de todos os móveis da tua casar. Põe-no aqui
diante de meus irmãos e de teus irmãos, para que eles julguem entre nós ambos.
38 Estes vinte anos estive eu
contigo; as tuas ovelhas e as tuas cabras nunca abortaram, e não comi os
carneiros do teu rebanho.
39 Não te trouxe eu o
despedaçado; eu sofri o dano; da minha mão requerias tanto o furtado de dia
como o furtado de noite.
40 Assim andava eu; de dia me
consumia o calor, e de noite a geada; e o sono me fugia dos olhos.
41 Estive vinte anos em tua
casa; catorze anos te servi por tuas duas filhas, e seis anos por teu rebanho;
dez vezes mudaste o meu salário.
42 Se o Deus de meu pai, o
Deus de Abraão e o Temor de Isaque não fora por mim, certamente hoje me
mandarias embora vazio. Mas Deus tem visto a minha aflição e o trabalho das
minhas mãos, e repreendeu-te ontem à noite.
43 Respondeu-lhe Labão: Estas
filhas são minhas filhas, e estes filhos são meus filhos, e este rebanho é meu
rebanho, e tudo o que vês é meu; e que farei hoje a estas minhas filhas, ou aos
filhos que elas tiveram?
44 Agora pois vem, e façamos
um pacto, eu e tu; e sirva ele de testemunha entre mim e ti.
45 Então tomou Jacó uma
pedra, e a erigiu como coluna.
46 E disse a seus irmãos:
Ajuntai pedras. Tomaram, pois, pedras e fizeram um montão, e ali junto ao
montão comeram.
47 Labão lhe chamou
Jegar-Saaduta, e Jacó chamou-lhe Galeede.
48 Disse, pois, Labão: Este
montão é hoje testemunha entre mim e ti. Por isso foi chamado Galeede;
49 e também Mizpá, porquanto
disse: Vigie o Senhor entre mim e ti, quando estivermos apartados um do outro.
50 Se afligires as minhas
filhas, e se tomares outras mulheres além das minhas filhas, embora ninguém
esteja conosco, lembra-te de que Deus é testemunha entre mim e ti.
51 Disse ainda Labão a Jacó:
Eis aqui este montão, e eis aqui a coluna que levantei entre mim e ti.
52 Seja este montão
testemunha, e seja esta coluna testemunha de que, para mal, nem passarei eu
deste montão a ti, nem passarás tu deste montão e desta coluna a mim.
53 O Deus de Abraão e o Deus
de Naor, o Deus do pai deles, julgue entre nós. E jurou Jacó pelo Temor de seu
pai Isaque.
54 Então Jacó ofereceu um
sacrifício na montanha, e convidou seus irmãos para comerem pão; e, tendo
comido, passaram a noite na montanha.
55 Levantou-se Labão de manhã
cedo, beijou seus filhos e suas filhas e os abençoou; e, partindo, voltou para
o seu lugar.
»GÊNESIS [32]
1 Jacó também seguiu o seu
caminho; e encontraram-no os anjos de Deus.
2 Quando Jacó os viu, disse:
Este é o exército de Deus. E chamou àquele lugar Maanaim.
3 Então enviou Jacó
mensageiros diante de si a Esaú, seu irmão, à terra de Seir, o território de
Edom,
4 tendo-lhes ordenado: Deste
modo falareis a meu senhor Esaú: Assim diz Jacó, teu servo: Como peregrino
morei com Labão, e com ele fiquei até agora;
5 e tenho bois e jumentos,
rebanhos, servos e servas; e mando comunicar isso a meu senhor, para achar
graça aos teus olhos.
6 Depois os mensageiros
voltaram a Jacó, dizendo: Fomos ter com teu irmão Esaú; e, em verdade, vem ele
para encontrar-te, e quatrocentos homens com ele.
7 Jacó teve muito medo e
ficou aflito; dividiu em dois bandos o povo que estava com ele, bem como os
rebanhos, os bois e os camelos;
8 pois dizia: Se Esaú vier a
um bando e o ferir, o outro bando escapará.
9 Disse mais Jacó: o Deus de
meu pai Abraão, Deus de meu pai Isaque, ó Senhor, que me disseste: Volta para a
tua terra, e para a tua parentela, e eu te farei bem!
10 Não sou digno da menor de
todas as tuas beneficências e de toda a fidelidade que tens usado para com teu
servo; porque com o meu cajado passei este Jordão, e agora volto em dois
bandos.
11 Livra-me, peço-te, da mão
de meu irmão, da mão de Esaú, porque eu o temo; acaso não venha ele matar-me, e
a mãe com os filhos.
12 Pois tu mesmo disseste:
Certamente te farei bem, e farei a tua descendência como a areia do mar, que
pela multidão não se pode contar.
13 Passou ali aquela noite; e
do que tinha tomou um presente para seu irmão Esaú:
14 duzentas cabras e vinte
bodes, duzentas ovelhas e vinte carneiros,
15 trinta camelas de leite com
suas crias, quarenta vacas e dez touros, vinte jumentas e dez jumentinhos.
16 Então os entregou nas mãos
dos seus servos, cada manada em separado; e disse a seus servos: Passai adiante
de mim e ponde espaço entre manada e manada.
17 E ordenou ao primeiro,
dizendo: Quando Esaú, meu irmão, te encontrar e te perguntar: De quem és, e
para onde vais, e de quem são estes diante de ti?
18 Então responderás: São de
teu servo Jacó, presente que envia a meu senhor, a Esaú, e eis que ele vem
também atrás de nos.
19 Ordenou igualmente ao
segundo, e ao terceiro, e a todos os que vinham atrás das manadas, dizendo:
Desta maneira falareis a Esaú quando o achardes.
20 E direis também: Eis que o
teu servo Jacó vem atrás de nós. Porque dizia: Aplacá-lo-ei com o presente, que
vai adiante de mim, e depois verei a sua face; porventura ele me aceitará.
21 Foi, pois, o presente
adiante dele; ele, porém, passou aquela noite no arraial.
22 Naquela mesma noite
levantou-se e, tomando suas duas mulheres, suas duas servas e seus onze filhos,
passou o vau de Jaboque.
23 Tomou-os, e fê-los passar
o ribeiro, e fez passar tudo o que tinha.
24 Jacó, porém, ficou só; e
lutava com ele um homem até o romper do dia.
25 Quando este viu que não
prevalecia contra ele, tocou-lhe a juntura da coxa, e se deslocou a juntura da
coxa de Jacó, enquanto lutava com ele.
26 Disse o homem: Deixa-me
ir, porque já vem rompendo o dia. Jacó, porém, respondeu: Não te deixarei ir,
se me não abençoares.
27 Perguntou-lhe, pois: Qual
é o teu nome? E ele respondeu: Jacó.
28 Então disse: Não te
chamarás mais Jacó, mas Israel; porque tens lutado com Deus e com os homens e
tens prevalecido.
29 Perguntou-lhe Jacó:
Dize-me, peço-te, o teu nome. Respondeu o homem: Por que perguntas pelo meu
nome? E ali o abençoou.
30 Pelo que Jacó chamou ao
lugar Peniel, dizendo: Porque tenho visto Deus face a face, e a minha vida foi
preservada.
31 E nascia o sol, quando ele
passou de Peniel; e coxeava de uma perna.
32 Por isso os filhos de
Israel não comem até o dia de hoje o nervo do quadril, que está sobre a juntura
da coxa, porquanto o homem tocou a juntura da coxa de Jacó no nervo do quadril.
»GÊNESIS [33]
1 Levantou Jacó os olhos, e
olhou, e eis que vinha Esaú, e quatrocentos homens com ele. Então repartiu os
filhos entre Léia, e Raquel, e as duas servas.
2 Pôs as servas e seus filhos
na frente, Léia e seus filhos atrás destes, e Raquel e José por últimos.
3 Mas ele mesmo passou
adiante deles, e inclinou-se em terra sete vezes, até chegar perto de seu
irmão.
4 Então Esaú correu-lhe ao
encontro, abraçou-o, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou; e eles choraram.
5 E levantando Esaú os olhos,
viu as mulheres e os meninos, e perguntou: Quem são estes contigo?
Respondeu-lhe Jacó: Os filhos que Deus bondosamente tem dado a teu servo.
6 Então chegaram-se as
servas, elas e seus filhos, e inclinaram-se.
7 Chegaram-se também Léia e
seus filhos, e inclinaram-se; depois chegaram-se José e Raquel e se inclinaram.
8 Perguntou Esaú: Que queres
dizer com todo este bando que tenho encontrado? Respondeu Jacó: Para achar
graça aos olhos de meu senhor.
9 Mas Esaú disse: Tenho
bastante, meu irmão; seja teu o que tens.
10 Replicou-lhe Jacó: Não,
mas se agora tenho achado graça aos teus olhos, aceita o presente da minha mão;
porquanto tenho visto o teu rosto, como se tivesse visto o rosto de Deus, e tu
te agradaste de mim.
11 Aceita, peço-te, o meu
presente, que eu te trouxe; porque Deus tem sido bondoso para comigo, e porque
tenho de tudo. E insistiu com ele, e ele o aceitou.
12 Então Esaú disse:
Ponhamo-nos a caminho e vamos; eu irei adiante de ti.
13 Respondeu-lhe Jacó: Meu
senhor sabe que estes filhos são tenros, e que tenho comigo ovelhas e vacas de
leite; se forem obrigadas a caminhar demais por um só dia, todo o rebanho
morrerá.
14 Passe o meu senhor adiante
de seu servo; e eu seguirei, conduzindo-os calmamente, conforme o passo do gado
que está diante de mim, e conforme o passo dos meninos, até que chegue a meu
senhor em Seir.
15 Ao que disse Esaú: Permite
ao menos que eu deixe contigo alguns da minha gente. Replicou Jacó: Para que?
Basta que eu ache graça aos olhos de meu senhor.
16 Assim tornou Esaú aquele
dia pelo seu caminho em direção a Seir.
17 Jacó, porém, partiu para
Sucote, e edificou para si uma casa, e fez barracas para o seu gado; por isso o
lugar se chama Sucote.
18 Depois chegou Jacó em paz
à cidade de Siquém, que está na terra de Canaã, quando veio de Padã-Arã; e
armou a sua tenda diante da cidade.
19 E comprou a parte do
campo, em que estendera a sua tenda, dos filhos de Hamor, pai de Siquém, por cem
peças de dinheiro.
20 Então levantou ali um
altar, e chamou-lhe o El-Eloé-Israel.
»GÊNESIS [34]
1 Diná, filha de Léia, que
esta tivera de Jacó, saiu para ver as filhas da terra.
2 Viu-a Siquém, filho de
Hamor o heveu, príncipe da terra; e, tomando-a, deitou-se com ela e humilhou-a.
3 Assim se apegou a sua alma
a Diná, filha de Jacó, e, amando a donzela, falou-lhe afetuosamente.
4 Então disse Siquém a Hamor
seu pai: Consegue-me esta donzela por mulher.
5 Ora, Jacó ouviu que Siquém
havia contaminado a Diná sua filha. Entretanto, estando seus filhos no campo
com o gado, calou-se Jacó até que viessem.
6 Hamor, pai de Siquém, saiu
a fim de falar com Jacó.
7 Os filhos de Jacó, pois,
vieram do campo logo que souberam do caso; e entristeceram-se e iraram-se muito,
porque Siquém havia cometido uma insensatez em Israel, deitando-se com a filha
de Jacó, coisa que não se devia fazer.
8 Então falou Hamor com eles,
dizendo: A alma de meu filho Siquém afeiçoou-se fortemente a vossa filha;
dai-lha, peço-vos, por mulher.
9 Também aparentai-vos
conosco; dai-nos as vossas filhas e recebei as nossas.
10 Assim habitareis conosco;
a terra estará diante de vós; habitai e negociai nela, e nela adquiri
propriedades.
11 Depois disse Siquém ao pai
e aos irmãos dela: Ache eu graça aos vossos olhos, e darei o que me disserdes;
12 exigi de mim o que
quiserdes em dote e presentes, e darei o que me pedirdes; somente dai-me a
donzela por mulher.
13 Então os filhos de Jacó,
respondendo, falaram enganosamente a Siquém e a Hamor, seu pai, porque Siquém
havia contaminado a Diná, sua irmã,
14 e lhes disseram: Não
podemos fazer p isto, dar a nossa irmã a um homem incircunciso; porque isso
seria uma vergonha para nós.
15 Sob esta única condição
consentiremos; se vos tornardes como nós, circuncidando-se todo varão entre
vós;
16 então vos daremos nossas
filhas a vós, e receberemos vossas filhas para nós; assim habitaremos convosco
e nos tornaremos um só povo.
17 Mas se não nos ouvirdes, e
não vos circuncidardes, levaremos nossa filha e nos iremos embora.
18 E suas palavras agradaram
a Hamor e a Siquém, seu filho.
19 Não tardou, pois, o
mancebo em fazer isso, porque se agradava da filha de Jacó. Era ele o mais
honrado de toda a casa de seu pai.
20 Vieram, pois, Hamor e
Siquém, seu filho, à porta da sua cidade, e falaram aos homens da cidade,
dizendo:
21 Estes homens são pacíficos
para conosco; portanto habitem na terra e negociem nela, pois é bastante
espaçosa para eles. Recebamos por mulheres as suas filhas, e lhes demos as
nossas.
22 Mas sob uma única condição
é que consentirão aqueles homens em habitar conosco para nos tornarmos um só
povo: se todo varão entre nós se circuncidar, como eles são circuncidados.
23 O seu gado, as suas
aquisições, e todos os seus animais, não serão nossos? consintamos somente com
eles, e habitarão conosco.
24 E deram ouvidos a Hamor e
a Siquém, seu filho, todos os que saíam da porta da cidade; e foi circuncidado
todo varão, todos os que saíam pela porta da sua cidade.
25 Ao terceiro dia, quando os
homens estavam doridos, dois filhos de Jacó, Simeão e Levi, irmãos de Diná,
tomaram cada um a sua espada, entraram na cidade com toda a segurança e mataram
todo varão.
26 Mataram também ao fio da
espada a Hamor e a Siquém, seu filho; e, tirando Diná da casa de Siquém,
saíram.
27 Vieram os filhos de Jacó
aos mortos e saquearam a cidade; porquanto haviam contaminado a sua irmã.
28 Tomaram-lhes os rebanhos,
os bois, os jumentos, e o que havia tanto na cidade como no campo;
29 e todos os seus bens, e
todos os seus pequeninos, e as suas mulheres, levaram por presa; e despojando
as casas, levaram tudo o que havia nelas.
30 Então disse Jacó a Simeão
e a Levi: Tendes-me perturbado, fazendo-me odioso aos habitantes da terra, aos
cananeus e perizeus. Tendo eu pouca gente, eles se ajuntarão e me ferirão; e
serei destruído, eu com minha casa.
31 Ao que responderam: Devia
ele tratar a nossa irmã como a uma prostituta?
»GÊNESIS [35]
1 Depois disse Deus a Jacó:
Levanta-te, sobe a Betel e habita ali; e faze ali um altar ao Deus que te
apareceu quando fugias da face de Esaú, teu irmão.
2 Então disse Jacó à sua
família, e a todos os que com ele estavam: Lançai fora os deuses estranhos que
há no meio de vós, e purificai-vos e mudai as vossas vestes.
3 Levantemo-nos, e subamos a
Betel; ali farei um altar ao Deus que me respondeu no dia da minha angústia, e
que foi comigo no caminho por onde andei.
4 Entregaram, pois, a Jacó
todos os deuses estranhos, que tinham nas mãos, e as arrecadas que pendiam das
suas orelhas; e Jacó os escondeu debaixo do carvalho que está junto a Siquém.
5 Então partiram; e o terror
de Deus sobreveio às cidades que lhes estavam ao redor, de modo que não
perseguiram os filhos de Jacó.
6 Assim chegou Jacó à Luz,
que está na terra de Canaã (esta é Betel), ele e todo o povo que estava com
ele.
7 Edificou ali um altar, e
chamou ao lugar El-Betel; porque ali Deus se lhe tinha manifestado quando fugia
da face de seu irmão.
8 Morreu Débora, a ama de
Rebeca, e foi sepultada ao pé de Betel, debaixo do carvalho, ao qual se chamou
Alom-Bacute.
9 Apareceu Deus outra vez a
Jacó, quando ele voltou de Padã-Arã, e o abençoou.
10 E disse-lhe Deus: O teu
nome é Jacó; não te chamarás mais Jacó, mas Israel será o teu nome. Chamou-lhe
Israel.
11 Disse-lhe mais: Eu sou
Deus Todo-Poderoso; frutifica e multiplica-te; uma nação, sim, uma multidão de
nações sairá de ti, e reis procederão dos teus lombos;
12 a terra que dei a Abraão e
a Isaque, a ti a darei; também à tua descendência depois de ti a darei.
13 E Deus subiu dele, do
lugar onde lhe falara.
14 Então Jacó erigiu uma
coluna no lugar onde Deus lhe falara, uma coluna de pedra; e sobre ela derramou
uma libação e deitou-lhe também azeite;
15 e Jacó chamou Betel ao
lugar onde Deus lhe falara.
16 Depois partiram de Betel;
e, faltando ainda um trecho pequeno para chegar a Efrata, Raquel começou a
sentir dores de parto, e custou-lhe o dar à luz.
17 Quando ela estava nas
dores do parto, disse-lhe a parteira: Não temas, pois ainda terás este filho.
18 Então Raquel, ao sair-lhe
a alma (porque morreu), chamou ao filho Benôni; mas seu pai chamou-lhe
Benjamim.
19 Assim morreu Raquel, e foi
sepultada no caminho de Efrata (esta é Bete-Leém).
20 E Jacó erigiu uma coluna
sobre a sua sepultura; esta é a coluna da sepultura de Raquel até o dia de
hoje.
21 Então partiu Israel, e
armou a sua tenda além de Migdal-Eder.
22 Quando Israel habitava
naquela terra, foi Rúben e deitou-se com Bila, concubina de seu pai; e Israel o
soube. Eram doze os filhos de Jacó:
23 Os filhos de Léia: Rúben o
primogênito de Jacó, depois Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zebulom;
24 os filhos de Raquel: José
e Benjamim;
25 os filhos de Bila, serva
de Raquel: Dã e Naftali;
26 os filhos de Zilpa, serva
de Léia: Gade e Aser. Estes são os filhos de Jacó, que lhe nasceram em
Padã-Arã.
27 Jacó veio a seu pai Isaque,
a Manre, a Quiriate-Arba (esta é Hebrom), onde peregrinaram Abraão e Isaque.
28 Foram os dias de Isaque
cento e oitenta anos;
29 e, exalando o espírito,
morreu e foi congregado ao seu povo, velho e cheio de dias; e Esaú e Jacó, seus
filhos, o sepultaram.
»GÊNESIS [36]
1 Estas são as gerações de
Esaú (este é Edom):
2 Esaú tomou dentre as filhas
de Canaã suas mulheres: Ada, filha de Elom o heteu, e Aolíbama, filha de Ana,
filha de Zibeão o heveu,
3 e Basemate, filha de
Ismael, irmã de Nebaiote.
4 Ada teve de Esaú a Elifaz,
e Basemate teve a Reuel; e Aolíbama teve a Jeús, Jalão e Corá; estes são os
filhos de Esaú, que lhe nasceram na terra de Canaã.
6 Depois Esaú tomou suas
mulheres, seus filhos, suas filhas e todas as almas de sua casa, seu gado,
todos os seus animais e todos os seus bens, que havia adquirido na terra de
Canaã, e foi-se para outra terra, apartando-se de seu irmão Jacó.
7 Porque os seus bens eram
abundantes demais para habitarem juntos; e a terra de suas peregrinações não os
podia sustentar por causa do seu gado.
8 Portanto Esaú habitou no
monte de Seir; Esaú é Edom.
9 Estas, pois, são as
gerações de Esaú, pai dos edomeus, no monte de Seir:
10 Estes são os nomes dos
filhos de Esaú: Elifaz, filho de Ada, mulher de Esaú; Reuel, filho de Basemate,
mulher de Esaú.
11 E os filhos de Elifaz
foram: Temã, Omar, Zefô, Gatã e Quenaz.
12 Timna era concubina de
Elifaz, filho de Esaú, e teve de Elifaz a Amaleque. São esses os filhos de Ada,
mulher de Esaú.
13 Foram estes os filhos de
Reuel: Naate e Zerá, Sama e Mizá. Foram esses os filhos de Basemate, mulher de
Esaú.
14 Estes foram os filhos de
Aolíbama, filha de Ana, filha de Zibeão, mulher de Esaú: ela teve de Esaú Jeús,
Jalão e Corá.
15 São estes os chefes dos
filhos de Esaú: dos filhos de Elifaz, o primogênito de Esaú, os chefes Temã,
Omar, Zefô, Quenaz,
16 Corá, Gatã e Amaleque. São
esses os chefes que nasceram a Elifaz na terra de Edom; esses são os filhos de
Ada.
17 Estes são os filhos de
Reuel, filho de Esaú: os chefes Naate, Zerá, Sama e Mizá; esses são os chefes
que nasceram a Reuel na terra de Edom; esses são os filhos de Basemate, mulher
de Esaú.
18 Estes são os filhos de
Aolíbama, mulher de Esaú: os chefes Jeús, Jalão e Corá; esses são os chefes que
nasceram a líbama, filha de Ana, mulher de Esaú.
19 Esses são os filhos de
Esaú, e esses seus príncipes: ele é Edom.
20 São estes os filhos de
Seir, o horeu, moradores da terra: Lotã, Sobal, Zibeão, Anás,
21 Disom, Eser e Disã; esses
são os chefes dos horeus, filhos de Seir, na terra de Edom.
22 Os filhos de Lotã foram:
Hori e Hemã; e a irmã de Lotã era Timna.
23 Estes são os filhos de
Sobal: Alvã, Manaate, Ebal, Sefô e Onão.
24 Estes são os filhos de
Zibeão: Aías e Anás; este é o Anás que achou as fontes termais no deserto,
quando apascentava os jumentos de Zibeão, seu pai.
25 São estes os filhos de
Ana: Disom e Aolíbama, filha de Ana.
26 São estes os filhos de
Disom: Hendã, Esbã, Itrã e Querã.
27 Estes são os filhos de
Eser: Bilã, Zaavã e Acã.
28 Estes são os filhos de
Disã: Uz e Arã.
29 Estes são os chefes dos
horeus: Lotã, Sobal, Zibeão, Anás,
30 Disom, Eser e Disã; esses
são os chefes dos horeus que governaram na terra de Seir.
31 São estes os reis que
reinaram na terra de Edom, antes que reinasse rei algum sobre os filhos de
Israel.
32 Reinou, pois, em Edom
Belá, filho de Beor; e o nome da sua cidade era Dinabá.
33 Morreu Belá; e Jobabe,
filho de Zerá de Bozra, reinou em seu lugar.
34 Morreu Jobabe; e Husão, da
terra dos temanitas, reinou em seu lugar.
35 Morreu Husão; e em seu
lugar reinou Hadade, filho de Bedade, que feriu a Midiã no campo de Moabe; e o
nome da sua cidade era Avite.
36 Morreu Hadade; e Sâmela de
Masreca reinou em seu lugar.
37 Morreu Sâmela; e Saul de
Reobote junto ao rio reinou em seu lugar.
38 Morreu Saul; e Baal-Hanã,
filho de Acbor, reinou em seu lugar.
39 Morreu Baal-Hanã, filho de
Acbor; e Hadar reinou em seu lugar; e o nome da sua cidade era Paú; e o nome de
sua mulher era Meetabel, filha de Matrede, filha de Me-Zaabe.
40 Estes são os nomes dos
chefes dos filhos de Esaú, segundo as suas famílias, segundo os seus lugares,
pelos seus nomes: os chefes Timna, Alva, Jetete,
41 Aolíbama, Elá, Pinom,
42 Quenaz, Temã, Mibzar,
43 Magdiel e Irão; esses são
os chefes de Edom, segundo as suas habitações, na terra ,da sua possessão. Este
é Esaú, pai dos edomeus.
»GÊNESIS [37]
1 Jacó habitava na terra das
peregrinações de seu pai, na terra de Canaã.
2 Estas são as gerações de
Jacó. José, aos dezessete anos de idade, estava com seus irmãos apascentando os
rebanhos; sendo ainda jovem, andava com os filhos de Bila, e com os filhos de
Zilpa, mulheres de seu pai; e José trazia a seu pai más notícias a respeito
deles.
3 Israel amava mais a José do
que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma
túnica de várias cores.
4 Vendo, pois, seus irmãos
que seu pai o amava mais do que a todos eles, odiavam-no, e não lhe podiam
falar pacificamente.
5 José teve um sonho, que
contou a seus irmãos; por isso o odiaram ainda mais.
6 Pois ele lhes disse: Ouvi,
peço-vos, este sonho que tive:
7 Estávamos nós atando molhos
no campo, e eis que o meu molho, levantando-se, ficou em pé; e os vossos molhos
o rodeavam, e se inclinavam ao meu molho.
8 Responderam-lhe seus
irmãos: Tu pois, deveras reinarás sobre nós? Tu deveras terás domínio sobre
nós? Por isso ainda mais o odiavam por causa dos seus sonhos e das suas
palavras.
9 Teve José outro sonho, e o
contou a seus irmãos, dizendo: Tive ainda outro sonho; e eis que o sol, e a
lua, e onze estrelas se inclinavam perante mim.
10 Quando o contou a seu pai
e a seus irmãos, repreendeu-o seu pai, e disse-lhe: Que sonho é esse que
tiveste? Porventura viremos, eu e tua mãe, e teus irmãos, a inclinar-nos com o
rosto em terra diante de ti?
11 Seus irmãos, pois, o
invejavam; mas seu pai guardava o caso no seu coração.
12 Ora, foram seus irmãos
apascentar o rebanho de seu pai, em Siquém.
13 Disse, pois, Israel a
José: Não apascentam teus irmãos o rebanho em Siquém? Vem, e enviar-te-ei a
eles. Respondeu-lhe José: Eis-me aqui.
14 Disse-lhe Israel: Vai, vê
se vão bem teus irmãos, e o rebanho; e traze-me resposta. Assim o enviou do
vale de Hebrom; e José foi a Siquém.
15 E um homem encontrou a
José, que andava errante pelo campo, e perguntou-lhe: Que procuras?
16 Respondeu ele: Estou
procurando meus irmãos; dize-me, peço-te, onde apascentam eles o rebanho.
17 Disse o homem: Foram-se
daqui; pois ouvi-lhes dizer: Vamos a Dotã. José, pois, seguiu seus irmãos, e os
achou em Dotã.
18 Eles o viram de longe e,
antes que chegasse aonde estavam, conspiraram contra ele, para o matarem,
19 dizendo uns aos outros:
Eis que lá vem o sonhador!
20 Vinde pois agora,
matemo-lo e lancemo-lo numa das covas; e diremos: uma besta-fera o devorou.
Veremos, então, o que será dos seus sonhos.
21 Mas Rúben, ouvindo isso,
livrou-o das mãos deles, dizendo: Não lhe tiremos a vida.
22 Também lhes disse Rúben:
Não derrameis sangue; lançai-o nesta cova, que está no deserto, e não lanceis
mão nele. Disse isto para livrá-lo das mãos deles, a fim de restituí-lo a seu
pai.
23 Logo que José chegou a
seus irmãos, estes o despiram da sua túnica, a túnica de várias cores, que ele
trazia;
24 e tomando-o, lançaram-no
na cova; mas a cova estava vazia, não havia água nela.
25 Depois sentaram-se para
comer; e, levantando os olhos, viram uma caravana de ismaelitas que vinha de
Gileade; nos seus camelos traziam tragacanto, bálsamo e mirra, que iam levar ao
Egito.
26 Disse Judá a seus irmãos:
De que nos aproveita matar nosso irmão e encobrir o seu sangue?
27 Vinde, vendamo-lo a esses
ismaelitas, e não seja nossa mão sobre ele; porque é nosso irmão, nossa carne.
E escutaram-no seus irmãos.
28 Ao passarem os negociantes
midianitas, tiraram José, alçando-o da cova, e venderam-no por vinte siclos de
prata aos ismaelitas, os quais o levaram para o Egito.
29 Ora, Rúben voltou à cova,
e eis que José não estava na cova; pelo que rasgou as suas vestes
30 e, tornando a seus irmãos,
disse: O menino não aparece; e eu, aonde irei?
31 Tomaram, então, a túnica
de José, mataram um cabrito, e tingiram a túnica no sangue.
32 Enviaram a túnica de
várias cores, mandando levá-la a seu pai e dizer-lhe: Achamos esta túnica; vê
se é a túnica de teu filho, ou não.
33 Ele a reconheceu e
exclamou: A túnica de meu filho! uma besta-fera o devorou; certamente José foi
despedaçado.
34 Então Jacó rasgou as suas
vestes, e pôs saco sobre os seus lombos e lamentou seu filho por muitos dias.
35 E levantaram-se todos os
seus filhos e todas as suas filhas, para o consolarem; ele, porém, recusou ser
consolado, e disse: Na verdade, com choro hei de descer para meu filho até o
Seol. Assim o chorou seu pai.
36 Os midianitas venderam
José no Egito a Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda.
»GÊNESIS [38]
1 Nesse tempo Judá desceu de
entre seus irmãos e entrou na casa dum adulamita, que se chamava Hira,
2 e viu Judá ali a filha de
um cananeu, que se chamava Suá; tomou-a por mulher, e esteve com ela.
3 Ela concebeu e teve um
filho, e o pai chamou-lhe Er.
4 Tornou ela a conceber e
teve um filho, a quem ela chamou Onã.
5 Teve ainda mais um filho, e
chamou-lhe Selá. Estava Judá em Quezibe, quando ela o teve.
6 Depois Judá tomou para Er,
o seu primogênito, uma mulher, por nome Tamar.
7 Ora, Er, o primogênito de
Judá, era mau aos olhos do Senhor, pelo que o Senhor o matou.
8 Então disse Judá a Onã:
Toma a mulher de teu irmão, e cumprindo-lhe o dever de cunhado, suscita
descendência a teu irmão.
9 Onã, porém, sabia que tal
descendência não havia de ser para ele; de modo que, toda vez que se unia à
mulher de seu irmão, derramava o sêmen no chão para não dar descendência a seu
irmão.
10 E o que ele fazia era mau
aos olhos do Senhor, pelo que o matou também a ele.
11 Então disse Judá a Tamar
sua nora: Conserva-te viúva em casa de teu pai, até que Selá, meu filho, venha
a ser homem; porquanto disse ele: Para que porventura não morra também este,
como seus irmãos. Assim se foi Tamar e morou em casa de seu pai.
12 Com o correr do tempo,
morreu a filha de Suá, mulher de Judá. Depois de consolado, Judá subiu a
Timnate para ir ter com os tosquiadores das suas ovelhas, ele e Hira seu amigo,
o adulamita.
13 E deram aviso a Tamar,
dizendo: Eis que o teu sogro sobe a Timnate para tosquiar as suas ovelhas.
14 Então ela se despiu dos
vestidos da sua viuvez e se cobriu com o véu, e assim envolvida, assentou-se à
porta de Enaim que está no caminho de Timnate; porque via que Selá já era
homem, e ela lhe não fora dada por mulher.
15 Ao vê-la, Judá julgou que
era uma prostituta, porque ela havia coberto o rosto.
16 E dirigiu-se para ela no
caminho, e disse: Vem, deixa-me estar contigo; porquanto não sabia que era sua
nora. Perguntou-lhe ela: Que me darás, para estares comigo?
17 Respondeu ele: Eu te
enviarei um cabrito do rebanho. Perguntou ela ainda: Dar-me-ás um penhor até
que o envies?
18 Então ele respondeu: Que
penhor é o que te darei? Disse ela: O teu selo com a corda, e o cajado que está
em tua mão. Ele, pois, lhos deu, e esteve com ela, e ela concebeu dele.
19 E ela se levantou e se
foi; tirou de si o véu e vestiu os vestidos da sua viuvez.
20 Depois Judá enviou o
cabrito por mão do seu amigo o adulamita, para receber o penhor da mão da
mulher; porém ele não a encontrou.
21 Pelo que perguntou aos
homens daquele lugar: Onde está a prostituta que estava em Enaim junto ao
caminho? E disseram: Aqui não esteve prostituta alguma.
22 Voltou, pois, a Judá e
disse: Não a achei; e também os homens daquele lugar disseram: Aqui não esteve
prostituta alguma.
23 Então disse Judá: Deixa-a
ficar com o penhor, para que não caiamos em desprezo; eis que enviei este
cabrito, mas tu não a achaste.
24 Passados quase três meses,
disseram a Judá: Tamar, tua nora, se prostituiu e eis que está grávida da sua
prostituição. Então disse Judá: Tirai-a para fora, e seja ela queimada.
25 Quando ela estava sendo
tirada para fora, mandou dizer a seu sogro: Do homem a quem pertencem estas
coisas eu concebi. Disse mais: Reconhece, peço-te, de quem são estes, o selo
com o cordão, e o cajado.
26 Reconheceu-os, pois, Judá,
e disse: Ela é mais justa do que eu, porquanto não a dei a meu filho Selá. E
nunca mais a conheceu.
27 Sucedeu que, ao tempo de
ela dar à luz, havia gêmeos em seu ventre;
28 e dando ela à luz, um pôs
fora a mão, e a parteira tomou um fio encarnado e o atou em sua mão, dizendo:
Este saiu primeiro.
29 Mas recolheu ele a mão, e
eis que seu irmão saiu; pelo que ela disse: Como tens tu rompido! Portanto foi
chamado Pérez.
30 Depois saiu o seu irmão,
em cuja mão estava o fio encamado; e foi chamado Zerá.
»GÊNESIS [39]
1 José foi levado ao Egito; e
Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda, egípcio, comprou-o da mão dos ismaelitas
que o haviam levado para lá.
2 Mas o Senhor era com José,
e ele tornou-se próspero; e estava na casa do seu senhor, o egípcio.
3 E viu o seu senhor que Deus
era com ele, e que fazia prosperar em sua mão tudo quanto ele empreendia.
4 Assim José achou graça aos
olhos dele, e o servia; de modo que o fez mordomo da sua casa, e entregou na
sua mão tudo o que tinha.
5 Desde que o pôs como
mordomo sobre a sua casa e sobre todos os seus bens, o Senhor abençoou a casa
do egípcio por amor de José; e a bênção do Senhor estava sobre tudo o que
tinha, tanto na casa como no campo.
6 Potifar deixou tudo na mão
de José, de maneira que nada sabia do que estava com ele, a não ser do pão que
comia. Ora, José era formoso de porte e de semblante.
7 E aconteceu depois destas
coisas que a mulher do seu senhor pôs os olhos em José, e lhe disse: Deita-te
comigo.
8 Mas ele recusou, e disse à
mulher do seu senhor: Eis que o meu senhor não sabe o que está comigo na sua
casa, e entregou em minha mão tudo o que tem;
9 ele não é maior do que eu
nesta casa; e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto és sua mulher.
Como, pois, posso eu cometer este grande mal, e pecar contra Deus?
10 Entretanto, ela instava
com José dia após dia; ele, porém, não lhe dava ouvidos, para se deitar com
ela, ou estar com ela.
11 Mas sucedeu, certo dia,
que entrou na casa para fazer o seu serviço; e nenhum dos homens da casa estava
lá dentro.
12 Então ela, pegando-o pela
capa, lhe disse: Deita-te comigo! Mas ele, deixando a capa na mão dela, fugiu,
escapando para fora.
13 Quando ela viu que ele
deixara a capa na mão dela e fugira para fora,
14 chamou pelos homens de sua
casa, e disse-lhes: Vede! meu marido trouxe-nos um hebreu para nos insultar;
veio a mim para se deitar comigo, e eu gritei em alta voz;
15 e ouvigiu-se para ela no
caminho, e disse: Vem, deixa-me deixou, aqui a sua capa e fugiu, escapando para
fora.
16 Ela guardou a capa
consigo, até que o senhor dele voltou a casa.
17 Então falou-lhe conforme
as mesmas palavras, dizendo: O servo hebreu, que nos trouxeste, veio a mim para
me insultar;
18 mas, levantando eu a voz e
gritando, ele deixou comigo a capa e fugiu para fora.
19 Tendo o seu senhor ouvido
as palavras de sua mulher, que lhe falava, dizendo: Desta maneira me fez teu
servo, a sua ira se acendeu.
20 Então o senhor de José o
tomou, e o lançou no cárcere, no lugar em que os presos do rei estavam
encarcerados; e ele ficou ali no cárcere.
21 O Senhor, porém, era com
José, estendendo sobre ele a sua benignidade e dando-lhe graça aos olhos do
carcereiro,
22 o qual entregou na mão de
José todos os presos que estavam no cárcere; e era José quem ordenava tudo o
que se fazia ali.
23 E o carcereiro não tinha
cuidado de coisa alguma que estava na mão de José, porquanto o Senhor era com
ele, fazendo prosperar tudo quanto ele empreendia.
»GÊNESIS [40]
1 Depois destas coisas o
copeiro do rei do Egito e o seu padeiro ofenderam o seu senhor, o rei do Egito.
2 Pelo que se indignou Faraó
contra os seus dois oficiais, contra o copeiro-mor e contra o padeiro-mor;
3 e mandou detê-los na casa
do capitão da guarda, no cárcere onde José estava preso;
4 e o capitão da guarda
pô-los a cargo de José, que os servia. Assim estiveram por algum tempo em
detenção.
5 Ora, tiveram ambos um
sonho, cada um seu sonho na mesma noite, cada um conforme a interpretação do
seu sonho, o copeiro e o padeiro do rei do Egito, que se achavam presos no
cárcere:
6 Quando José veio a eles
pela manhã, viu que estavam perturbados:
7 Perguntou, pois, a esses
oficiais de Faraó, que com ele estavam no cárcere da casa de seu senhor,
dizendo: Por que estão os vossos semblantes tão tristes hoje?
8 Responderam-lhe: Tivemos um
sonho e ninguém há que o interprete. Pelo que lhes disse José: Porventura não
pertencem a Deus as interpretações? Contai-mo, peço-vos.
9 Então contou o copeiro-mor
o seu sonho a José, dizendo-lhe: Eis que em meu sonho havia uma vide diante de
mim,
10 e na vide três sarmentos;
e, tendo a vide brotado, saíam as suas flores, e os seus cachos produziam uvas
maduras.
11 O copo de Faraó estava na
minha mão; e, tomando as uvas, eu as espremia no copo de Faraó e entregava o
copo na mão de Faraó.
12 Então disse-lhe José: Esta
é a sua interpretação: Os três sarmentos são três dias;
13 dentro de três dias Faraó
levantará a tua cabeça, e te restaurará ao teu cargo; e darás o copo de Faraó
na sua mão, conforme o costume antigo, quando eras seu copeiro.
14 Mas lembra-te de mim,
quando te for bem; usa, peço-te, de compaixão para comigo e faze menção de mim
a Faraó e tira-me desta casa;
15 porque, na verdade, fui
roubado da terra dos hebreus; e aqui também nada tenho feito para que me
pusessem na masmorra.
16 Quando o padeiro-mor viu
que a interpretação era boa, disse a José: Eu também sonhei, e eis que três
cestos de pão branco estavam sobre a minha cabeça.
17 E no cesto mais alto havia
para Faraó manjares de todas as qualidades que fazem os padeiros; e as aves os
comiam do cesto que estava sobre a minha cabeça.
18 Então respondeu José: Esta
é a interpretação do sonho: Os três cestos são três dias;
19 dentro de três dias tirará
Faraó a tua cabeça, e te pendurará num madeiro, e as aves comerão a tua carne
de sobre ti.
20 E aconteceu ao terceiro
dia, o dia natalício de Faraó, que este deu um banquete a todos os seus servos;
e levantou a cabeça do copeiro-mor, e a cabeça do padeiro-mor no meio dos seus
servos;
21 e restaurou o copeiro-mor
ao seu cargo de copeiro, e este deu o copo na mão de Faraó;
22 mas ao padeiro-mor
enforcou, como José lhes havia interpretado.
23 O copeiro-mor, porém, não
se lembrou de José, antes se esqueceu dele.
»GÊNESIS [41]
1 Passados dois anos
inteiros, Faraó sonhou que estava em pé junto ao rio Nilo;
2 e eis que subiam do rio
sete vacas, formosas à vista e gordas de carne, e pastavam no carriçal.
3 Após elas subiam do rio
outras sete vacas, feias à vista e magras de carne; e paravam junto às outras
vacas à beira do Nilo.
4 E as vacas feias à vista e
magras de carne devoravam as sete formosas à vista e gordas. Então Faraó
acordou.
5 Depois dormiu e tornou a
sonhar; e eis que brotavam dum mesmo pé sete espigas cheias e boas.
6 Após elas brotavam sete
espigas miúdas e queimadas do vento oriental;
7 e as espigas miúdas
devoravam as sete espigas grandes e cheias. Então Faraó acordou, e eis que era
um sonho.
8 Pela manhã o seu espírito
estava perturbado; pelo que mandou chamar todos os adivinhadores do Egito, e
todos os seus sábios. Faraó contou-lhes os seus sonhos, mas não havia quem lhos
interpretasse. Estavam no cárcere da casa de seu senhor, dizendo vossos
semblantes tão tristes hoje?
9 Então disse o copeiro-mor a
Faraó: Das minhas faltas me lembro hoje:
10 Faraó estava muito
indignado contra os seus servos, e entregou-me à prisão na casa do capitão da
guarda, a mim e ao padeiro chefe.
11 Então tivemos um sonho na
mesma noite, eu e ele, e cada sonho com sua própria interpretação.
12 Estava ali conosco um moço
hebreu, servo do capitão da guarda, e contamos-lhe os sonhos, e ele interpretou
os nossos sonhos, a cada um interpretou conforme o seu sonho.
13 E conforme a sua
interpretação, assim mesmo aconteceu: eu fui restituído ao meu cargo, e ele foi
enforcado.
14 Então Faraó mandou chamar
a José, e o fizeram sair apressadamente da masmorra. Ele se barbeou, mudou de
roupa e apresentou-se a Faraó.
15 Disse Faraó a José: Eu
tive um sonho e não há quem o interprete. Mas de ti ouvi dizer que, ouvindo
contar um sonho, podes interpretá-lo.
16 Respondeu José a Faraó:
Isso não está em mim, mas Deus é que dará uma resposta de paz a Faraó.
17 Então disse Faraó a José:
Em meu sonho eu estava em pé à beira do rio Nilo,
18 e subiam do rio sete vacas
gordas e formosas à vista, e pastavam entre os juncos.
19 Após elas subiam outras
sete vacas, fracas, muito feias à vista e magras de carne, tão feias quais
nunca vi em toda terra do Egito.
20 As vacas magras e feias
devoravam as primeiras sete vacas gordas.
21 Mas depois de as terem
consumido, não se podia reconhecer que as houvessem consumido; a sua aparência
era tão feia como no princípio. Então acordei.
22 Depois vi, em meu sonho,
que de um mesmo pé subiam sete espigas cheias e boas.
23 Após elas brotavam sete
espigas secas, miúdas e queimadas do vento oriental.
24 As sete espigas miúdas
devoravam as sete espigas boas. Contei-o aos magos, mas não houve quem o
interpretasse.
25 Então disse José a Faraó:
O sonho de Faraó é um só. O que Deus há de fazer, notificou-o a Faraó.
26 As sete vacas boas são
sete anos, e as sete espigas boas também são sete anos; o sonho é um só.
27 As sete vacas magras e
feias que subiam após as primeiras, são sete anos, como as sete espigas miúdas
e queimadas do vento oriental: são sete anos de fome.
28 Esta é a palavra que eu
disse a Faraó: o que Deus há de fazer mostro-o a Faraó.
29 Vêm sete anos de grande
fartura em toda terra do Egito.
30 Depois deles
levantar-se-ão sete anos de fome, e toda aquela fartura será esquecida na terra
do Egito, e a fome consumirá a terra.
31 Não será conhecida a
abundância na terra, por causa daquela fome que seguirá; porquanto será
gravíssima.
32 Ora, se o sonho foi
duplicado a Faraó, é porque esta coisa é determinada por Deus, e ele brevemente
a fará.
33 Portanto, proveja-se agora
Faraó de um homem entendido e sábio, e o ponha sobre a terra do Egito.
34 Faça isto Faraó: nomeie
administradores sobre a terra, que tomem a quinta parte dos produtos da terra
do Egito nos sete anos de fartura;
35 e ajuntem eles todo o
mantimento destes bons anos que vêm, e amontoem trigo debaixo da mão de Faraó,
para mantimento nas cidades e o guardem;
36 assim será o mantimento
para provimento da terra, para os sete anos de fome, que haverá na terra do
Egito; para que a terra não pereça de fome.
37 Esse parecer foi bom aos
olhos de Faraó, e aos olhos de todos os seus servos.
38 Perguntou, pois, Faraó a
seus servos: Poderíamos achar um homem como este, em quem haja o espírito de
Deus?
39 Depois disse Faraó a José:
Porquanto Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e sábio como
tu.
40 Tu estarás sobre a minha
casa, e por tua voz se governará todo o meu povo; somente no trono eu serei
maior que tu.
41 Disse mais Faraó a José:
Vê, eu te hei posto sobre toda a terra do Egito.
42 E Faraó tirou da mão o seu
anel-sinete e pô-lo na mão de José, vestiu-o de traje de linho fino, e lhe pôs
ao pescoço um colar de ouro.
43 Ademais, fê-lo subir ao
seu segundo carro, e clamavam diante dele: Ajoelhai-vos. Assim Faraó o
constituiu sobre toda a terra do Egito.
44 Ainda disse Faraó a José:
Eu sou Faraó; sem ti, pois, ninguém levantará a mão ou o pé em toda a terra do
Egito.
45 Faraó chamou a José
Zafnate-Paneã, e deu-lhe por mulher Asenate, filha de Potífera, sacerdote de
Om. Depois saiu José por toda a terra do Egito.
46 Ora, José era da idade de
trinta anos, quando se apresentou a Faraó, rei do Egito. E saiu José da
presença de Faraó e passou por toda a terra do Egito.
47 Durante os sete anos de
fartura a terra produziu com abundância;
48 e José ajuntou todo o
mantimento dos sete anos, que houve na terra do Egito, e o guardou nas cidades;
o mantimento do campo que estava ao redor de cada cidade, guardou-o dentro da
mesma.
49 Assim José ajuntou
muitíssimo trigo, como a areia do mar, até que cessou de contar; porque não se
podia mais contá-lo.
50 Antes que viesse o ano da
fome, nasceram a José dois filhos, que lhe deu Asenate, filha de Potífera,
sacerdote de Om.
51 E chamou José ao primogênito
Manassés; porque disse: Deus me fez esquecer de todo o meu trabalho, e de toda
a casa de meu pai.
52 Ao segundo chamou Efraim;
porque disse: Deus me fez crescer na terra da minha aflição.
53 Acabaram-se, então, os
sete anos de fartura que houve na terra do Egito;
54 e começaram a vir os sete
anos de fome, como José tinha dito; e havia fome em todas as terras; porém, em
toda a terra do Egito havia pão.
55 Depois toda a terra do
Egito teve fome, e o povo clamou a Faraó por pão; e Faraó disse a todos os egípcios:
Ide a José; o que ele vos disser, fazei.
56 De modo que, havendo fome
sobre toda a terra, abriu José todos os depósitos, e vendia aos egípcios;
porque a fome prevaleceu na terra do Egito.
57 Também de todas as terras
vinham ao Egito, para comprarem de José; porquanto a fome prevaleceu em todas
as terras.
»GÊNESIS [42]
1 Ora, Jacó soube que havia
trigo no Egito, e disse a seus filhos: Por que estais olhando uns para os
outros?
2 Disse mais: Tenho ouvido
que há trigo no Egito; descei até lá, e de lá comprai-o para nós, a fim de que
vivamos e não morramos.
3 Então desceram os dez
irmãos de José, para comprarem trigo no Egito.
4 Mas a Benjamim, irmão de
José, não enviou Jacó com os seus irmãos, pois disse: Para que, porventura, não
lhe suceda algum desastre.
5 Assim entre os que iam lá,
foram os filhos de Israel para comprar, porque havia fome na terra de Canaã.
6 José era o governador da
terra; era ele quem vendia a todo o povo da terra; e vindo os irmãos de José,
prostraram-se diante dele com o rosto em terra.
7 José, vendo seus irmãos,
reconheceu-os; mas portou-se como estranho para com eles, falou-lhes
asperamente e perguntou-lhes: Donde vindes? Responderam eles: Da terra de
Canaã, para comprarmos mantimento.
8 José, pois, reconheceu seus
irmãos, mas eles não o reconheceram.
9 Lembrou-se então José dos
sonhos que tivera a respeito deles, e disse-lhes: Vós sois espias, e viestes
para ver a nudez da terra.
10 Responderam-lhe eles: Não,
senhor meu; mas teus servos vieram comprar mantimento.
11 Nós somos todos filhos de
um mesmo homem; somos homens de retidão; os teus servos não são espias.
12 Replicou-lhes: Não; antes
viestes para ver a nudez da terra.
13 Mas eles disseram: Nós,
teus servos, somos doze irmãos, filhos de um homem da terra de Canaã; o mais novo
está hoje com nosso pai, e outro já não existe.
14 Respondeu-lhe José: É
assim como vos disse; sois espias.
15 Nisto sereis provados:
Pela vida de Faraó, não saireis daqui, a menos que venha para cá vosso irmão
mais novo.
16 Enviai um dentre vós, que traga
vosso irmão, mas vós ficareis presos, a fim de serem provadas as vossas
palavras, se há verdade convosco; e se não, pela vida de Faraó, vós sois
espias.
17 E meteu-os juntos na
prisão por três dias.
18 Ao terceiro dia disse-lhes
José: Fazei isso, e vivereis; porque eu temo a Deus.
19 Se sois homens de retidão,
que fique um dos irmãos preso na casa da vossa prisão; mas ide vós, levai trigo
para a fome de vossas casas,
20 e trazei-me o vosso irmão
mais novo; assim serão verificadas vossas palavras, e não morrereis. E eles
assim fizeram.
21 Então disseram uns aos
outros: Nós, na verdade, somos culpados no tocante a nosso irmão, porquanto
vimos a angústia da sua alma, quando nos rogava, e não o quisemos atender; é
por isso que vem sobre nós esta angústia.
22 Respondeu-lhes Rúben: Não
vos dizia eu: Não pequeis contra o menino; Mas não quisestes ouvir; por isso
agora é requerido de nós o seu sangue.
23 E eles não sabiam que José
os entendia, porque havia intérprete entre eles.
24 Nisto José se retirou
deles e chorou. Depois tornou a eles, falou-lhes, e tomou a Simeão dentre eles,
e o amarrou perante os seus olhos.
25 Então ordenou José que
lhes enchessem de trigo os sacos, que lhes restituíssem o dinheiro a cada um no
seu saco, e lhes dessem provisões para o caminho. E assim lhes foi feito.
26 Eles, pois, carregaram o
trigo sobre os seus jumentos, e partiram dali.
27 Quando um deles abriu o
saco, para dar forragem ao seu jumento na estalagem, viu o seu dinheiro, pois
estava na boca do saco.
28 E disse a seus irmãos: Meu
dinheiro foi-me devolvido; ei-lo aqui no saco. Então lhes desfaleceu o coração
e, tremendo, viravam-se uns para os outros, dizendo: Que é isto que Deus nos
tem feito?
29 Depois vieram para Jacó,
seu pai, na terra de Canaã, e contaram-lhe tudo o que lhes acontecera, dizendo:
30 O homem, o senhor da
terra, falou-nos asperamente, e tratou-nos como espias da terra;
31 mas dissemos-lhe: Somos
homens de retidão; não somos espias;
32 somos doze irmãos, filhos
de nosso pai; um já não existe e o mais novo está hoje com nosso pai na terra
de Canaã.
33 Respondeu-nos o homem, o
senhor da terra: Nisto conhecerei que vós sois homens de retidão: Deixai comigo
um de vossos irmãos, levai trigo para a fome de vossas casas, e parti,
34 e trazei-me vosso irmão
mais novo; assim saberei que não sois espias, mas homens de retidão; então vos
entregarei o vosso irmão e negociareis na terra.
35 E aconteceu que,
despejando eles os sacos, eis que o pacote de dinheiro de cada um estava no seu
saco; quando eles e seu pai viram os seus pacotes de dinheiro, tiveram medo.
36 Então Jacó, seu pai,
disse-lhes: Tendes-me desfilhado; José já não existe, e não existe Simeão, e
haveis de levar Benjamim! Todas estas coisas vieram sobre mim.
37 Mas Rúben falou a seu pai,
dizendo: Mata os meus dois filhos, se eu to não tornar a trazer; entrega-o em
minha mão, e to tornarei a trazer.
38 Ele porém disse: Não
descerá meu filho convosco; porquanto o seu irmão é morto, e só ele ficou. Se
lhe suceder algum desastre pelo caminho em que fordes, fareis descer minhas cãs
com tristeza ao Seol.
»GÊNESIS [43]
1 Ora, a fome era gravíssima
na terra.
2 Tendo eles acabado de comer
o mantimento que trouxeram do Egito, disse-lhes seu pai: voltai, comprai-nos um
pouco de alimento.
3 Mas respondeu-lhe Judá:
Expressamente nos advertiu o homem, dizendo: Não vereis a minha face, se vosso
irmão não estiver convosco.
4 Se queres enviar conosco o
nosso irmão, desceremos e te compraremos alimento; mas se não queres enviá-lo,
não desceremos, porquanto o homem nos disse: Não vereis a minha face, se vosso
irmão não estiver convosco.
6 Perguntou Israel: Por que
me fizeste este mal, fazendo saber ao homem que tínheis ainda outro irmão?
7 Responderam eles: O homem
perguntou particularmente por nós, e pela nossa parentela, dizendo: vive ainda
vosso pai? tendes mais um irmão? e respondemos-lhe segundo o teor destas
palavras. Podíamos acaso saber que ele diria: Trazei vosso irmão?
8 Então disse Judá a Israel,
seu pai: Envia o mancebo comigo, e levantar-nos-emos e iremos, para que vivamos
e não morramos, nem nós, nem tu, nem nossos filhinhos.
9 Eu serei fiador por ele; da
minha mão o requererás. Se eu to não trouxer, e o não puser diante de ti, serei
réu de crime para contigo para sempre.
10 E se não nos tivéssemos
demorado, certamente já segunda vez estaríamos de volta.
11 Então disse-lhes Israel
seu pai: Se é sim, fazei isto: tomai os melhores produtos da terra nas vossas
vasilhas, e levai ao homem um presente: um pouco de bálsamo e um pouco de mel,
tragacanto e mirra, nozes de fístico e amêndoas;
12 levai em vossas mãos
dinheiro em dobro; e o dinheiro que foi devolvido na boca dos vossos sacos,
tornai a levá-lo em vossas mãos; bem pode ser que fosse engano.
13 Levai também vosso irmão;
levantai-vos e voltai ao homem;
14 e Deus Todo-Poderoso vos
dê misericórdia diante do homem, para que ele deixe vir convosco vosso outro
irmão, e Benjamim; e eu, se for desfilhado, desfilhado ficarei.
15 Tomaram, pois, os homens
aquele presente, e dinheiro em dobro nas mãos, e a Benjamim; e, levantando-se
desceram ao Egito e apresentaram-se diante de José.
16 Quando José viu Benjamim
com eles, disse ao despenseiro de sua casa: Leva os homens à casa, mata reses,
e apronta tudo; pois eles comerão comigo ao meio-dia.
17 E o homem fez como José
ordenara, e levou-os à casa de José.
18 Então os homens tiveram
medo, por terem sido levados à casa de José; e diziam: por causa do dinheiro
que da outra vez foi devolvido nos nossos sacos que somos trazidos aqui, para
nos criminar e cair sobre nós, para que nos tome por servos, tanto a nós como a
nossos jumentos.
19 Por isso eles se chegaram
ao despenseiro da casa de José, e falaram com ele à porta da casa,
20 e disseram: Ai! senhor
meu, na verdade descemos dantes a comprar mantimento;
21 e quando chegamos à
estalagem, abrimos os nossos sacos, e eis que o dinheiro de cada um estava na
boca do seu saco, nosso dinheiro por seu peso; e tornamos a trazê-lo em nossas
mãos;
22 também trouxemos outro
dinheiro em nossas mãos, para comprar mantimento; não sabemos quem tenha posto
o dinheiro em nossos sacos.
23 Respondeu ele: Paz seja
convosco, não temais; o vosso Deus, e o Deus de vosso pai, deu-vos um tesouro
nos vossos sacos; o vosso dinheiro chegou-me às mãos. E trouxe-lhes fora
Simeão.
24 Depois levou os homens à
casa de José, e deu-lhes água, e eles lavaram os pés; também deu forragem aos
seus jumentos.
25 Então eles prepararam o
presente para quando José viesse ao meio-dia; porque tinham ouvido que ali
haviam de comer.
26 Quando José chegou em
casa, trouxeram-lhe ali o presente que guardavam junto de si; e inclinaram-se a
ele até a terra.
27 Então ele lhes perguntou
como estavam; e prosseguiu: vosso pai, o ancião de quem falastes, está bem?
ainda vive?
28 Responderam eles: O teu
servo, nosso pai, está bem; ele ainda vive. E abaixaram a cabeça, e
inclinaram-se.
29 Levantando os olhos, José
viu a Benjamim, seu irmão, filho de sua mãe, e perguntou: É este o vosso irmão
mais novo de quem me falastes? E disse: Deus seja benévolo para contigo, meu
filho.
30 E José apressou-se, porque
se lhe comoveram as entranhas por causa de seu irmão, e procurou onde chorar;
e, entrando na sua câmara, chorou ali.
31 Depois lavou o rosto, e
saiu; e se conteve e disse: Servi a comida.
32 Serviram-lhe, pois, a ele
à parte, e a eles também à parte, e à parte aos egípcios que comiam com ele;
porque os egípcios não podiam comer com os hebreus, porquanto é isso abominação
aos egípcios.
33 Sentaram-se diante dele, o
primogênito segundo a sua primogenitura, e o menor segundo a sua menoridade; do
que os homens se maravilhavam entre si.
34 Então ele lhes apresentou
as porções que estavam diante dele; mas a porção de Benjamim era cinco vezes
maior do que a de qualquer deles. E eles beberam, e se regalaram com ele.
»GÊNESIS [44]
1 Depois José deu ordem ao
despenseiro de sua casa, dizendo: Enche de mantimento os sacos dos homens,
quanto puderem levar, e põe o dinheiro de cada um na boca do seu saco.
2 E a minha taça de prata
porás na boca do saco do mais novo, com o dinheiro do seu trigo. Assim fez ele
conforme a palavra que José havia dito.
3 Logo que veio a luz da
manhã, foram despedidos os homens, eles com os seus jumentos.
4 Havendo eles saído da
cidade, mas não se tendo distanciado muito, disse José ao seu despenseiro:
Levanta-te e segue os homens; e, alcançando-os, dize-lhes: Por que tornastes o
mal pelo bem?
5 Não é esta a taça por que
bebe meu senhor, e de que se serve para adivinhar? Fizestes mal no que
fizestes.
6 Então ele, tendo-os
alcançado, lhes falou essas mesmas palavras.
7 Responderam-lhe eles: Por
que falo meu senhor tais palavras? Longe estejam teus servos de fazerem
semelhante coisa.
8 Eis que o dinheiro, que
achamos nas bocas dos nossos sacos, to tornamos a trazer desde a terra de
Canaã; como, pois, furtaríamos da casa do teu senhor prata ou ouro?
9 Aquele dos teus servos com
quem a taça for encontrada, morra; e ainda nós seremos escravos do meu senhor.
10 Ao que disse ele: Seja
conforme as vossas palavras; aquele com quem a taça for encontrada será meu
escravo; mas vós sereis inocentes.
11 Então eles se apressaram
cada um a pôr em terra o seu saco, e cada um a abri-lo.
12 E o despenseiro buscou,
começando pelo maior, e acabando pelo mais novo; e achou-se a taça no saco de
Benjamim.
13 Então rasgaram os seus
vestidos e, tendo cada um carregado o seu jumento, voltaram à cidade.
14 E veio Judá com seus
irmãos à casa de José, pois ele ainda estava ali; e prostraram-se em terra
diante dele.
15 Logo lhes perguntou José:
Que ação é esta que praticastes? não sabeis vós que um homem como eu pode,
muito bem, adivinhar?
16 Respondeu Judá: Que
diremos a meu senhor? que falaremos? e como nos justificaremos? Descobriu Deus
a iniqüidade de teus servos; eis que somos escravos de meu senhor, tanto nós
como aquele em cuja mão foi achada a taça.
17 Disse José: Longe esteja
eu de fazer isto; o homem em cuja mão a taça foi achada, aquele será meu servo;
porém, quanto a vós, subi em paz para vosso pai.
18 Então Judá se chegou a
ele, e disse: Ai! senhor meu, deixa, peço-te, o teu servo dizer uma palavra aos
ouvidos de meu senhor; e não se acenda a tua ira contra o teu servo; porque tu
és como Faraó.
19 Meu senhor perguntou a
seus servos, dizendo: Tendes vós pai, ou irmão?
20 E respondemos a meu
senhor: Temos pai, já velho, e há um filho da sua velhice, um menino pequeno; o
irmão deste é morto, e ele ficou o único de sua mãe; e seu pai o ama.
21 Então tu disseste a teus
servos: Trazei-mo, para que eu ponha os olhos sobre ele.
22 E quando respondemos a meu
senhor: O menino não pode deixar o seu pai; pois se ele deixasse o seu pai,
este morreria;
23 replicaste a teus servos:
A menos que desça convosco vosso irmão mais novo, nunca mais vereis a minha
face.
24 Então subimos a teu servo,
meu pai, e lhe contamos as palavras de meu senhor.
25 Depois disse nosso pai:
Tornai, comprai-nos um pouco de mantimento;
26 e lhe respondemos: Não
podemos descer; mas, se nosso irmão menor for conosco, desceremos; pois não
podemos ver a face do homem, se nosso irmão menor não estiver conosco.
27 Então nos disse teu servo,
meu pai: Vós sabeis que minha mulher me deu dois filhos;
28 um saiu de minha casa e eu
disse: certamente foi despedaçado, e não o tenho visto mais;
29 se também me tirardes a
este, e lhe acontecer algum desastre, fareis descer as minhas cãs com tristeza
ao Seol.
30 Agora, pois, se eu for ter
com o teu servo, meu pai, e o menino não estiver conosco, como a sua alma está
ligada com a alma dele,
31 acontecerá que, vendo ele
que o menino ali não está, morrerá; e teus servos farão descer as cãs de teu
servo, nosso pai com tristeza ao Seol.
32 Porque teu servo se deu
como fiador pelo menino para com meu pai, dizendo: Se eu to não trouxer de
volta, serei culpado, para com meu pai para sempre.
33 Agora, pois, fique teu
servo em lugar do menino como escravo de meu senhor, e que suba o menino com
seus irmãos.
34 Porque, como subirei eu a
meu pai, se o menino não for comigo? para que não veja eu o mal que sobrevirá a
meu pai.
»GÊNESIS [45]
1 Então José não se podia
conter diante de todos os que estavam com ele; e clamou: Fazei a todos sair da
minha presença; e ninguém ficou com ele, quando se deu a conhecer a seus
irmãos.
2 E levantou a voz em choro,
de maneira que os egípcios o ouviram, bem como a casa de Faraó.
3 Disse, então, José a seus
irmãos: Eu sou José; vive ainda meu pai? E seus irmãos não lhe puderam
responder, pois estavam pasmados diante dele.
4 José disse mais a seus
irmãos: Chegai-vos a mim, peço-vos. E eles se chegaram. Então ele prosseguiu:
Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito.
5 Agora, pois, não vos
entristeçais, nem vos aborreçais por me haverdes vendido para cá; porque para
preservar vida é que Deus me enviou adiante de vós.
6 Porque já houve dois anos
de fome na terra, e ainda restam cinco anos em que não haverá lavoura nem sega.
7 Deus enviou-me adiante de
vós, para conservar-vos descendência na terra, e para guardar-vos em vida por
um grande livramento.
8 Assim não fostes vós que me
enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por senhor
de toda a sua casa, e como governador sobre toda a terra do Egito.
9 Apressai-vos, subi a meu
pai, e dizei-lhe: Assim disse teu filho José: Deus me tem posto por senhor de
toda a terra do Egito; desce a mim, e não te demores;
10 habitarás na terra de
Gósem e estarás perto de mim, tu e os teus filhos e os filhos de teus filhos, e
os teus rebanhos, o teu gado e tudo quanto tens;
11 ali te sustentarei, porque
ainda haverá cinco anos de fome, para que não sejas reduzido à pobreza, tu e
tua casa, e tudo o que tens.
12 Eis que os vossos olhos, e
os de meu irmão Benjamim, vêem que é minha boca que vos fala.
13 Fareis, pois, saber a meu
pai toda a minha glória no Egito; e tudo o que tendes visto; e apressar-vos-eis
a fazer descer meu pai para cá.
14 Então se lançou ao pescoço
de Benjamim seu irmão, e chorou; e Benjamim chorou também ao pescoço dele.
15 E José beijou a todos os
seus irmãos, chorando sobre eles; depois seus irmãos falaram com ele.
16 Esta nova se fez ouvir na
casa de Faraó: São vindos os irmãos de José; o que agradou a Faraó e a seus
servos.
17 Ordenou Faraó a José: Dize
a teus irmãos: Fazei isto: carregai os vossos animais e parti, tornai à terra
de Canaã;
18 tomai o vosso pai e as
vossas famílias e vinde a mim; e eu vos darei o melhor da terra do Egito, e
comereis da fartura da terra.
19 A ti, pois, é ordenado
dizer-lhes: Fazei isto: levai vós da terra do Egito carros para vossos meninos
e para vossas mulheres; trazei vosso pai, e vinde.
20 E não vos pese coisa
alguma das vossas alfaias; porque o melhor de toda a terra do Egito será vosso.
21 Assim fizeram os filhos de
Israel. José lhes deu carros, conforme o mandado de Faraó, e deu-lhes também
provisão para o caminho.
22 A todos eles deu, a cada
um, mudas de roupa; mas a Benjamim deu trezentas peças de prata, e cinco mudas
de roupa.
23 E a seu pai enviou o
seguinte: dez jumentos carregados do melhor do Egito, e dez jumentas carregadas
de trigo, pão e provisão para seu pai, para o caminho.
24 Assim despediu seus irmãos
e, ao partirem eles, disse-lhes: Não contendais pelo caminho.
25 Então subiram do Egito,
vieram à terra de Canaã, a Jacó seu pai,
26 e lhe anunciaram, dizendo:
José ainda vive, e é governador de toda a terra do Egito. E o seu coração
desmaiou, porque não os acreditava.
27 Quando, porém, eles lhe
contaram todas as palavras que José lhes falara, e vendo Jacó, seu pai, os
carros que José enviara para levá-lo, reanimou-se-lhe o espírito;
28 e disse Israel: Basta;
ainda vive meu filho José; eu irei e o verei antes que morra.
»GÊNESIS [46]
1 Partiu, pois, Israel com
tudo quanto tinha e veio a Beer-Seba, onde ofereceu sacrifícios ao Deus de seu
pai Isaque.
2 Falou Deus a Israel em
visões de noite, e disse: Jacó, Jacó! Respondeu Jacó: Eis-me aqui.
3 E Deus disse: Eu sou Deus,
o Deus de teu pai; não temas descer para o Egito; porque eu te farei ali uma
grande nação.
4 Eu descerei contigo para o
Egito, e certamente te farei tornar a subir; e José porá a sua mão sobre os
teus olhos.
5 Então Jacó se levantou de
Beer-Seba; e os filhos de Israel levaram seu pai Jacó, e seus meninos, e as
suas mulheres, nos carros que Faraó enviara para o levar.
6 Também tomaram o seu gado e
os seus bens que tinham adquirido na terra de Canaã, e vieram para o Egito,
Jacó e toda a sua descendência com ele.
7 Os seus filhos e os filhos
de seus filhos com ele, as suas filhas e as filhas de seus filhos, e toda a sua
descendência, levou-os consigo para o Egito.
8 São estes os nomes dos
filhos de Israel, que vieram para o Egito, Jacó e seus filhos: Rúben, o
primogênito de Jacó.
9 E os filhos de Rúben:
Hanoque, Palu, Hezrom e Carmi.
10 E os filhos de Simeão:
Jemuel, Jamim, Oade, Jaquim, Zoar, e Saul, filho de uma mulher cananéia.
11 E os filhos de Levi:
Gérsom, Coate e Merári.
12 E os filhos de Judá: Er,
Onã, Selá, Pérez e Zerá. Er e Onã, porém, morreram na terra de Canaã. E os
filhos de Pérez foram Hezrom e Hamul,
13 E os filhos de Issacar:
Tola, Puva, Iobe e Sinrom.
14 E os filhos de Zebulom:
Serede, Elom e Jaleel.
15 Estes são os filhos de
Léia, que ela deu a Jacó em Padã-Arã, além de Diná, sua filha; todas as almas
de seus filhos e de suas filhas eram trinta e três.
16 E os filhos de Gade:
Zifiom, Hagui, Suni, Ezbom, Eri, Arodi e Areli.
17 E os filhos de Aser: Imná,
Isvá, Isvi e Beria, e Sera, a irmã deles; e os filhos de Beria: Heber e
Malquiel.
18 Estes são os filhos de
Zilpa, a qual Labão deu à sua filha Léia; e estes ela deu a Jacó, ao todo
dezesseis almas.
19 Os filhos de Raquel,
mulher de Jacó: José e Benjamim.
20 E nasceram a José na terra
do Egito Manassés e Efraim, que lhe deu Asenate, filha de Potífera, sacerdote
de Om.
21 E os filhos de Benjamim:
Belá, Bequer, Asbel, Gêra, Naamã, Eí, Ros, Mupim, Hupim e Arde.
22 Estes são os filhos de
Raquel, que nasceram a Jacó, ao todo catorze almas.
23 E os filhos de Dã: Husim.
24 E os filhos de Naftali:
Jazeel, Guni, Jezer e Silém.
25 Estes são os filhos de
Bila, a qual Labão deu à sua filha Raquel; e estes deu ela a Jacó, ao todo sete
almas.
26 Todas as almas que vieram
com Jacó para o Egito e que saíram da sua coxa, fora as mulheres dos filhos de
Jacó, eram todas sessenta e seis almas;
27 e os filhos de José, que
lhe nasceram no Egito, eram duas almas. Todas as almas da casa de Jacó, que
vieram para o Egito eram setenta.
28 Ora, Jacó enviou Judá
adiante de si a José, para o encaminhar a Gósen; e chegaram à terra de Gósen.
29 Então José aprontou o seu
carro, e subiu ao encontro de Israel, seu pai, a Gósen; e tendo-se-lhe
apresentado, lançou-se ao seu pescoço, e chorou sobre o seu pescoço longo
tempo.
30 E Israel disse a José:
Morra eu agora, já que tenho visto o teu rosto, pois que ainda vives.
31 Depois disse José a seus
irmãos, e à casa de seu pai: Eu subirei e informarei a Faraó, e lhe direi: Meus
irmãos e a casa de meu pai, que estavam na terra de Canaã, vieram para mim.
32 Os homens são pastores,
que se ocupam em apascentar gado; e trouxeram os seus rebanhos, o seu gado e
tudo o que têm.
33 Quando, pois, Faraó vos
chamar e vos perguntar: Que ocupação é a vossa?
34 respondereis: Nós, teus
servos, temos sido pastores de gado desde a nossa mocidade até agora, tanto nós
como nossos pais. Isso direis para que habiteis na terra de Gósen; porque todo
pastor de ovelhas é abominação para os egípcios.
»GÊNESIS [47]
1 Então veio José, e informou
a Faraó, dizendo: Meu pai e meus irmãos, com seus rebanhos e seu gado, e tudo o
que têm, chegaram da terra de Canaã e estão na terra de Gósen.
2 E tomou dentre seus irmãos
cinco homens e os apresentou a Faraó.
3 Então perguntou Faraó a
esses irmãos de José: Que ocupação é a vossa; Responderam-lhe: Nós, teus
servos, somos pastores de ovelhas, tanto nós como nossos pais.
4 Disseram mais a Faraó:
Viemos para peregrinar nesta terra; porque não há pasto para os rebanhos de
teus servos, porquanto a fome é grave na terra de Canaã; agora, pois,
rogamos-te permitas que teus servos habitem na terra de Gósen.
5 Então falou Faraó a José,
dizendo: Teu pai e teus irmãos vieram a ti;
6 a terra do Egito está
diante de ti; no melhor da terra faze habitar teu pai e teus irmãos; habitem na
terra de Gósen. E se sabes que entre eles há homens capazes, põe-nos sobre os
pastores do meu gado.
7 Também José introduziu a
Jacó, seu pai, e o apresentou a Faraó; e Jacó abençoou a Faraó.
8 Então perguntou Faraó a
Jacó: Quantos são os dias dos anos da tua vida?
9 Respondeu-lhe Jacó: Os dias
dos anos das minhas peregrinações são cento e trinta anos; poucos e maus têm
sido os dias dos anos da minha vida, e não chegaram aos dias dos anos da vida
de meus pais nos dias das suas peregrinações.
10 E Jacó abençoou a Faraó, e
saiu da sua presença.
11 José, pois, estabeleceu a
seu pai e seus irmãos, dando-lhes possessão na terra do Egito, no melhor da
terra, na terra de Ramessés, como Faraó ordenara.
12 E José sustentou de pão
seu pai, seus irmãos e toda a casa de seu pai, segundo o número de seus filhos.
13 Ora, não havia pão em toda
a terra, porque a fome era mui grave; de modo que a terra do Egito e a terra de
Canaã desfaleciam por causa da fome.
14 Então José recolheu todo o
dinheiro que se achou na terra do Egito, e na terra de Canaã, pelo trigo que
compravam; e José trouxe o dinheiro à casa de Faraó.
15 Quando se acabou o
dinheiro na terra do Egito, e na terra de Canaã, vieram todos os egípcios a
José, dizendo: Dá-nos pão; por que morreremos na tua presença? porquanto o
dinheiro nos falta.
16 Respondeu José: Trazei o
vosso gado, e vo-lo darei por vosso gado, se falta o dinheiro.
17 Então trouxeram o seu gado
a José; e José deu-lhes pão em troca dos cavalos, e das ovelhas, e dos bois, e
dos jumentos; e os sustentou de pão aquele ano em troca de todo o seu gado.
18 Findo aquele ano, vieram a
José no ano seguinte e disseram-lhe: Não ocultaremos ao meu senhor que o nosso
dinheiro está todo gasto; as manadas de gado já pertencem a meu senhor; e nada
resta diante de meu senhor, senão o nosso corpo e a nossa terra;
19 por que morreremos diante
dos teus olhos, tanto nós como a nossa terra? Compra-nos a nós e a nossa terra
em troca de pão, e nós e a nossa terra seremos servos de Faraó; dá-nos também
semente, para que vivamos e não morramos, e para que a terra não fique
desolada.
20 Assim José comprou toda a
terra do Egito para Faraó; porque os egípcios venderam cada um o seu campo,
porquanto a fome lhes era grave em extremo; e a terra ficou sendo de Faraó.
21 Quanto ao povo, José fê-lo
passar às cidades, desde uma até a outra extremidade dos confins do Egito.
22 Somente a terra dos
sacerdotes não a comprou, porquanto os sacerdotes tinham rações de Faraó, e
eles comiam as suas rações que Faraó lhes havia dado; por isso não venderam a
sua terra.
23 Então disse José ao povo:
Hoje vos tenho comprado a vós e a vossa terra para Faraó; eis aí tendes semente
para vós, para que semeeis a terra.
24 Há de ser, porém, que no
tempo as colheitas dareis a quinta parte a Faraó, e quatro partes serão vossas,
para semente do campo, e para o vosso mantimento e dos que estão nas vossas
casas, e para o mantimento de vossos filhinho.
25 Responderam eles: Tu nos
tens conservado a vida! achemos graça aos olhos de meu senhor, e seremos servos
de Faraó.
26 José, pois, estabeleceu
isto por estatuto quanto ao solo do Egito, até o dia de hoje, que a Faraó
coubesse o quinto a produção; somente a terra dos sacerdotes não ficou sendo de
Faraó.
27 Assim habitou Israel na
terra do Egito, na terra de Gósen; e nela adquiriram propriedades, e
frutificaram e multiplicaram-se muito.
28 E Jacó viveu na terra do
Egito dezessete anos; de modo que os dias de Jacó, os anos da sua vida, foram
cento e quarenta e sete anos.
29 Quando se aproximava o
tempo da morte de Israel, chamou ele a José, seu filho, e disse-lhe: Se tenho
achado graça aos teus olhos, põe a mão debaixo da minha coxa, e usa para comigo
de benevolência e de verdade: rogo-te que não me enterres no Egito;
30 mas quando eu dormir com
os meus pais, levar-me-ás do Egito e enterrar-me-ás junto à sepultura deles.
Respondeu José: Farei conforme a tua palavra.
31 E Jacó disse: Jura-me; e
ele lhe jurou. Então Israel inclinou-se sobre a cabeceira da cama.
»GÊNESIS [48]
1 Depois destas coisas
disseram a José: Eis que teu pai está enfermo. Então José tomou consigo os seus
dois filhos, Manassés e Efraim.
2 Disse alguém a Jacó: Eis
que José, teu olho, vem ter contigo. E esforçando-se Israel, sentou-se sobre a
cama.
3 E disse Jacó a José: O Deus
Todo-Poderoso me apareceu em Luz, na terra de Canaã, e me abençoou,
4 e me disse: Eis que te
farei frutificar e te multiplicarei; tornar-te-ei uma multidão de povos e darei
esta terra à tua descendência depois de ti, em possessão perpétua.
5 Agora, pois, os teus dois
filhos, que nasceram na terra do Egito antes que eu viesse a ti no Egito, são
meus: Efraim e Manassés serão meus, como Rúben e Simeão;
6 mas a prole que tiveres
depois deles será tua; segundo o nome de seus irmãos serão eles chamados na sua
herança.
7 Quando eu vinha de Padã,
morreu-me Raquel no caminho, na terra de Canaã, quando ainda faltava alguma
distância para chegar a Efrata; sepultei-a ali no caminho que vai dar a Efrata,
isto é, Belém.
8 Quando Israel viu os filhos
de José, perguntou: Quem são estes?
9 Respondeu José a seu pai:
Eles são meus filhos, que Deus me tem dado aqui. Continuou Israel: Traze-mos
aqui, e eu os abençoarei.
10 Os olhos de Israel, porém,
se tinham escurecido por causa da velhice, de modo que não podia ver. José,
pois, fê-los chegar a ele; e ele os beijou e os abraçou.
11 E Israel disse a José: Eu
não cuidara ver o teu rosto; e eis que Deus me fez ver também a tua
descendência.
12 Então José os tirou dos
joelhos de seu pai; e inclinou-se à terra diante da sua face.
13 E José tomou os dois, a
Efraim com a sua mão direita, à esquerda de Israel, e a Manassés com a sua mão
esquerda, à direita de Israel, e assim os fez chegar a ele.
14 Mas Israel, estendendo a
mão direita, colocou-a sobre a cabeça de Efraim, que era o menor, e a esquerda
sobre a cabeça de Manassés, dirigindo as mãos assim propositadamente, sendo
embora este o primogênito.
15 E abençoou a José,
dizendo: O Deus em cuja presença andaram os meus pais Abraão e Isaque, o Deus
que tem sido o meu pastor durante toda a minha vida até este dia,
16 o anjo que me tem livrado
de todo o mal, abençoe estes mancebos, e seja chamado neles o meu nome, e o
nome de meus pois Abraão e Isaque; e multipliquem-se abundantemente no meio da
terra.
17 Vendo José que seu pai
colocava a mão direita sobre a cabeça de Efraim, foi-lhe isso desagradável;
levantou, pois, a mão de seu pai, para a transpor da cabeça de Efraim para a
cabeça de Manassés.
18 E José disse a seu pai:
Nãa assim, meu pai, porque este é o primogênito; põe a mão direita sobre a sua
cabeça.
19 Mas seu pai, recusando,
disse: Eu o sei, meu filho, eu o sei; ele também se tornará um povo, ele também
será grande; contudo o seu irmão menor será maior do que ele, e a sua
descendência se tornará uma multidão de nações.
20 Assim os abençoou naquele
dia, dizendo: Por ti Israel abençoará e dirá: Deus te faça como Efraim e como
Manassés. E pôs a Efraim diante de Manassés.
21 Depois disse Israel a
José: Eis que eu morro; mas Deus será convosco, e vos fará tornar para a terra
de vossos pais.
22 E eu te dou um pedaço de
terra a mais do que a teus irmãos, o qual tomei com a minha espada e com o meu
arco da mão dos amorreus.
»GÊNESIS [49]
1 Depois chamou Jacó a seus
filhos, e disse: Ajuntai-vos para que eu vos anuncie o que vos há de acontecer
nos dias vindouros.
2 Ajuntai-vos, e ouvi, filhos
de Jacó; ouvi a Israel vosso pai:
3 Rúben, tu és meu
primogênito, minha força e as primícias do meu vigor, preeminente em dignidade
e preeminente em poder.
4 Descomedido como a água,
não reterás a preeminência; porquanto subiste ao leito de teu pai; então o
contaminaste. Sim, ele subiu à minha cama.
5 Simeão e Levi são irmãos;
as suas espadas são instrumentos de violência.
6 No seu concílio não entres,
ó minha alma! com a sua assembléia não te ajuntes, ó minha glória! porque no
seu furor mataram homens, e na sua teima jarretaram bois.
7 Maldito o seu furor, porque
era forte! maldita a sua ira, porque era cruel! Dividi-los-ei em Jacó, e os
espalharei em Israel.
8 Judá, a ti te louvarão teus
irmãos; a tua mão será sobre o pescoço de teus inimigos: diante de ti se
prostrarão os filhos de teu pai.
9 Judá é um leãozinho.
Subiste da presa, meu filho. Ele se encurva e se deita como um leão, e como uma
leoa; quem o despertará?
10 O cetro não se arredará de
Judá, nem o bastão de autoridade dentre seus pés, até que venha aquele a quem
pertence; e a ele obedecerão os povos.
11 Atando ele o seu
jumentinho à vide, e o filho da sua jumenta à videira seleta, lava as suas
roupas em vinho e a sua vestidura em sangue de uvas.
12 Os olhos serão escurecidos
pelo vinho, e os dentes brancos de leite.
13 Zebulom habitará no
litoral; será ele ancoradouro de navios; e o seu termo estender-se-á até Sidom.
14 Issacar é jumento forte,
deitado entre dois fardos.
15 Viu ele que o descanso era
bom, e que a terra era agradável. Sujeitou os seus ombros à carga e entregou-se
ao serviço forçado de um escravo.
16 Dã julgará o seu povo,
como uma das tribos de Israel.
17 Dã será serpente junto ao
caminho, uma víbora junto à vereda, que morde os calcanhares do cavalo, de modo
que caia o seu cavaleiro para trás.
18 A tua salvação tenho
esperado, ó Senhor!
19 Quanto a Gade,
guerrilheiros o acometerão; mas ele, por sua vez, os acometerá.
20 De Aser, o seu pão será
gordo; ele produzirá delícias reais.
21 Naftali é uma gazela
solta; ele profere palavras formosas.
22 José é um ramo frutífero,
ramo frutífero junto a uma fonte; seus raminhos se estendem sobre o muro.
23 Os flecheiros lhe deram
amargura, e o flecharam e perseguiram,
24 mas o seu arco permaneceu
firme, e os seus braços foram fortalecidos pelas mãos do Poderoso de Jacó, o
Pastor, o Rochedo de Israel,
25 pelo Deus de teu pai, o
qual te ajudará, e pelo Todo-Poderoso, o qual te abençoara, com bênçãos dos
céus em cima, com bênçãos do abismo que jaz embaixo, com bênçãos dos seios e da
madre.
26 As bênçãos de teu pai
excedem as bênçãos dos montes eternos, as coisas desejadas dos eternos
outeiros; sejam elas sobre a cabeça de José, e sobre o alto da cabeça daquele
que foi separado de seus irmãos.
27 Benjamim é lobo que
despedaça; pela manhã devorará a presa, e à tarde repartirá o despojo.
28 Todas estas são as doze
tribos de Israel: e isto é o que lhes falou seu pai quando os abençoou; a cada
um deles abençoou segundo a sua bênção.
29 Depois lhes deu ordem,
dizendo-lhes: Eu estou para ser congregado ao meu povo; sepultai-me com meus
pais, na cova que está no campo de Efrom, o heteu,
30 na cova que está no campo
de Macpela, que está em frente de Manre, na terra de Canaã, cova esta que
Abraão comprou de Efrom, o heteu, juntamente com o respectivo campo, como
propriedade de sepultura.
31 Ali sepultaram a Abraão e
a Sara, sua mulher; ali sepultaram a Isaque e a Rebeca, sua mulher; e ali eu
sepultei a Léia.
32 O campo e a cova que está
nele foram comprados aos filhos de Hete.
33 Acabando Jacó de dar estas
instruções a seus filhos, encolheu os seus pés na cama, expirou e foi congregado
ao seu povo.
»GÊNESIS [50]
1 Então José se lançou sobre
o rosto de seu pai, chorou sobre ele e o beijou.
2 E José ordenou a seus
servos, os médicos, que embalsamassem a seu pai; e os médicos embalsamaram a
Israel.
3 Cumpriram-se-lhe quarenta
dias, porque assim se cumprem os dias de embalsamação; e os egípcios o choraram
setenta dias.
4 Passados, pois, os dias de
seu choro, disse José à casa de Faraó: Se agora tenho achado graça aos vossos
olhos, rogo-vos que faleis aos ouvidos de Faraó, dizendo:
5 Meu pai me fez jurar,
dizendo: Eis que eu morro; em meu sepulcro, que cavei para mim na terra de
Canaã, ali me sepultarás. Agora, pois, deixa-me subir, peço-te, e sepultar meu
pai; então voltarei.
6 Respondeu Faraó: Sobe, e
sepulta teu pai, como ele te fez jurar.
7 Subiu, pois, José para
sepultar a seu pai; e com ele subiram todos os servos de Faraó, os anciãos da
sua casa, e todos os anciãos da terra do Egito,
8 como também toda a casa de
José, e seus irmãos, e a casa de seu pai; somente deixaram na terra de Gósen os
seus pequeninos, os seus rebanhos e o seu gado.
9 E subiram com ele tanto
carros como gente a cavalo; de modo que o concurso foi mui grande.
10 Chegando eles à eira de
Atade, que está além do Jordão, fizeram ali um grande e forte pranto; assim fez
José por seu pai um grande pranto por sete dias.
11 Os moradores da terra, os
cananeus, vendo o pranto na eira de Atade, disseram: Grande pranto é este dos
egípcios; pelo que o lugar foi chamado Abel-Mizraim, o qual está além do
Jordão.
12 Assim os filhos de Jacó
lhe fizeram como ele lhes ordenara;
13 pois o levaram para a
terra de Canaã, e o sepultaram na cova do campo de Macpela, que Abraão tinha
comprado com o campo, como propriedade de sepultura, a Efrom, o heteu, em
frente de Manre.
14 Depois de haver sepultado
seu pai, José voltou para o Egito, ele, seus irmãos, e todos os que com ele
haviam subido para sepultar seu pai.
15 Vendo os irmãos de José
que seu pai estava morto, disseram: Porventura José nos odiará e nos retribuirá
todo o mal que lhe fizemos.
16 Então mandaram dizer a
José: Teu pai, antes da sua morte, nos ordenou:
17 Assim direis a José:
Perdoa a transgressão de teus irmãos, e o seu pecado, porque te fizeram mal.
Agora, pois, rogamos-te que perdoes a transgressão dos servos do Deus de teu
pai. E José chorou quando eles lhe falavam.
18 Depois vieram também seus
irmãos, prostraram-se diante dele e disseram: Eis que nós somos teus servos.
19 Respondeu-lhes José: Não
temais; acaso estou eu em lugar de Deus?
20 Vós, na verdade,
intentastes o mal contra mim; Deus, porém, o intentou para o bem, para fazer o
que se vê neste dia, isto é, conservar muita gente com vida.
21 Agora, pois, não temais;
eu vos sustentarei, a vós e a vossos filhinhos. Assim ele os consolou, e lhes
falou ao coração.
22 José, pois, habitou no
Egito, ele e a casa de seu pai; e viveu cento e dez anos.
23 E viu José os filhos de
Efraim, da terceira geração; também os filhos de Maquir, filho de Manassés,
nasceram sobre os joelhos de José.
24 Depois disse José a seus
irmãos: Eu morro; mas Deus certamente vos visitará, e vos fará subir desta
terra para a terra que jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó.
25 E José fez jurar os filhos
de Israel, dizendo: Certamente Deus vos visitará, e fareis transportar daqui os
meus ossos.
26 Assim morreu José, tendo
cento e dez anos de idade; e o embalsamaram e o puseram num caixão no Egito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Todo conteúdo dos comentários é de plena responsabilidade de seus idealizadores.
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.